jeudi 29 janvier 2009

Programme Tropicália 11, 26/01 : la playlist…


Grand compositeur de la Bossa nova,
Roberto Menescal fut aussi le directeur artistique de la série de compilations "Personalidade",
fin des années 80
(Photo Daniel A)


Générique : YAMANDÚ COSTA : « Lamentos do Morro » (Garoto)

MARCELO CALDI & FABIO LUNA : « Ainda me recordo » (Pixinguinha/ Benedito Lacerda)
TIRA POEIRA : « O Trenzinho do Caipira » (Heitor Villa-lobos/ Ferreira Gullar)

PAULINHO MOSKA & CHICO CÉSAR : « Tambor » (Chico César)
JOYCE : « Feminina » (ao vivo) (Joyce)
DIOGO NOGUEIRA : « Bola dividida » (Luiz Ayrão)
ROBERTO CARLOS & CAETANO VELOSO : « Tereza da praia » (A.C.Jobim/ Billy Blanco)
BENA LOBO : « Luz e breu » (Bena Lobo/ Alexandre Vaz)
CAROL SABOYA : « Feito a mão » (Mário Sève/ Mauro Aguiar)
NEY MATOGROSSO : « Deixar você » -ao vivo, Montreux 1983- (Gilberto Gil)
JOÃO BOSCO : « Nação… » –ao vivo Montreux 1983- (J.Bosco/ Aldir Blanc)
CHICO BUARQUE : « Caçada » (Chico Buarque)

Les célèbres portraits dessinés des compilations "Personalidade"

TROPICÁLIA CLASSIC’S

Da serie « Personalidade » (polygram), compilação Roberto Menescal

FAFÁ DE BELEM : « Sob medida » (Chico Buarque)
IVAN LINS : « Vitoriosa » (Ivan Lins/ Vitor Martins)
ZIZI POSSI : « Meu amigo, meu herói » (Gilberto Gil)
ALCEU VALENÇA : « Coração bobo » (Alceu Valença)
LUIZ MELODIA : « Estácio, eu e você » (Luiz Melodia)
GILBERTO GIL : « Chiclete com banana » (Gordurinha/ Almira Castinho)
EDU LOBO & JOYCE : « Rei morto, rei posto » (Edo Lobo/ Joyce)
NARA LEÃO & CHICO BUARQUE : « João e Maria » (Chico Buarque/ Sivuca)

Da serie « Perfil » (Som livre)

MARIA BETHÂNIA : « Mel » (Caetano Veloso)
ELIS REGINA : « Casa no campo » (Rodrix/ Tavito)
CAETANO VELOSO : « Sampa » (Caetano Veloso)
PAULINHO DA VIOLA : « Dança da solidão » (Paulinho da Viola)
FAFÁ DE BELÉM : « Filho da Bahia » (Walter Queiroz)
RITA LEE : « Caso sério» (Rita Lee/ Roberto de Carvalho)
DJAVAN : « Flor de lis » (Djavan)

PAULINHO MOSKA & ROBERTO MENESCAL: "Você" (Menescal/ Boscoli)----
---LENINE, MOSKA, ZECA BALEIRO, CHICO CESAR, MARCOS SUZANNO:
"Acredite ou nao" (Lenine/ Tavares)


mardi 27 janvier 2009

Ninguém resiste à MPB FM !

Noite dos 8 anos da MPB FM, o 26 de novembro 2008.
Ariana de Carvalho (no centro) com Silvia Machete e Fernando Mansur
(foto Daniel A)
(Traduçao do texto francês)
...
Para falar dos grandes clássicos, eu preciso buscar na memória os meus primeiros passos em direção à melhor música do mundo… ( o que não quer dizer nada, posto que a música brasileira não se resume a um estilo por si só, como vocês podem constatar, da mesma forma que não é mais abrangente do que que as músicas francesa ou anglo-saxônica. A MPB é na verdade a soma de todas as músicas que se produzem no Brasil… é simples assim… ).

Eu dizia então… Uma vez que no início dos anos 80 eu estava absorvido pela « new wave » inglesa, pela « cold wave », e até mesmo pelo soul e pelo funk americanos, eu esnobava aqueles discos brasileiros que se escutavam na minha casa, em família. Dentre eles, os famosos álbuns « Vinicius & Toquinho en la Fusa » (1970 / 1971), que reuniam os clássicos de Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho e alguns outros. Em consequencia da minha primeira viagem ao Brasil em 1989 – fruto do acaso – esses dois vinis ( na época ), muito marcadamente, revelaram-se a mim então como as minhas tábuas da lei! Num primeiro momento, então, a Bossa Nova, como acontece para muitos dos iniciantes estrangeiros no conhecimento da música brasileira…
A minha passagem àquela que chamam de MPB tradicional, eu fiz através de um único álbum : « Brazil Classics vol.1 » - 1990 - ( e havia quatro da série ), produzido por David Byrne, na época líder do genial groupo novaiorquino Talking Heads.
Byrne confessava sua genuína paixão pelas músicas do Brasil através desse álbum, através do qual eu eu descobri os grandes ícones da MPB como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal Costa, e alguns outros… Um verdadeiro choque ! E uma vez colocada a mão, lá se foi o braço inteiro ! Naquela época, era possível encontrar a excelente série de compilações, por artista, sob o nome genérico de « Personalidade », da Polygram. Essa série contava com a direção artística do mais antenado dos bossanovistas - Roberto Menescal – e era fácil de se encontrar aqui perto de nós, na Europa.
Em Bruxelas nós tínhamos – e continuamos tendo – a oportunidade de dispor da grande « Médiathèque » (« Midiateca ») da comunidade francesa do Passage 44, que nos permitia ter acesso a nossas preferências musicais por um baixo custo.
Até onde se saiba, uma viagem ao Rio de Janeiro naquela época – considerando que fui minha primeira parada no Brasil – podia-se sentir uma verdadeira desilusão em termos musicais.
Mas em 1989, a situação era um tanto peculiar… Nada de samba na beira da praia (estávamos no mês de junho, sob o inverno carioca), e nada de bossa nova a cada esquina ou dentro dos bares… A ditadura havia dado seu último suspiro oficialmente em 1984, inflando as velas da liberdade musical rumo a um estilo ainda embrionário o Brasil : o rock.
De maneira ainda muito mal ajambrada, centenas de artistas apareciam no mercado, influenciados pelos modismos ingleses de então : o « punk », a « new wave », e sobretudo o « ska ». É a época dos grupos que mencionei no post sobre a Paula Toller (de 10 de janeiro ).
Ainda em 1989, um golpe de sorte para mim, imaginei : o surgimento da MTV Brasil ! Uma pálida cópia da MTV que recebíamos na Europa, e que dava pouco espaço às produções brasileiras. Breve, musicalmente, sua expressividade era quase nula !
Por parte das grandes estações de rádio, a mesma constatação : a quota era de dois por um – dois títulos anglófonos por um título em português. E isso obedecendo a uma ordem pré-estabelecida : um Phil Collins, um Gun’s and Roses, um Caetano Veloso…um Sting, um Michael Jackson, uma Elis Regina, etc., etc., etc., …Felizmente, depois de um certo tempo, eu descobri o programa (ou a estaçao?), JB do Brasil – nada a ver com a atual JB FM actuel – que se dedicava exclusivamente aos artistas brasileiros. Daí em diante, os anos 90, os quais eu vivenciei plenamente, acertram-se os ponteiros, e passaram a surgir numerosos artistas que viriam a definir essa década como a mais « abrasileirada » musicalmente. Mas este é um outro capítulo apaixonante a esmiuçar posteriormente (mas já visitado nos dois posts de 30 de abril de 2008).
Em novembro passado, uma outra estação dedicada à música brasileira comemorou seus oito anos de existência : a famosa MPB FM (com link aqui). Essa mídia do Rio tornou-se indispensável. A programação dessa rádio evita os estilos ditos « de massa » tais como a música sertaneja, ou os grupos de pagode ou de samba-reggae bons de venda, para divulgar uma música popular de bom gosto. Por outro lado, se formos mais detalhistas, perceberemos que a rádio não se aventura no universo dos grupos ou artistas de um circuito mais alternativo. Para isso, é necessário que nos debrucemos sobre as rádios universitárias. Mas não vamos torcer o nariz. A MPB FM veicula programas que se tornaram clássicos do gênero, como « Expresso MPB », com música ao longo de toda a manhã ; « Sintonia Fina », apresentada pelo sempre antenado jornalista Nelson Motta, que nos apresenta as novidades quentes ; e « Samba Social Clube » volta-se para o samba tradicioanl de qualidade. As transmissões exclusivamente dedicadas à Bossa Nova acontecem geramente nas manhãs de domingo, ou ainda no programa « Palco MPB », que veicula alguma coisa gravada ao vivo no Teatro Rival de Rio de Janeiro, dois dias após o evento.
« Palco MPB » já registra mais de 400 edições, e por elas já fez desfilar todas as estrelas que vocês possam imaginar, além de algumas « promessas », embora todas já possuidoras de algum potencial comercial. A estação engajou-se igualmente na produção de inúmeros shows e eventos musicais, como antigamnete os projetos « Novo Canto », que reuniam artistas consagrados e talentos em desenvolvimento ; e mais recentemente, « Verão do Morro », que dentro desse mesmo conceito, reúne os artistas hoje em cena situados à altura do Pão de Açúcar. Acrescentemos ainda a participação da rádio na produção de diversos dvd’s ; e a partir de dezembro, uma revista bimensal, lançada pela ocasião do aniversário de oito anos da estação.

