mardi 27 janvier 2009

Ninguém resiste à MPB FM !

Noite dos 8 anos da MPB FM, o 26 de novembro 2008.
Ariana de Carvalho (no centro) com Silvia Machete e Fernando Mansur
(foto Daniel A)
(Traduçao do texto francês)
...
Para falar dos grandes clássicos, eu preciso buscar na memória os meus primeiros passos em direção à melhor música do mundo… ( o que não quer dizer nada, posto que a música brasileira não se resume a um estilo por si só, como vocês podem constatar, da mesma forma que não é mais abrangente do que que as músicas francesa ou anglo-saxônica. A MPB é na verdade a soma de todas as músicas que se produzem no Brasil… é simples assim… ).

Eu dizia então… Uma vez que no início dos anos 80 eu estava absorvido pela « new wave » inglesa, pela « cold wave », e até mesmo pelo soul e pelo funk americanos, eu esnobava aqueles discos brasileiros que se escutavam na minha casa, em família. Dentre eles, os famosos álbuns « Vinicius & Toquinho en la Fusa » (1970 / 1971), que reuniam os clássicos de Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho e alguns outros. Em consequencia da minha primeira viagem ao Brasil em 1989 – fruto do acaso – esses dois vinis ( na época ), muito marcadamente, revelaram-se a mim então como as minhas tábuas da lei! Num primeiro momento, então, a Bossa Nova, como acontece para muitos dos iniciantes estrangeiros no conhecimento da música brasileira…
A minha passagem àquela que chamam de MPB tradicional, eu fiz através de um único álbum : « Brazil Classics vol.1 » - 1990 - ( e havia quatro da série ), produzido por David Byrne, na época líder do genial groupo novaiorquino Talking Heads.
Byrne confessava sua genuína paixão pelas músicas do Brasil através desse álbum, através do qual eu eu descobri os grandes ícones da MPB como Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal Costa, e alguns outros… Um verdadeiro choque ! E uma vez colocada a mão, lá se foi o braço inteiro ! Naquela época, era possível encontrar a excelente série de compilações, por artista, sob o nome genérico de « Personalidade », da Polygram. Essa série contava com a direção artística do mais antenado dos bossanovistas - Roberto Menescal – e era fácil de se encontrar aqui perto de nós, na Europa.
Em Bruxelas nós tínhamos – e continuamos tendo – a oportunidade de dispor da grande « Médiathèque » (« Midiateca ») da comunidade francesa do Passage 44, que nos permitia ter acesso a nossas preferências musicais por um baixo custo.
Até onde se saiba, uma viagem ao Rio de Janeiro naquela época – considerando que fui minha primeira parada no Brasil – podia-se sentir uma verdadeira desilusão em termos musicais.
Mas em 1989, a situação era um tanto peculiar… Nada de samba na beira da praia (estávamos no mês de junho, sob o inverno carioca), e nada de bossa nova a cada esquina ou dentro dos bares… A ditadura havia dado seu último suspiro oficialmente em 1984, inflando as velas da liberdade musical rumo a um estilo ainda embrionário o Brasil : o rock.
De maneira ainda muito mal ajambrada, centenas de artistas apareciam no mercado, influenciados pelos modismos ingleses de então : o « punk », a « new wave », e sobretudo o « ska ». É a época dos grupos que mencionei no post sobre a Paula Toller (de 10 de janeiro ).
Ainda em 1989, um golpe de sorte para mim, imaginei : o surgimento da MTV Brasil ! Uma pálida cópia da MTV que recebíamos na Europa, e que dava pouco espaço às produções brasileiras. Breve, musicalmente, sua expressividade era quase nula !
Por parte das grandes estações de rádio, a mesma constatação : a quota era de dois por um – dois títulos anglófonos por um título em português. E isso obedecendo a uma ordem pré-estabelecida : um Phil Collins, um Gun’s and Roses, um Caetano Veloso…um Sting, um Michael Jackson, uma Elis Regina, etc., etc., etc., …Felizmente, depois de um certo tempo, eu descobri o programa (ou a estaçao?), JB do Brasil – nada a ver com a atual JB FM actuel – que se dedicava exclusivamente aos artistas brasileiros. Daí em diante, os anos 90, os quais eu vivenciei plenamente, acertram-se os ponteiros, e passaram a surgir numerosos artistas que viriam a definir essa década como a mais « abrasileirada » musicalmente. Mas este é um outro capítulo apaixonante a esmiuçar posteriormente (mas já visitado nos dois posts de 30 de abril de 2008).
Em novembro passado, uma outra estação dedicada à música brasileira comemorou seus oito anos de existência : a famosa MPB FM (com link aqui). Essa mídia do Rio tornou-se indispensável. A programação dessa rádio evita os estilos ditos « de massa » tais como a música sertaneja, ou os grupos de pagode ou de samba-reggae bons de venda, para divulgar uma música popular de bom gosto. Por outro lado, se formos mais detalhistas, perceberemos que a rádio não se aventura no universo dos grupos ou artistas de um circuito mais alternativo. Para isso, é necessário que nos debrucemos sobre as rádios universitárias. Mas não vamos torcer o nariz. A MPB FM veicula programas que se tornaram clássicos do gênero, como « Expresso MPB », com música ao longo de toda a manhã ; « Sintonia Fina », apresentada pelo sempre antenado jornalista Nelson Motta, que nos apresenta as novidades quentes ; e « Samba Social Clube » volta-se para o samba tradicioanl de qualidade. As transmissões exclusivamente dedicadas à Bossa Nova acontecem geramente nas manhãs de domingo, ou ainda no programa « Palco MPB », que veicula alguma coisa gravada ao vivo no Teatro Rival de Rio de Janeiro, dois dias após o evento.
« Palco MPB » já registra mais de 400 edições, e por elas já fez desfilar todas as estrelas que vocês possam imaginar, além de algumas « promessas », embora todas já possuidoras de algum potencial comercial. A estação engajou-se igualmente na produção de inúmeros shows e eventos musicais, como antigamnete os projetos « Novo Canto », que reuniam artistas consagrados e talentos em desenvolvimento ; e mais recentemente, « Verão do Morro », que dentro desse mesmo conceito, reúne os artistas hoje em cena situados à altura do Pão de Açúcar. Acrescentemos ainda a participação da rádio na produção de diversos dvd’s ; e a partir de dezembro, uma revista bimensal, lançada pela ocasião do aniversário de oito anos da estação.

