vendredi 28 mars 2008

Mistura elegante

Marina Machado e a participaçao do Milton (foto Daniel A.)

Caros leitores, os dias se seguem e os encontros que tenho tido com a MPB aqui no Rio têm me revelado surpresas à velocidade da luz...

Ontem, quinta-feira, fui assistir ao show da Marina Machado, cujo terceiro disco, “Tempo quente”, acabou de sair pela Nascimento Musica/ EMI music . Confesso que ainda não tive tempo de ouví-lo, mas estava curioso para ver essa cantora do “Milton’s team”, que o acompanhava no excelente “Pietá” (2002), do Bituca.

Só para relembrar, além da Marina, o Milton tinha à sua disposição, naquela época, um “backing vocal” de luxo, que incluía também a até então novata Maria Rita, além da Simone Guimarães.

Como não tenho a pretensão de me concentrar na atualidade musical brasileira, e nem poderia - já comentei esse fato em outros posts – desejo hoje simplesmente compartilhar algumas fotos que consegui tirar com minha modesta câmera digital.

A respeito do show...? Ai,... Sei lá! Adoro os artistas, em sua essência...
E por minha própria natureza, desprezar um trabalho nunca foi para mim um mero exercício de prazer sádico. Apesar de trabalhar como crítico / cronista musical há quase 25 anos, nunca me conformei com esse tipo de postura cínica, que constato aqui ou ali, vez por outra.

Mas, por outro lado, também não posso deixar de honestamente expressar que não fui conquistado pela cantora mineira, por determinadas razões. Da mesma forma como fui - ou não - por esse ou por aquele outro evento.

Mas são impressões sobre as quais só poderei me aprofundar ao final dessa minha curta viagem.

Eis aqui, então, alguns humildes registros do show e da minha presença lá. Quem já me conhece sabe muito bem que, nesse campo da tecnologia, ainda estou na pré – história...

P.S: Quero agradecer a simpatia e a elegância da Kátia B., do Seu Jorge e do Marcos Valle; além da atenção do Antonio Carlos Miguel (e K., é claro !) do Globoonline, que se ofereceu gentilmente para divulgar o endereço desse meu blog (MPB /APB) no seu post “Marina Machado no Mistura”, do dia 28 agora. O jornalista nem pode imaginar o que representa esse gesto para mim...mas chega de elogios....!


O Grande encontro no bis: um Seu Jorge flautista, Marina e Bituca (foto Daniel A.)

Seu Jorge fà de Cartola, e uma fà de Seu Jorge (foto Daniel A.)


Katia B. beleza e simpatia (foto Daniel A.)


Antonio Carlos Miguel e Marcos Valle (foto Daniel A.)




jeudi 27 mars 2008

Para não dizer que...

Angela Evans, Herminio de Carvalho e Aurea Martins (foto: Daniel A.)

...não escrevi nada durante essa viagem. Parafraseando o “hino” do Geraldo Vandré, poderia até ter deixado o título original. Pois de flores, e belas, posso falar de muitas, às quais assisti ontem, terça-feira, dia 25, no palco do Centro Cultural Carioca, no centro da cidade.

O show “O Amor é Simplesmente o Ridículo da Vida”, cuja espinha dorsal foi uma homenagem ao grande escritor, poeta e compositor Hermínio Bello de Carvalho, contava com a participação da jovem mineira Angela Evans, que acabou de lançar seu disco de estréia pelo selo Biscoito Fino (“Um pouco de morro outro tanto cidade sim”). E também com a já consagrada cantora da antiga Rádio Nacional, a Áurea Martins. Pensei – essa última - que não a conhecia, mas acontece que o Senhor Alzheimer deve ter batido à minha porta!

Vendo a cantora subindo ao palco, me lembrei do show em homenagem a Elizeth Cardoso, com Amélia Rabello, que eu já tinha visto há uns dois anos.

Como prólogo de “O Amor...”, depoimentos numa telinha, com entrevistas de outras grandes cantoras da Rádio nacional, como Aracy de Almeida e Isaurinha Garcia. Trechos comoventes e engraçados ao mesmo tempo.

O próprio Hermínio Bello abriu o show com seu empolgante “Timoneiro” (parceria com Paulinho da Viola). Uma abertura sensível, que conquistou um público tradicional; retornando mais tarde, ele mesmo, com as duas cantoras, ao final do espetáculo.