Nesse 26 de novembro de 2008, a estação de rádio MPB FM, conduzida por sua dinâmica « directrice », Ariana Carvalho, e um de seus apresentadores mais animados, Fernando Mansur, fizeram uma mistura de pratos simples e sofisticados, organizando na grande sala Viva Rio um evento de alta classe… Ou quase.
Numa primeira parte, a apresentação do grupo Doces Cariocas, encabeçado pelo casal Pierre Aderne e Alexia Bontempo, que pode-se considerar um símbolo um tanto apagado da nova geração do Rio. Uma música um tanto afetada, certamente não destinada a salas com capacidade para 5.000 pessoas.
A despeito do grupo, uma mixagem do som execrável, que perdurou pela noite inteira. As composições mais sutis e a apresentação mais convincente de Silvia Machete – a sensação de 2008 no Rio – foram prejudicadas pela mesma razão…
A primeira apresentação de porte da noite, Ney Matogrosso colocou-se em cena a serviço de Inclassificáveis, un de seus shows mais brilhantes (em todos os sentidos) de sua carreira. Em seguida, Seu Jorge, grande vedete da programação da MPB FM em 2008, fechou a noite com um mega concerto, acompanhado por seu grupo – formado por 14 músicos, o conjunto Pesadão - contando com metais, guitarras e percussoes empastelados numa mistura sonora indigesta. Apenas sua energia pessoal nos foi transmitida. Sem dúvida não chegou-se a um equilíbrio nesse mix de estilos musicais tão diferentes ouvidos ali naquela noite. O show « Labiata », de Lenine, alguns dias depois, felizmente, me provou que a qualidade sonora da sala podia ser ôtima, como na maioria das salas do Brasil. Esse fato, a meu ver, nao tem nenhuma equivalência com as melhores salas do resto do mundo.
Depois de Tropicalia (é óbvio !!), a MPB FM está acessível pela internet, veiculando uma programação bastante confiável para se ter uma idéia do que se produz hoje no Brasil em termos de música.
Assim, como repete a jovem rádio em suas chamadas, « ninguém resiste à música brasileira ».

lundi 26 janvier 2009

La station MPB Fm : « ninguem resiste á música brasileira... ! »

Ney Matogrosso: point d'orgue de la soirée des 8 années de MPB Fm,
le 26 novembre 2008
(photo Daniel A.)

On le sait: l'excès nuit en toute chose...
Cela faisait dix jours que je n'arrivais plus à écouter une minute de musique brésilienne. Vous le croyez ça.. ?
Avec un programme musical (auquel je m'astreins avec un plaisir masochiste) d’écoute de plusieurs disques par jour + dvd’s musicaux + lectures de la presse spécialisée + plusieurs articles écrits en une semaine...l’overdose était atteinte, et plus aucune production ne trouvait grâce à mes yeux…Tout était mauvais !...
Heureusement, ma "convalescence " s'est faite hier au travers des grands classiques que je finissais par négliger dans ma quête continuelle de nouveautés qui pourraient m’échapper. J'ai donc réécouté avec un énôôôrme plaisir Milton Nascimento, Caetano et Luiz Melodia et Paulinho da Viola, et cela m’a fait un bien fou!!
Quand je pense que mon grand et estimé collègue Mauro Ferreira de Notas musicais (en lien ici) publie quatre posts par jour, 365 jours par an. Ce garçon ne tombe-il donc jamais malade ? C’en est presque effrayant !
Pour parler des grands classiques donc, je me suis souvenu de mes premiers pas vers la meilleure musique du monde…(Ce qui ne veut rien dire puisque la musique brésilienne n’est pas un style en soit, vous l’aurez compris, comme ne l’est pas davantage la musique française ou la musique anglo-saxonne. La MPB n’est en vérité que la somme de toutes les musiques qui se produisent au Brésil, c’est aussi simple que cela…)
Je disais donc…Tandis qu’au début des années 80, j’étais absorbé par la new wave anglaise, la cold wave, et même la soul et le funk américain, je snobais les quelques disques brésiliens qui s’écoutaient en famille. Parmi eux, les fameux albums « Vinicius & Toquinho en la Fusa » (1970/ 1971), qui réunissaient des classiques d’Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho, et quelques autres. Il aura fallu mon premier voyage au Brésil en 1989 –fruit du hasard- pour que ces deux vinyles (à l’époque), bien griffés, se révèlent comme mes tables de la loi ! Premiers pas donc, la Bossa nova, comme pour beaucoup d’amateurs de musique brésilienne…

"Brazil classics vol.1" compilation dirigée par David Byrne.

Mon passage à ce qu’on appelle la MPB traditionnelle, je le dois à un album, et à un seul : « Brazil Classics vol.1 » -1990- (il y en aura trois) produit par David Byrne, à l’époque leader du génial groupe new yorkais, Talking Heads.
Byrne confessait sa vraie passion pour les musiques du Brésil dans cet album où je découvrais pour la première fois les grands piliers de la MPB comme Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal Costa, et quelque autres…Un véritable choc ! Et après y avoir mis la main, tout le bras y est passé !

