lundi 29 novembre 2010

António Zambujo, Varanda do Vivo Rio.

António Zambujo, Varanda do Vivo Rio, 26/11 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas

A voz de António Zambujo merece ser classificada como uma das riquezas do patrimônio cultural português. Poucos cantores brasileiros possuem uma tal desenvoltura em sua modulação de voz. E esse dom aparece ainda mais em show.
Vestindo sóbria e elegantemente um terno preto, Zambujo entrou no pequeno espaço da Varanda do Vivo Rio, nessa sexta feira 26 de novembro, e encantou, ao longo de quase uma hora e meia, o público que havia se rendido à causa do nativo de Beja (Alentejo).
Um dos problemas –e esse não foi o menor deles- residiu na escolha do espaço para o concerto : um local particularmente inadequado para esse gênero de apresentação, que requer um mínimo de silêncio ! O palco fica na mesma altura da platéia, e a partir da terceira fileira de mesas já não era possível enxergar muito bem o cantor, sentado atrás de seu violão, durante toda a apresentação.
Em oposição ao que acontece nos clubes de Fado tradicionais, onde os ouvintes param de jantar ao longo do recital, uma vez que o mínimo ruído do serviço é desagradável, o público –embora também bastante chique - comportou-se de forma particularmente inconveniente. Ficou dificil suportar ouvir os copos se chocando com estardalhaço, as latas de bebidas sendo abertas e assim sujando os preciosos silêncios musicais, as mãos futucando bruscamente os baldes de gelo em busca de uma última cerveja, ou até mesmo uma parte da assistência que insista em continuar conversando, ignorando solenemente o show.
Sem falar nos motores do ar condicionado que roncavam para arejar o lugar abafado, ou ainda dos funcionários que continuavam a servir e a solicitar o fechamento das contas pendentes ; isso tudo enquanto Zambujo, imerso em seu universo de delicadeza, demonstrava toda a sua sensibilidade... Eu deixo a critério do leitor julgar se cabe ao artista submeter-se aos hábitos do público para o qual ele se apresenta como visitante, ou se é esse mesmo público que deveria demonstrar um mínimo de respeito para com o artista o qual ele escolheu vir assistir...
Bom, no entanto, parece que esse artista, ele mesmo, não foi atingido por tudo aquilo que me aborreceu tanto pessoalememte ; e à medida em que se desenrolavam suas interpretações, ele começou naturalmente a dominar a platéia distraída, que passou a se disciplinar ao longo do espetáculo.

Jon Luz, um cavaquinho ao lado dum fadista...(foto Daniel A.)

Assim como outros artistas portugueses de sua geração, António Zambujo ultrapassa os limites do fado tradicional, mesmo continuando fiel à sua estética original, como atestam seus dois álbuns lançados no Brasil : « Outro sentido » (2007) e « Guia » (2010). Através desses dois trabalhos (ele já gravou ao todo quatro discos até agora), Zambujo introduziu instrumentos pouco usuais para revisitar os clássicos desse gênero português (Foi Deus, Nem às paredes confesso...), além de tecer laços com o Brasil, ao contar com as colaborações de Rodrigo Maranhão (convidado ao palco, nesse show aqui no Rio, para acompanhar suas composições De mares e Marias e Quase um fado), Pedro Luis, Pierre Aderne (presente na platéia, também no show do Vivo Rio), Roberta Sá, Ney Matogrosso, Ivan Lins e Caetano Veloso- esse último, pródigo em elogios ao artista.
Zambujo relembrou a ida de Vinicius de Moraes a Portugal em 1969, quando então encontrou-se com Amália Rodrigues. E também tomou emprestado do « poetinha » Poema dos olhos da amada (c/ Paulo Soledad), Quando tu passas por mim (c/ Antonio Maria) e Apelo (c/ Baden Powell), com a qual, essa última canção, ele audaciosamente faz uma fusão com a melodia de Fado Perseguição (Carlos da Maia e Avelino de Souza).
Em resumo : o show foi de uma grande beleza, mas ele merece um local digno de acolhê-lo, como acontecerá, sem dúvida, no Bourbon Street de São Paulo, onde António Zambujo se apresenta nesse próximo dia 30 de novembro de 2010, acompanhado de Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Ricardo Cruz (contrabaixo) e Jon Luz (cavaquinho).

António Zambujo, Varando du Vivo Rio.

António Zambujo, Varanda do Vivo Rio, 26/11 (photo Daniel A.)