Depois de Hermínio com outras belas canções de sua autoria, chegou o bom momento que foi para mim descobrir a Angela Evans. Essa, na minha opinião, nao ficará trancada numa gaveta onde estão inúmeras cantoras que surgem todos os dias. Uma voz super afinada, segura, com personalidade, e um certo “gorjeio” moderno (existe sim!). Falta só um pouco mais de presença no palco. Ela pinçou canções do seu primeiro disco, compostas, dentre outros, por nomes de primeira linha, como o próprio Hermínio, o Wilson das Neves, o Ney Lopes, o Eduardo Gudins ou o Elton Medeiros.

Nesse mesmo disco, podem-se destacar também artistas como Ivan Lins, Sergio Santos, Paulo César Pinheiro, Baden Powell e Cristóvão Bastos.

Difícil encontrar melhor.

Seguido a um tributo a Jacob do Bandolim e a Zezé Gonzaga (homeageada então por seus 45 anos de carreira), sobe ao palco a diva Áurea Martins. Com famosos boleros - mas não só - mostrou que sua poderosa voz não perdeu nada em qualidade e beleza. Talvez a melhor surpresa da noite !

Surpreendi-me até com a seqüência: “Ilusão à toa” (Jonnhy Alf), “Nada por mim” (Herbert Vianna / Paula Toller) e a incomparável “Embarcação”, do dueto Chico Buarque / Francis Hime.

Definitivamente, todo mundo pôde se deleitar; desde curtir sambas melódicos pela voz de uma novata promissora, até redescobrir uma diva da MPB (na minha acepção do termo - um dia eu explico), passando pelo bom humor e pelas excelentes letras de um grande poeta, homenageado ali em grande estilo.

Só para efeito de informação, quero avisar a vocês que o CD da Angela Evans pode ser encontrado atualmente nas lojas; idem, em algumas, a caixa com 5 CDs do Hermínio Bello de Carvalho, cujo disco “Timoneiro” pode ser comprado separadamente. Quanto ao único disco da Áurea Martins, de 2003, é preciso tentar encontrá-lo em algum sebo. Mas acredito que a Biscoito Fino não vai perder (nem deve!) a chance de relançá-la, de uma forma ou de outra.

Foi um show que curti muito, sobre o qual eu gostaria de me aprofundar ainda mais; o mesmo em relação a outros momentos que vivi ao longo dessa minha primeira semana no Rio...

Os pocket shows do Lui Coimbra, músico de tantas estrelas da MPB, e do Edu Krieger, que também lançou seu primeiro excelente CD. Esse último, apesar de já ser bem conhecido como violonista do Alceu Valença, da Elba Ramalho, do Sivuca ou do Geraldo Azevedo (que também participa do seu disco) alcançou agora um público maior, oferecendo “Novo amor” e “Ciranda do mundo” para o “Samba Meu” da Maria Rita.

Vejam só, caros leitores: matérias é que não me faltam! E nem mencionei os encontros com seus grandes jornalistas musicais, como o Antonio Carlos Miguel (O Globo) e o Mauro Ferreira (O Dia) - fontes de informação cuja leitura me é obrigatória todos os dias na Bélgica... Ah, sim, também não devo me esquecer do show do Milton com o trio Jobim...

Posts sobre todos esses eventos irão se seguir, com certeza; mas já podem ficar sabendo de uma coisa, através dessa minha experiência: grandes nomes não fazem necessariamente grandes shows.... a seguir...


lundi 17 mars 2008

Minha alma canta...

Daniel Jobim, Milton Nascimento, Paulo Braga e Paulo Jobim (foto divulgaçao)

... daqui a alguns minutos estaremos no... Galeão!

Ironia...O próprio Tom cantava a sua chegada ao aeroporto que hoje leva seu nome. Só que parece ainda difícil para alguns comandantes de bordo dizer simplesmente o nome do compositor. Na maioria das vezes em que anunciam a aterrissagem, usam o termo “Aeroporto Galeão-Tom Jobim”.

Gostei do projeto da escultura do Tom esperando um táxi. Mas me parece que não acolhe a simpatia de todo mundo. Vi um outro – o Mestre de braços abertos. Já não basta o Cristo, gente?

Através de várias revistas brasileiras on-line, já selecionei alguns shows a que pretendo assistir. Já que perdi, essa semana, a última oportunidade de ver a Bethânia com a Omara Portuondo. Sem falar do Nando Reis e do Paulinho Moska ( com as Chicas ). Há dois anos atrás, passei uma tarde inteira com esse último, conversando sobre litratura, pintura e sobre fotos trabalhadas digitalmente (era o lançamento de “Tudo Novo de Novo”); falamos também sobre ele mesmo, ainda um menino, e já correndo por entre as mesas do glorioso “Dancin´ Days”.

