samedi 6 juin 2009

Souvenir: « No Tom da Mangueira » (I)

En 1992, Chico Buarque et Tom Jobim embrassent Dona Neuma,
figure éminante de la Mangueira.

(texto português em baixo)


Un petit test, sans réfléchir… Si je vous dis « Carnaval », vous pensez « Brésil », n’est-ce pas ? De même « carnaval au Brésil » devrait entraîner « Rio de Janeiro ». Et enfin, « école de samba à Rio », « Mangueira »…Disons que cela devrait normalement se passer ainsi.

Car, oui, l’école de G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, née le 28 avril 1928, représente le plus célèbre symbole du défilé carioca. Mangueira est l’une des plus anciennes écoles de samba, non seulement de la ville de Rio, mais aussi du Brésil. Et les compositeurs et les interprètes qui ont construit sa gloire font partie du cercle des plus illustres noms de l’histoire de la samba : Cartola (1908-1980), Carlos Cachaça (1902-1999), Nelson Cavaquinho (1910-1986), Heitor dos Prazeres (1898-1966), Geraldo Perreira (1918-1955), Nelson Sargento, Jamelão (1913-2008), Clementina de Jesus (1902-1987), Herivelto Martins (1912-1992), Leci Brandão, Beth Carvalho, Alcione, Ivo Meireless -l’actuel président- et encore bien d’autres grands noms.


Sur la pochette de l'album "Fala Mangueira", de gauche à droite:
Carlos Cachaça, Odete Amaral, Cartola, Clementina de Jesus et Nelson Cavaquinho.

Entre 1992 et 1998, la Mangueira a frappé particulièrement fort quant au choix des thèmes des samba enredo de leurs défilés, en choisissant de rendre hommage à certains amphitryons de la MPB moderne :
Antônio Carlos Jobim en 1992, le quatuor baianais –Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Giberto Gil- en 1994, et enfin Chico Buarque de Hollanda en 1998. Tous participèrent au défilé. Pour rappel, Dorival Caymmi avait lui aussi vu son nom honoré en 1986. Ce fut d’ailleurs autant un hommage que l’école rendait à ces prestigieux artistes, qu’une sorte de bénédiction que ces derniers recevaient de l’institution «verte et rose » (couleurs officielles de la Mangueira, choisies à l’époque par Cartola). Car devenir le thème de la grande école de samba -de son vivant- représente bien plus qu’une place au Musée de Madame Tusseau ou un fauteuil à l’Académie française. De ces hommages rendus à ces astres de la musique brésilienne, ceux de Tom Jobim et de Chico Buarque laissèrent une marque discographique.

