mardi 31 août 2010

Escutando hoje : Tulipa Ruiz e Luísa Maita.

Tulipa Ruiz (foto divulgaçao)

-texte français plus bas, avec d’autres vidéos.
-texto português traduzido do francês, com outros vídeos.


Não há dúvida alguma de que a jovem cena cena musical de São Paulo –que pose ser chamada independente, alternativa ou antenada- vem se tornando o que há de mais criativo e excitante no Brasil, nesses últimos anos. Esse movimento muito ativo (que foi objeto de um bom artigo recapitulativo do jornalista Leonardo Lichote recentemente, no Segundo Caderno d´O Globo, no dia 9 de agosto passado) possui tanto aspectos quanto integrantes peculiares.
Esses artistas não são forçosamente originários de São Paulo mesmo ; mas vieram, isso sim, de todo o Brasil –principalmente do Nordeste- e instalaram-se na megalópole para lá trabalhar.
Não realmente presos a um estilo definido, o único elo que verdadeiramente os une é a prática de trabalharem muito em conjunto –tanto em cena quanto em seus respectivos álbuns- ; e também não hesitam, com frequência, em colaborar com seus colegas do Rio de Janeiro.

Por sinal, o som da jovem cantora e compositora Tulipa Ruiz, em seu primeiro álbum, « Efêmera », se aproxima bastante do pop ligeiro e ingênuo que caracteriza aquele das cariocas Silvia Machete e Nina Becker e de tudo aquilo que diz respeito ao universo musical da formação +2 (Domenico Lancellotti, Kassin, Moreno Veloso) e Do amor.
Para reforçar o que eu aqui mencionei no início, encontramos em « Efêmera », nos backing vocals, algumas cantoras que já estão mais à frente da cena em São Paulo, como : Mariana Aydar, Tiê, Céu, Anelis Assumpção e Juliana Kehl.
E provando que todo esse pequeno mundo criativo não hesita em dar uma ajudinha, podemos também ler nesse disco os nomes de Karina Buhr, Ná Ozzetti e Romulo Fróes, que ilustram com alguns desenhos –tulipas !- o encarte do cd.
Com sua voz aguda e melodiosa, Tulipa apresenta um repertório quase inteiramente autoral, constituído por pequenas pérolas pop como Pontual, Sushi e Às vezes, que demostram não somente uma originalidade efervescente, como também um senso melódico sofisticado.
Apenas alguns títulos mais dispensáveis na segunda parte do álbum não fazem de « Efêmera » um álbum perfeito... Mas ele não está longe disso, não…

Em « Lero lero », a cantora e compositora Luísa Maita mostra uma outra faceta da música paulistana atual, menos pop do que a de Tulipa Ruiz. Uma sonoridade mais delicada e sofisticada, que já caracterizava alguns álbuns soberbos em 2009, como o de Mariana Aydar («Peixes pássaros pessoas ») ; o de Céu (« Vagarosa ») ; e, naturalmente, o de Rodrigo Campos, com o muito justamente aclamado « São Mateus não é um lugar assim tão longe ».
Nesse último, encontramos inclusive Luísa –companheira de Rodrigo- nos vocais, em quatro títulos.
Essa tendência musical na qual se insere a artista aproxima-se de um certo samba melancólico, por sua instrumentação por vezes tingida de ritmos afro, e na qual prevalece uma grande sutileza em seus arranjos e harmonias. E se « São Mateus… » de Rodrigo Campos revelou-se de uma pungente poesia urbana, « Lero lero » pode se apresentar como uma sequência absolutamente bem sucedida. Luísa Maita assina oito das onze canções que parecem sair da mesma pena de Campos, que contribui aqui com os outros três títulos. O conjunto forma uma magnífica harmonia, e já faz desse álbum um dos meus favoritos desse ano de 2010.

lundi 30 août 2010

En écoute aujourd’hui : Tulipa Ruiz et Luísa Maita.

"Lero lero" de Luisa Maita, poésie urbaine poignante.

Il ne fait aucun doute que la jeune scène musicale de São Paulo -que l’on pourra qualifier d’indépendante, d’alternative, ou de branchée- est ce qui se fait de plus créatif et de plus excitant au Brésil, ces dernières années. Cette mouvance très active (qui fut le sujet d’un bon article récapitulatif du journaliste Leonardo Lichote, récemment, dans le deuxième carnet du Globo du 9 août dernier) possède autant de facettes que d’intégrants. Ils ne sont pas forcément originaires de São Paulo même, mais viennent de tout le Brésil –principalement du Nordeste- et se sont installés dans la mégapole pour y travailler.
Pas réellement cantonné à un style défini, le seul véritable lien qui unit ces artistes, est qu’ils travaillent beaucoup ensemble -sur scène comme sur leurs albums respectifs-, n’hésitant pas à collaborer aussi très souvent avec leur collègues de Rio de Janeiro.

Et d’ailleurs, le son de la jeune chanteuse et compositrice Tulipa Ruiz, sur son premier album « Efêmera », se rapproche assez de la pop légère et ingénue qui caractérise celui des cariocas Silvia Machete ou Nina Becker, et de tout ce qui touche au monde musicale de la formation +2 (Dominico Lancellotti, Kassin, Moreno Veloso) et Do amor.
Pour étayer ce que j’ai mentionné plus haut, on trouve sur « Efêmera », en backing vocals, quelques chanteuses qui tiennent le devant de la scène à São Paulo, comme Mariana Aydar, Tiê, Céu, Anelis Assumpção ou Juliana Kehl.
Et preuve que tout ce petit monde créatif se donne à l'occasion un coup de main, on peut aussi lire les noms de Karina Buhr, Ná Ozzetti, ou Romulo Frões qui illustrent quelques dessins –des tulipes !- sur le livret du cd.
De sa voix aigue et mélodieuse, Tulipa présente un répertoire presque entièrement « autoral », constitué de petites perles pop comme Pontual, Sushi ou Ás vezes, qui démontrent non seulement une originalité pétillante, mais aussi un sens mélodique recherché.
Seuls quelques titres plus dispensables en seconde partie d’album, n’en font pas un disque parfait…Mais on n’en est pas loin !

Dans « Lero lero », la chanteuse et compositrice Luísa Maita, montre une autre facette de la musique pauliste actuelle, moins pop que Tulipa Ruiz. Une sonorité plus délicate et sophistiquée qui avait caractérisé quelques superbes albums en 2009, comme ceux de Mariana Aydar («Peixes passaros pessoas »), Céu (« Vagarosa »), et bien sûr, Rodrigo Campos avec le très justement acclamé « São Mateus não é um lugar assim tão longe ».
Dans ce dernier, on retrouvait d’ailleurs Luísa –compagne de Rodrigo- aux vocaux sur quatre titres.
Cette tendance musicale qui se rapproche d’une certaine samba mélancolique par son instrumentation, parfois teintée de rythmes afro, prévaut par une grande subtilité dans les arrangements et dans les harmonies. Et si « São Mateus… » de Rodrigo Campos se révélait d’une poignante poésie urbaine, « Lero lero » pourrait se présenter comme une suite tout aussi réussie. Luísa Maita y signe huit des onze titres qui paraissent sortir de la même plume que Campos, qui offre ici trois titres. L’ensemble forme une magnifique harmonie, et fait de cet album, déjà un de mes favoris de cette année.

dimanche 29 août 2010

Para aqueles que ainda compram cd’s…

Livraria Cultura na Avenida Paulista

(texte français plus bas,
texto português traduzido do francês)

…e que estejam de passagem por São Paulo.

