-texte français plus bas.
-texto português traduzido do francês.
Assim como para 2009, a série de resenhas « sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados mês a mês ao longo do ano inteiro. Falo daqueles que vieram a me interessar por diversos aspectos. Infelizmente, com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de certos cd´s no mercado.
Alguns álbuns já foram inclusive resenhados aqui no blog, cada qual a seu tempo...
O mês de março avista a retomada lenta das novas produções. Vejamos aqui 10 dentre outras.
Uma das mais brilhantes cantoras do samba tradicional, a elegante Mariana Baltar, lança seu segundo álbum, que traz simplesmente seu nome. Depois do muito justamente aclamado « Uma Dama também quer se divertir », (2006), esse aqui vai mais longe ao abordar diversos ritmos da Bahia e do Sertão, sem no entanto desprezar os estilos cariocas do samba e do chorinho. Essas diferentes abordagens desse álbum o fizeram mais interessante, mas também mais elitista e consequentemente menos visível que seu predecessor. Mas a classe de Mariana Baltar nos convence a seguir com ela pelos caminhos por vezes mais sinuosos das melodias propostas.
Com « Miss Balanço », seu sexto álbum, Clara Moreno introduz um estilo bem pouco visitado pela geração das cantoras atuais : aquele do swing puro e do samba soul. Em seu repertório, Orlandivo (4 títulos), João Donato e Jorge Benjor dão o tom a esse álbum resolutamente otimista e sem amarras. A interpretação de Clara, segura e sólida, contrasta com as pequenas vozes femininas doces de uma parte da nova onda atual.
Mudança de temperatura com « Délibab » de Vitor Ramil, que acrescenta a esse trabalho um bom capítulo à sua « estética do frio », estabelecida antes mesmo dessa recente obra. A capa do álbum, aliás, apresenta uma perfeita coesão com seu conteúdo. Ramil desenvolve 12 milongas (músicas e ritmos próprios do Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina) sobre poemas do argentino Jorge Luis Borges e do brasieliro João da Cunha Vargas.
« Délibab » requer uma certa paciência em sua audição, devido a uma inevitável linearidade dos arranjos minimalistas (uma voz, dois violões) e das melodias declamatórias. O álbum é em parte cantado em espanhol e conta com a participação de Caetano Veloso, em Milonga de los morenos.
« Mundialmente anônimo », de Maquinado, é o tipo de cd que eu aguardo desesperadamente ao longo do ano todo. O grupo de Lucio Maia –excelente guitarrista do Nação Zumbi- nos oferece um álbum excitante, contemporâneo, recheado de descobertas sonoras que se articulam em torno da guitarra contundente de Maia. Esse aqui não o desmerece nem vocalmente, e me faz lembrar o Phil Oakey das primeiras horas do grupo inglês Human League. Um disco que mantém o fôlego da primeira à última faixa.
« Declaração » não poderia ser um álbum de ninguém mais do que do duo Wanda Sá e Roberto Menescal, atores da primeira hora da Bossa Nova. Mas como acontece com Os Cariocas (vide fevereiro), esse aqui se distingue das produções anteriores pelos magníficos arranjos minimalistas que aliam o jogo fuido da guitarra jazzy de Menescal à voz suave de Wanda Sá, que jamais padeceu dos tormentos do tempo. Tão agradável e aveludado como um grande gole quente de um velho malte em frente a uma lareira, numa tarde de inverno.
Originário da Galícia –região ao nordeste da Espanha que guardou fortemente presentes as raízes musicais medievais-, Carlos Núñes nos propõe, em « Alvorada do Brasil », a nos mostrar as conexões entre a música celta e os ritmos tradicionais brasileiros. Para esse projeto surpreendente, ao som da flauta e da gaita de foles galiciana onipresente, ele convida artistas conhecidos pelas suas curiosidades culturais, como Lenine, Adriana Calcanhotto, e ainda Fernanda Takai. Nos damos conta ainda de que suas influências do norte da Europa se reencontram tanto dentros da música de Milton Nascimento, Luiz Gonzaga e Radamés Gnattali, quanto em Padaria elétrica da Barra : tema composto pelo baiano Carlinhos Brown (em colaboração com Núñes e Alê Siqueira). Ainda mais uma prova, se precisasse de uma, de que a música popular brasileira é o recipiente de mil e uma culturas...
E enfim... O belo álbum « Tum tum tum » de Déa Trancoso, (lançado em 2006 e reeditado pela Biscoito Fino), que move-se dentro das riquezas musicais do Vale do Jequitinhonha (MG) ; uma outra reedição da Biscoito Fino, « Afro mémoria + Pretinhosidade », de Mombaça, onde seus talentos de cantor estão longe de ser aqueles de compositor (para Mart’nália e Ana Carolina) ; « Duetos », conjunto de duos virtuais com Renato Russo (1960-1996), onde só aqueles, verdadeiros, com Dorival Caymmi (Só louco) e Adriana Calcanhotto (Esquadros) já vale pelo documento ; e também « Bossarenova » de Paula Morelenbaum, decepcionante em comparação ao excelente « Telecoteco », de 2008.