Le premier, « No Tom da Mangueira », fut enregistré quelques mois avant le défilé de février 1992. Sous l’impulsion du compositeur et producteur de samba, Hermínio Bello de Carvalho, on retrouvait autour de Jobim, un des plus riches plateaux jamais réuni sur un album. Des stars recruté au-delà de la samba proprement dite et qui, par ailleurs, offrirent leurs talents gracieusement. Dans le désordre, Gal Costa, Ney Matogrosso, Rafael Rabello, Zézé Gonzaga, Baden Powell, Claudio Nucci, Paulinho da Viola, Alcione, Beth Carvalho, Peri Ribeiro, Alaíde Costa, Joyce, Johnny Alf, Sandra de Sá, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivan Lins et Elza Soares. Tous entonnèrent les hymnes qui avaient fait la gloire de la Mangueira. Par la magie de la technologie, Hermínho Belo de Carvalho avait ressuscité quelque voix de figures défuntes, toute associé à la grande école. Ainsi, Clementina de Jesus rejoignait Ney Matogrosso, Carlos Cachaça s’alliait à Jobim et ainsi de suite pour les voix de Herivelto Martins, Nelson Cavaquinho ou Cartola. Pour l’occasion, Tom Jobim avait également demandé à Chico Buarque de se joindre à lui pour ce qui sera leur dernière collaboration : Piano na Mangueira, devenu depuis lors un des hymnes obligés de l’Estação derradeira. Au final, « No Tom da Mangueira » n’est pas du tout un album au rythme frénétique, mais au contraire, il apparaît presque nostalgique et intimiste, dominé par la beauté mélodique du génie de ses compositeurs. On regrettera sans doute que les percussions ne soient pas davantage mises en avant, ainsi qu’un excès de réverbération au mixage, comme si l’ensemble était joué dans un énorme hangar vide. Un manque de chaleur qui sera corrigé dans l’album « Chico Buarque da Mangueira » en 1998 (voir demain dans ce blog) Néanmoins –et chacun fera son choix- les interprétations de Gal Costa dans Fala Mangueira (Mirabeau/ Milton de Oliveira)/ Mangueira (Assis Valente/ Zequinha Reis), de Leci Brandão dans A Mais querida (Padeirinho) et le pot-pourri autour de Não quero mais amar a ninguém (Cartola/ Carlos Cachaça/ Zé da Zilda) au travers des voix de Jobim, Paulinho da Viola et Claudio Nucci se révèleront comme de véritables moments d’anthologie. Pour l’anecdote, le défilé de la Mangueira en hommage à Antônio Carlos Jobim avec la samba enredo Se todos fossem iguais à você (Hélio Turco/ Jurandir e Alvinho), terminera sixième du Groupe A, mais l’histoire retiendra surtout l’image de Tom saluant l’Avenida Marquês de Sapucaí (le Sambodrome) de son chapeau de paille, au sommet de son char, deux ans avant sa disparition. « No Tom da Mangueira » (1991) fut réédité en 2006 sur le label Biscoito fino.
En vidéo: Piano na Mangueira (Jobim/ Buarque), et dix minutes du défilé de la Mangueira en 1992, ou Tom Jobim apparaît bien secoué (vers la 6ème minute)!!

Lembrando hoje: « No Tom da Mangueira » ( I )

(texto português traduzido do francês, destinado a um público aprendiz)

Um pequeno teste, sem refletir... Se eu digo « Carnaval », vocês pensam em « Brasil », não é mesmo? Certo? Da mesma forma que « Carnaval no Brasil » deverá trazer a reboque « Rio de Janeiro ». E por fim, « escola de samba no Rio », « Mangueira »… Enfim, digamos que isso acontece naturalmente desse jeito.
Uma vez que, sim, a escola G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, nascida em 28 de abril de 1928, representa o mais célebre símbolo do desfile carioca. A Mangueira é uma das mais antigas escolas de samba, não somente da cidade do Rio de Janeiro, mas também do Brasil. E os compositores e os intérpretes que construíram sua glória fazem parte do círculo dos nomes mais ilustres da história do samba. Cartola (1908-1980), Carlos Cachaça (1902-1999), Nelson Cavaquinho (1910-1986), Heitor dos Prazeres (1898-1966), Geraldo Pereira (1918-1955), Nelson Sargento, Jamelão (1913-2008), Clementina de Jesus (1902-1987), Herivelto Martins (1912-1992), Leci Brandão, Beth Carvalho, Alcione, Ivo Meireles – o atual presidente – e ainda muitos outros grandes nomes.

Entre 1992 e 1998, a Mangueira impressionou de forma particularmente forte com relação à escolha dos temas dos sambas-enredo de seus desfiles, ao optar por prestar homenagem a certos anfitriões da moderna MPB:
Antônio Carlos Jobim, em 1992; o quarteto baiano - Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil, em 1994; e por fim Chico Buarque de Hollanda, em 1998. Todos participaram do desfile.
Por ordem de chamada, Dorival Caymmi também teve seu nome honrado um pouco antes, em 1986.
Foi tamanha a homenagem que a escola rendeu a esses artistas de prestígio, que parece que todos receberam uma espécie de bênção da instituição «verde e rosa » (cores oficiais da Mangueira, escolhidas na época por Cartola). De fato, vir a ser o tema da grande escola de samba, em se estando vivo, representa bem mais do que um lugar no Museu de Madame Tusseau ou uma cadeira na Academia Francesa (ou Brasileira) de Letras. Dessas homenagens rendidas a esses astros da música brasileira, as de Tom Jobim e de Chico Buarque deixaram uma marca discográfica.