Eu não pretendo conhecer todos os bons endereços e não tenho qualquer interesse pessoal nisso ; mas eu realmente vejo inúmeras boas razões para me render à Livraria Cultura (Avenida Paulista) para um boa escolha de álbuns...

- O ambiente é grande, arejado, bonito e agradável para se passear sem pressa, bem mais do que a maioria das megastores do gênero... Em resumo : ali é possível « sentir a cultura », sob todas as suas formas de edição.

- No que concerne à musica, encontramos um leque de escolha mais significativo de álbuns lançados pelos selos independentes, agregando as diferentes cenas alternativas. Foi ali na Livraria Cultura que, por exemplo, eu pude finalmente encontrar, na época, os cd´s de Numismata, Cidadão Instigado, e também de Maquinado, de Carlos Pontual –outro que eu não encontrava de jeito nenhum, em qualquer outro lugar.

- O atendimento não tem igual : rápido, sorridente e eficiente. Nessa manhã de sábado, foram três os vendedores vasculhando toda a loja para encontrar para mim os cd’s de Tulipa Ruiz e do grupo Mombojó.

- Os mesmos vendedores não tentaram me empurrar outros discos... « no mesmo gênero ».

- Quando eles esgotavam suas possibilidades ali, contatavam então outros pontos de venda, propondo-se a enviar os álbuns em domicílio num prazo de 24 horas, por R$ 3,50 ; o que para uma cidade como São Paulo é bem mais do que prestar um serviço... É algo do nível da devoção absoluta ao cliente !

- Ao partir, ele nos dizem « até logo », sempre sorrindo, desculpando-se ainda por terem levado algum tempo para atender ao nosso pedido...

Definitivamente, eu diria que ali se pratica um atendimento ao cliente de um outro tempo !!


Os livros-cd’s :

Em 2008, pelos 50 anos da Bossa Nova, o periódico Folha de São Paulo lançou nos quiosques –à razão de um par por semana- uma série de 20 livros-cd’s, sendo que cada um dedicado a um artista ligado, de perto ou de longe, ao célebre movimento carioca , de Johnny Alf a Joyce, passando por Tom Jobim e Baden Powell.
Um ano mais tarde, essa mesma série –cujos textos foram escritos por Ruy Castro- foi lançada em Portugal (começando com 12 volumes ; vindo em seguida o restante da série completa).
Detalhe curioso : enquanto que as capas dos álbuns da série potuguesa mostravam o retrato do artista homenageado, as capas brasileiras exibiam paisagens bem banais do tipo « cartão postal » do Rio de Janeiro. Sem dúvida devido a algum problema de direito de imagem.


Esta ultima semana de agosto –ainda nos quiosques- saiu o 25º e último volume de uma outra série –ainda ligada à Folha de São Paulo- intitulada « Raízes da MPB ».
Dentro do mesmo espírito e quase o mesmo design, esse conjunto revelou-se, a meu ver, bem mais interessante do que aquele consagrado à Bossa Nova. Ou no mínimo, ele completa aquela da Bossa Nova...
« Raizes da MPB » revisita 25 nomes importantes da música popular brasileira, principalmente os centrados no período 1920-1950. Nomes que representam o nascimento de uma primeira expressão musical verdadeiramente brasileira, como explica o site da própria coleção. Nós viajamos assim por todo o Brasil, com os compositores da era de ouro do samba do Rio (Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola, Assis Valente, Sinhô) e de São Paulo (Ataulfo Alves, Adoniran Barbosa, Paulo Vazolini) ; bem como redescobrimos também figuras obrigatórias do Nordeste (Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro).
Abre-se espaço também para os pilares do Chorinho (Pinxinguinha, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth), bem como para os mestres das Marchinhas (Lamartine Babo, Braguinha).



Enfim, essa semana agora, ainda dentro do mesmo espírito livro-cd, a Editora Abril começa o lançamento de 20 títulos da discografia de Chico Buarque. Os lançamentos não se darão dentro de uma ordem cronológica, para dar ao colecionador um clima de surpresa, de maneira estratégica (alguns discos serão mais aguardados do que outros, naturalmente).
Tendo agora em mãos o primeiro volume, « Chico Buarque », de 1978, o interesse reside aqui sobretudo em seu encarte, composto de fotos pouco conhecidas, de textos referentes ao contexto musical da época ; isso além de fatos diversos, e da situação política no Brasil e no mundo. Finalmente, uma série de anedotas sobre os títulos do álbum, e também sobre a gravação do mesmo.
Parece, no entanto, que a coleção causará um impasse em relação ao quarto álbum do artista, de 1970, bem como a outros álbuns referentes à famosa Ópera do Malandro –essencial, no entanto essa obra, do meu ponto de vista.

samedi 28 août 2010

Pour ceux qui achètent encore des cd’s…

Livraria Cultura de l'Avenida Paulista.

…et qui seraient de passage à São Paulo.
Je n’ai pas fais d’étude de marché et je n’ai aucun deal avec personne, mais réellement, je vois plusieurs bonnes raisons pour se rendre à la Livraria Cultura (Avenida Paulista), pour un bon choix d’albums…

- L’endroit est grand, aéré, et bien agréable pour flâner que la plupart des mégastores du genre…Bref, on y sent la « culture », sous toutes ses formes d’éditions.

- Concernant la musique, on y trouve un choix plus important d’albums sortis sur des labels indépendants, ou incorporant les différentes scènes alternatives. C’est là que, par exemple, j’ai pu trouver en son temps, les cd’s de Numismata, Cidadão Instigado, Maquinado, ou de Carlos Pontual, que je ne trouvais nulle part ailleurs.

-L’accueil y est sans équivalent : rapide, souriant et efficace. Ce matin, ils étaient trois vendeurs à remuer tout le magasin pour me trouver les cd’s de Tulipa Ruiz ou du groupe Mombojó.

-Les mêmes vendeurs ne poussent pas à le vente d’autres albums « dans le même genre », quand vous ne trouvez pas ce que vous cherchez.

- Quand ils font choux blancs, ils contactent les autres points de ventes, et proposent de vous envoyer les albums à domicile dans les 24 heures pour 3,5 reais (1,5 euro)…Et pour une ville comme São Paulo, c’est plus qu’un service rendu…c’est de la dévotion au client !