À l’époque on trouvait l’excellente série de compilations, par artiste, qui portait le nom générique de « Personalidade » (Polygram). Elle était dirigée artistiquement par le plus branché des bossa novistas, Roberto Menescal, et se trouvait assez facilement chez nous.
À Bruxelles, nous avions -et avons toujours- la chance de disposer de la grande Médiathèque de la communauté française du passage 44, qui nous permettait de forger à moindre coût nos préférences musicales.
Qu’on le sache, un voyage à Rio de Janeiro à cette époque –puisque ce fut ma première destination au Brésil- pouvait s'avérer une véritable désillusion musicale.
Mais en 1989, la situation était un peu particulière…Pas de samba sur la plage (on était au mois de juin, début de l’hiver carioca), et pas de bossa nova à chaque coin de rue ou dans les bars…La dictature avait rendu son dernier souffle officiellement en 1984, ouvrant la voie de la liberté musicale vers un style jusque-là embryon, le rock.
De manière très malhabile encore, des centaines d’artistes apparaissaient sur le marché, influencés par les modes anglaises d’alors : le punk, la new wave et surtout le ska. C’est l’époque des groupes que j’ai cités dans le post sur Paula Toller (en date du 10 janvier).
Toujours en 1989, coup de grâce pour moi : l’apparition de MTV Brasil ! Une pâle copie du MTV que nous recevions en Europe, et qui faisait peu de place aux productions brésiliennes. Bref, musicalement, le dépaysement était quasiment nul !
Du côté des grosses stations de radio, même constat. Le quota était de deux pour un. Deux titres anglophones pour un titre en portugais. Et c’était d’ailleurs l’ordre établi : un Phil Collins, un Gun’s and Roses, un Caetano Veloso…un Sting, un Michael Jackson, une Elis Regina, etcetera…Heureusement, après un certain temps, je découvris la station JB do Brasil –rien avoir avec le JB FM actuel- qui se dédiait exclusivement aux artistes brésiliens. Par la suite, les années 90 que je vécus pleinement, remettront les pendules à l’heure, en s’avérant ce que de nombreux artistes s’accordent à définir comme la décennie la plus "brasiliannisée " musicalement. Mais ceci est un autre chapitre passionnant à décortiquer ultérieurement (et déjà visités dans les deux posts du 30 avril 2008).

8 Ans de MPB Fm: la directrice Ariana Carvalho est entourée de Silvia Machete
et Fernando Mansur (Photo DanielA.)


En novembre dernier, une autre station mettant en exergue la musique brésilienne fêtait ses huit années d’existence : la fameuse MPB FM (en lien ici). De la MPB et rien d’autre que de la MPB ! Ce média de Rio est devenu incontournable. La programmation de cette radio évite les styles dit « de masse » tel que la musique sertaneja, ou les groupes de pagode ou de samba-reggae bon marchés, pour divulguer une musique populaire de bon ton. D’un autre côté, si on cherche à être pointilleux, on reprochera que la radio ne s’aventure guère sur le terrain des groupes ou artistes du circuit un peu plus alternatif. Pour cela, il faudra nous tourner vers les radios universitaires. Mais ne faisons la fine bouche. MPB FM, propose des programmes qui sont devenus des classiques du genre comme Expresso MPB, musique en continu le matin ; Sintonia fina présenté par le célèbre journaliste Nelson Motta qui nous présente les nouveautés branchées ; Samba Social Clube tourné vers la samba de qualité et de tradition ; des émissions dirigées exclusivement vers la Bossa nova, souvent le dimanche en matinée ; ou encore le programme Palco MPB, qui lance sur antenne un live enregistré deux jours auparavant au Teatro Rival de Rio de Janeiro.

En ouverture de la soirée du 26 novembre: Doces Cariocas
(photo Daniel A.)


Palco MPB en est à plus de 400 éditions, et a vu défilé, toutes les stars que vous pouvez imaginer, ainsi que certaines ‘promesses’, possédant malgré tout un certain potentiel commercial. La station s’investit également dans la production de nombreux shows et événements musicaux, comme anciennement les projets Novo Canto, qui réunissaient artistes confirmés et talents en devenir, ou plus récemment, Verão do Morro, qui dans un même concept, réunissait des artistes sur la scène qui se situe sur les hauteurs du Pain de Sucre. Ajoutons à cela la participation aux productions de divers dvd’s, et depuis décembre une revue bimensuelle lancée à l’occasion des huit années d’existence de la station.

A défaut d'une bonne qualité du son en ce 26 novembre,
l'énergie décoiffante de Seu Jorge!
(Photo DanielA.)


En ce jour du 26 novembre 2008, la station de radio MPB FM, emmenée par sa dynamique directrice, Ariana Carvalho, et de l'animateur vedette, Fernando Mansur, avait mis les petits plats dans les grands, en organisant dans la grande salle Vivo Rio, une affiche de grande classe…Ou presque.
En première partie, la présentation du groupe Doces Cariocas, emmené par le couple Pierre Aderne et Alexia Bontempo, se voulait le symbole bien pâle de la nouvelle génération de Rio. Une musique mièvre et certainement pas destinée aux salles d’une capacité de 5.000 personnes. A décharge du groupe, une sonorité exécrable qui le restera durant toute la soirée.
Les compositions plus subtiles et la prestation plus convaincante de Silvia Machete -la sensation 2008 de Rio- furent gâchées pour la même raison…
Première grosse pointure de la soirée, Ney Matogrosso se mis en scène pour Inclassificaveis, un de ses shows les plus brillants (dans tous les sens du terme) de sa carrière, avant que Seu Jorge, grosse vedette des programmations de MPB FM en 2008, ne termine la soirée avec un méga concert, accompagné par son groupe formé de 14 musiciens, le Conjunto Pesadão, formée de cuivres, de guitares, de percussions, broyés dans une mixture sonore indigeste. Seule son énergie nous était transmise. Sans doute n’avait-on pas trouvé une balance au mixage pour les différents styles musicaux entendus ce soir-là. Le concert « Labiata » de Lenine, quelques jours plus tard, me rassura quant aux qualités acoustiques de la salle, qui comme dans toutes les autres salles du Brésil n’a, à mon humble avis, aucun équivalent qualitatif dans le monde.

Trois jours plus tard, le 29 novembre 2008, Lenine nous rassure
quant à l'acoustique de la salle Vivo Rio (photo Daniel A.)

Après Tropicalia (cela va de soit !!), MPB FM accessible sur le net, reste un moyen très fiable pour se faire une large idée de ce qui se produit au Brésil.
Car ne l'oubliez pas, comme le martèle en leitmotiv la jeune radio, « personne ne résiste à la musique brésilienne ».

Ney Matogrosso: "Mal Necessario"


jeudi 15 janvier 2009

Carol Saboya : au service de la chanson d’auteur.

Carol Saboya: charme et virtuosité (photo site Carol Saboya)

(*texto português em baixo))


Carol Saboya
ne fait pas partie de ces chanteuses que l’on matraque en radio. En fait, on ne l’y entend pour ainsi dire jamais. Elle n’a pas le degré de célébrité des chanteuses de sa génération comme Maria Rita, Vanessa da Matta ou même Roberta Sá. Elle appartient au cercle de ces interprètes de talent, artistes intimistes voire élitistes, qui ont décidé de privilégier des répertoires de haute valeur musicale, occultés, hélas, par les médias de masse. Elles ont toutes (ou presque) étudié le chant, possèdent une technique vocale irréprochable, et certaines d’entre elles enseignent même leur art, comme c’est le cas de Carol. Dans la même catégorie, on pourrait classer ses collègues Adriana Maciel, Simone Guimarães, Clara Becker, Virginia Rosa, Vania Abreu, Jussara Silveira ou Mônica Salmaso (bien que cette dernière aie déjà acquis une renommée plus large). D’autres encore mettent leurs virtuosités au service d’une musique avant guardiste dans la lignée d’une Tetê Espindola ou de Ná Ozzetti. Ceci ne signifie pas que Maria Rita, Vanessa ou Roberta aient exclu le paramètre qualitatif de leur travail…Loin de là. Mais on pourrait comparer cette catégorie de chanteuses -comme Carol Saboya- avec des actrices de films d’auteurs. Elles sont brillantes, mais ne touchent pas un large public. Chez les plus jeunes, Thaís Gulin semble également emprunter un chemin musical sans concessions, mais très passionnant.
Ces chanteuses quelque peu en marge de la scène, –mais qui ont leur public - s’octroient toutes les libertés, n’étant soumise à aucune contrainte commerciale. Sans doute aussi, la plupart viennent-elles d’un milieux aisé qui leur permette cet agréable luxe. Encore faut-il avoir du talent.
Ainsi Carol Saboya, avec son dernier album « Chão aberto », a décidé de construire son répertoire autour d’un seul compositeur : le saxophoniste et flûtiste Mario Sève. D’aucune aurait choisi Marcelo Camelo, Lenine ou Seu Jorge pour apporter un certain crédit à son travail. Et bien évidemment, on se doute que Carol ne vendra pas 50.000 exemplaires de son bel album. D’ailleurs qui connaît Mario Sève, à part ceux qui s’intéressent à la musique instrumentale brésilienne. Mario est un des fondateurs du quintette Nó em pingo d’Agua, et musicien d’Aquarela Carioca, formations de virtuoses, qui accompagnèrent Alceu Valença, Ney Matogrosso ou Zizi Possi.