-texto português em breve

La voix d’António Zambujo est à classer parmi les richesses du patrimoine culturel portugais.! Peu de chanteurs brésiliens possèdent une telle aisance dans la modulation.
Vesti sobrement et élégamment d’un costume noir, Zambujo entra sur la petite scène de la Varanda du Vivo Rio, ce vendredi 26 novembre, et enchanta pendant un peu plus d’une heure et demie le public gagné à la cause du natif de Beja (Alentejo).
L’unique question –et non la moindre- réside dans le choix de l’espace du concert, un lieu particulièrement inadéquat pour ce genre de représentation qui demande un minimum d’écoute ! La scène est à hauteur de l’assistance, et dès le troisième rang des tables, on ne voyait déjà plus le chanteur assis derrière sa guitare durant toute la représentation.
En comparaison avec les clubs de Fado traditionnels, où l’on s’arrête de dîner pendant le récital car le moindre bruit de couvert est malvenu, le public -aussi chic était-il- était particulièrement inconvenant. Il est difficilement supportable d’entendre les cannettes s’ouvrir avec fracas, les mains plonger dans les seaux à glaces à la recherche de la dernière bière, ou une partie de l’assistance continuer à converser, ignorant le show.
Sans parler des turbines qui vrombissaient pour aérer le lieu étouffant, ou encore des serveurs qui continuaient à servir et à demander de régler l’adition pendant que Zambujo, dans son monde de délicatesse, démontrait toute sa sensibilité… Je laisse le lecteur juger de savoir si c’est l’artiste qui doit se plier aux coutumes du public auquel il vient rendre visite, ou si c’est ce même public qui devrait faire montre d’un minimum de respect envers l’artiste qu’il vient voir…
Bon, cependant, il semble que l’artiste lui-même ne se soit pas formalisé de ce qui m’a personnellement déranger et, au fur et à mesure de ses interprétations, il commença à dominer l’assistance distraite qui commença à se discipliner.

...avec Rodrigo Maranhão, Quase um fado (photo Daniel A.)

Comme d’autres artistes portugais de sa génération, António Zambujo dépasse les limites du fado traditionnel tout en restant fidèle à son esthétique, comme en attestent ses deux derniers albums sortis au Brésil : « Outro sentido » (2007) et « Guia » (2010). Dans ces deux travaux (il a enregistré quatre disques depuis 2002), il introduit des instruments peu usuels pour revisiter les classiques du genre portugais (Foi deus, Nem ás paredes confesso), et tisse les liens avec le Brésil en collaborant avec Rodrigo Maranhão (invité sur scène pour ses compositions De mares e Marias et Quase um fado), Pedro Luis, Pierre Aderne (présent dans l’assistance) Roberta Sá, Ney Matogrosso, ou Caetano Veloso, intarissable d’éloges à son sujet.
Il rappela la venue de Vinicius de Moraes au Portugal en 1969, quand il rencontra Amália Rodrigues. Il emprunta d’ailleurs au « poetinha », Poema dos olhos da amada (c/ Paulo Soledad), Quando tu passas por mim (c/ Antonio Maria) et Apelo (c/ Baden Powell) auquel il fusionna audacieusement la mélodie de Fado Perseguição (Carlos da Maia e Avelino de Souza).
En résumé, le show fut d’une grande beauté, mais il mérite un lieu digne de l’accueillir, comme le sera sans doute le Bourbon Street de São Paulo, ou António Zambujo se produit ce 30 novembre 2010, entouré de Bernardo Couto (guitare portugaise), Ricardo Cruz (contrebasse) et Jon Luiz (cavquinho)

dimanche 28 novembre 2010

Tropicalia MPB 66 (part 2): Cantoras 2010





Photo/ foto: ARÍCIA MESS

Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 27/11. Como foi indicado no post antérior, este episódio foi gravado no Rio de Janeiro no dia 26/11.
Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 27/11, sur Radio Judaica. Comme indiqué dans le post antérieur, cet épisode fut enregistré à Rio de Janeiro, le 26/ 11.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

VANESSA DA MATA : « Bolsa de grife » (Vanessa da Mata)
MONIQUE KESSOUS : « Repara » (Monique Kessous)
ANA CLARA HORTA : « Primavera » (Ana Clara Horta/ Rodrigo Cascado)
ALINE CALIXTO : « Faz o seguinte » (Renegado )
MARIENE DE CASTRO : « Raiz » (Roberto Mendes/ J.Velloso)
MARIA BETHÂNIA : « Reconvexo » (Caetano Veloso)
SIMONE : « Lá vem a baiana » (Dorival Caymmi)
LEILA PINHEIRO : « Espelhos das águas » (Tom Jobim)
TERESA CRISTINA (c/ Conjunto Época de Ouro) : « Para ver as meninas » (Paulinho da Viola)
ANTONIA ADNET : « Discreta » (Antonia Adnet/ Jaão Cavalvanti)
GLAUCIA NHASSER : « O Começo do infinito » (G. Nahsser/ T. Vienna/ C. Careqa)
ARÍCIA MESS : « Hora boa » (Arícia Mess/ Suely Mesquita)
SUELY MESQUITA : « Zona e progresso » (Arícia Mess/ Pedro Luis/ Suely Mesquita)
THAÍS MOTTA : « Ai de mim » (Marcos Pinheiro/ Chico Alvez)

vendredi 26 novembre 2010

Quinta feira 25/11 : Tropa de Elite em 3D, Eliane Faria, e Lenine na Lapa.