-En partant, ils vous disent au revoir, toujours en souriant, en s’excusant d’avoir pris un certain temps pour réaliser votre commande…

En définitive, on dirait presque un accueil au client d’un autre temps !!


Les livres-cd’s :

En 2008, pour les 50 ans de la Bossa Nova, le quotidien Folha de São Paulo lançait dans les kiosques –à raison de un par semaine- une série de 20 livres-cd’s, chacun étant dédié à un artiste lié de prêt ou de loin au célèbre mouvement carioca. De Johnny Alf à Joyce, en passant par Tom Jobim, Baden Powell ou João Donato.
Un an plus tard, cette même série -dont les textes étaient écrits par Ruy Castro- sortait au Portugal (d’abord 12 volumes, puis la série complète).
Détails amusants : tandis que les pochettes de la série portugaise montraient le portrait de l’artiste honoré, les pochettes brésiliennes exhibaient des vues « carte postale » assez banales de Rio de Janeiro. Sans doute dû à un problème de droit à l’image.


Cette semaine –toujours dans les kioskes- sortait le 25ème et dernier volume d’une autre série –toujours lié à la Folha de São Paulo- intitulée « Raizes da MPB ».
Dans le même esprit et presque le même design, cet ensemble se révèle, à mon avis, bien plus intéressant que celui consacré à la Bossa Nova. Ou du moins il le complète…
« Raizes da MPB » revisite 25 noms importants de la musique populaire brésilienne, principalement centrés sur la période 1920-1950, qui représentent la naissance de l’expression musicale brésilienne, comme le dit le site de la collection. On voyage dans tout le Brésil avec des compositeurs de l’âge d’or de la samba de Rio (Noel Rosa, Ary Barroso, Cartola, Assis Valente, Sinhô) ou Sao Paulo (Ataulfo Alvez, Adoniran Barbosa, Paulo Vazolini), comme on redécouvre aussi les figures incontournables du Nordeste (Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro).
Place est faite aussi aux piliers du Chorinho (Pinxinguinha, Chiquinha Gonzaga, Jacob do Bandolim ou Ernesto Nazareth), ou des Marchinhas (Lamartine Babo, Braguinha).


Enfin, cette semaine, toujours dans le même esprit livre-cd, les éditions Abril, commence le lancement de 20 titres de la discographie de Chico Buarque. Les sorties ne se feront pas dans un ordre chronologique, pour garder en haleine l’attention du collectionneur, de manière stratégique (certains albums seront plus attendus que d’autres)
Ayant eu en main le premier volume, « Chico Buarque » de 1978, l’intérêt réside ici surtout dans son livret, composé de photos peu connues, de textes concernant le contexte musical, les faits divers ou la situation politique au Brésil et dans le monde; et enfin d’anecdotes sur les titres de l’album et l’enregistrement de celui-ci.
Il semble cependant, que la collection fera l’impasse sur le quatrième album de l’artiste de 1970, ainsi que sur les albums concernant le fameux Opéra do Malandro, pourtant essentiel, de mon point de vue.

jeudi 26 août 2010

En écoute aujourd’hui : Djavan.


(descer para o texto português)

Un album de reprises pour un compositeur né comme Djavan, pourrait signifier la recherche d’un second souffle créatif. Et peut être aussi d’un nouvel élan commercial.
Cela fait longtemps que Djavan a apporté sa pierre au Panthéon de la Musique Populaire brésilienne, grâce à des disques essentiels dans les années 70 et 80. Depuis lors, ses albums –toujours d’une grande sincérité musicale - se sont montrés pour le moins irréguliers.
Cependant, le dernier en date, le très bon "Matizes" , révélait un artiste qui ne voulait pas céder à la facilité. Avec pour conséquence, un succès commercial très discret.
« Ária » n’est pas un album bouche trou dans la discographie de l’artiste, et il rappelle que le troubadour d’Alagoas est aussi un interprète sensible et subtil, comme l’attestent ses reprises de Valsa brasileira (Edu Lobo/ Chico Buarque), Brigas nunca mais (Tom Jobim/ Vinicius de Marais), Oração ao tempo (Caetano Veloso), ou Sabes mentir (Othon Russo)
Dans cet album intimiste, Djavan a d’abord enregistré la voix et la guitare avant de graver les autres instruments, comme s’il voulait se rappeler le temps ou il arpentait les bars et les petits clubs avec sa 6 cordes, dans les années 70 .
Il aborde ici quelques thèmes pas forcément connus de compositeurs importants comme Cartola ou Luiz Gonzaga, mais même sa lecture de Fly me to the moon (Bart Howard) n’est pas redondante. Et quand il aborde le très populaire Palco (Gilberto Gil), il le transporte dans l’univers rythmique jazziste qui lui est propre.
Un bel album, élégant, tel que l’artiste apparaît sur la pochette…


Escutando hoje : Djavan.

Um álbum de releituras para um compositor nascido Djavan poderia significar a busca por um segundo fôlego criativo. E talvez também por um novo sopro comercial.
Já faz um bom tempo que Djavan cravou seu nome no Panteon da Música Popular Brasileira, graças a discos fundamentais nos anos 70 e 80. Desde então, seus álbuns –sempre de uma grande sinceridade musical – conheceram altos e baixos.
O mais recente na linha do tempo antes do atual « Ária », o muito bom « Matizes » (2007), revelou um artista que não queria ceder às facilidades do mercado, tendo sido obrigado assim a não ter um sucesso comercial desejado.
« Ária » não é um álbum tapa-buraco na carreira discográfica do artista, e ele relembra que o trovador de Alagoas é também um intérprete sensível e sutil, como atestaram suas releituras de Valsa brasileira (Edu Lobo/ Chico Buarque), Brigas nunca mais (Tom Jobim/ Vinicius de Marais), Oração ao tempo (Caetano Veloso) e Sabes mentir (Othon Russo).
Nesse álbum intimista, Djavan primeiramente registrou a voz e o violão , antes de gravar os outros instrumentos, como se ele quisesse reportar-se aos tempos em que percorria os bares e os pequenos clubes com seu 6 cordas, em plenos anos 70.
Ele aborda aqui alguns temas não forçosamente conhecidos, compostos por nomes importantes como Cartola (Disfarça e chora) ou Luiz Gonzaga (Treze de dezembro) ; mas até mesmo sua leitura de Fly me to the moon (Bart Howard) não soa redunante. E quando Djavan aborda a popularíssima Palco (Gilberto Gil), ele a transporta a um universo jazzístico que lhe é bem próprio.
Um belo álbum, elegante, esse « Ária », tanto quanto o artista que se mostra em sua capa...

mercredi 25 août 2010

Lulu Santos, Vivo Rio, 20/08.

Lulu Santos, Vivo Rio -RJ- 20/08 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas.
-texto português traduzido do francês.

