jeudi 27 mars 2008

Para não dizer que...

Angela Evans, Herminio de Carvalho e Aurea Martins (foto: Daniel A.)

...não escrevi nada durante essa viagem. Parafraseando o “hino” do Geraldo Vandré, poderia até ter deixado o título original. Pois de flores, e belas, posso falar de muitas, às quais assisti ontem, terça-feira, dia 25, no palco do Centro Cultural Carioca, no centro da cidade.

O show “O Amor é Simplesmente o Ridículo da Vida”, cuja espinha dorsal foi uma homenagem ao grande escritor, poeta e compositor Hermínio Bello de Carvalho, contava com a participação da jovem mineira Angela Evans, que acabou de lançar seu disco de estréia pelo selo Biscoito Fino (“Um pouco de morro outro tanto cidade sim”). E também com a já consagrada cantora da antiga Rádio Nacional, a Áurea Martins. Pensei – essa última - que não a conhecia, mas acontece que o Senhor Alzheimer deve ter batido à minha porta!

Vendo a cantora subindo ao palco, me lembrei do show em homenagem a Elizeth Cardoso, com Amélia Rabello, que eu já tinha visto há uns dois anos.

Como prólogo de “O Amor...”, depoimentos numa telinha, com entrevistas de outras grandes cantoras da Rádio nacional, como Aracy de Almeida e Isaurinha Garcia. Trechos comoventes e engraçados ao mesmo tempo.

O próprio Hermínio Bello abriu o show com seu empolgante “Timoneiro” (parceria com Paulinho da Viola). Uma abertura sensível, que conquistou um público tradicional; retornando mais tarde, ele mesmo, com as duas cantoras, ao final do espetáculo.

Depois de Hermínio com outras belas canções de sua autoria, chegou o bom momento que foi para mim descobrir a Angela Evans. Essa, na minha opinião, nao ficará trancada numa gaveta onde estão inúmeras cantoras que surgem todos os dias. Uma voz super afinada, segura, com personalidade, e um certo “gorjeio” moderno (existe sim!). Falta só um pouco mais de presença no palco. Ela pinçou canções do seu primeiro disco, compostas, dentre outros, por nomes de primeira linha, como o próprio Hermínio, o Wilson das Neves, o Ney Lopes, o Eduardo Gudins ou o Elton Medeiros.

Nesse mesmo disco, podem-se destacar também artistas como Ivan Lins, Sergio Santos, Paulo César Pinheiro, Baden Powell e Cristóvão Bastos.

Difícil encontrar melhor.

Seguido a um tributo a Jacob do Bandolim e a Zezé Gonzaga (homeageada então por seus 45 anos de carreira), sobe ao palco a diva Áurea Martins. Com famosos boleros - mas não só - mostrou que sua poderosa voz não perdeu nada em qualidade e beleza. Talvez a melhor surpresa da noite !

Surpreendi-me até com a seqüência: “Ilusão à toa” (Jonnhy Alf), “Nada por mim” (Herbert Vianna / Paula Toller) e a incomparável “Embarcação”, do dueto Chico Buarque / Francis Hime.

Definitivamente, todo mundo pôde se deleitar; desde curtir sambas melódicos pela voz de uma novata promissora, até redescobrir uma diva da MPB (na minha acepção do termo - um dia eu explico), passando pelo bom humor e pelas excelentes letras de um grande poeta, homenageado ali em grande estilo.

Só para efeito de informação, quero avisar a vocês que o CD da Angela Evans pode ser encontrado atualmente nas lojas; idem, em algumas, a caixa com 5 CDs do Hermínio Bello de Carvalho, cujo disco “Timoneiro” pode ser comprado separadamente. Quanto ao único disco da Áurea Martins, de 2003, é preciso tentar encontrá-lo em algum sebo. Mas acredito que a Biscoito Fino não vai perder (nem deve!) a chance de relançá-la, de uma forma ou de outra.

Foi um show que curti muito, sobre o qual eu gostaria de me aprofundar ainda mais; o mesmo em relação a outros momentos que vivi ao longo dessa minha primeira semana no Rio...

Os pocket shows do Lui Coimbra, músico de tantas estrelas da MPB, e do Edu Krieger, que também lançou seu primeiro excelente CD. Esse último, apesar de já ser bem conhecido como violonista do Alceu Valença, da Elba Ramalho, do Sivuca ou do Geraldo Azevedo (que também participa do seu disco) alcançou agora um público maior, oferecendo “Novo amor” e “Ciranda do mundo” para o “Samba Meu” da Maria Rita.

Vejam só, caros leitores: matérias é que não me faltam! E nem mencionei os encontros com seus grandes jornalistas musicais, como o Antonio Carlos Miguel (O Globo) e o Mauro Ferreira (O Dia) - fontes de informação cuja leitura me é obrigatória todos os dias na Bélgica... Ah, sim, também não devo me esquecer do show do Milton com o trio Jobim...

Posts sobre todos esses eventos irão se seguir, com certeza; mas já podem ficar sabendo de uma coisa, através dessa minha experiência: grandes nomes não fazem necessariamente grandes shows.... a seguir...


4 commentaires:

Maria Dias a dit…
Ce commentaire a été supprimé par l'auteur.
Anonyme a dit…

Fala Daniel!
Fiquei muito interessado em conhecer a voz da Angela Evans...vou correr atrás...
Vc escreveu aí sobre Jacob do Bandolim...semana passada assisti o dvd (maravilhoso) que a Cor do Som lançou em 2006...de um show no Canecão...e o Armandinho mandou "Noites Cariocas" do Jacob...deu vontade de chorar...de tão bonito!
Abraço!

Anonyme a dit…

O.K. Maria, essa ideia de musica, ainda mais neste blog, é fundamental, como tambem, de vez em quando, colocar um video extraido de youtube.
A respeito da relaçao com a cultura dum outro pais, sabe como é...Eu, seria um pessimo embaixador do meu proprio pais, e tem touristas que conhecem bem melhor Bruxelas do que eu!! Beijo.

Anonyme a dit…

Conheço esse dvd, Cal, e o Jacob e um monumento! Devem existir centenas de gravaçoes de "Noites cariocas", esse grande classico. Na caixa que saiu, com tres cd' do Mestre alguns anos atras, ja tem tres versoes dessa melodia. Me lembro duma bela adaptaçao do Paulo Maura e do grande Rafael Rabello. Se nao me engano, fica no cd "Dois irmaos" dos anos 90. Como ja disse, aqui no Rio, nao tem como navegar bem no meu hotel, entao desculpe de nao ser muito preciso nas datas...por enquanto Grande abraço.

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.