Lenine, Arcos da Lapa 25/11 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

Com um certo cinismo, pode-se dizer que a situação caótica que reina sobre o Rio de Janeiro traz à tona um clima adequado para se curtir o filme « Tropa de Elite 2 ». Em períodos de ansiedade, é sempre bom a gente ter heróis a quem recorrer.
Por outro lado, pode-se considerar também que não há razão para enfiar-se numa sala escura... A realidade ultrapassa a ficção, e as imagens que se desenrolam em série através dos canais de Tv (com esse formato bem « CNN », de apelar para um tom alarmista a fim de manter a audiência) pareceram bem mais frias do que aquelas que contam a saga do Capitão Nascimento, o protagonista do filme que está prestes a se tornar o maior sucesso do cinema brasileiro desses últimos 20 anos (ainda faltam 700 mil espectadores para desbancar « Dona Flor & seus dois maridos »).
O site Globoonline lançou ontem, 25 de novembro, em sua homepage, a manchete « Guerra do Rio », apoiada pelas imagens dos blindados e pelo ruído dos helicópteros que sobrevoavam os diferentes bairros da « Cidade » que não tem no momento lá muita coisa de « Maravilhosa »…
Bom, mas esse não é o assunto central do blog, mas é útil que se contextualize esse clima, para explicar a influência que esses eventos têm sobre a vida cultural. Ainda cinicamente... As crianças ficaram contentes ao ver as escolas fechando seus potões por um tempo, e o trânsito nunca fluiu tão bem como ontem à noite. Em contrapartida, os ensaios das escolas de samba foram momentaneamente suspensos ; assim como certos eventos culturais foram cancelados. As pessoas simplesmente têm medo de sair.

Ontem à noite (quinta, 25 de novembro), uma nova tentativa de encarar uma dose dupla de shows. Como aperitivo ao espetáculo de Lenine nos Arcos da Lapa, eu tinha então chegado ao bar Cariocando para assistir a uma roda de samba conduzida por Eliane Faria, filha de Paulinho da Viola. Chegando ao local, o garçon me alertou que a roda não estava garantida, uma vez que uma centena de pessoas havia cancelado suas reservas pelas razões explicadas acima.
Dito isso, para aqueles que venham a passar pelo Rio, eu recomendo esse local encravado no bairro do Catete, que nos transporta à idade de ouro de um « Rio de amor que se perdeu » (vide Carta ao Tom 74). Depois de alguns momentos de hesitação, os músicos começaram a tocar, e diante de 6 pessoas (vosso criado aqui incluído), perceberam que, afinal de contas, nós estávamos lá para nos divertir. E eu posso confirmar que, mesmo a seis, nós conseguimos realmente nos divertir, e simplesmente ignorar a televisão que transmitia os horrores do dia, saindo vitorioso o ritmo do samba...



Com relação a Lenine, também lá não compareceu uma multidão, com a chuva não colaborando muito com a situação. Mas mesmo assim, o grande artista de Pernambuco nos prestou um grande serviço, baseando o show em sua mais recente tournée : « Labiata ».
Em cena, Lenine continua um felino incontrolável, apoiado por um som agressivo que lança acordes por vezes no limite da dissonância harmônica. Um artista sem concessões, a despeito de seu sucesso já absolutamente consolidado...
Nessa última quinta 25 de novembro, Lenine foi o primeiro (junto com o rapper mineiro Renegado na primeira parte do seu espetáculo) a abrir a série de shows do evento « Brasilidade », que ainda dará espaço, sucessivamente, no centro da cidade, a Arnaldo Antunes, Cachorro Grande, Céu, Otto, Adriana Calcanhotto, Wilson das Neves, Zeca Baleiro, Nei Lopes, Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz, Egberto Gismonti, e ainda muitos outros... Para os curiosos, as informações encontram-se nesse site...

Jeudi 25/11 : Troupe d’Elite en 3D, Eliane Faria, et Lenine à Lapa.

Lenine, Arcos da Lapa, 25/11 (photo Daniel A.)
-português em breve

Avec un certain cynisme, on pourrait dire que la situation chaotique qui règne sur Rio de Janeiro tombe à point nommé pour le film « Tropa de Elite 2 ». En période d’angoisse, il est toujours bon de se trouver des héros.
D’un autre côté, on pourra se dire aussi qu’il n’y a plus de raison de se rendre dans les salles obscures…La réalité dépasse la fiction, et les images qui passent en boucles sur les chaînes (avec cette manière bien « CNN » de prendre le ton alarmiste pour maintenir l’audience) font bien plus froid dans le dos que celles des aventures du Capitaine Nascimento, le protagoniste du film qui s’avère être le plus gros succès du cinéma brésilien de ses 20 dernières années.
Le Globo on line titrait hier, 25 novembre, « Guerre à Rio », étayé par les images de blindés et le bruits des hélicoptères qui survolent les différents quartiers de la « cidade » qui n’a plus grand chose de « maravilhosa »
Mais bon, ce n’est pas le sujet central du blog, mais il est utile d’installer le climat pour expliquer l’incidence que ces événements ont sur la vie culturelle. Cynisme encore…Les enfants furent heureux de voir les écoles se fermer pour un temps, et le trafic routier n’a jamais été aussi fluide, le soir. En contrepartie, les « ensaios » (répetitions) des écoles de samba furent momentanément suspendues, et certains événements culturels furent annulés. Les gens ont tout bonnement peur de sortir...

