samedi 21 mars 2009

Yamandu Costa à Bruxelles.

Yamandu Costa était à l'espace Senghor de Bruxelles,
ce 19 mars 2009 (photo Daniel A.)
(texto português em baixo)

L’artiste brésilien visitant nos contrées est devenu une denrée rare ! Raison de plus pour que, quand l’évènement se présente, nous dégustions sa venue à la petite cuillère. Bien sûr Yamandu Costa n’est pas ce qu’on peut appeler une star populaire brésilienne. Comme tout ceux qui sont des cadors de la musique instrumentale, il s’adresse dans son pays à une niche d’amateurs mélomanes. Il rassemble d’ailleurs d’avantage de public hors de ses frontières, à l’instar d’autres monstres sacrés comme Hermeto Pascoal ou Egberto Gismonti, pour ne citer que les plus célèbres. Les connaisseurs qui achètent les albums ou se rendent aux concerts de cette catégorie d’artistes se trouvent dans un cercle bien plus large que celui des simples amateurs des musiques du Brésil. Il n’y avait qu’à scruter le public hétéroclite venu en nombre à l’espace Senghor de Bruxelles, ce 19 mars, pour s’en convaincre. La salle s’était d’ailleurs pour le coup retrouvé un peu « courte » pour accueillir les amateurs du génial instrumentiste, qui compte déjà à son actif 6 albums distribués au Brésil depuis 2001 (dont "Ida e volta" sorti chez nous, gha records). Malgré cela, si Yamandu Costa est un grand guitariste, il est avant tout un grand guitariste brésilien ! Dans la grande tradition de ceux que ce pays nous sert depuis des décennies. De ceux qui jouent une guitare percussive, un « violão sujo », c’est-à-dire un jeu de guitare sauvage, sans fioriture, et presque viscéral par instant. On se rappelle du frêle Baden Powell (1937-2000) maltraitant sa guitare comme si sa vie en dépendait, mais aussi de Raphael Rabello, énorme talent disparu bien trop tôt (1962-1995). Yamandu Costa est de ceux-là. À certains moments sur scène, on assista à une véritable lutte entre l’artiste et sa guitare. En fait de lutte, je parlerais plutôt de dialogue, car n’évoquer que le côté sauvage du guitariste (comme pour Baden ou Rabello) serait bien réducteur. Après l’orage, l’artiste revient caresser ses cordes pour dévoiler toute la richesse harmonique de ses compositions. Aucune de celles-ci ne représente un style pur. Elles sont toutes le confluent d’influences telles que le jazz, la bossa, la samba, le chôro, le flamenco ou parfois même la valse ou la salsa. Un carrefour de genres comme l’est la musique brésilienne par définition.


Baden Powell (1937-2000), à jamais l'incarnation de la guitare brésilienne.

C’est donc à tout cela que Yamandu Costa nous a convié ce jeudi 19 mars, seul (ce qui nous laisse apprécier davantage toute son expressivité) simplement armé de sa guitare…Et de ses espadrilles. Du haut de ses 28 ans, ce génie de la 6,7, ou parfois 8 cordes, issu d’une famille de musicien du Rio Grande do Sul (sud du Brésil), nous a servi une dizaine de titres qui auront enthousiasmé par sa virtuosité et sa sensibilité, un public de connaisseurs gagné d’avance…(pour la vidéo de Yamandu, voir le post précédent).

RAPHAEL RABELLO:
"Desveirada"




La guitare est l’instrument symbole du Brésil par excellence, et je m’en voudrais, dans ce petit texte, de ne pas énumérer d’autres grands guitaristes brésiliens qui, dans le monde, ont assis depuis longtemps leur réputation. Me viennent à l’esprit le multi instrumentiste Egberto Gismonti, les formibables Toninho Horta du Minas Geraes ou Guinga de Rio de Janeiro, les frères José et Odair Assad (se dernier vit à Bruxelles) et leur sœur Badi Assad, Toninho Ramos, le plus jeunes Zé Paulo Becker, et enfin le fameux Toquinho, plus connu comme partenaire de Vinicius de Moraes (1927-1980), mais aussi compositeur de nombreux standards brésiliens et guitariste très brillant. Enfin la guitare, ce sont aussi de grands compositeurs du passé comme Garoto (1915-1955), Paulinho Nogueira (1929-1902), Dino Sete cordas (1918-2006), Rosinha de Valença (1941-2004)… Et j’en oublie tant d’autres qui ont séduit ceux qui, comme moi, n’étaient pas forcément destinés à apprécier la musique instrumentale. Ils apportent aux compositions qu’ils jouent, leurs jeux exceptionnels mais aussi leurs personnalités d’homme et de femme.

Yamandu Costa em Bruxelas.