Estou ansioso para conferir as boas impressões do grande Antônio Carlos Miguel a respeito do Milton e o Trio Jobim, que li hoje pela manhã em seu blog do Globoonline. Já sei que vamos ter ai tambem apresentações de Leny Andrade (boa amiga minha!), do Casuarina, e do Arranco de Varsóvia – é sempre bom curtir de novo.

Também, o Tony Platão vai retomar seu show “Negro Amor”, que me surpreendeu no ano passado. Mais do que o disco com o mesmo nome. O cara, longe de ser novato, afinou sua personalidade e deveria realmente ser elevado a um outro patamar. Sua voz é deslumbrante, e ele tem atitude no palco. Posturas de Cássia Eller que nos vêm à memória...

Por fim, Vanessa da Mata. Eu já a entrevistei : ela ainda bem tímida na época, antes dos sucessos “Onde Ir?” e “Não me Deixe Só”. O lançamento do seu disco de estréia não deu certo. Ela trabalhou então um relançamento, já que “Onde Ir?” havia sido escolhido para música-tema de uma novela. Assim, um segundo lançamento foi programado, e assisti a seu show no atual Mistura Fina, em meio a uma platéia de 50 pessoas, no máximo. Estou curioso para ver como hoje ela domina um público bem maior.

Sobre CDs e DVDs, contive meu impulso de comprar qualquer coisa pela Internet nesse último mês de março, sabedor da minha viagem... e já levo comigo aí para o Brasil uma lista bem longa de títulos, para me manter sempre atualizado.

Bom, também no Globoonline de hoje, gostei muito do post do Arnaldo Bloch, falando sobre os erros, por distração, do cronista. O jornalista também é um ser humano, ora! Pode errar, sim, se não for por falta de profissionalismo ou por preguiça de pesquisar. E às vezes tem que escrever correndo, com prazo apertado, então...

Enfim, ... às vésperas de viajar, decidi carregar comigo meu “Mac Book”...

Acho que já me tornei um “dependente” desse meu blog... no bom sentido, é claro!

Só para compartilhar...

" Neve no Campo", Guillaume Vogels

Vocês provavelmente devem estar se perguntando quando vou postar algo sobre a sua Arte Popular Brasileira, além da Música. De fato, amigos, ainda não abordei o tema; e na verdade ainda não é hoje que vou começar.

Para estabelecer uma boa comunicação com vocês num primeiro momento, achei melhor começar a falar sobre música de um jeito informal, a partir de alguns fatos que constato sobre a situação da sua MPB no meu País e na Europa. Mas vocês vão ver que a Arte Popular Brasileira (APB) não tem nada de chata, não! Muito pelo contrário!

A foto que postei hoje é do genial pintor belga Guillaume Vogels ( 1836-1896), que para mim, foi o artista que melhor retratou a atmosfera das paisagens belgas, com seu “céu baixo”, como cantava o cantor Jacques Brel.

O quadro é de 1875, do tempo dos impressionistas franceses, como Monet ou Pissaro. Só que esse pintor belga – Vogels - tem um valor de mercado bem mais baixo em relação a seus contemporâneos. Porem, ele já anunciava o expressionismo, com seu vigor e gestos brutais.

As pinturas de Vogels, injustamente pouco reconhecidas internacionalmente, refletem para mim as forças da natureza do meu País. Reflete uma melancolia bem própria. Tem a cara da Bélgica!

Claro que não falo aqui de arte popular, apesar de Vogels ter sido um autodidata. Mas queria compartilhar com vocês a arte desse pintor, que me incentivou a cursar história da arte, além do jornalismo.

samedi 15 mars 2008

Na procura da batida brasileira...segunda parte

Evento musical na "Médiathèque" de Bruxelas (Foto : N.Godts)