E agora, o que é que eu faço… !? E o que é que eu escrevo… !?
Eu estou cercado pelo público que adorou o show de Lulu Santos, nessa última sexta-feira, dia 20 de agosto, no Vivo Rio ; e pela crítica especializada que compartilha desse mesmo entusiasmo, com relação a esse espetáculo que anuncia o próximo « Lulu Santos Acústico MTV II », que será lançado em setembro.
No meio disso tudo, eu sou então o único, perdido, a ter achado a apresentação do rei da música pop brasileira (que, aliás, eu aprecio muito), chato e morno.
Trata-se do caso de uma situação que eu conheço bem, e a maioria das vezes eu prefiro não relatar o evento que nao curti. Mas eu estava num bom dia, cheio de expectativas ; e além do mais, nós não estamos numa democracia artística na qual até mesmo uma voz discordante da maioria tem direito à palavra… !? Bom, basta de preâmbulos ; o caso é que eu não gostei… !
Depois do « Lulu Santos, Acústico MTV » de 2000, o repertório desse décimo disco foca em parte os títulos menos conhecidos da carreira do artista –o que apelidamos de « lado B »- como Papo cabeça, Um pro outro, Dinossauros do rock, ou ainda o inédito E muito mais. Colocados em sua maioria no início do set, o público parecia bastante apático.
Mas muito rapidamente, os primeiros acordes do encadeamento já esperado de seus hits (sem pausa, como é de seu hábito) Toda forma de amor/ Um certo alguém/ O Último romântico, e mais adiante as baladas balneáreas sob cores havaianas como Sereia/ De repente Califórnia/ Como uma onda, tacaram foco na sala. Isso já era de se esperar, mas não deixou de ser uma boa estratégia.
O entediante é que, numa preocupação de variar um pouco, Lulu obstina-se frequentemente em sair das linhas melódicas originais, para se enredar em variações arriscadas e pouco convincentes, como para A Cura e Tudo bem, essa última música numa versão quase epiléptica no final.
O mesmo problema acontece, quando o grupo se mete a desconstruir as cadências de Sábado à noite e Baby de Babylon, arrancando dessas canções um viés dançante, sacrificando a sua eficácia natural.

Marina de la Riva, no palco para Adivinha o quê (foto Daniel A.)

Pouco interessante também, a versão pseudo latina do rock Adivinha o quê, mesmo em duo com a linda flor que é Marina de la Riva, a única convidade da noite, se não levarmos em conta a presença do baixista Jorge Ailton, a quem Lulu Santos teve a elegância de deixar interpretar o muito bom O Óbvio, extraído de seu primeiro álbum solo, « O Ano 1 » (2010).
Enfim, eu não entendi direito a introdução do espetáculo com evocações africanas, mesmo que –isso lá é verdade –os arranjos estivessem particularmente bem apoiados nas percussões.
Em sintonia, fica na memória o décor muito bem afinado com a estética africana, e o excelente grupo cercando o cantor. Mas para finalizar essa crônica dissidente, devo dizer que não foi suficiente para que eu gostasse do show o fato de eu ter compartilhado o clima desse Lulu, ao longo de duas horas e meia de espetáculo...

Nada ver com o show, mas gostei desse aqui...!

mardi 24 août 2010

Lulu Santos, au Vivo Rio (RJ), 20/08.

Lulu Santos, Vivo Rio, 20/08 (photo Daniel A.)

Et maintenant, je fais comment… !? Et j’écris quoi… !?
Je suis cerné par le public qui a adoré le show de Lulu Santos, ce vendredi 20 août, au Vivo Rio ; et par la critique spécialisée qui abonde dans le même enthousiasme, pour ce concert qui annonce le prochain « Lulu Santos Acústico MTV II », qui sortira en septembre.
Au milieu de cela, je suis donc le seul, perdu, a avoir trouvé la prestation du roi de la pop brésilienne (que j’apprécie beaucoup, au demeurant), ennuyeuse et morne.
C’est un cas de figure que je connais bien, et souvent, je préfère ne pas relater l’événement. Mais j’étais dans un bon jour, plein d’expectatives, et puis ne sommes nous pas dans une démocratie artistique où même une voix discordante a droit à la parole… !? Bon, assez de préambules, je m’attendais à mieux… !
Après le « Lulu Santos, Acústico MTV » de 2000, le répertoire de ce deuxième volet voulait se focaliser en partie sur des titres moins connus de la carrière de l’artiste –ce qu’on appelle les faces B- comme Papo cabeça, Um pro outro, Dinossauros do rock, ou encore l’inédit E muito mais. Situés pour la plupart en début de set, le public (comme l’artiste !) semblait plutôt apathique.
Mais très vite, les premiers accords de l’enchaînement attendu de hits (sans pause, comme à son habitude) Toda forma de amor/ Um certo alguém/ O Último romantico, ou plus tard des ballades balnéaires aux couleurs hawaïennes, Sereia/ De repente Califórnia/ Como uma onda, mirent le feu à la salle. C’était convenu, mais aussi de bonne guerre.
L’ennui c’est que, dans un soucis de varier un peu, Lulu s’obstina souvent à sortir des lignes mélodiques initiales, pour s’empêtrer dans des variations hasardeuses et peu convaincantes, comme pour A Cura ou Tudo bem, ce dernier dans une version presque épileptique sur le final.
Même problème, quand le groupe se mit à déstructurer les rythmiques de Sábado à noite ou Baby de Babylon, leur enlevant le groove dansant, et donc leur efficacité.

Jorge Ailton, à la basse et aux backing (photo Daniel A.)

Peu intéressante aussi, la version pseudo latine du rock Adivinha o quê, même en duo avec la belle fleur qu’est Marina de la Riva, unique invité de la soirée si l’on exclut la présence du bassiste Jorge Ailton, à qui Lulu Santos eut l’élégance de laisser interpréter le très bon O Óbvio, extrait de son premier album solo, « O Ano 1 » (2010).
Enfin, je n’ai pas trop compris l’introduction du spectacle sur des incantations africaines, même si –il est vrai- les arrangements étaient particulièrement appuyés par les percussions. En syntonie, on retiendra le décor très soigné à l’esthétisme africaine, et l’excellent groupe entourant le chanteur. Mais pour finir avec cette chronique dissidente, ce n’était pas suffisant pour me tenir en haleine sur les deux heures et demie de spectacle...

En vidéo: extrait du premier "Acustico" (2000) de Lulu Santos...

dimanche 22 août 2010

Escutando hoje : Fino Coletivo, Nina Becker, Pato Fu.

Pato Fu, « Música de brinquedo ».

-texte français plus bas, avec vidéos différentes.
-texto português traduzido do francês com vídeos diferentes.