Eveline Hecker, interprète de l'oeuvre de José Miguel Wisnik
avec "Ponte Aéria" (Photo Daniel A.)


Par cette démarche -qui met en évidence l’œuvre d’un compositeur unique - la chanteuse me rappelle Bruna Caram, qui avait enregistré le splendide "Esa menina" (2006), conçu autour d’Otávio Toledo. De son côté, Jane Duboc vient de sortir en 2008 « Cançao da espera », centré autour de compositions du bien plus célèbre Egberto Gismonti. Et dans un même ordre d’idée, Eveline Hecker avait lancé en 2004, le magnifique « Ponte aéria » autour de l’œuvre du maître José Miguel Wisnik. Toutes ses chanteuses -jeunes ou moins jeunes- sont rarement mentionnées quand on évoque les divas ou le fameux sujet des « nouvelles chanteuses », que l’on mâche et remâche sans arrêt.

C’est en 1996 que j’entendis pour la première fois la voix de Carol Saboya.
Le hasard fit que j’étais au Canecão de Rio de Janeiro, cette année-là, pour le concert unique donné en l’honneur des 50 ans du grand parolier de la musique brésilienne, Aldir Blanc. Un auteur surtout connu pour avoir été le partenaire fidèle de João Bosco.
Ce dernier n’était pas présent ce soir-là (les deux artistes étaient en froid à l’époque), mais des noms aussi prestigieux qu’Ivan Lins, Nana Caymmi, Emilio Santiago, Ed Motta, Leila Pinheiro et sans doute Paulinho da Viola (ma mémoire me fait défaut) étaient venus chanter les textes d’Aldir en sa présence.
En ouverture Carol, alors toute jeune, irradiait par son charme et sa technique vocale dans Carta de pedra (Guinga/ Aldir Blanc). Et c’est principalement d’elle dont parlaient les journaux qui avaient relaté l’événement. À cette même époque, l’album « Aldir Blanc, 50 anos » faisait écho au concert, avec encore d’autres participations comme celles de Dorival Caymmi, Edu Lobo ou Fátima Guedes.

Carol et son père, le grand pianiste Antônio Adaulfo (photo site Carol Saboya)

Carol Saboya, fille du grand pianiste Antônio Adolfo, avait débuté comme vocaliste de Erasmo Carlos et Angela Rôrô avant de voyager et étudier le chant aux Etats-Unis. Mais elle attendra 1998 pour se présenter en solo avec le brillant album « Dança da voz » qui obtint le prix Sharp de la révélation féminine MPB pour cette année-là. Quatre autres albums de 1999 à 2006, l’installeront dans cette catégorie des chanteuses techniques dévouées à un répertoire que je –qualifierais de « musique classique de la musique populaire brésilienne » (!).


Et ce que je craignais arriva: tandis que, comme tant d’autres, je viens de clôturer ma liste des albums significatifs pour 2008, « Chão aberto », sorti en décembre m’arrive avec un peu de retard…et il y aurait eu une place de choix.
La chanteuse allie grâce et émotion avec sa facilité technique qu’elle met au service des mélodies travaillées de Mario Sève. Ce dernier se divise entre le saxophone, la flûte ou le pife (flûte typique du Pernambuco). Et c’est vrai que la plupart des 14 chansons possèdent de forts accents nordestins. Les mélodies finement ciselées, pas toujours d’un accès immédiat, sont emmenées par des rythmes aussi divers que le baião (dans Drangajo), le xaxado (Trocando as pernas), l’ijexa (Bonde iorubá), le frevo (Outros carnavais) ou la ciranda (Um segredo). D’autres harmonies sont encore portées par le tango, la samba, ou certaines mélodies sophistiquées. Et Carol se sent chez elle, quelle que soit l’ambiance suggérée. La qualité des compositions n’est pas sans me rappeler Fátima Guedes, tandis que la voix claire de la chanteuse s’inscrit dans la veine de Zizi Possi, une des plus virtuoses interprètes de la musique populaire brésilienne. Une vraie réussite réjouissante.

(*Texto traduzido)
Carol Saboya não faz parte desse time de cantoras que tocam sem parar no rádio. Na verdade, isso definitivamente não faz o seu gênero. Ela não goza do status de “celebridade” das cantoras da sua geração, como Maria Rita, Vanessa da Mata, ou mesmo Roberta Sá. Ela se restringe ao círculo daquelas intérpretes de grande talento, artistas intimistas tomadas por elitistas, que decidiram privilegiar os repertórios de alto valor musical, infelizmente ocultados pelas mídias. Todas elas (ou praticamente todas) estudaram canto formalmente, possuindo uma técnica vocal irretocável, e algumas delas, inclusive, ensinam a sua arte, como é o caso de Carol. Dentro da mesma categoria, podemos classificar suas colegas Adriana Maciel, Simone Guimarães, Clara Becker, Virginia Rosa, Vania Abreu, Jussara Silveira e Mônica Salmaso (se bem que essa última já atingiu um grau de renome mais amplo). Outras ainda colocam seu virtuosismo a serviço de uma música vanguardista, seguindo a linha de Tetê Espindola ou Ná Ozzetti. O que não significa que Maria Rita, Vanessa ou Roberta abandonaram o parâmetro da qualidade como parte de seus trabalhos... Longe disso. Mas podemos comparar essa categoria de cantoras – como Carol Saboya – com as atrizes do filmes “de autor”. Elas são brilhantes, mas não tocam o grande público. Dentre as mais jovens, Thaís Gulin parece igualmente encetar um caminho musical sem concessões, porém muito passioanal.
Essas cantoras um tanto à margem da cena – mas que têm seu próprio público – outorgam-se todo tipo de liberdade, assim como não se submetem a qualquer exigência comercial. Sem dúvida, também, a maior parte vem de um meio social que lhes permite esse agradável luxo. Ainda que se faça necessário o talento.
Assim, Carol Saboya, com seu último álbum “Chão aberto”, decidiu construir seu repertório autoral a partir de um único compositor: o saxofonista e flautista Mario Sève. Alguma outra teria escolhido Marcelo Camelo, Lenine ou Seu Jorge, a fim de agregar um certo crédito a seu trabalho. E é bastante evidente que Carol não deverá vender 50.000 exemplares de seu belo disco. Aliás, poucos conhecem Mario Sève, a não ser aqueles que se interessam pela música instrumental brasileira. Mario é um dos fundadores do quinteto Nó em Pingo d’Água, além de músico do Aquarela Carioca, ambas formações de virtuoses que vieram a acompanhar Alceu Valença, Ney Matogrosso e Zizi Possi.
Através dessa atitude – que coloca em evidência a obra de um compositor único – a cantora me faz lembrar Bruna Caram, que gravou o esplêndido «Essa menina” (2006), concebido sobre a autoralidade de Otávio Toledo. Por seu lado, Jane Duboc acaba le lançar em 2008 « Canção da espera », centrado nas composições do nesse caso célebre, Egberto Gismonti. E dentro dessa mesma linha de raciocínio, Eveline Hecker já havia lançado, em 2004, o magnífico « Ponte aérea » sobre a obra autoral do mestre José Miguel Wisnik. Todas essas cantoras – jovens ou nem tanto – raramente são mencionadas quando evocam-se as divas ou o famigerado assunto das “novas cantoras”, sobre o qual se discute e rediscute sem trégua.
Foi em 1996 que eu captei pela primeira vez a voz de Carol Saboya.
O acaso me levou naquele ano ao Canecão, no Rio, para um concerto único em homenagem aos 50 anos do grande letrista da música brasileira, Aldir Blanc. Um autor acima de tudo conhecido por ter sido sempre o fiel parceiro de João Bosco.
Embora esse último não estivesse lá naquela noite ( os dois artistas estavam estremecidos na época ), alguns nomes de igual prestígio como Ivan Lins, Nana Caymmi, Emilio Santiago, Ed Motta, Leila Pinheiro, e, sem dúvida alguma, Paulinho da Viola ( minha memória aqui falha um pouco... ) compareceram para cantar os versos de Aldir em sua presença.
Na abertura estava Carol, então bem jovem, iluminada por seu charme e sua técnica vocal em Carta de pedra (Guinga / Aldir Blanc). E foi principalmente dela que falaram os jornais que lá estiveram cobrindo o evento. Por essa mesma época, o álbum « Aldir Blanc, 50 anos » deu uma espécie de continuidade ao show, incluindo ainda outras participações como as de Dorival Caymmi, Edu Lobo e Fátima Guedes.
Carol Saboya, filha do grande pianista Antônio Adolfo, debutou como vocalista de Erasmo Carlos e Angela Rôrô antes de viajar e estudar canto nos Estados Unidos. Mas ela viria, em 1998, a se apresentar como solo através do brilhante álbum « Dança da voz », que obteve o Prêmio Sharp de revelação feminina da MPB naquele ano. Quatro outros álbuns, de 1999 a 2006, a posicionaram dentro dessa categoria das cantoras técnicas devotadas a um repertório que eu classificaria como « música clássica da música popular brasileira » (!).