Não muito longe da Fnac Bruxelas, fica a “Médiathèque” – uma espécie de “biblioteca de Cds e DVDs”. Uma “mediateca”, eu diria em português. Aqui é uma instituição nacional; trata-se de uma iniciativa da Comunidade Francesa na Bélgica, com mais de 100 filiais menores em Bruxelas e na Valônia (região sul do País, onde se fala francês). E a gente por aqui leva essa história muito a sério! O acervo vai da música medieval aos grupos contemporâneos de sons alternativos de todo o planeta... São 700.000 CDs, sem falar em milhares de DVDs de filmes, documentários, enfim... O espaço é amplo e disponível a qualquer pessoa. Reconheço que a “Médiathèque” sempre foi uma ferramenta fundamental no meu trabalho jornalístico, tanto no campo da crítica musical anglo-americana quanto na crônica da MPB. Aliás, o acesso a esse espaço me proporcionou a melhor orientação, naquela época – 1990 – para que eu desse meus primeiros passos em direção à sua música. E até mesmo mais tarde, em 2004, quando algum ouvinte me ligava, lá para o meu programa de rádio dedicado à MPB, eu ainda contava com essa referência para responder ao meu público. Lembro inclusive que, nesse programa, a Adriana Calcanhoto era a cantora que mais instigava os ouvintes. Ela fascinava a todos; tinha algo de intrigante, penso eu. Mas como já fazia um tempo que eu não passava pela “Médiathèque”, eu temia sofrer mais alguma decepção ao longo dessa minha “investigação” de hoje. No entanto tive uma grata surpresa, quando cheguei ao espaço brasileiro: “Tem de tudo, quase tudo tem” – como cantava a Ana Carolina. Nada a ver com qualquer outra loja por aqui!
Nomes imprescindíveis como Zeca Baleiro, Lenine, Chico César, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto, Arlindo Cruz; e até as cantoras lançadas mais recentemente, como Mart´nalia, Ana Costa, Bruna Caram, Roberta Sá, e muitas outras...
Por outro lado, dei por falta de algo fundamental: não havia nada de qualquer banda do rock brasileiro, como Barão, Paralamas, ou Titãs. Também não vi qualquer coisa do Lobão ou do Charlie Brown Jr.; ora, parecia até um “boicote” ao seu rock nacional!
Em compensação, ao menos, encontrei os dois CDs solo do Frejat e quase todo o catálogo do Lulu Santos. Por hoje, então, me dou por satisfeito.
Confesso que lamento de não ter feito um trabalho bem “jornalística”. Se tivesse tido mais tempo, teria perguntado qual o critério de seleção dos discos oferecidos, e através de que canais os procuram. Mas tive que correr muito ao longo dessa semana. Insisto em pesquisar mais a respeito, assim que eu voltar aí do Brasil. Até porque a imprensa musical belga ou francesa nunca se arriscou profundamente nesse campo. E é esse tipo de imprensa musical que eu desejo desenvolver, pois faço parte dela! E me canso de observar seu lado conservador. Esse blog de MPB/APB pode parecer uma utopia, mas se pretende, humildemente, a preencher, um pouco, em essa lacuna na nossa cultura aqui na Europa. Assim, prometo equilibrar melhor os próximos posts em francês / português, assim que eu regressar dessa viagem ao Brasil.

vendredi 14 mars 2008

Na procura da batida brasileira...


Ontem me coloquei na pele de um senhor Fulano de Tal qualquer, curioso por descobrir o que se poderia encontrar em termos de música popular brasileira na minha cidade. Para onde eu deveria me dirigir, então? A Fnac Bruxelas sempre foi a mega-loja onde, antes que eu começasse a comprar pela Internet, costumava me abastecer de CDs. Lá havia a maior variedade de discos brasileiros – e ainda há - na Bélgica. Mas, ao longo do tempo, a situação foi se degradando...

A Fnac Bruxelas foi a primeira filial que essa grande empresa francesa abriu fora de seu país de origem. Isso foi em 1981. Já a
primeira Fnac (com os produtos que ela vende agora), essa nasceu em Paris, em 1974. Agora já são 72 lojas em toda a França; além de 7 na Bélgica, 12 na Espanha, 8 em Portugal, 2 em Twain e, claro, 7 no Brasil (São Paulo, Rio e Curitiba) por enquanto.

Quando eu freqüentava a Fnac Bruxelas, no início dos anos 90, era possível observar um “cantinho” “Brazil”. Alguns anos depois, com a crise do mercado do disco virou “América Latina” para acabar com aquela classificação tola de “World Music”. Sem comentários...Mas essa constatação vale somente Bruxelas, já que no Portugal, na Fnac Lisboa por exemplo, quase a metade dos produtos musicais são brasileiros.

Afinal, o que pude observar ontem... ?

Um montão de coletâneas com títulos muito próximos a “O Melhor do Brasil”! Muitas compilações de Bossa Nova e de Samba, geralmente produzidas na Inglaterra, França, Holanda e Alemanha. E nem menciono os inúmeros “Lounge Brazil”, “Chill Brazil”, “Pure Brazil”, ou outros títulos do gênero... E também muita eletro-bossa de baixa qualidade.

Enfim, nada a ver com as deliciosas Kátia B, Patrícia Marx ou Fernanda Porto, por exemplo.

Mas agora falando de artistas, mesmo: muitos discos ao vivo do Baden Powell, muitos

“best of” dos já consagrados Caetano, Gal, Gil; um montão de Benjor e Sérgio Mendes, e a Astrud Gilberto, assim meio à toa...