Hier soir
(jeudi, 25 novembre), nouvelle tentative de double dose de shows. En apéritif de Lenine aux arches de Lapa, j’avais mis le cap sur le bar Cariocando pour assister à une « roda de samba » menée par Eliane Faria, fille de Paulinho da Viola. Arrivé sur place, le garçon me signale que la roda n’était pas garantie, car une centaine de personnes avaient annulé leurs réservations pour les raisons expliquées plus haut.
Ceci dit, pour ceux qui passeraient par Rio, je recommande l’endroit lové dans le quartier de Catete, qui nous transporte à l’âge d’or d’un « Rio d’amour qui s’est perdu » (cf Carta ao Tom 74). Après quelques moments d’hésitation, les musiciens commencèrent à jouer, et Eliane, devant 6 personnes (votre serviteur inclus), commenta que, tout compte fait, on était là pour s’amuser. Et je confirme que même à six, on parvient à s’amuser, et à délaisser la télévision qui passe les horreurs du jour, pour battre le rythme de la samba…..



Pour Lenine aussi, ce n’était pas la grande foule, la pluie n’arrangeant pas la situation. Mais même ainsi, le grand artiste du Pernambuco nous a sorti une grande prestation, basée sur sa dernière tournée « Labiata ».
Sur scène, Lenine reste un fauve incontrôlable porté par un son agressif qui délivre des accords parfois à la limite de la dissonance harmonique. Un artiste sans concession, malgré son succès bien établi…
En ce jeudi 25 novembre, il fut le premier (avec le rappeur mineiro Renegado en première partie) à ouvrir la série de shows de l’événement « Brasilidade », qui verra encore se succéder au centre ville, Arnaldo Antunes, Cachorro Grande, Céu, Otto, Adriana Calcanhotto, Wilson das Neves, Zeca Baleiro, Nei Lopes, Letieres Leite e Orckestra Rumpilezz, Egberto Gismonti, et bien d’autres…Pour les curieux, les informations se trouvent sur ce site

jeudi 25 novembre 2010

Pocket show de Zeca Baleiro no Rio Scenarium.

Zeca Baleiro, Rio Scenarium, 22/11 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

Cheio de boa vontade, eu havia decidido tomar uma dose dupla, nessa terça 23 de novembro, para compensar o tempo perdido. No programa : chegar ao Rio Scenarium às 20 :00 h, para assistir ao pocket show de Zeca Baleiro organizado pela rádio JB FM, para logo em seguida emendar com Domenico Lancellotti (músico de Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Orchetra Imperial, Fino Coletivo, +2…) que se apresentava no Solar de Botafogo às 22 :00 h, acompanhado de Pedro Sá, Davi Morais, Alberto Continento, e Claudio Andrade, com o intuito de mostrar em primeira mão as composições de seu álbum a ser lançado em 2011 : « Cine Privé ».
Muito bem ; mas então vejam só... O show de Baleiro começou atrasado (o que era previsto), mas o de Domenico começou na hora certinha (o que não era tão previsto assim !). Resultado : uma vez chegando a Botafogo, o show de Domenico havia começado já fazia um bom tempo, chegando ao fim…

Seguindo uma fórmula idêntica à do projeto Palco MPB (da rádio MPB Fm), a apresentação de Zeca alternava entrevistas com blocos de três a quatro canções. O espetáculo foi em torno dos dois álbuns do maranhense, lançados esse ano -« Trilhas » e « Concerto »- bem como da coletânea literária « Bala de agulha », sendo tudo isso lançado num pacote para os 13 anos de carreira do artista, intitulado « Você vai ter que me engolir » ; expressão essa inspirada numa célebre frase de Mário Zagallo.
Acompanhado do excelente –e fiel- guitarrista Tuco Marcondes, Zeca mostrou algumas composições de seus últimos trabalhos, e fez a alegria do público ao retomar Bola dividida, Telegrama, Babylon, ou ainda Vai de Madureira. Esse simpático pocket show foi infelizmente completamente prejudicado por um som ambiente execrável, digno de alto falantes de um mercado popular do Nordeste (nada contra os mercados populares do Nordeste !).
Nós teremos, no entanto, a oportunidade de rever o artista em outras condições, na próxima terça feira (30/11), no Largo da Carioca, ainda como parte da grade de eventos multidisciplinares promovidos pelo projeto do Ministério da Cultura denominado « Brasilidade »…

Pocket show de Zeca Baleiro au Rio Scenarium.

Zeca Baleiro et Tuco Marcondes,
Rio Scenarium, 22/11 (Photo Daniel A.)