E o que eu temia acabou por acontecer: depois de encerrada a minha lista dos álbuns mais significativos de 2008, « Chão aberto », lançado em dezembro, me chega com um certo atraso... e ele teria sido uma de minhas escolhas.

A cantora alia graça e emoção, através dessa sua habilidade técnica que ela coloca a serviço das melodias trabalhadas de Mario Sève. Esse último se divide entre o saxofone, a flauta e o pífano (pequena flauta típica do estado de Pernambuco). E de fato a maior parte das 14 músicas carregam um forte acento nordestino. Melodias finamente esculpidas, mas nem sempre acessíveis de imediato, são embaladas por ritmos tão diversos quanto o baião (em Drangajo), o xaxado (Trocando as pernas), o ijexá (Bonde iorubá), o frevo (Outros carnavais) ou a ciranda (Um segredo). Outras harmonias são também evocadas: pelo tango, pelo samba, ou por certas melodias mais sofisticadas. E Carol se sente em casa, dentro dessas ambiências sugeridas diferentes. A qualidade das composições não me deixa escapar à lembrança Fátima Guedes, assim como a voz clara e suave das cantoras que corre nas veias de Zizi Possi, uma das mais virtuosas intérpretes da música popular brasileira.
Um álbum definitivamente muito bem sucedido...





Carol Saboya e Mario Sève:
"Finais felizes" (M.Sève/ M.Aguiar)/

Carol Saboya: "Agora" (Carol Saboya/ Abel Silva)



mercredi 14 janvier 2009

Tropicália 10, 12/01, la Playlist…

Suely Mesquita no Tropicalia 10.
Seu album "Microswing foi uma das belas surpresa de 2008
(foto Caetano Vilas)


L’émission Tropicália a donc pu reprendre après deux semaines d’absence (suite aux fêtes et divers impondérables…) avec pour thème principal quelques albums qui auront marqué mon année 2008 (voir post « Vers la discothèque parfaite » du 6 janvier).

O Progama Tropicália voltou depois de duas semanas de folga, com o tema : os discos (entre muitos outros) qui marcaram meu ano 2008 (vide post em francés do 6 de janeiro)

Générique : YAMANDU COSTA : « Lamentos do Morro » (Garoto)

ARTHUR MAIA : « Deombro » (Jamil Loanes)
ZECA PAGODINHO : « É Precisa Muito amor » (Noca da Portela/ Tião de Miracema)
ROBERTO CARLOS & CAETANO VELOSO : « Tereza da praia » (Jobim/ Billy Branco)
CELSO FONSECA : « Slow motion Bossa nova » (Fonseca/ Ronaldo Bastos)
PAULA TOLLER : « …E o mundo não se acabou » (Assis Valente)

RETRÔ 2008

ADRIANA CALCANHOTTO : « Seu pensamento » (Dé Palmeira/ Adriana Calcanhotto)
PEDRO LUIS E A PAREDE : « Ponto enredo » (Pedro Luis)
ED MOTTA : « The Runaways » (Ed Motta/ R.Gallagher)
SUELY MESQUITA : « Mertiolate » (Kali C./ Suely Mesquita)
NEY MATOGROSSO : « Um Pouco de calor » (Dan Nakagawa)
PAULA MORELENBAUM : « O Que vier eu traço » (Alvaide/ Zé Maria)
CHICO CÉSAR & DOMINGUINHOS : « Deus me proteja » (Chico César)
ZECA BALEIRO : « Toca Raul » (Zeca Baleiro)
LENINE : « A Mancha » (Lenine/ Lula Queiroga)
SKANK : « Noites de um verão qualquer » (Samuel Rosa/ César Mauricio)
COMPANHIA ITINERANTE : « Samba do S » (Caio Figuereido)
JARDS MACALÉ : « O Engenho de dentro » (Jards Macalé/ Abel Silva)
MARIA BETHÂNIA & OMARA PORTUONDO : « Tal vez » (Juan Formell)
MOINHO : « Doida de varrer » (Ana Carolina/ Chacal)
ZÉ RENATO : « A Última Cançao » (Carlos Roberto)
MILTON NASCIMENTO & JOBIM TRIO : « Caminhos cruzados » (Jobim/ Newton Mendonça)
ROBERTO MENDES & LENINE : « Tira essa mulher da roda » (R.Mendes/ Capinam)
ROSA PASSOS : « Alibi » (Djavan)
GLAUCIA NASSER : « Sambista bom » (G.Nasser/ I.Rosa/ M.Costa)
ALINE MUNIZ : « Não Vacile » (Marco de Vita/ Aline Muniz)
SEU JORGE : « America do Norte » (Seu Jorge/ Gabriel Moura/ Pretinha da Serrinha)

SUELY MESQUITA: "Catastrofe" (Suely Mesquita/ Mathilda Kovak)


lundi 12 janvier 2009

Celso Fonseca : un artiste post-Bossa nova.

Celso Fonseca: musicien, producteur et compositeur
pour Gal Costa...et des dizaines d'autres...