Poucos CDs do Tom, do João Gilberto, ou do Vinicius. De repente, aparece uma boa surpresa como o “Qualquer” do Arnaldo Antunes, o disco de Dona Edith do Prato, e, em geral, os mais recentes trabalhos da Bethânia. Mas vejam, quase nada de recente mesmo.

Já na categoria DVD, o resultado da minha busca pareceu mais positivo. Quase vinte títulos, dentre eles “Seu Jorge em Montreux”, “Menescal 40 anos”, “Segundo” (Maria Rita), “Prenda Minha” ( Caetano ), o bom “Acústico MTV” (Marcelo D2), “Família Assad, live in Brussels”; e mais alguns outros, mas todos com apenas um único exemplar à venda. Com exceção do “Carioca ao Vivo”, do Chico Buarque, com, olha só, três cópias!!!

Quero lembrar a vocês de que estou falando da loja que tem a maior variedade de produtos musicais brasileiros em Bruxelas...

(Foto : A Fnac Porto, Portugal)

Abrem alas..!

Heitor dos Prazeres (site oficial do musico e pintor)

Olha, gente, eu hoje estou super ansioso! Já comecei a divulgar, devagarinho, o endereço desse blog. Sei que ainda tem que mudar algumas coisinhas, mas não sejam tão exigentes comigo por enquanto, por favor...

Quero agradecer à minha Claudita amada, pela sua dedicação ao meu projeto; à minha “irmãzinha” carioca Olga, pela sua ajuda nos posts que escrevo em português; e ao Cal Ramos, por ter estreado os inúmeros comentários - me deixem sonhar !!! – que estou aguardando. Outros agradecimentos logo seguirão...

Como já escrevi alguns posts antes de lançar esse M&APB (Música e Arte Popular Brasileira) não hesitem em lançar suas opiniões sobre os textos anteriores. Vou responder a todos o mais rápido possível... Lembrem-se apenas, meus amigos, de que estarei em viagem, aí à sua terra, de 16 de março até 9 de abril.

Sejam bem-vindos...

mardi 11 mars 2008

Você tem fome de que?

Naçao Zumbi, Jorger du Peixe, de oculos à direita.

Acordo sempre às sete da manhã. Hoje coloquei o ultimo CD do Nação Zumbi, tomando o meu café bem forte. Acreditem ou não, a sonoridade da banda não atrapalha em nada um cara assim... meio acordado – meio dormindo. É óbvio que Chico Science e Nação Zumbi estarão sempre no patamar do mítico, do genial. Isso nem se discute.

Mas desde “Radio S.AMB.A”, em 2000, o Nação Zumbi transformou-se simplesmente numa outra banda. E boa. Até poderia trocar de nome. Jorge du Peixe tem seu jeito próprio de cantar. Hipnótico. Se eu ousasse fazer uma comparação (e vou fazer...) diria que ele é o João Gilberto do Mangue Beat! O cantor de canções de (quase) uma nota só.

Parece monocórdio, como parecia o próprio João a seus contemporâneos. Mas não é rap, não é melodia... é Nação Zumbi! E os caras, com essa guitarra enfeitiçada do Lúcio Maia, não devem mudar.

“Fome de Tudo”, o quarto CD da banda, é um bom disco. Ponto. É repetitivo? Talvez. Mas podemos nos sentir livres, à vontade para ficar no mesmo Movimento Olindense e Recifense, ouvindo a excelente banda Eddie ( em breve, seu quarto CD ) ou Mundo Livre S.A., já com a outra cabeça do Mangue, o Fred 04, autor em 1994 do Manifesto “Canranguejos com cérebro” (com o jornalista Renato L.)

Bom, agora vou vestir meu casaco e percorrer Bruxelas, a fim de contar a vocês o que eu consigo encontrar em termos de MPB, aqui na minha querida capital. No caminho, quem sabe, um croissant quentinho... Me bateu uma fome...Agora são nove da manha, e vocês estão ainda dormindo....

( Por favor, amigos, não me acusem de ter colocado o Jorge du Peixe no mesmo Phanteon onde brilham o João Gilberto e o Chico Science! Por favor...)


lundi 10 mars 2008

Bruxelas, 10 graus , cidade maravilha...

Inverno em Bruges, Belgica (foto:Y.Vandermeer)

Faz frio na cidade. E eu já sinto o meu próprio friozinho na barriga. Decidi hoje que começaria os preparativos para a minha próxima viagem. Pois é, amigos brasileiros, na semana que vem, mais precisamente na próxima segunda-feira, dia 17 de março, estarei mais uma vez a caminho do Brasil, incluindo duas semanas no Rio e uma em São Paulo. Escrevo a tempo de avisar os amigos e alguns jornalistas de música que pretendo encontrar; e também para me fazer lembrar a alguns marchands de Arte Popular Brasileira.