O primeiro, « No Tom da Mangueira », foi gravado alguns meses antes do desfile de fevereiro de 1992.
Sob o impulso do compositor e produtor de samba Hermínio Bello de Carvalho, acorreu em torno de Jobim, um dos mais ricos elencos jamais reunidos em um só álbum. As estrelas recrutadas no meio do samba propriamente ditas, aliás, puseram à disposição seus talentos graciosamente. No meio dessa confusão, Gal Costa, Ney Matogrosso, Rafael Rabello, Zézé Gonzaga, Baden Powell, Claudio Nucci, Paulinho da Viola, Alcione, Beth Carvalho, Peri Ribeiro, Alaíde Costa, Joyce, Johnny Alf, Sandra de Sá, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Ivan Lins e Elza Soares. Todos entoando os hinos que haviam feito a glória da Mangueira. Através da mágica da tecnologia, Hermínio Bello de Carvalho ressuscitou algumas vozes de figuras já mortas, todas associadas à grande escola. Dessa forma, Clementina de Jesus juntava-se a Ney Matogrosso, Carlos Cachaça aliava-se a Jobim, e dessa mesma maneira produziu-se uma sequência para as vozes de Herivelto Martins, Nelson Cavaquinho e Cartola.
Por essa ocasião, Tom Jobim havia igualmente solicitado a Chico Buarque que se juntasse a ele para o que viria a ser sua última parceria: Piano na Mangueira, vindo a ser em seguida um dos hinos obrigatórios da Estação derradeira.
Afinal de contas, « No Tom da Mangueira » não se trata de um álbum sob um ritmo frenético, mas ao contrário: ele parece quase nostálgico e intimista, dominado pela beleza melódica do gênio de seus compositores.
É pena sem dúvida que as percussões soem mixadas bem atrás dos violões e das vozes, bem como um excesso de reverberação na mixagem dá a impressão de que o grupo foi jogado no vácuo de um enorme hangar. Uma falta de calor que será corrigida no álbum « Chico Buarque da Mangueira », em 1998 (ver em seguida nesse blog)
Entretanto – e cada um fará sua escolha – as interpretações de Gal Costa em Fala Mangueira (Mirabeau / Milton de Oliveira) / Mangueira (Assis Valente/ Zequinha Reis), de Leci Brandão em A Mais querida (Padeirinho) e o pout-pourri em torno de Não quero mais amar a ninguém (Cartola/ Carlos Cachaça/ Zé da Zilda) através das vozes de Jobim, Paulinho da Viola e Claudio Nucci revelaram-se verdadeiros momentos antológicos.
A título de anedota, o desfile da Mangueira em homenagem a Antônio Carlos Jobim com o samba-enredo Se todos fossem iguais a você (Hélio Turco / Jurandir e Alvinho), acabou ficando no sexto lugar do Grupo A, mas a história guardará sobretudo a imagem de Tom saudando a Avenida Marquês de Sapucaí (o Sambódromo) com seu chapéu de palha, do alto de seu carro, dois anos antes de seu desaparecimento.
« No Tom da Mangueira » (1991) foi reeditado em 2006, sob o selo Biscoito fino.



2 commentaires:

Anonyme a dit…

Daniel

Na foto acima que consta o Chico Buarque e o Tom Jobim beijando uma senhora, não trata-se da Dona Zica - esposa do Cartola, mas sim Dona Neuma - uma das grandes damas da Mangueira e grande amiga da Dona Zica.

Daniel Achedjian a dit…

Obridado pela informaçao, vou corrigir jaja...
Valeu!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.