Paradoxalmente, os discos que eu tenho ouvido durante essa viagem, não têm grande coisa a ver com os shows de artistas de renome (Ana Carolina, Mart’nália, Maria Rita, Lulu Santos- breve) resenhados por mim aqui no blog.
Um pouco ao acaso, pincei para vocês algumas bolachas escutadas recentemente, varrendo estilos bem diferentes :

Pato Fu : « Música de brinquedo » (rotomusic)
Fazia já muito tempo que se sabia que John Ulhoa é um dos compositores, produtores e arranjadores dos mais criativos e engenhosos da cena pop brasileira. E o Patu Fu pode se permitir uma excentricidade como esse disco, sem ser ridículo. Como bem indica o título do álbum, o grupo de Minas Gerais decidiu aplicar sua leitura pessoal aos padrões brasileiros e internacionais através de brincadeiras instrumentais, apoiado por um coral formado de crianças.
Junte-se a isso a voz ingênua de Fernanda Takai casando perfeitamente com essa idéia um pouco maluca, e assim obtemos, conforme cada caso, resultados divertidos, fofinhos... mas também por vezes irritantes. No geral, são por sinal as composições mais rápidas que passam o melhor da esquadrilha infantil, como Soniféra ilha (Titãs), Frevo Mulher (Zé Ramalho), e Ska (Paralamas) ; além de uma interpretação ousada –mais engraçada- para Live and let die, de Paul McCartney.
Podemos classificar esse disco ao lado dos álbuns de Adriana « Partimpim » Calcanhotto (mesmo que as abordagens sejam muito diferentes) ; porém, a questão que se coloca é a de sabermos se, depois de uma primeira audição curiosa, e passado o efeito surpresa, teremos alguma vontade de escutá-lo muitas vezes mais...

Fino Coletivo : « Copacabana » (Oi música)
En 2007, esse grupo de 8 integrantes –agora são 6- lançaram um primeiro album festivo e despretencioso, que apresentava uma hábil mistura de samba, de funk e de pop , o que rendeu algumas pequenas pérolas como Tarja preta, Dragão e Boa noite.
O grupo carioca –que conta hoje em seus quadros com Donatinho (filho de João Donato) nos teclados –firma-se em 2010 através de seu segundo álbum, que tende também para o reggae e, sobretudo, para o « groove disco » (Ai de mim, Doce em Madrid, e Abalando geral). O conjunto continua muito sedutor (sem ser profundo), e coloca em evidência os bons Batida do trovão (Alvinho Cabral/ Alvinho Lancellotti), A coisa mais linda do mundo (Alvinho Lancelotti), e ainda Velho dia (Ivor, Domenico, Alvinho Lancellotti).
A conferir também as boas releituras de Nhém nhém nhém, de Totonho, e Swing de Campo Grande, d´Os Novos Baianos.

Para relembrar, o Fino Coletivo é composto por : Adriano Siri (voz) ; Alvinho Cabral (guitarra, percussão, voz) ; Alvinho Lancellotti (voz) ; Daniel Medeiros (voz, baixo) ; Donatinho (teclados) e Marcus Cesar (bateria).

Nina Becker : « Azul » e « Vermelho » (Yb music)
Dentro do movimento da nova cena cult carioca, a cantora e compositora Nina Becker (também vocalista da Orchestra Imperial) aposta de um golpe só em duas frentes em sua estréia discográfica, com os álbuns « Azul » e « Vermelho ». Os dois títulos, que insinuam atmosferas de tonalidades radicalmente opostas, não são na realidade obras assim tão distantes uma da outra. A diferença maior reside na orquestração, que, em « Vermelho », conta com o apoio do grupo Do amor, do qual uma parte de seus membros compõe também a Banda Cê de Caetano Veloso. Resgata-se então esse som bastante básico : baixo, bateria e guitarra sem efeitos, uma coisa própria da nova onda musical do Rio de Janeiro nesses últimos anos (talvez desde Los hermanos e o conjunto +2).
A instrumentação de « Azul » mostra-se mais minimalista e aérea ; mas, na verdade, as composições próprias a cada álbum poderiam ser intercambiáveis. Alias, Lá e cá e Janela se repetem nas duas seleções, sob leituras diferentes.
A linearidade do canto de Nina Becker demanda uma certa paciência até que o ouvinte entre plenamente dentro de suas duas cores, mas essa perseverança vale a pena, já pela qualidade das composições.

samedi 21 août 2010

En écoute aujourd’hui : Fino Coletivo, Nina Becker, Pato Fu.

Le groupe carioca Fino Coletivo, "Copacabana"

Paradoxalement, ce qui joue sur la platine cd’s durant ce voyage, n’a pas grand-chose à voir avec les concerts d’artistes de renom (Ana Carolina, Mart’nália, Maria Rita, Lulu Santos) qui sont relatés ici.
Un peu au hasard, voici quelques plaques écoutées récemment qui balaient des styles bien différents :

Fino Coletivo : « Copacabana » (Oi musica).
En 2007, ce groupe de 8 intégrants -devenu six- lançait un premier album festif et sans prétention, qui présentait un habile mélange de samba, de funk, et de pop, qui rendait quelques petites perles comme Tarja preta, Dragão ou Boa noite.
Le groupe carioca –qui compte maintenant dans ses rangs Donatinho au clavier (fils de João Donato)- confirme en 2010 avec ce second album, qui tend encore davantage vers le reggae et surtout le groove disco (Ai de mim, Doce em Madrid, ou Abalando geral). L’ensemble reste très séducteur -sans être essentiel-, et on mettra en évidence les bons Batida do trovão (Alvinho Cabral/ Alvinho Lancellotti), A coisa mais linda do mundo (Alvinho Lancelotti), ou encore Velho dia (Ivor, Domenico, et Alvinho Lancellotti).
À noter aussi les bonnes reprises de Nhém nhém nhém de Totonho et Swing de Campo Grande des Novos Baianos.

Pour rappel, Fino Coletivo est composé de : Adriano Siri (voix), Alvinho Cabral (Guitare, percussion, voix), Alvinho Lancellotti (voix), Daniel Medeiros (voix, basse), Donatinho (clavier), et Marcus Cesar (Batterie).


Nina Becker : « Azul » et « Vermelho » (Yb music)
Dans la mouvance de la nouvelle scène branchée carioca, la chanteuse et compositrice Nina Becker (aussi vocaliste d’Orchestra Imperial) frappe un coup double pour ses débuts discographiques avec les albums « Azul » (bleu) et « Vermelho » (rouge).
Les deux titres, qui insinuent des atmosphères aux tonalités radicalement opposées, ne sont en réalité pas si distants. La différence réside davantage dans l’orchestration qui, dans « Vermelho », compte sur l’appui du groupe Do amor, dont une partie des membres compose le groupe Banda Cê de Caetano Veloso. On retrouve donc ce son assez basique (basse, batterie et guitare sans effets) propre à la nouvelle vague de Rio de Janeiro, ces dernières années.

L’instrumentation de « Azul » se montre plus minimaliste et aérienne, mais en réalité, les compositions propre à chaque album pourraient être interchangeables. Lá e cá et Janela se retrouvent d’ailleurs sur les deux volets, dans des lectures différentes.
La linéarité du chant de Nina demande une certaine patience pour entrer pleinement dans les deux couleurs, mais cette persévérance vaut largement la peine.