Sim, claro, começo já a arrumar minha bagagem reduzindo ao mínimo o que vou levar, pois costumo partir com uma mala e retornar com duas. Afinal, aí tem sempre tantos lançamentos de bons livros sobre música e arte... !Já CDs e DVDs, eu prefiro encomendar pela Internet.

Esta será a minha trigésima - segunda viagem à sua terra. “A Vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nesta vida.” Pois é, Vinícius, e você ainda não conhecia a Internet e seus recursos: os sites, os blogs, ou os chats...

De vez em quando, para relaxar, fico passeando pela tela, e se algum blog aborda um assunto que me chama a atenção em especial, faço um comentário num ou noutro post. Foi assim que uns dias atras, escrevi um para o Arnaldo Bloch, do Globoonline.

Ele falava da canção “Inverno”, da Adriana Calcanhoto e do Antonio Cícero.

Eu simplesmente não seria capaz de fazer um “Top Ten” das minhas canções brasileiras preferidas, mas “Inverno” me remete sempre a um ambiente muito particular...

Saudade dos passeios num Leblon nublado, andando assim, meio triste... nostálgico...

“Saudade”, essa palavra que não tem tradução em francês. Uma palavra que apenas se sente, mas que não se explica. “Saudade”: um vazio que brota do mais fundo da nossa alma... ou apenas uma sensação ligeira de tristeza, que a gente até curte, quando se lembra de alguém ou de alguma situação do passado por um breve instante. “Saudade” pode ser... “Nostalgie”, em francês. Talvez seja essa a palavra mais aproximada que encontro no momento, só que talvez represente algo mais profundo ainda – algo como melancolia.

Sinto isso quando ouço “Inverno”, na voz da Adriana. Voltando ao “Blog do Bloch”, dentro do mesmo comentário que fiz sobre essa canção que tanto amo, falei de outras, assim meio por alto: “Trocando em Miúdos” (Francis Hime e Chico Buarque); “Tesoura do Desejo” (Alceu Valença); “Uma Canção Desnaturada” (mais Chico); “Mais um Adeus” (Toquinho-Vinicius); “Ligia” (na voz do próprio Tom); “O Segundo Sol” (Nando Reis). Canções para se ouvir sozinho.

Em conseqüência desse comentário, um carioca simpática, o Cal Gomes, depois de ler entrou em contato comigo. Ela conhecia Bruges, a mais encantadora cidade belga, e me convidou a visitar seu blog (www.mensagemnagarrafa.com.br/index.php) e, chegando eu ao Rio, ficou de me apresentar à sua turma de Ipanema.

Pode parecer engraçado, mas a verdade é que até agora eu ainda não divulguei o endereço do meu próprio blog... Mistério! Só vou fazê-lo na sexta-feira que vem, dia 14, ao terminar de arrumar a mala, às vésperas do meu embarque. Uma viagem muito oportuna, essa minha agora, de volta ao Brasil. Pois nessa época do ano, o inverno em Bruxelas é quase glacial...

samedi 8 mars 2008

Nostalgie de « Viva Brasil »

Festival "Viva Brasil" 1992
Toots Thielemans, Gilberto Gil et Ivan Lins
(foto Daniel A.)

Il fut un temps, pas si lointain, où un certain Jean-Michel de Bie, organisait chaque année le festival « Viva Brasil »,qui enchaînait au toujours vivant « Couleur café ». C’était au début des années 90. Nous vivions ainsi deux semaines dépaysantes, pleine de couleurs et de parfums exotiques.

Et « Viva Brasil » n’attirait pas n’importe qui ! En trois soirées, il nous était possible de voir Caetano Veloso, Chico Buarque, Ivan Lins, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Ney Matogrosso, Maria Bethania, souvent Marisa Monte mais aussi quelques stars moins connues de par chez nous. Je me souviens, parmi bien d’autres, d’Alceu Valença, le premier ‘lion du Nord’ (Lenine sera son digne successeur),du groupe Paralamas do Sucesso, grand groupe de scène rock, ou de ce ‘martien’ d’Edson Cordeiro, chanteur qui aurait pu jouer ‘Farinelli’, sans trucages vocaux. Ces trois concerts eurent lieu devant une centaine de personnes dans notre bonne vieille discothèque bruxelloise, le Mirano Continental (« vous êtes membre .. ? »). Le plus cocasse était de constater que la communauté brésilienne de Bruxelles sirotait une bière dans une salle annexe, tandis que les belges ou européens parfois venus de loin, étions envoûtés par ces stars qui, au Brésil, remplissent des stades ou plusieurs fois des salles de dix milles personnes.