(*o texto em português esta em baixo)


Celso Fonseca
fait partie de ces artistes qui ont prouvé que la Bossa Nova n’était pas faite d’un répertoire définitivement établis que l’on mélangeait indéfiniment à toutes les sauces pour l’accommoder aux goûts du moment. Il a montré que l'on pouvait encore créer des standards du genre, même 50 ans après sa naissance. D’autres artistes comme Joyce, Leila Pinheiro ou Rosa Passos, même si elles aiment revisiter avec talent les classiques de Jobim ou Carlos Lyra, ont également contribué à enrichir le répertoire du style par de nouvelles chansons.
Quand Celso Fonseca s’est présenté au Botanique de Bruxelles en 2003, je le connaissais déjà comme fidèle accompagnateur des tournées de Gilberto Gil, et j’avais déjà pu découvrir son travail personnel au travers de ses albums lancés dans les années 90. Mais fouinant un peu, je fus surpris de voir le nombre de projets dans lesquels le guitariste était impliqué. Outres Gil, il accompagna dans les années 80 des artistes aussi importants que Djavan , Milton Nascimento, Gal Costa, Jorge Benjor, Chico Barque, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, João Bosco et bien d’autres . On compte ainsi à son palmarès plus de 20 tournées mondiales dédiés à ces piliers de la MPB, et ceci sur une période de dix ans. Et le problème, c’est que pour parler de Celso, on ne peut pas échapper à l’énumération de noms. Par exemple, outre son travail de musicien, il se mit à produire à la même époque les albums de Gil (« O eteno deus mu dança »), Daniela Mercury, Daúde, Gal Costa (« Aquele frevo axé »), Paula Morelenbaum (« Berimbaum »), Dulce Quental, Veronica Sabino (« Novo sentido ») ou encore Mart’nália (« Pé do meu samba ») et Virginia Rodrigues (« Sol negro »).
Quant à ses compositions, elles furent sollicitées, entre autres, par Nana Caymmi, Zizi Possi, Ney Matogrosso, Carlinhos Brown, Ana Carolina, et j’en passe. C’est dire si le compte en banque de notre ami carioca ne doit pas trop souffrir de la crise. Mais ce serait oublier, suite à ces listes échevelées, que Celso mène sa propre carrière.

Avec Ronaldo Bastos (à droite): auteur de trois albums de 1994 à 2001.

Après un premier album passé inaperçu –Minha cara en 1986-, il se lance avec « O Som do sim » en 1993, qui révèle déjà sa maturité de compositeur. L’artiste avait déjà offert un solide tube, Sorte, pour Gal Costa et Caetano Veloso. Et il est vrai que la voix de Celso ne peut que nous évoquer celle de Caetano. « Sorte » sera d’ailleurs le premier album d’une trilogie qu’il entamera avec le parolier Ronaldo Bastos en 1994.
L’artiste nous offre une pop ensoleillée, baignée dans l’esprit Bossa nova, et emmené par une guitare experte et une voix douce et susurrée.
Le deuxième volet « Paradiso » (1997) et « Juventude/ Slow motion bossa nova » (2001) apporteront leur lot de classiques tel Polaroides, Samba é tudo, et surtout la plage titulaire Slow motion bossa nova qui le projettera car la chanson servira à quatre campagnes commerciales qui auront comme égérie Gisèle Bünchen (pour des sandales de plages !). Dans une interview, Celso confiera amusé que Gisèle pensa qu’il l’avait composée pour ses beaux yeux -ce qu’il ne niera pas !- même si la chanson existait depuis quelques mois déjà.

Cibelle, Celso et Bebel Gilberto: la dream team du label Ziriguidum en 2003.

Malgré la reconnaissance sans faille de ses pairs et de la critique, il eut le plus grand mal à se faire signer par une maison de disque –comme il me le confiera dans une interview à l’époque- et c’est dès lors le label belge Ziriguidum/ Cramned qui saisira l’opportunité pour le mettre à son catalogue. À l’époque, Ziriguidum avait déjà réussi le coût fumant de lancer le premier album de Bebel Gilberto qui avait été un succès de vente mondial. Et c’est donc l’album « Natural », qui sort en Europe et aux USA, et qui comporte dans son répertoire d’autres nouvelles perles comme Meu Samba Torto ou A Origem da felicidade. Il est intéressant à noter que rares sont les compilations de Bossa à travers le monde qui ne comportent pas un des titres cités jusqu’ici.
Sur le même label belge sortira encore « Rive gauche Rio » (2005), plus dispensable, avant de revenir sur EMI avec « Feriado » qui, hélas, cède à la facilité commerciale au niveau de la production.

Pour revenir au post précédant concernant la date du 12 août 2008, Celso Fonseca, enregistra donc au Canecão de Rio de Janeiro, son premier dvd qui devrait l’installer définitivement aux yeux du public. Mais le résultat laisse cependant perplexe, car avec Celso, nous sommes en présence d’un très bon compositeur et musicien, mais qui n’est pas de ces artistes qui acquiert une nouvelle dimension en concert. Et s’il nous remémore les meilleures chansons de sa carrière, ce dvd manque de souffle à de nombreux moments, et nous plonge dans un certain ennui. Et tandis que Roberta Sá (A Voz do coração) ou Ana Carolina (Um dia de domingo) apportent un peu de vie, Gilberto Gil s’enterre vivant en reprenant Is this love de Bob Marley et Palco de son propre répertoire. A peine entonne-t-il « I Wanna love ya… ! » que l’on comprend que l’interprétation sera laborieuse. Le bahianais n’était vraiment pas dans un bon jour -cela arrive aux meilleur-...Sauf que c'était le jour de l'enregistrement...
Bref, si « Celso Fonseca ao vivo », s’apparente à un dvd un peu tiède, il aura au moins le mérite de faire office de best of pour ceux qui voudraient découvrir cet excellent compositeur post bossa nova…(voir videos plus bas)

*Eis aqui a tradução do texto destinado ao leitores francôfonos aprendizes, ou seja que indica fatos que muitos dentre vocês, brasileiros, já sabem...


Celso Fonseca
faz parte desses artistas que provaram que a Bossa Nova não ficou estagnada num repertório definitivamente estabelecido que mesclou-se indefinidamente a outros arranjos para inserir-se aos gostos de cada momento. Ele foi capaz de mostrar que ainda é possível produzir algo novo dentro dos padrões do gênero, mesmo depois de 50 anos de seu nascimento.