-português em breve

Plein de bonne volonté, j’avais décidé de mettre les bouchées doubles, ce mardi 23 novembre, pour rattraper le temps perdu. Au programme : se rendre au Rio Scenarium, à 20 heures, pour assister au pocket show de Zeca Baleiro organisé par la radio JB FM, pour ensuite enchaîner avec Domenico Lancellotti (musicien de Adriana Calcanhotto, Caetano Veloso, Orchetra Imperial, Fino Coletivo, +2…) qui se produisait au Solar de Botafogo à 22heures, accompagné de Pedro Sá, Davi Morais, Alberto Continento, et Claudio Andrade, pour montrer en primeur les compositions de son album à venir pour 2011, « Ciné privé ».
Seulement voilà…Le show de Baleiro commença en retard (ce qui était prévisible), mais le show de Domenico commença à l’heure prévue (ce qui ne l’était pas du tout !). Résultat, une fois arrivé à Botafogo, le show de Domenico avait commencé depuis un bon moment…

Dans une formule identique à Palco MPB (de la radio MPB Fm), la présentation de Zeca alternait interview avec quelques blocs de trois ou quatre chansons. Il fut question des deux albums du Maranhense (originaire de l’état du Maranhão) sortis cette année -« Trilhas » et « Concerto »- ainsi que du recueil « Bala de agulha », le tout sorti dans un paquet intitulé « Você vai ter que me engolir » ( « vous allez devoir me supporter (m’avaler) », d’une phrase célèbre de Mário Zagallo, ex-entraîneur de la seleção).
Accompagné de l’excellent guitariste Tuco Marcondes, Zeca montra quelques compositions de ses derniers travaux, et fit le bonheur du public présent en reprenant Bola dividida, Telegrama, Babylon, ou encore Vai de Madureira. Ce pocket show sympa fut, hélas, complètement abîmé par une sono exécrable, digne d’un marché populaire nordestin (rien contre les marchés populaires nordestins !).
On aura cependant l’occasion de revoir l’artiste dans d’autres conditions, dès mardi prochain (30/11), sous les arches de Lapa, toujours dans le cadre de l’évènement multidisciplinaire « Brasilidade »…

Wilson das Neves no Solar de Botafogo.

Wilson das Neves, Solar de Botafogo, 22/11 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas

Como eu havia anunciado ao vivo no último programa Tropicália, finalmente optei por escolher o caminho que leva ao Solar de Botafogo, para lá assistir a Wilson das Neves, nessa segunda 22 de novembro.
Já não era sem tempo... Eu estava às portas de estabelecer um recorde, ao quase completar uma semana inteira sem assistir a um show em terras brasileiras. E esse espetáculo, que poderia parecer apenas uma suave amostra para matar minha sede mais imediata, mostrou-se na realidade uma excelente noite musical ; muito consistente.
Não satisfeito em ter sido o baterista que acompanha nomes de prestígio tais como Chico Buarque, Roberto Carlos, Elza Soares, João Donato, Tom Jobim, Ney Matogrosso, João Bosco, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina- e eu aqui omito muitos outros- Wilson das Neves é também o autor de clássicos dentre os quais o mais emblemático ainda seja talvez O Samba é meu dom (c/ Paulo César Pinheiro), com o qual ele abriu a noite. Em seguida, ele se atém a apresentar uma sequência do repertório de seu excelente álbum « Pra gente fazer mais um samba », lançado em julho desse ano.
Mas é como crooner elegante –de uma voz firme, sustentando particularmente bem cada nota- que o músico de 74 anos se apresentou frente a pouco mais do que uma centena de pessoas. De uma elegância tal, que o leva a evocar, entre cada canção, os grandes letristas que adornaram suas próprias composições ao longo de seus 50 anos de carreira. Um exercício louvável que poderia revelar-se aborrecidamente sistemático, se o homem de olhar travesso não fosse munido de um humor particularmente afiado, pinçando daqui e dali algumas anedotas picantes e saborosas...
Aqueles que lá estiveram, em muito se alegraram... E quanto aos ausentes, poderão ainda ver « mestre Wilson » na próxima segunda, dia 29, às 19 :30 h, nos Arcos da Lapa, dentro da grade de eventos multidisciplinares denominado « Brasilidade»

mercredi 24 novembre 2010

Wilson da Neves au Solar de Botafogo.

Wilson das Neves, Solar de Botafogo, 22/11 (photo Daniel A.)