Autres souvenirs très fort, Toninho Horta, musicien virtuose, seul avec sa guitare, Francis Hime et son piano, Nana Vasconcellos qui vola la vedette à Milton Nascimento, tête d’affiche, lors d’un show très interactif et enthousiaste. Et que dire de ce concert au Palais des Beaux Arts de près de trois heures, qui réunissait Joao et Astrud Gilberto !

Après une dizaine d’éditions, le festival disparut, et la venue d’artistes brésiliens se résumaient à trois ou quatre événements par an. Très souvent Gil, Benjor, ou Caetano, bref ceux dont le catalogue discographique ne souffrait pas trop de carence chez nous. Mais nous ne pouvions plus nous connecter avec ce qui se passait réellement au Brésil. Et dieu sait si les années 90 furent fertiles en talents émergents, devenus entre-temps des classiques.

Heureusement, il nous reste en Belgique quelques festivals ouverts aux musiques du monde, où Daniela Mercury et Ivete sangalo, tentent de réchauffer la banquise au sons de leur rythmes effrénés de Salvador de Bahia, et parfois, quelques bonnes surprises comme les venues sporadiques du génial Lenine, de Chico César, Marcelo D2, ou du groupe Skank lors des festivals « Polé Polé » d’Anvers ou « Cactus » de Bruges

Alors oui, applaudissons chaudement la venue de Gilberto Gil et de Badi Assad en ce mois d’avril 2008 !

vendredi 7 mars 2008

Saudade do “Viva Brasil”...

Chico César, festival "Polé polé", Antwerpen 2005 (foto Daniel A.)

Bom ,meus caros amigos, acabo de escrever em francês os posts sobre Gilberto Gil e Badi Assad, a quem a Bélgica terá a honra de receber em abril próximo. Apresentar o Gil aos europeus em algumas linhas não foi tarefa das mais fáceis. Acontece que ele, seu também atual Ministro da Cultura, tornou-se provavelmente o artista brasileiro mais conhecido por aqui; inclusive já nos visitou inúmeras vezes.

Numa época gloriosa, não tão distante assim – início dos anos 90 – um certo Jean-Michel de Bie organizava todo ano um festival chamado “Viva Brasil”. Ao longo de três ou quatro dias, podíamos nos deliciar com um cardápio musical variado, com direito a shows de Caetano, Chico, Ivan Lins, João Bosco, Jorge Benjor – esse com seu tradicional repertório de sempre - ou mesmo a novata Marisa Monte, por ocasião de seu primeiro disco.

Ao mesmo tempo, na maior discoteca de Bruxelas, o “Mirano Continental”, uma centena de pessoas curtia os menos conhecidos ( aqui, claro!) Alceu Valença, Paralamas do Sucesso, e até mesmo o fenômeno meteórico que foi o Edson Cordeiro. O mais curioso, no entanto, era constatar que a comunidade brasileira em Bruxelas preferia confraternizar num espaço anexo, bebendo nossas famosas cervejas – por favor: peçam ao Ed Motta para dar uma aula sobre nossa bebida nacional. Ele é mestre na matéria!

Enquanto isso, gente da Europa inteira era cativada pelos “feras” que costumavam lotar os estádios ou as grandes casas de shows.

Outras boas lembranças desse festival me vêem à cabeça, assim, de repente:

Um show muito marcante do Toninho Horta, sozinho com seu violão; Francis Hime numa apresentação quase didática em perfeito francês; e, por fim, Naná Vasconcellos à frente de uma performance interativa avassaladora, aquecendo a platéia para Milton Nascimento. Sem falar, é claro, no encontro histórico de três horas que reuniu em 1989 Astrud e João Gilberto. E eu já perdi a conta de tantos outros grandes momentos...

Mais tarde, por volta do ano 2000, o “Viva Brasil” desapareceu, por questões financeiras. A partir daí, a vinda de artistas brasileiros resumiu-se a três ou quatro eventos por ano. Uma pena. Esses artistas, todos eles ícones da MPB, não contavam com a devida divulgação aqui na Europa.

Já por ocasião dos festivais de verão ( junho / julho na Europa ) havia sempre uma Daniela ou uma Ivete para sacudir a galera belga. De vez em quando, tínhamos a grata surpresa de ver o Lenine, o Chico Cesar ou o Skank, no festival “Polé Polé” ( Anvers ). E até (milagre!) Totonho e os Cabra, no “Cactus Festival” ( Bruges ).

