-texte français plus bas -texto português traduzido do francês
Assim como para 2009, a série de resenhas «Sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados ao longo do ano inteiro. Mais especificamente aqueles que me interessaram por diversos aspectos. Infelizmente com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de determinados produtos, como cd´s e dvd´s, em falta no mercado. Alguns álbuns objeto dessa retrospectiva já foram comentados aqui no blog, cada qual a seu tempo...
Para começar esse mês de junho, observamos abaixo quatro estilos diametralmente opostos, mas nem por isso necessariamente conflitantes para quem escuta ! Outros surgirão em breve...
De todos os grupos de rock egressos dos anos 80 (e que ainda existem até hoje), o Capital Inicial é sem dúvida aquele que continua sendo o mais fiel à estética musical de seus primórdios. Naturalmente, Dinho Ouro Preto (o cantor) e seus pares estão mais próximos do rock FM do que do que do punk que eles praticavam quando o grupo original se chamava ainda Aborto elétrico (do qual Renato Russo fez parte). Mas muita água e 30 anos rolaram debaixo da ponte.
« Das Kapital » soa básico, entre guitarras cortantes, baixo estertorante, e a voz bem adestrada de Dino, que passeia pelas baladas pop melosas (Não sei porque, Eu quero ser com você) e os títulos mais energéticos (Depois da meia noite, Melhor). Por sinal, faixas lentas e títulos rápidos compartilham em partes quase iguais o espaço dedicado às onze peças apresentadas em « Das Kapital ».
O conjunto agrada, mesmo que sem surpresas, talvez porque eles não sejam muito numerosos hoje em dia –esse tipo de grupo que pratica o rock quadrado, sem concessões... porém sincero.
Uma bela surpresa esse « Transeunte » de Mauro Aguiar, um artista conhecido sobretudo como excelente letrista, que já trabalhou inclusive com os finos melodistas que são José Miguel Wisnik, Zé Paulo Becker, Guinga, Edu Kneip, Kalu Coelho e Mario Sève. Seus textos já foram igualmente exibidos ao público através das vozes de Ney Matogrosso, Ivan Lins, Fátima Guedes e Zélia Duncan.
Nesse álbum, Mauro Aguiar resolve assumir o papel de (bom) intérprete, ao nos apresentar um tipo de mosaico de músicas tradicionais brasileiras. Ele nos faz viajar, com muita elegância, do samba ao frevo, do baião à bossa nova ; às vezes, com direito a uma incursão, para além das fronteiras do Brasil, adentrando o mundo da salsa ou do fox-trot.
Em seus melhores momentos, a voz do autor se aproxima da voz de Zé Renato (apesar de não ser tão perfeita, claro!) ao longo desse itinerário musical para o qual ele convida Paula Santoro, Marianna Leporace, Barbara Mendes, Guinga, e ainda Edu Krieger. O conjunto, que poderia parecer disparatado, guarda uma bela uniformidade, graças à produção musical do saxofonista e flautista Mario Sève. Belo disco, mesmo…
Chico Salles, cantor e compositr da Paraíba – que reside há aproximadamente 40 anos no Rio de Janeiro- sempre navegou por entre as músicas de seu Nordeste natal e rodas de samba que ele frequenta desde os anos 80. Mas seu quinto álbum, « O Bicho pega », é realmente um disco enraizado no xote, no coco, no forró e no baião, em sua mais pura expressão. Esse belo álbum, ornamentado com uma dessas xilogravuras típicas da literatura de cordel, se distingue por sua excelente produção e seu repertório, onde os ritmos irresistíveis não escondem as melodias particularmente eficientes. Dessa forma, impõe-se muito rapidamente a faixa título : O Bicho pega (Bule Bule), ou ainda Como alcançar uma estrela (Miltinho Edilberto), e também Masculina ; essa última, composta com –ainda ele !-, Edu Krieger.
Como convidados para esse álbum, encontramos também Fagner, Alfredo Del-Penho, e o guitarrista João Lyra, esse último o responsável também pela produção musical. São reencontros que conferem ao conjunto um aspecto profissional –sem sacrificar sua alma- um tanto ausentes em seus trabalhos anteriores. E assim, o « cabra » Chico Salles, se afirma também como um sólido intérprete ; um cantor de voz firme pronto para animar qualquer arrasta pé.
Em seu primeiro álbum « Efêmera », o som da jovem cantora e compositora Tulipa Ruiz se aproxima bastante do pop ligeiro e ingênuo que caracteriza aquele das cariocas Silvia Machete, Nina Becker, e de tudo aquilo que tangencia o universo musical da formação +2 (Domenico Lancellotti, Kassin, Moreno Veloso) e Do amor.
Mas na faixa título, nos backing vocals, encontramos no entanto entre sua formação as melhores cantoras que estão hoje à frente da cena musical mais antenada de São Paulo, como Mariana Aydar, Tiê, Céu, Anelis Assumpção ou Juliana Kehl.
E provando que todos desse (ainda) pequeno universo criativo não hesitam em ajudar-se mutuamente, é possível também lermos os nomes de Karina Buhr, Ná Ozzetti, e Romulo Fróes, que ilustaram com alguns desenhos –as tulipas !- o livreto do cd.
Com sua voz aguda, melodiosa e controlada, Tulipa apresenta um repertório quase inteiramente autoral, constituído por pequenas pérolas pop como Pontual, Sushi e Às vezes, que demonstram não somente uma originalidade efervescente, como também um senso melódico sofisticado. Apenas a irregularidade do repertório não faz de « Efêmera » um disco perfeito... Mas ele não está assim tão longe disso !