-texto português em breve


Comme je l’annonçais en direct dans le dernier Tropicalia, j’avais finalement choisi de prendre le chemin du Solar de Botafogo pour y voir Wilson das Neves, ce lundi 22 novembre.
Il était temps… J’étais proche d’établir un record, en complétant une semaine sans show en terre brésilienne. Et ce qui pouvait paraître comme juste une gentille prestation pour étancher ma soif, s’avéra en réalité une excellente soirée musicale très consistante.
Non content d’être le batteur qui accompagna dans noms aussi prestigieux que Chico Buarque, Roberto Carlos, Elza Soares, João Donato, Tom Jobim, Ney Matogrosso, João Bosco, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina et j’en passe des dizaines d’autres, Wilson das Neves est aussi l’auteur de classiques dont le plus emblématique reste peut être O Samba é meu dom (c/ Paulo César Pinheiro), titre avec lequelle il entama la soirée. Il s’attela ensuite à présenter une partie du répertoire de son excellent album « Pra gente fazer mais um samba », sorti en juillet dernier.
Mais c’est en crooner élégant -d’une voix sûre, tenant particulièrement bien la note- que le musicien de 74 ans s’est présenté devant à peine plus d’une centaine de personnes. Une élégance qui le mena à évoquer, entre chaque chanson, chacun des grands paroliers qui ont habillé ses propres compositions au long de ses 50 années de carrière. Un exercice louable qui aurait pu s’avérer systématique, si l’homme au regard mutin n’était pas armé d’un humour particulièrement affûté, évoquant ça et là, quelques anecdotes piquantes et savoureuses…
Ceux qui étaient là se sont réjouis… Et quant aux autres, ils pourront voir encore « maître Wilson » lundi prochain à 19h30, aux « arcos da Lapa », dans le cadre de l’événement multidisciplinaire, « Brasilidade ».

"O Samba é meu dom" par Fabiana Cozza

mardi 23 novembre 2010

Tropicalia MPB 66 (part 1)






Nilze Carvalho, nouvel album "O Que é meu" (photo Daniel A.)

Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 23/11. Como foi indicado no post antérior, este episódio foi gravado no Rio de Janeiro no dia 22/11.
Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 23/11, sur Radio Judaica. Comme indiqué dans le post antérieur, cet épisode fut enregistré à Rio de Janeiro, le 22/ 11.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

FINO COLETIVO : « A Coisa mais linda do mundo » (Alvinho Cabral)
LENINE : « Sob o mesmo céu » (Lenine/ Lula Queiroga)
NILZE CARVALHO : « Banho de manjericão » (João Nogueira/ P.C. Pinheiro)
LUIZ MELODIA : « Ébano » (Luiz Melodia)
MARCELO D2 : « Bicho ferroz » (C. Inspiração/ Tonho)
DONA IVONE LARA & BRUNO CASTRO : « Noites de magia » (D. Ivone Lara/ Délcio Carvalho/ Bruno Castro)
JOÃO DONATO E PAULA MORELENBAUM : « Ahié » (J. Donato/ P.C. Pinheiro)
ANTÓNIO ZAMBUJO : « Guia » (Pierre Aderne/ Marci Faraco)
PEDRO ABRUNHOSA : « Rei do Bairro Alto » (Pedro Abrunhosa)
TIHUANA : « Tropa de elite » (Roman / Egypcio/ Leo/ PG/ Jonny/ Baia)
SKANK : « É uma partida de futebol » -ao vivo-(Samuel Rosa/ Nando Reis)
ZE MENEZES : « Gafieirando » (Zé Menezes)
MARCOS SACRAMENTO : « Na cabeça » (Luiz Flávio Alcofra/ Marcos Sacramento)
WILSON DAS NEVES : « Estava faltando você » (Wilson das Neves/ Nilze/ Carvalho)

vendredi 19 novembre 2010

« Tropicália MPB » viaja…


-texte français plus bas...

Com o sucesso exponencial obtido pela transmissão do programa Tropicália MPB –ao vivo ou em podcast- passou a ser impossível para mim imaginar fazer uma pausa em função dessa minha nova viagem brasileira. Uma única solução, então, me ocorreu : Tropicália MPB viajará junto comigo ! O programa será gravado tanto num estúdio em Ipanema (Rio de Janeiro) quanto noutro em Vila Mariana (São Paulo) ; e será então enviado em seguida, « presto », à Rádio Judaica, em Bruxelas, a partir de onde ele será transmitido no horário habitual das segundas à noite...
E naturalmente vocês vão encontrá-lo aqui no blog, e também no site de podcast Podomatic, como sempre. Esta será a oportunidade de tornar o programa mais vivo, produzido no coração da atualidade musical, tanto a nível discográfico, quanto no que diz respeito aos shows aos quais eu terei podido assistir.
Dentre a grande quantidade de novos álbuns, eis aqui alguns que vocês poderão descobrir e curtir (ao mesmo tempo que eu, na verdade). A esses, muitos outros se seguirão...

Paula Morelenbaum & João Donato : « Água » (Biscoito fino)
Dona Ivone Lara & Bruno Castro : « Nas escritas da vida » (Sony music)
Paulo Rafael : « Alado » (ind.)
Vanessa da Mata : « Bicicletas, bolos e outras alegrias » (Sony music)
Lenine : « Lenine.doc/ Trilhas » (Universal)
Trilha « Tropa de elite 2 » (EMI)
Lulu Santos : « Acústico II » (Universal)
Carlinhos Brown : « Diminuto » & « Adobro » (Sony music)
Zeca Pagodinho : « Vida da minha vida » (Universal)
Varios : « Quando o carnaval chegar, uma lírica de Fausto Nilo » (Biscoito fino)
Edgard Scandurra : « Ao vivo » (Tv cultura)
Monique Kessous : « M.K. » (Sony music)
Zé Renato & Renato Braz : « Papo de passarim » (ind.)
Skank : « Mutishow ao vivo, no Minerão » (Sony music)
Clara Sandroni : « Gota pura » (Biscoito fino)
Maria Bethânia : « Amor festa devoção, ao vivo » (Biscoito fino)
Simone : « Em boa companhia » (Biscoito fino )
Marcelo D2 : « MD2 canta Bezerra da Silva » (EMI)
Milton Nascimento : « …E a gente sonhando » (EMI)
Mariene de Castro : « Santo de casa ao vivo » (Universal)
Ana Clara Horta : « Orbita » (Biscoito fino)
Elba Ramalho : « Mara zero ao vivo » (Biscoito fino)
Nando Reis e os Infernais : « Bailão do ruivão » (Universal)
Zé Menezes : « Regional de choro » (Abz digital)