Assim como para 2009, a série de resenhas « sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados mês a mês ao longo do ano inteiro. Falo daqueles que vieram a me interessar por diversos aspectos. Infelizmente, com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de certos cd´s no mercado.
Alguns álbuns já foram inclusive resenhados aqui no blog, cada qual a seu tempo...
O mês de março avista a retomada lenta das novas produções. Vejamos aqui 10 dentre outras.
Uma das mais brilhantes cantoras do samba tradicional, a elegante Mariana Baltar, lança seu segundo álbum, que traz simplesmente seu nome. Depois do muito justamente aclamado « Uma Dama também quer se divertir », (2006), esse aqui vai mais longe ao abordar diversos ritmos da Bahia e do Sertão, sem no entanto desprezar os estilos cariocas do samba e do chorinho. Essas diferentes abordagens desse álbum o fizeram mais interessante, mas também mais elitista e consequentemente menos visível que seu predecessor. Mas a classe de Mariana Baltar nos convence a seguir com ela pelos caminhos por vezes mais sinuosos das melodias propostas.
Com « Miss Balanço », seu sexto álbum, Clara Moreno introduz um estilo bem pouco visitado pela geração das cantoras atuais : aquele do swing puro e do samba soul. Em seu repertório, Orlandivo (4 títulos), João Donato e Jorge Benjor dão o tom a esse álbum resolutamente otimista e sem amarras. A interpretação de Clara, segura e sólida, contrasta com as pequenas vozes femininas doces de uma parte da nova onda atual.
Mudança de temperatura com « Délibab » de Vitor Ramil, que acrescenta a esse trabalho um bom capítulo à sua « estética do frio », estabelecida antes mesmo dessa recente obra. A capa do álbum, aliás, apresenta uma perfeita coesão com seu conteúdo. Ramil desenvolve 12 milongas (músicas e ritmos próprios do Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina) sobre poemas do argentino Jorge Luis Borges e do brasieliro João da Cunha Vargas.
« Délibab » requer uma certa paciência em sua audição, devido a uma inevitável linearidade dos arranjos minimalistas (uma voz, dois violões) e das melodias declamatórias. O álbum é em parte cantado em espanhol e conta com a participação de Caetano Veloso, em Milonga de los morenos.
« Mundialmente anônimo », de Maquinado, é o tipo de cd que eu aguardo desesperadamente ao longo do ano todo. O grupo de Lucio Maia –excelente guitarrista do Nação Zumbi- nos oferece um álbum excitante, contemporâneo, recheado de descobertas sonoras que se articulam em torno da guitarra contundente de Maia. Esse aqui não o desmerece nem vocalmente, e me faz lembrar o Phil Oakey das primeiras horas do grupo inglês Human League. Um disco que mantém o fôlego da primeira à última faixa.
« Declaração » não poderia ser um álbum de ninguém mais do que do duo Wanda Sá e Roberto Menescal, atores da primeira hora da Bossa Nova. Mas como acontece com Os Cariocas (vide fevereiro), esse aqui se distingue das produções anteriores pelos magníficos arranjos minimalistas que aliam o jogo fuido da guitarra jazzy de Menescal à voz suave de Wanda Sá, que jamais padeceu dos tormentos do tempo. Tão agradável e aveludado como um grande gole quente de um velho malte em frente a uma lareira, numa tarde de inverno.
Originário da Galícia –região ao nordeste da Espanha que guardou fortemente presentes as raízes musicais medievais-, Carlos Núñes nos propõe, em « Alvorada do Brasil », a nos mostrar as conexões entre a música celta e os ritmos tradicionais brasileiros. Para esse projeto surpreendente, ao som da flauta e da gaita de foles galiciana onipresente, ele convida artistas conhecidos pelas suas curiosidades culturais, como Lenine, Adriana Calcanhotto, e ainda Fernanda Takai. Nos damos conta ainda de que suas influências do norte da Europa se reencontram tanto dentros da música de Milton Nascimento, Luiz Gonzaga e Radamés Gnattali, quanto em Padaria elétrica da Barra : tema composto pelo baiano Carlinhos Brown (em colaboração com Núñes e Alê Siqueira). Ainda mais uma prova, se precisasse de uma, de que a música popular brasileira é o recipiente de mil e uma culturas...
E enfim... O belo álbum « Tum tum tum » de Déa Trancoso, (lançado em 2006 e reeditado pela Biscoito Fino), que move-se dentro das riquezas musicais do Vale do Jequitinhonha (MG) ; uma outra reedição da Biscoito Fino, « Afro mémoria + Pretinhosidade », de Mombaça, onde seus talentos de cantor estão longe de ser aqueles de compositor (para Mart’nália e Ana Carolina) ; « Duetos », conjunto de duos virtuais com Renato Russo (1960-1996), onde só aqueles, verdadeiros, com Dorival Caymmi (Só louco) e Adriana Calcanhotto (Esquadros) já vale pelo documento ; e também « Bossarenova » de Paula Morelenbaum, decepcionante em comparação ao excelente « Telecoteco », de 2008.
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