O artista brasileiro que visitou nossas terras trasnformou-se numa peça rara! Razão pela qual, quando esse evento acontece, nós o degustamos delicadamente, com uma colherzilha de prata. Na verdade, Yamandu Costa não é alguém a quem se possa chamar de estrela da música popular brasileira. Como todos aqueles que são os luminares da música instrumental, sua arte é curtido por um nicho de amadores melómanos no seu próprio país. Mas eles contam com a vantagem de agregar um público para além de suas fronteiras (alias bem maior), a exemplo de outros monstros sagrados como Hermeto Pascoal ou Egberto Gismonti, para citar aqueles que são provavelmente os mais célebres. Os especialistas que compram os álbuns ou se rendem aos shows dessa categoria de artistas se encontram dentro de um círculo bem mais amplo do que aquele dos simples apreciadores das músicas do Brasil. Não é preciso sondar o público heterodoxo numeroso que compareceu ao espaço “Senghor de Bruxelles”, nesse último 19 de março, para se convencer do fato. A sala precisava ser maior para acolher os admiradores do genial instrumentista, que já contabiliza em seus ativos seis álbuns distribuídos no Brasil desde 2001 (visite o site: www.yamandu.com.br). Além do mais, se Yamandu Costa é um grande violonista, ele é antes de tudo um grande violonista brasileiro! Seguindo a grande tradição daqueles que seu país nos apresenta depois de décadas. Daqueles que tocam um violão percussivo, um “violão sujo”, por assim dizer: toca um violão selvagem, sem floreios, e quase visceral em alguns momentos. Faz lembrar do frágil Baden Powell (1937-2000) maltratando seu violão como se sua vida dependesse dele, mas também de Raphael Rabello, enorme talento que partiu cedo demais (1962-1995). Yamandu Costa é desse tipo. Em certos momentos, em cena, assistia-se a uma verdadeira luta entre o artista e seu violão. E falando em luta, eu diria que acima de tudo há um diálogo, uma vez que evocar apenas o lado selvagem do violonista ( bem como em relação a Baden ou Rabello ) seria uma abordagem bastante reducionista. Depois do “combate”, o artista volta a acariciar suas cordas para revelar toda a riqueza harmônica de suas composições. A maioria delas não chega a representar um estilo puro. Elas são em sua maioria a conjunção de influências tantas quanto as do jazz, da bossa, do samba, do choro, do flamenco, ou por vezes até da valsa ou da salsa. Uma interseção de gêneros como é a própria música brasileira por definição.

Foi então a tudo isso que nos convidou Yamandu Costa nessa última quinta, 19 de março, só (de forma a apreciarmos amplamente toda a sua expressividade) e munido simplesmente de seu violão... e de suas alpercatas. Do alto de seus 28 anos, esse gênio das seis, sete, ou até das oito cordas, oriundo de uma família de músicos do Rio Grande do Sul, nos ofereceu uma dezena de títulos que entusiasmaram, por seu virtuosismo e sua sensibilidade, um público de iniciados já pré-conquistados...

Sabemos que o violão é o instrumento símbolo do Brasil por excelência, e eu não poderia, dentro desse pequeno texto, deixar de enumerar outros grandes violonistas brasileiros que, mundo afora, tiveram suas reputações reconhecidas desde longa data. Me vêem à memória o multinstrumentista Egberto Gismonti, os grandes Toninho Horta (de Minas Gerais) e Guinga (do Rio de Janeiro). Também os irmãos José e Odair Assad (esse último mora em Bruxelas) e sua irmã Badi Assad, além de Toninho Ramos e Zé Paulo Becker (esse último mais jovem). E finalmente, o famoso Toquinho, mais conhecido como parceiro de Vinicius de Moraes (1927-1980), porém também um comopositor de inúmeros clássicos brasileiros e violonista brilhante. E não podemos esquecer grandes compositores do passado, como Garoto (1915-1955), Paulinho Nogueira (1929-1902), Dino Sete Cordas (1918-2006), Rosinha de Valença (1941-2004), ... E me esqueço aqui de tantos outros que seduziram aqueles que, como eu, não estavam destinados forçosamente a apreciar a música instrumental. Eles trouxeram às composições que interpretam, além de suas habilidades excepcionais como músicos, suas fortes personalidades de homen e de mulher.

En vidéo: YAMANDU COSTA & TOQUINHO: "Bacchaninia n°1" (Heitor Villa Lobos)
BADEN POWELL: "Samba Triste" (Baden Powell)




2 commentaires:

Anonyme a dit…

É maravilhoso o Yamandu. parece um animal, atracado ao violão. Vi aqui no Rio, no Municipal, num concerto do Nelson Freire. E é generoso, pq. levou com ele um menino tb. do Sul pra fazer dueto com ele. Yamandu é grande, enorme violonista! Belo post, Daniel!

Márcio a dit…

Daniel, não sei se você chegou a ver Raphael Rabello tocar ao vivo. Tive a oportunidade de estar presente em duas de suas apresentações, uma com Ney Matogrosso e outra com Dino 7 Cordas. Era algo impressionante! Beleza e precisão simultâneos, integração com a música, ausência de excessos. Raphael tocava com uma leveza espetacular, mas ao mesmo tempo sabia fazer a mão direita pesar nos momentos corretos. Nessas duas apresentações presenciei muito sentimento aliado a uma técnica perfeita. Trastejar? Jamais!
Faz dez anos que vi pela primeira vez uma apresentação de Yamandu. O menino de 18 anos impressionava pela garra com que tocava. Eventuais imperfeições não tiravam de modo algum a beleza algo selvagem de sua música. Acreditei que, com o tempo, o jovem gaúcho saberia aparar as arestas necessárias. Qual não foi minha surpresa ao notar, em outras três oportunidades nestes 10 anos, que o estilo agreste de tocar de Yamandu não foi amenizado e sim reforçado! Muita rapidez, muita energia (e muitas trastejadas ...) , improvisos que abandonam totalmente a linha melódica ... enfim, o que de pior caracteriza o tal "violão sujo" que você mencionou. Não acho que esse estilo de tocar represente o melhor ou o verdadeiro vioão brasileiro. Raphael Rabello nunca tocou assim. Nem Garoto. Baden pode até ter tocado assim algumas vezes, mas não será lembrado por esse estilo. Zé Paulo Becker e Marco Pereira tampouco seguem essa escola.
O que me conforta em relação a Yamandu é que - quando deseja - ele sabe se conter sem perder seu brilho, e mostra isso muito bem quando divide o palco com outros músicos. Assim, sigo esperançoso de que ele traga essa disposição também para suas apresentações solo, pois músico muito bom ele já é. Saudações!

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