Et bien d’autres choses/ e muito mais…

jeudi 18 novembre 2010

« Tropicalia MPB » voyage…


Avec le succès exponentiel rencontré par l’émission Tropicalia MPB –en direct ou en podcast- il m’était impossible d’imaginer faire une pause dû à ce nouveau voyage brésilien. Une seule solution donc…Tropicalia MPB voyagera avec moi…
Le programme sera enregistré dans un studio à Ipanema (Rio de Janeiro) et Vila Mariana (São Paulo), et sera ensuite envoyé illico presto à Radio Judaïca Bruxelles, où il passera en direct aux heures habituelles du lundi soir…
Et bien sûr vous le retrouverez sur ce blog et sur le site de podcast Podomatic, comme à chaque fois. Ce sera l’occasion de rendre le programme plus vivant, au cœur de l’actualité musicale, tant au niveau discographique que des concerts auxquels j’aurai pu assister.
Parmi la grande quantité de nouveaux albums, en voici quelques-uns que vous pourrez découvrir (en même temps que moi, en réalité). Bien d’autres suivront…

Paula Morelenbaum & João Donato : « Água » (Biscoito fino)
Dona Ivone Lara & Bruno Castro : « Nas escritas da vida » (Sony music)
Paulo Rafael : « Alado » (ind.)
Vanessa da Mata : « Bicicletas, bolos e outras alegrias » (Sony music)
Lenine : « Lenine.doc/ Trilhas » (Universal)
Trilha « Tropa de elite 2 » (EMI)
Lulu Santos : « Acústico II » (Universal)
Carlinhos Brown : « Diminuto » & « Adobro » (Sony music)
Zeca Pagodinho : « Vida da minha vida » (Universal)
Varios : « Quando o carnaval chegar, uma lírica de Fausto Nilo » (Biscoito fino)
Edgard Scandurra : « Ao vivo » (Tv cultura)
Monique Kessous : « M.K. » (Sony music)
Zé Renato & Renato Braz : « Papo de passarim » (ind.)
Skank : « Mutishow ao vivo, no Minerão » (Sony music)
Clara Sandroni : « Gota pura » (Biscoito fino)
Maria Bethânia : « Amor festa devoção, ao vivo » (Biscoito fino)
Simone : « Em boa companhia » (Biscoito fino )
Marcelo D2 : « MD2 canta Bezerra da Silva » (EMI)
Milton Nascimento : « …E a gente sonhando » (EMI)
Mariene de Castro : « Santo de casa ao vivo » (Universal)
Ana Clara Horta : « Orbita » (Biscoito fino)
Elba Ramalho : « Mara zero ao vivo » (Biscoito fino)
Nando Reis e os Infernais : « Bailão do ruivão » (Universal)
Zé Menezes : « Regional de choro » (Abz digital)

Et bien d’autres choses/ e muito mais…

dimanche 14 novembre 2010

TROPICALIA MPB 65 (part 2)




Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 08/11. Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 08/11, sur Radio Judaica.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

DANIELA MERCURY & CARMEN MIRANDA : « O Que é que a baiana tem » (Dorival Caymmi)
ALCIONE : « O Sonho acabou » (Gilberto Gil)
ADRIANA PEIXOTO : « De cabeça pro baixo » (Dalmo Medeiros)
ANDRE ABUJAMRA : « O Amor é dificil » (A. Abujamra/ E. Mesquita)
JOÃO BOSCO : « Jimbo no jazz » (João Bosco/ Nei Lopes)
SOCORRO LIRA & GERALDO AZEVEDO : « Lua bonita » (Zé do Norte/ Zé Martins)
GERALDO AZEVEDO : « Ai que saudade d’ocê » (Vital Faria)
QINHO : « Mais de uma janela » (Qinho/ Botika)
JULIANA KEHL : « Rede de varanda » (Juliana Kehl)
ANA CAÑAS (c/ Arnaldo Antunes) : « Na multidão » (Liminha/ A. Antunes/ Ana Cañas)
TIÊ : « Assinado eu » (Tiê)
LUDOV : « Mecanismo » (H. Lima/ M. Motoki)
RONEY JORGE E OS LADROES DE BICICLETA : « Você sabe dessas coisas » (Roney Jorge)
KARINA BUHR : « Eu menti pra você » (Karina Buhr)

vendredi 12 novembre 2010

Guinga no CCB de Lisboa.