Mas esse relato é mais uma comprovação, através da Bélgica, do que acontece no resto da Europa com a sua MPB.

Como bom “brasilianista musical”, minha romaria em 2007 incluiu Lisboa, onde pude assistir aos shows de Ney Matogrosso, Fernanda Abreu, Gal Costa e Maria Bethânia. Foi também em Lisboa que observei um Ivan Lins que tem retomado com fôlego a carreira esses últimos três anos. Para completar, assisti ao genial Zé Miguel Wisnik, acompanhado por Jussara Silveira e Ná Ozzeti.

No mais, tive que ir refazendo meu itinerário quase que diariamente, na intenção de encontrar, um tanto perdidos em meio aos inúmeros festivais europeus, Carlinhos Brown, Nação Zumbi,... e alguns outros...

Agora então, vocês podem entender melhor por que a chegada do Gil e da Badi, aqui na minha terra, em abril, me soa como um presente dos céus!

jeudi 6 mars 2008

Gilberto Gil à Bruxelles…



Gilberto Gil reste probablement l’artiste populaire brésilien le plus connu chez nous. Ses visites dans notre plat pays furent nombreuses. Ce bahianais de 66 ans maintenant, fut l’un des acteurs du fameux mouvement Tropicaliste (1967-1969), auquel participèrent aussi Caetano Veloso, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes (avec Rita Lee) et les poètes et paroliers, Torquato Neto, Rogério Duprat et Capinam.

Ce mouvement, plus de forme que de fond, voulait s’ouvrir aux influences anglo-américaines, en intégrant les instruments traditionnels du rock, et l’exubérance volontairement ‘kitch’ d’une Carmen Miranda. Les textes avaient pour cible la dictature militaire bien en place (1964-1984). Le Tropicalisme eu surtout le mérite de semer la graine de toute la diversité qui naquit musicalement dans les années septante. Le mouvement continue à alimenter l’industrie littéraire, et nous aurons l’occasion d’en reparler maintes fois. Des musiciens qui le composèrent à l’époque, Gil devint rapidement le plus abouti.

Au début des années septante, ses compositions s’inspirent beaucoup de Jackson do Pandeiro ou Luis Gonzaga, des musiciens mythiques du ‘Nordeste’ brésilien.

Par la suite, il continue à mêler bossa nova, funk, pop, et reggae, qu’il fut l’un des premier à populariser au Brésil.

Compositeur hors pair, aux textes souvent emprunt d’ésotérisme, Gil a connu des périodes moins inspirées. Mais qui, à part Chico Buarque, peut prétendre à une production sans faiblesse en quarante années de carrière.

Ce que nous jouera Gil reste un mystère, puisqu’il n’a pratiquement plus composé depuis sa charge de ministre de la culture du gouvernement Lula. Mais, au Brésil, il continue à se produire gratuitement, le plus souvent dans les quartiers les plus défavorisés. Ah ! Je reçois une dépêche…

Sachez que notre musicien de ministre termine l’enregistrement de son nouvel album d’inédit : « Cordel banda larga », un titre qui laisse présager une vulgarisation de la musique de Recife, Olinda et de l’Etat du Pernambuco en général…

Gilberto Gil sera au palais des Beaux Arts de Bruxelles le 2 avril 2008.

…et Badi Assad à Anvers.


Il y a quelques mois, sortaient simultanément au Brésil et en Europe le dvd « Familia Assad, um songbook brasileiro », un concert enregistré à Bruxelles en 2004.

Si nous avions déjà accueilli chez nous les frères Odair et Sergio Assad, guitaristes virtuoses, ou leur sœur Badi, ce document nous révélait une famille hors du commun, où chaque membre possède un réel talent de musicien (Ils sont 9 au total !).

Badi Assad est un vrai phénomène sur scène ! Guitariste surdouée, chanteuse couvrant plusieurs octaves, elle n’est pas sans rappeler sa collègue Têté Espindola, native de Sao Paulo comme elle. Au chant, elle ajoute des percussions vocales et des chants d’oiseaux qui nous baignent dans une atmosphère amazonienne. Mais sa palette musicale passe par différents styles, comme nous le prouvent ses deux derniers albums disponibles chez nous, « Verde » et « Wonderland »

Comme Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, ou, de son vivant, Baden Powell, Badi et ses frères Odair et Sergio, sont des artistes qui ont largement conquis un public mélomane à travers le monde, peut être plus que dans leur pays d’origine.

Si vous assistez à son concert à Anvers le 27 avril prochain, au 14 Waalse Kaai, vous en sortirez sûrement surpris, et je l’espère, conquis.

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.