Assim também outras artistas como Joyce, Leila Pinheiro ou Rosa Passos; da mesma forma que dedicaram-se a revisitar talentosamente os clássicos de Jobim ou Carlos Lyra, contribuíram elegantemente para enriquecer esse estilo com um repertório de novas canções.
Quando Celso Fonseca apresentou-se no Botanique de Bruxelas en 2003, eu já o conhecia como fiel acompanhante das tournées de Gilberto Gil e através de seus álbuns lançados ao longo dos anos 90. Mas bisbilhotando um pouco, fiquei meio consternado ao verificar a quantidade de projetos dos quais o guitarrista participou. Além de Gil, ele acompanhou, nos anos 80, artistas tão importantes quanto Djavan , Milton Nascimento, Gal Costa, Jorge Benjor, Chico Barque, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, João Bosco et muitos outros. Constam também, da sua lista de primeira, mais de 20 tournées mundiais dedicadas a esses pilares da MPB, ao longo de pouco mais de dez anos. E o problema é que para falar dele, Celso, não se pode escapar à menção de inúmeros outros nomes. Por exemplo: paralelamente a seu talento como instrumentista, ele dedicou-se a produzir, na mesma época, os álbuns de Gil (« O eteno deus mu dança »), Daniela Mercury, Daúde, Gal Costa (« Aquele frevo axé »), Paula Morelenbaum (« Berimbaum »), Dulce Quental, Veronica Sabino (« Novo sentido ») e ainda Mart’nália (« Pé do meu samba ») ou Virginia Rodrigues (« Sol negro »).
Quanto às suas próprias composições, elas foram solicitadas, dentre outros, por Nana Caymmi, Zizi Possi, Ney Matogrosso, Carlinhos Brown, Ana Carolina, e assim por diante. Pode-se dizer que a conta bancária desse nosso amigo carioca não deve apresentar qualquer sintoma de crise. Mas apesar dessas listas desordenadas, não temos que esquecer que o Celso segue sua carreira própria.
Depois de um primeiro álbum que passou desapercebido – “Minha cara em 1986” – ele se lança com « O Som do sim », en 1993, que já revela sua maturidade como compositor. O artista já havia nos brindado com um sucesso bastante sólido – “Sorte”, por Gal Costa et Caetano Veloso. E é fato que a voz de Celso possui um timbre –sem o mesmo brilho- que poderia ser comparado à de Caetano. « Sorte » virá a ser, em outro momento, o titulo do primeiro álbum de uma trilogia que ele vem a lançar em 1994, em parceria com o letrista Ronaldo Bastos.
O artista nos oferece um pop ensolarado, imerso inteiramente no espírito da Bossa, embalado por um violão (ou guitarra) competente e uma voz doce e sussurrada. Os segundo e terça parte da trilogia, « Paradiso » (1997) e « Juventude / Slow motion bossa nova » trarão seu lote de clássicos como "Polaroides'', "Samba é tudo'" e sobretudo a marca registrada “Slow motion bossa nova”, que se projetará, a ponto da canção vir a ser trilha sonora de quatro campanhas comerciais que tiveram como musa inspiradora Gisèle Bünchen (para sandálias de praia!). Numa entrevista, Celso comentou divertidamente que Gisèle pensou que ele compôs inspirado por seus belos olhos – o que nunca irá negar! – mesmo que a canção já existisse já havia alguns meses.
Apesar do reconhecimento dentro de seu próprio país, ele encontrou a maior dificuldade para ser contratado para uma nova gravadora brasileira –como ele me contou numa entrevista na época- e assim foi um selo belga chamado Ziriguidum / Cramned, que aproveitou rapidamente a oportunidade de colocar seu nome em seu catálogo. A Ziriguidum já tinha conseguido, na época, de contratar a Bebel Gilberto para seu primeiro disco, que se tornou sucesso mundial.
É então o álbum « Natural », que sai na Europa e nos Estados Unidos, que conta em seu repertório com outras novas pérolas como Meu samba torto e A Origem da felicidade. É interessante notar que raras são as compilações de Bossa mundo afora que não contem com pelo menos um dos títulos cittados aqui.
Sob o mesmo selo belga, sairá ainda « Rive gauche Rio » (2005), dispensável, antes de ressurgir sob o selo EMI, com « Feriado », que, infelizmente, aliará a facilidade comercial nos arranjos e na produção.
Referindo-me ao post precedente, relativo à data de 12 de agosto de 2008, é quando então Celso Fonseca grava no Canecão, no Rio de Janeiro, seu primeiro dvd, que deveria revelá-lo definitivamente aos olhos do público.
Mas o resultado, no entanto, me deixou perplexo, uma vez que frente a Celso, nos sentimos na presença de um compositor e musicista muito bom, mas ele não é desses artistas que se apropriam de uma nova roupagem no palco. O show do dvd nos levam as boas canções do artista, mas a apresentação falta de fôlego, e nos leva rapidamente à um certo aborrecimento. E mesmo que Roberta Sá ("A Voz do coração") ou Ana Carolina ("Um dia de domingo") contribuam com um pouco de vida, Gilberto Gil passa completamente ao lado do assunto interpretando Is this love de Bob Marley, e "Palco" – do seu repertorio próprio. Mal começa cantar « I Wanna love ya… ! », que sentimos que a interpretação será árdua. O baiano estava num mal dia – esse exatamente – prejudicando o que seria a noite da gravação...
Por alto, se « Celso Fonseca ao vivo » parecer um dvd um tanto morno, restará ao menos o mérito de levar seu nome ao conhecimento daqueles que desejavam conhecer esse muito bom compositor.


SLOW MOTION BOSSA NOVA (Fonseca/ Bastos), pub avec Gisèle Bünchen
CELSO FONSECA: "Queda" (Luciano Salvador Bahia)




samedi 10 janvier 2009

La pop « haute couture » de Paula Toller.

Paula Toller: égérie chic de la pop brésilienne

(texto em português em baixo)*

Où étiez-vous et que faisiez-vous le 12 août de l’année dernière ?

Peu de chances que vous vous en souveniez, à moins que vous ayez été aimablement conviés à ma table pour honorer, comme il se doit, la date de mon anniversaire…Ou encore, que vous vous soyez rendus à un des deux concerts donnés simultanément ce jour-là dans la zona sul de Rio de Janeiro. Deux concerts qui allaient être immortalisés sur cd et dvd et qui furent ingénieusement mis sur le marché entre-temps pour les fêtes de fin d’année.
Ce 12 août donc, dans le quartier de Leblon dans la salle Oi Casa Grande, la très glamour Paula Toller enregistrait le show de la tournée « Nosso ». Et à 15 minutes de là, en taxi, Celso Fonseca jouait au Canecão de Botafogo, au milieu de quelques invités prestigieux dont Gilberto Gil, Ana Carolina ou Roberta Sà…
Quel dilemme si nous nous étions retrouvés dans la ville merveilleuse…
En fait, pas tant que ça, à en voir le résultat qui nous est livré en dvd.
Mais d’abord quelques mots sur ces deux artistes, et aujourd’hui Paula Toller
La chanteuse est une figure centrale de la mouvance pop/ rock qui balaya tout le Brésil au début des années 80. Les points névralgiques de cette nouvelle tendance se situaient à Brasilia avec des groupes comme Legião Urbana, Paralamas do Sucesso ou Capital Initial ; à São Paulo avec Titãs, Ira !, ou Ultraje á rigor ; ou enfin à Rio avec Barão Vermelho, Blitz, ou Kid Abelha qui animaient la ville et les ondes de radio Fluminence qui jouait les démos de cette génération de nouveaux groupes. Il en existait d’ailleurs des dizaines d’autres, mais je cite ici ceux qui ont perpétué une belle carrière.

Kid Abelha: Bruno Fortunato, Paula Toller et George Israël

En 1981, la blonde Paula (qui ne l’était pas à l’époque !), avec le bassiste Leoni, le guitariste George Israël, et par la suite Bruno Fortunato, allaient former le groupe Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, qui deviendra un peu plus tard tout simplement Kid Abelha. Une première démo –Distração- en 1982, un premier single Pintura Intíma produit par le rockeur devenu pop star, Lulu Santos, et le groupe s’envole déjà vers les hautes sphères du succès national grâce à son premier album (1984), « Seu espião ». Un disque qui comportera l’irrésistible « Como eu quero ».
En 1986, Leoni, également brillant compositeur, sort du groupe qui se présente alors comme un trio où chacun des protagonistes possède son rôle propre : Paula qui attire toute la lumière, l’exubérant George Israël qui s’occupe des arrangements et qui se partage entre la guitare et le saxophone, et Bruno Fortunato, le guitariste taiseux et taciturne : le musicien un peu dans l’ombre.
Le but ici n’est pas de faire l’historique du groupe, mais il faut savoir que Kid Abelha, dont la carrière est faite de quatorze albums en 25 ans, n’a jamais connu de période noire, a accumulé les hits, et demeure depuis longtemps le plus gros vendeurs d’albums de toute la pop brésilienne. Son dvd « MTV Acústico » réalisa l’exploit d’être vendu à plus d’un million d’exemplaires en 2002 et resta pour chaque année qui suivit une des meilleures ventes du marché jusqu’à aujourd’hui ! La pop de Kid Abelha est simple et efficace, de qualité, mais la personnalité de Paula Toller fait pour beaucoup dans le succès du groupe. Son image d’actrice blonde française classieuse (une Catherine Deneuve des années 60), sa beauté froide de papier glacé, ont fait de Paula Toller une icône sexy de la MPB. Sa voix, qui pourtant ne la range pas parmi les virtuoses, charme par un timbre tout personnel qui reflète parfaitement son apparence. Tout réside dans son interprétation qui ne se risquera jamais à l’improvisation, ni ne sortira des lignes préalablement tracées, mais qui possède un charme de par cette sorte de distanciation.
Sans vouloir mettre une fin au groupe, Paula décida de mener une vie artistique parallèle en 1998, avec un très bon premier album solo, suivi un peu moins de 10 ans plus tard, par « Sónós » (2007).
Cet album raisonnable, ainsi que le dvd/cd « Nosso » qui vient donc de sortir, furent encensés par la critique de manière assez exagérée. Comme si la chanteuse -qui est aussi devenue une icône gay- avait hypnotisé toute la gente masculine. Et c’est vrai que sa ligne de mannequin impressionne pour ses 46 ans.