Nesse 26 de novembro de 2008, a estação de rádio MPB FM, conduzida por sua dinâmica « directrice », Ariana Carvalho, e um de seus apresentadores mais animados, Fernando Mansur, fizeram uma mistura de pratos simples e sofisticados, organizando na grande sala Viva Rio um evento de alta classe… Ou quase.
Numa primeira parte, a apresentação do grupo Doces Cariocas, encabeçado pelo casal Pierre Aderne e Alexia Bontempo, que pode-se considerar um símbolo um tanto apagado da nova geração do Rio. Uma música um tanto afetada, certamente não destinada a salas com capacidade para 5.000 pessoas.
A despeito do grupo, uma mixagem do som execrável, que perdurou pela noite inteira. As composições mais sutis e a apresentação mais convincente de Silvia Machete – a sensação de 2008 no Rio – foram prejudicadas pela mesma razão…
A primeira apresentação de porte da noite, Ney Matogrosso colocou-se em cena a serviço de Inclassificáveis, un de seus shows mais brilhantes (em todos os sentidos) de sua carreira. Em seguida, Seu Jorge, grande vedete da programação da MPB FM em 2008, fechou a noite com um mega concerto, acompanhado por seu grupo – formado por 14 músicos, o conjunto Pesadão - contando com metais, guitarras e percussoes empastelados numa mistura sonora indigesta. Apenas sua energia pessoal nos foi transmitida. Sem dúvida não chegou-se a um equilíbrio nesse mix de estilos musicais tão diferentes ouvidos ali naquela noite. O show « Labiata », de Lenine, alguns dias depois, felizmente, me provou que a qualidade sonora da sala podia ser ôtima, como na maioria das salas do Brasil. Esse fato, a meu ver, nao tem nenhuma equivalência com as melhores salas do resto do mundo.
Depois de Tropicalia (é óbvio !!), a MPB FM está acessível pela internet, veiculando uma programação bastante confiável para se ter uma idéia do que se produz hoje no Brasil em termos de música.
Assim, como repete a jovem rádio em suas chamadas, « ninguém resiste à música brasileira ».

2 commentaires:

Anonyme a dit…

Estava no show...e concordo, o som era horivel!!

Anonyme a dit…

Oi Daniel, os Doces Cariocas, realmente, nao representa o que tem de melhor na MPB de hoje! Esqueça!! Abraço...

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