Pato Fu : « Musica de brinquedo » (rotomusic)
Cela fait longtemps que l’on sait que John Ulhoa est un des compositeurs, producteurs et arrangeurs les plus créatifs et ingénieux de la scène pop brésilienne. Et Patu Fu n’est plus à une excentricité prêt.
Comme l’indique le titre de l’album (« musique de jouet »), le groupe du Minas Gerais a décidé de donner sa lecture personnelle de standards brésiliens et internationaux à travers des jouets-instruments, appuyé par un choral composé d’enfants.
Ajoutez à cela que la voix ingénue de Fernanda Takai cadre parfaitement avec cette idée un peu loufoque et l’on obtient, selon les cas, des résultats amusants, mignons, mais parfois aussi irritants. En général, ce sont d’ailleurs les compositions plus rapides qui passent le mieux à la moulinette enfantine, comme Soniféra ilha (Titas), Frevo Mulher (Zé Ramalho), ou Ska (Paralamas), avec une mention « il fallait oser » pour Live and let die de Paul Mac Cartney.
On pourra classer ce disque aux côtés des albums de Adriana « Partimpim » Calcanhotto (même si les approches sont très différentes), mais la question qui se pose est de savoir si, après une première écoute curieuse et l’effet de surprise passée, on aura encore la volonté de l’entendre de nombreuses fois…

En vidéos: Fino Coletivo- "Swing de Campo Grande" et Pato Fu- "Live and let die"

vendredi 20 août 2010

Rio de Janeiro, Centro da cidade : pandeiro e Antonio Villeroy.

Antonio Villeroy, 19/08, pocket show rua do ouvidor (foto Daniel A.)

-texte français plus bas
-texto português traduzido do francês

Depois de me meter a tamborilar um pandeiro meio fuleiro, comprado numa dessas feiras para turistas, eu decidi passar a fazer as coisas mais a sério, ao investir num instrumento comprado numa boa loja especializada.
Para os músicos gringos que venham a procurar seus instrumentos prediletos aqui pelo Rio, a Rua da Carioca, no Centro da cidade, me parece a melhor opção. Alguns ensaios de ritmos básicos, sacados de ouvido do novo instrumento, e eis que surge a diferença ! Eu estou enfim a caminho de me tornar um abominável pagodeiro… !
Não muito longe da Rua da Carioca, eu passo pela Rua do Ouvidor, mais exatamente por dentro de uma das livrarias Saraiva, onde se apresentava - no saguão do local - Antonio Villeroy, ali mesmo, para um pocket show na hora do almoço.
Num formato voz / guitarra, o artista gaúcho detonava os títulos de seu belo álbum lançado recentemente, « José », resenhado aqui em junho passado, títulos dos quais vocês podem escutar trechos constantes da transmissão do programa Tropicália 56, acessível através do site podomatic.
O compositor aproveita a ocasião para revisitar seus 5 álbuns anteriores (cujos 2 "ao vivo"), juntamente com um ou outro mega sucesso composto por (ou junto com) Ana Carolina.
No melhor estilo « Tintin repórter » da MPB, eu saquei da minha máquina fotográfica para captar aquele instante.

Em vídeo no texto francês : trecho de Recomeço, uma das mais belas baladas desse ano, em dueto com Maria Gadú ; e para voltarmos ao instrumento de percussão citado na abertura do post, nos deleitamos com Chiclete com Banana (Gordurinha) e o grande Jackson do Pandeiro (1919-1982), figura ilustre do Nordeste musical brasileiro.

jeudi 19 août 2010

Rio de Janeiro, centre ville : pandeiro et Antonio Villeroy.

Antonio Villeroy, pocket show, rua do ouvidor (photo Daniel A.)

(texto português em breve)

Après m’être brisé les doigts sur un pandeiro de fortune acheté sur un marché à touristes, j’ai décidé de passer aux choses sérieuses en faisant l’acquisition d’un pandeiro dans un vrai magasin spécialisé.
Pour tous les gringos musiciens qui chercheraient leurs instruments de prédilection, la rua da carioca, au centre ville, me paraît être la meilleure option. Quelques essais des rythmes de bases appris sur le nouvel engin, et la différence est net ! Je suis sur le bon chemin pour devenir un redoutable pagodeiro… !
Pas très loin de la rua do carioca, je passe rua do ouvidor, dans une des livrarias Saraiva où se produit dans le forum de l’endroit, Antonio Villeroy, pour un pocket show à l’heure du déjeuner.
Dans un format voix-guitare, l’artiste gaúcho (sud du Brésil) égraine les titres de son bel album sorti récemment, « José », chroniqué ici en juin dernier, et dont vous pouvez écouter des extraits dans l’émission Tropicalia 56, toujours en ligne sur le site podomatic.
Le compositeur en profite pour revisiter ses 5 albums précédents ainsi que l’un ou l’autre méga succès écrit pour (ou avec) Ana Carolina.
En bon « Tintin reporter » de la MPB, j’avais mon appareil pour capter cet instant.

En vidéo : extrait de Recomeço, une des plus belles ballades de cette année, en duo avec Maria Gadú ; et pour revenir à l’instrument de percussion cité en début de post, on se fait plaisir avec Chiclete com banana (Gordurinha/ Almira Castilho) et le grand Jackson do Pandeiro (1919-1982), figure illustre du Nordeste musical.

lundi 16 août 2010

TROPICALIA EUROPEAN SUMMER (5)

Hommage rendu à Ataulfo Alves (1909-1969)

Para muitos canais de rádio e televisão, o verão é sinônimo de reprogramação, com a veiculação de reprises de transmissões anteriores e diversos.
A Rádio Judaica não foge muito à regra, e assim, o Programa Tropicália encontra-se em férias durante os meses de julho e agosto (verão europeu), até retomar suas transmissões ao vivo na segunda-feira 6 de setembro. Mas nada de pânico !!!
Eu decidi mergulhar nos arquivos do programa para fazer uma repescagem do melhor de Tropicália e aproveitar para reescutar alguns números apresentados sob as ondas em 2009.
Vocês poderão recordá-los ao longo dessas férias na Europa sob o site podomatic e através de nosso próprio blog.
Para continuar essa série, aqui vai uma transmissão na qual o artista homenageado é o sambista Ataulfo Alves (1909-1969), com Marcia Castro, Elza Soares, Beth e Luana Carvalho. Mas tem também espaco para Rodrigo Campos, Maria Bethânia, Francis Hime, Adriana Partimpim, Caetano Veloso e Roberto Carlos, Cris Aflalo, Isabela Taviani, O Rappa, Ana Cañas, Paula Toller, Frejat, Céu, Suely Mesquita, Os Mutantes, Paralamas do Sucesso.