L'entrée en scène de Paula Toller: un streap tease à l'envers...

Un excellent ami et lecteur assidu de ce blog, présent au concert du 12 août, m’avait fait part de son ennui durant le show. Un ennui que j’ai hélas retrouvé à la vision de « Nosso », le dvd.
Tout est esthétiquement parfait et étudié avec minutie, mais face à un parterre gagné à sa cause, la chanteuse n’arrive pas à imposer son charisme. Les chansons ne sortent pas des versions enregistrées, sa prestance sur scène paraît bien empruntée, et l’interaction avec le public est modérée. Seule, son entrée sur scène cinématographique, lorqu’elle chausse ses escarpins à haut talon, apporte un côté érotico ingénu qui s’évanouit par la suite. Et je préfère ne pas commenter la reprise de ces classiques de la samba que sont E O mundo não se acabou et 1800 colinas. Un univers qui n’est pas vraiment le sien.
Mais que l’on se rassure pour la belle, l’album et le dvd sont déjà des records de ventes poussés par le medley Sáude/ Só love, qui est martelé en radio…Voici cependant un bon moment du show...

*Eis aqui a tradução do texto destinado ao leitores francôfonos, ou seja que indica fatos que muitos dentre vocês, brasileiros, já sabem...

O pop “alta costura” de Paula Toller

Onde você estava e o que fazia em 12 de agosto do ano passado?
São poucas as chances de que você se lembre; a não ser que você tenha sido amavelmente convidado para sentar-se à minha mesa para comemorar o dia do meu aniversário, o que teria sido ótimo…Ou ainda, que tenha optado por um de dois shows que aconteceram simultaneamente na zona sul do Rio de Janeiro. Dois shows que foram imortalizados em cd e dvd, e ingenuamente lançados no mercado mais à frente, visando as festas de fim de ano.
Nesse 12 de agosto passado, então, na sala Oi Casa Grande, no bairro do Leblon, a glamurosa Paula Toller lançava o show da tournée “Nosso”. E a quinze minutos de táxi dali, no Canecão, em Botafogo, Celso Fonseca tocava, em meio a convidados de prestígio como Gilberto Gil, Ana Carolina e Roberta Sá
Que dilema se eu estivesse nesse dia na Cidade Maravilhosa...
Na verdade, até certo ponto, é possível avaliar o resultado através do material lançado em dvd.
Mas acima de qualquer chavão acerca desses dois artistas, e atualmente Paula Toller…
A cantora é uma figura central na mudança do pop / rock que sacudiu todo o Brasil no início dos anos 80.
Os pontos nevrálgicos dessa nova tendência concentravam-se em Brasília, onde nasceram grupos como Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Capital Inicial; em São Paulo, com os Titãs, o Ira !, e o Ultraje a Rigor; e enfim, no Rio, com Barão Vermelho, Blitz e Kid Abelha – animando a cidade através das ondas da Rádio Fluminense, que tocava os demos dessa nova geração de grupos. Existiam dezenas de outros, mas menciono aqui aqueles que perpetuaram uma carreira consistente.
A loura Paula (que nem era loura naquela época!), junto com o baixista Leoni, o guitarrista George Israël, e um pouco mais tarde, Bruno Fortunato, iriam então formar o grupo Kid Abelha e os Abóboras Selvagens em 1981, que viriam a denominar-se simplesmente Kid Abelha depois. Uma primeira demo – Distração; e em 1982 um primeiro single, “Pintura Íntima”, produzidos pelo roqueiro e futuro pop star Lulu Santos, levou o grupo mais para perto das altas esferas do sucesso nacional, conquistado através de de seu primeiro álbum – “Seu Espião” (1984). Um disco que contém a irresistível “Como eu quero”, entre outros. Em 1986, o Leoni, compositor brilhante e fornecedor de muitos sucessos do Kid, sai da banda que passa a apresentar-se como um trio, no qual cada protagonista desempenha seu próprio papel. Paula, que lança toda a sua luz; o exuberante George Israël, que se ocupa dos arranjos e que se divide entre a guitarra e o saxofone; e Bruno Fortunato, o guitarrista calado e taciturno: o músico um pouco na penumbra.
A questão aqui não é traçar o históico do grupo, mas é importante que se diga que o Kid Abelha, com uma carreira de 14 álbuns em 25 anos, jamais passou por uma fase difícil: produziu um montão de hits iresistiveis, e deve ser simplesmente o maior vendedor de discos de todo o pop brasileiro, se não me engano.
Seu dvd “MTV Acústico”, conseguiu o fenômeno de ter vendido mais de um milhão de cópias em 2002, e deixou para cada ano subsequente a marca de um dos melhores vendedores do mercado fonográfico até os dias de hoje! O pop do Kid Abelha é simples e eficiente, de qualidade, mas a personalidade de Paula Toller contribiu muito para o sucesso do grupo. Sua imagem de atriz loura francesa “classuda” (como Catherine Deneuve nos anos 60) e sua beleza fria de papel fitrificado, fizeram de Paula Toller um ícone sexy da MPB. Sua voz, que no entanto não a coloca no círculo das virtuoses, seduz por um timbre todo pessoal, que reflete perfeitamente sua aparência. Tudo reside em sua interpretação , que não se arriscará jamais à improvisação, nem tampouco sairá dos trilhos pré-traçados, mas que passa um charme exatamente por essa espécie de distanciamento.
Sem desejar o fim do grupo, Paula resolve desenvolver uma via artística paralela em 1998, com um primeiro álbum solo muito bom, e um segundo trabalho pouco menos de dez anos mais tarde, em 2007, “Só nós”
Esse álbum razoável, assim como o cd /dvd “Nosso”, que acaba então de sair, foram incensados pela crítica de maneira bastante exagerada. Como se a cantora – que também tornou-se um ícone gay – tivesse hipnotizado todo o público masculino. E é verdade, sem dúvida, que seu corpo impressiona, especialmente em se tratando de uma mulher de 46 anos.
Um grande amigo meu e leitor assíduo desse blog, que foi ao tal show do dia 12 de agosto, me fez compartilhar de seu tédio durante o espetáculo. Um tédio que eu já havia pressentido assitindo ao dvd “Nosso”. Tudo é esteticamente perfeito, e estudado milimetricamente; mas em vista de uma platéia já pré-conquistada, a cantora não chega nem a exibir seu carisma. As canções não fogem das versões gravadas, sua presença em cena parece um tanto morna, e a interação com o público é moderada. Só sua entrada em cena é cinematográfica, quando ela então calça seu scarpin de salto alto, instala um leve clima ingênuo-erothique que se dissipa em seguida. E eu prefiro nem comentar a reprise dos clássicos do samba como “E O mundo não se acabou” e “1800 colinas”. Um universo que não é verdadeiramente o dela. Mas podem ficar tranquilos pela bela Paula: o álbum e o dvd já são recordistas de vendas, puxados pelo mix Sáude / Só love, que toca no rádio sem parar...Eis aqui porém, um bom momento do show, e um clipe de 1991 da Paula com os meninos do Kid Abelha


PAULA TOLLER: "Derretendo satélites"
/ KID ABELHA: "Grand Hotel" (clip original)




CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.