Para ter uma idéia..videos amadores de Mauro Aguiar e Chico Salles. Outras do Capital Inicial e da Tulipa no texto francês em baixo...
Para começar esse mês de junho, observamos abaixo quatro estilos diametralmente opostos, mas nem por isso necessariamente conflitantes para quem escuta ! Outros surgirão em breve...
De todos os grupos de rock egressos dos anos 80 (e que ainda existem até hoje), o Capital Inicial é sem dúvida aquele que continua sendo o mais fiel à estética musical de seus primórdios. Naturalmente, Dinho Ouro Preto (o cantor) e seus pares estão mais próximos do rock FM do que do que do punk que eles praticavam quando o grupo original se chamava ainda Aborto elétrico (do qual Renato Russo fez parte). Mas muita água e 30 anos rolaram debaixo da ponte.
« Das Kapital » soa básico, entre guitarras cortantes, baixo estertorante, e a voz bem adestrada de Dino, que passeia pelas baladas pop melosas (Não sei porque, Eu quero ser com você) e os títulos mais energéticos (Depois da meia noite, Melhor). Por sinal, faixas lentas e títulos rápidos compartilham em partes quase iguais o espaço dedicado às onze peças apresentadas em « Das Kapital ».
O conjunto agrada, mesmo que sem surpresas, talvez porque eles não sejam muito numerosos hoje em dia –esse tipo de grupo que pratica o rock quadrado, sem concessões... porém sincero.
Uma bela surpresa esse « Transeunte » de Mauro Aguiar, um artista conhecido sobretudo como excelente letrista, que já trabalhou inclusive com os finos melodistas que são José Miguel Wisnik, Zé Paulo Becker, Guinga, Edu Kneip, Kalu Coelho e Mario Sève. Seus textos já foram igualmente exibidos ao público através das vozes de Ney Matogrosso, Ivan Lins, Fátima Guedes e Zélia Duncan.
Nesse álbum, Mauro Aguiar resolve assumir o papel de (bom) intérprete, ao nos apresentar um tipo de mosaico de músicas tradicionais brasileiras. Ele nos faz viajar, com muita elegância, do samba ao frevo, do baião à bossa nova ; às vezes, com direito a uma incursão, para além das fronteiras do Brasil, adentrando o mundo da salsa ou do fox-trot.
Em seus melhores momentos, a voz do autor se aproxima da voz de Zé Renato (apesar de não ser tão perfeita, claro!) ao longo desse itinerário musical para o qual ele convida Paula Santoro, Marianna Leporace, Barbara Mendes, Guinga, e ainda Edu Krieger. O conjunto, que poderia parecer disparatado, guarda uma bela uniformidade, graças à produção musical do saxofonista e flautista Mario Sève. Belo disco, mesmo…
Chico Salles, cantor e compositr da Paraíba – que reside há aproximadamente 40 anos no Rio de Janeiro- sempre navegou por entre as músicas de seu Nordeste natal e rodas de samba que ele frequenta desde os anos 80. Mas seu quinto álbum, « O Bicho pega », é realmente um disco enraizado no xote, no coco, no forró e no baião, em sua mais pura expressão. Esse belo álbum, ornamentado com uma dessas xilogravuras típicas da literatura de cordel, se distingue por sua excelente produção e seu repertório, onde os ritmos irresistíveis não escondem as melodias particularmente eficientes. Dessa forma, impõe-se muito rapidamente a faixa título : O Bicho pega (Bule Bule), ou ainda Como alcançar uma estrela (Miltinho Edilberto), e também Masculina ; essa última, composta com –ainda ele !-, Edu Krieger.
Como convidados para esse álbum, encontramos também Fagner, Alfredo Del-Penho, e o guitarrista João Lyra, esse último o responsável também pela produção musical. São reencontros que conferem ao conjunto um aspecto profissional –sem sacrificar sua alma- um tanto ausentes em seus trabalhos anteriores. E assim, o « cabra » Chico Salles, se afirma também como um sólido intérprete ; um cantor de voz firme pronto para animar qualquer arrasta pé.
Em seu primeiro álbum « Efêmera », o som da jovem cantora e compositora Tulipa Ruiz se aproxima bastante do pop ligeiro e ingênuo que caracteriza aquele das cariocas Silvia Machete, Nina Becker, e de tudo aquilo que tangencia o universo musical da formação +2 (Domenico Lancellotti, Kassin, Moreno Veloso) e Do amor.
Mas na faixa título, nos backing vocals, encontramos no entanto entre sua formação as melhores cantoras que estão hoje à frente da cena musical mais antenada de São Paulo, como Mariana Aydar, Tiê, Céu, Anelis Assumpção ou Juliana Kehl.
E provando que todos desse (ainda) pequeno universo criativo não hesitam em ajudar-se mutuamente, é possível também lermos os nomes de Karina Buhr, Ná Ozzetti, e Romulo Fróes, que ilustaram com alguns desenhos –as tulipas !- o livreto do cd.
Com sua voz aguda, melodiosa e controlada, Tulipa apresenta um repertório quase inteiramente autoral, constituído por pequenas pérolas pop como Pontual, Sushi e Às vezes, que demonstram não somente uma originalidade efervescente, como também um senso melódico sofisticado. Apenas a irregularidade do repertório não faz de « Efêmera » um disco perfeito... Mas ele não está assim tão longe disso !
Para ter uma idéia..videos amadores de Mauro Aguiar e Chico Salles. Outras do Capital Inicial e da Tulipa no texto francês em baixo...
1 commentaire:
gostei!
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