Pour beaucoup de chaînes de radio et télé, l’été est synonyme de programmations light, faîtes de rediffusions et divers « best of ».
Radio Judaica ne faillit pas à la règle et Tropicalia se retrouve en congé pour les mois de juillet et août, avant de reprendre le direct le lundi 6 septembre. Mais pas de panique !!
J’ai décidé de faire un plongeon dans les archives du programme pour repêcher le meilleur de l'émission et profiter pour réentendre quelques numéros passés sur les ondes en 2009.
Vous les retrouverez tout au long de ses vacances européennes sur le site podomatic et sur ce blog.
Pour continuer cette série, voici une émission dont le sujet central n’était autre le sambista Ataulfo Alves (1909-1969) avec les voix de Marcia Castro, Elza Soares, Beth et Luana Carvalho. Mais on entendra aussi Rodrigo Campos, Maria Bethânia, Francis Hime, Adriana Partimpim, Caetano Veloso e Roberto Carlos, Cris Aflalo, Isabela Taviani, O Rappa, Ana Cañas, Paula Toller, Frejat, Céu, Suely Mesquita, Os Mutantes, Paralamas do Sucesso.




dimanche 15 août 2010

Maria Rita, Tom Jazz de São Paulo.

Maria Rita, Tom Jazz, 09/08 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas.
-texto português traduzido do francês, com outras fotos.


Conferir o show de Maria Rita no Tom Jazz –uma pequena sala paulista de 200 lugares- me fez lembrar da primeira vez em que assiti à cantora, em 2003, no finado clube Mistura Fina da Lagoa, no Rio de Janeiro.
Isso foi alguns dias antes do lançamento de seu primeiro álbum, e A Festa (Milton Nascimento) já tocava bastante nas rádios. Milton em pessoa estava em algum ponto da sala, como que para adubar aquela nova voz da MPB, que, ao longo de oito anos, percorreu o caminho necessário para tornar-se a única diva da nova geração, dentro da grande tradição da Música Popular Brasileira.
Ainda em 2003, foi o período de uma tempestade de entrevistas e artigos inevitáveis a propósito do « peso » da filiação da cantora : herdeira de seu ilustre pai, o pianista e arranjador César Camargo Mariano ; e sobretudo de sua mãe, Elis Regina (1945-1982), cuja semelhança, tanto vocal quanto gestual, Maria Rita não conseguia esconder.
Mas ela se impôs por si mesma, e em 2005 reafirmou seu talento com « Segundo », que, mais ainda do que no seu primeiro disco, deu visibilidade a compositores de sua geração como Rodrigo Maranhão, Edu Krieger, Fred Martins, e sobretudo Marcelo Camelo (Los Hermanos), sendo esse último, um autor recorrente em sua carreira... Um pouco como a própria Elis, que em sua época foi a porta voz de Ivan Lins, João Bosco, ou Milton Nascimento, entre outros.
Com « Samba meu » (título de uma composição de um outro talento carioca, Rodrigo Bittencourt) em 2007, Maria Rita dá à luz um excelente álbum, voltado principalmente para o samba –pois é !- e que expõe a cantora a um público mais amplo.
« Samba meu » (que contém 7 títulos do sambista Arlindo Cruz) ultrapassa a marca de 200.000 exemplares vendidos, e dá lugar a uma longa tournée, além de um dvd de mesmo nome.

Maria Rita, Tom Jazz, 06/08 (foto Daniel A.)

« Depois de ter viajado com a mega tournée « Samba meu » ao longo de dois anos e meio, eu queria descansar por uns 6 meses. Mas meu irmão João (Marcelo Bôscoli) me disse eu não teria nem duas semanas... e aqui estou eu! », conta a cantora na abertura do show assistido no Tom Jazz, no último dia 9 de agosto. De fato, Maria Rita decidiu fazer uma espécie de retorno às origens, a partir do mês de junho, através de uma longa série de segundas feiras (em agosto, setembro e ainda outubro), num formato intimista de trio jazz, para antes de qualquer coisa divertir a si mesma e interpretar canções que ela ama. E no final, o repertório revisita seus três álbuns, com direito a mais alguns títulos gravados com base em projetos de terceiros ; na verdade até mesmo peças nunca antes interpretadas pela cantora.
Ela abre o espetáculo com a soberba Conçeição dos coqueiros, de Lula Queiroga, para encadear sem pausa com Santana, de Junio Barreto. Mais à frente, ela interpreta Todo carnaval tem seu fim (ainda de Marcelo Camelo), daí encadeando com versões voluntariamente jazz de Só de você (Rita Lee/ Roberto de Carvalo) e A História de Lily Braun (Chico Buarque/ Edu Lobo).
Quer o espaço cênico seja de 25 ou 100 metros quadrados, ele pertence a Maria Rita de uma forma tal que nenhuma de suas colegas da mesma geração é capaz de dominar. De uma maestria vocal já de muito tempo irretocável, a paulistana hipnotiza seu público, e rever a estrela em tal circunstância só prova que seu talento dispensa artifícios de qualquer espécie...

Maria Rita se apresentará, ainda no Tom Jazz, nos dias 16, 23 e 30 de agosto, e ainda todas as segundas feiras de setembro e outubro de 2010. Ela será acompanhada por Tiago Costa (piano), Sylvinho Mazzucca (contrabaixo) e Cuca Teixeira (bateria).

samedi 14 août 2010

Maria Rita, Tom Jazz de São Paulo.

Maria Rita, Tom Jazz, 09/08 (photo Daniel A.)
(texto português em breve)

Assister au show de Maria Rita au Tom Jazz -petite salle pauliste de 200 places- c’était me souvenir de la première fois où je l’avais vue en 2003, dans le défunt club Mistura Fina da Lagoa de Rio de Janeiro.
C’était quelques jours avant la sortie de son premier album, et A Festa (Milton Nascimento) jouait déjà sur les radios. Milton en personne était d’ailleurs dans la salle, comme pour adouber la nouvelle voix de la MPB qui, en huit ans, a parcouru le chemin nécessaire pour devenir l’unique diva de la nouvelle génération, dans la grande tradition de la Musique Populaire Brésilienne.
Toujours en 2003, c’était l’époque de la tempête d’interviews et d’articles inévitables à propos de la lourde filiation de la chanteuse, héritée de son illustre père, le pianiste et arrangeur, César Camargo Mariano, et surtout de sa mère, Elis Regina (1945-1982), dont on ne pouvait nier les similitudes tant vocales que d’attitudes.
Mais Maria Rita fit face et, en 2005, confirmait avec « Segundo » qui, plus encore que le premier disque, faisait place aux compositeurs de sa génération comme Rodrigo Maranhão, Edu Krieger, Fred Martins, et surtout Marcelo Camelo (Los Hermanos), auteur récurent dans sa carrière… Un peu comme Elis qui, à son époque, avait été la porte voix d’Ivan Lins, de João Bosco ou de Milton Nascimento.

Puis vint « Samba meu » (du titre d’une composition d’un autre jeune talent carioca, Rodrigo Bittencourt) en 2007, pour un excellent album tourné principalement sur la samba –qui l’eut crû- et qui imposa la chanteuse à un plus large public.
« Samba meu » (qui contenait 7 titres du sambista Arlindo Cruz) s’écoulera à plus de 200.000 exemplaires, et donna lieu à une longue tournée, et à un dvd du même titre.

Maria Rita, Tom Jazz 09/08 (photo Daniel A.)

« Après avoir voyagé avec la méga tournée « Samba meu » pendant deux ans et demi, j’ai voulu prendre 6 mois de repos. Mais mon frère João (Marcelo Bôscoli) m’a dit que je ne tiendrais pas deux semaines…et me voici ! », raconte la chanteuse au début du show vu au Tom Jazz, le 9 août dernier. De fait, Maria Rita a décidé de faire une sorte de retour aux sources durant le mois de juin et maintenant, pour une longue série de lundis (en août, septembre et octobre), dans un format intimiste de trio jazz, pour avant tout se faire plaisir et interpréter les chansons qu’elle aime. Et au final, le répertoire revisite ses trois albums, plus quelques titres enregistrés sur les projets d’autrui, voire même jamais interprétés par la chanteuse.
Elle ouvre ainsi le spectacle avec le superbe Conçeição dos coqueiros de Lula Queiroga, pour enchaîner sans pause sur Santana de Junio Barreto. Plus loin, elle interprétera Tudo o carnaval tem seu fim (encore de Marcelo Camelo) et enchaînera encore sur des versions volontairement jazz de Só de você (Rita Lee/ Roberto de Carvalo) et A História de Lily Braun (Chico Buarque/ Edu Lobo).
Et qu’elle soit de 25 ou 100 mètres carrés, la scène appartient à Maria Rita comme aucune de ses collègues de sa génération n’arrive à en prendre possession. D’une maîtrise vocale depuis longtemps irréprochable, la chanteuse hypnotise son public, et revoir la star dans de telles circonstances, prouve que son talent n’a besoin d’artifices d’aucune sorte…

Maria Rita se présentera encore au Tom Jazz, les 16, 23 et 30 août, et –d’après le site- encore tous les lundi de septembre et octobre 2010. Elle sera entourée de Tiago Costa (piano), piano (Tiago Costa), Sylvinho Mazzucca (contrebasse) et Cuca Teixeira (batterie).

Il existe plusieurs vidéos de qualité moyenne sur le show de Maria Rita au Tom Jazz. J'ai préféré cependant mettre ici "Pagu" (Rita Lee/ Zélia Duncan), de 2004, quand la chanteuse se produisait dans ce même format intimiste...

jeudi 12 août 2010

Mart’nália, HSBC de São Paulo, 06/08.

Mart’nália, HSBC de Sampa, 06/08 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas ;
-texto português traduzido do francês, com outras fotos.

Tenho tido pouco tempo tempo para escrever como eu deveria aqui no blog, o que não quer dizer que nada vem acontecendo musicalmente nesses últimos dias em São Paulo. Longe disso... A começar pelo show « Mart’nália em África », que a cantora de Vila Isabel, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, apresentou na sala do HSBC, no último dia 6 de agosto.
Assistir Mart’nália em cena, toda vez a cada espetáculo, é sempre uma garantia de festa e de puro divertimento. E assim foi mais uma vez, nesse caso aqui...
Mas mesmo que a cortina tenha se aberto em grande estilo com o solene Zumbi (Jorge Ben), contando com um mapa estilizado e colorido do grande continente africano ao fundo, a diferença entre sua tournée « Madrugada » (resultante do álbum de mesmo nome lançado em 2008) e a outra aqui comentada, não é muito significativa. E o número de títulos que remetem às conexões Brasil-África é menos significativa do que o repertório do dvd « Em África », que acaba de ser lançado por esses dias.
Na verdade, tem-se a impressão de que a cantora jogou na retranca , ao alinhar uma série de (excelentes) composições bem conhecidas do público, tais como : Benditas (Mart’nália/ Zélia Duncan), Entretanto (Mart’nália/ Moska), Cabide (Ana Carolina), Contradição (Mart’nália/ Viviane Mosé), Celeuma (Djavan), Essa mania (Alain Peters/ Mart’nália/ Moska) e uma boa parte do álbum « Madrugada ».
Mas eu enfatizo, no entanto, que o show foi intenso e vivaz, e que eu continuo considerando Mart’nália uma artista importante na cena brasileira dessa última década, justamente por ter trazido harmonias mais pops ao samba tradicional –sem contudo não desvirtuá-lo- e por ter, ao mesmo tempo, continuado a reaproximar sua música de suas raízes profundas, vindas da terra de seus (muito longínquos) ancestrais... Como assim também já o fez seu ilustre pai, o Martinho da Vila.

(próximo post : Maria Rita no Tom Jazz)

mercredi 11 août 2010

Mart’nália, HSBC de São Paulo, 06/08.

Mart’nália au HSBC de Sampa (photo Daniel A.)

Peu de temps pour écrire comme je le devrais sur ce blog, ce qui ne veut pas dire qu’il ne s’est rien passé musicalement ces derniers jours à São Paulo. Loin de là…
À commencer par le show « Mart’nália em África », que la chanteuse de Vila Isabel (RJ) présentait au HSBC, le 6 août dernier.
Voir Mart’nália sur scène est à chaque fois une garantie de grande fête et de pur divertissement. Ce fut encore le cas cette fois-ci…
Mais même si le rideau s’ouvre en grand style sur le solennel Zumbi (Jorge Ben), avec en fond scénique une grande carte stylisée et colorée du grand continent noir, la différence entre sa tournée « Madrugada » (résultant de l’album du même nom sorti en 2008) et celui-ci, fut relativement mince. Et le nombre de titres qui remette réellement aux connexions Brésil-Afrique est moins significatif que le répertoire du dvd « Em África », qui vient de sortir ces jours-ci.
En réalité, on a eu l’impression que la chanteuse a joué la sécurité (comme on dit au foot) en alignant une série (d’excellentes) compositions bien connues du public tel Benditas (Mart’nália/ Zélia Duncan), Entretanto (Mart’nália/ Moska), Cabide (Ana Carolina), Contradição (Mart’nália/ Viviane Mosé), Celeuma (Djavan), Essa mania (Alain Peters/ Mart’nália/ Moska) et une bonne partie de l’album « Madrugada ».
Mais, je le répète, le show fut intense et vivant et je continue à considérer Mart’nália comme une artiste importante de la scène brésilienne de cette dernière décennie, pour avoir apporté des harmonies plus pops à la samba traditionnelle –sans la dénaturer- et pour avoir, en même temps, cherché à rapprocher sa musique de ses racines profondes, venues de la terre de ses (très lointains) ancêtres…Comme l’avait déjà fait à de nombreuses reprises son illustre père, Martinho da Vila.

(prochain post : Maria Rita au Tom Jazz)

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.