Guinga no CCB, 10/11, Lisboa (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

No bairro de Belém, entre o célebre Mosteiro dos Jerônimos e o Monumento dos Descobridores, situado às margens do Rio Tejo, encontramos o imponente Centro Cultural de Belém, que impressiona por seus pontos de fuga e suas linhas retas, e cujo rigor da forma é atenuado por um jogo de planos inclinados e pelo tom bege das pedras calcáreas.
Foi dentro desse CCB que se apresentou, nesse último dia 10 de novembro, o músico brasileiro Guinga, acompanhado por dois outros virtuoses que são Lula Galvão (violão) e o italiano Gabriele Mirabassi (clarineta), para o show intitulado « Casa de Vila ».
Uma bela surpresa sobre a qual eu tomei conhecimento em cima da hora nesse primeiro dia de trânsito pela capital portuguesa –mais bela do que nunca, nesse período pré natalino- antes de me lançar à fornalha sul americana, na próxima semana.

Patio do CCB (foto Daniel A.)

Na verdade, o concerto de Guinga representou um « pequeno grande » acontecimento em si. Bastante surpreendente, esse grande compositor e violonista, que já participou de inúmeros festivais para além de suas fronteiras, nunca havia, até então, tocado em Portugal. E sem qualquer demagogia, o artista, que é de uma natureza francamente tímida, evocou sua vinda até cá com emoção : « Eu já toquei no mundo inteiro, inclusive na Europa , particularmente na Itália ; e eu nunca senti o que estou sentindo agora... Eu visitei a cidade, e experimentei alguma coisa difícil de definir, mas que me fez compreender melhor meu próprio país., a minha cultura, de onde venho.. Por favor, me convidem mais vezes ! », disse ele dirigindo-se ao Senhor Mario Vilalva, o novo embaixador do Brasil em Lisboa, que acabava de assumir suas funções alguns dias antes do espetáculo. Um Embaixador muito à vontade, que não hesitou em subir ao palco para apresentar o músico, tal qual um organizador do evento. Cabe mencionar que a Embaixada, ela mesma, foi uma parte importante envolvida na organização do concerto. Daí um público em sua maioria mais austero (terno e gravata dominavam a platéia), esse que veio assistir à apresentação especial do artista que completava seus 60 anos, sendo que 30 dos quais dedicados à carreira.

Gabriele Mirabassi, 10/11, CCB Lisboa (foto Daniel A.)

Alternando as linhas melódicas com Lula Galvão e Gabriele Mirabassi, Guinga revisita seus dez álbuns studio (que se estemdem de 1991 a 2009) em uma quinzena de títulos dentre os quais não poderiam faltar Cheio de dedos, Catavento e girassol, Cine baronesa e Senhorinha ; esse último, um dos raros cantados pelo violonista.
Em resumo : foi uma « soirée chic » (e nada cara !) ; e com um concerto que, no Brasil, a gente classificaria como um « biscoito fino »

Pequeno lembrete : nascido no Rio de Janeiro em 1950, Guinga (cujo verdadeiro nome é Carlos Althier Lemos Escobar) já acompanhou artistas como Clara Nunes, Beth Carvalho, Alaide Costa, Cartola e João Nogueira.
Ele também já compôs para Elis Regina, Michel Legrand, Sérgio Mendes, Leila Pinheiro, Chico Buarque, Ivan Lins… E colaborou com autores do calibre de Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Chico Buarque, Nei Lopes, Francisco Bosco, Mauro Aguiar... e muitos outros... Um currículo que dispensa maiores comentários

Guinga au CCB de Lisbonne.

Guinga, 10/11, CCB Lisboa (photo Daniel A.)
-texto português em breve

Dans le quartier de Belém, entre le célèbre Monastère des Hiéronymites (Mosteiro dos Jeronimos) et le monument des Grands Navigateurs (monumento dos Descobridores) situé sur le Taje, on trouve l’imposant Centre Culturel de Belém qui impressionne par ses points de fuites et ses lignes droites dont la rigueur est atténuée par un jeu de plans inclinés et le ton beige des pierres de pays.
C’est dans ce CCB que se produisait, ce 10 novembre, Guinga, accompagné par les autres virtuoses que sont Lula Galvão (guitare) et Gabriele Mirabassi, pour le show intitulé « Casa de Vila ». Une belle surprise dont je pris connaissance en dernière minute pour ce premier jour de transit dans la capitale portugaise -plus belle que jamais dans cette période pré natale- avant de me plonger dans la fournaise sud américaine, la semaine prochaine.

La cour centrale de Centro Cultural de Belém (photo Daniel A.)

En réalité, le concert de Guinga représentait un petit événement en soi.
Assez étonement, ce grand compositeur et guitariste, qui a participé à de nombreux festivals hors de ses frontières, n’avait jamais joué au Portugal. Et sans démagogie aucune, l’artiste, qui est de nature franchement timide, évoqua sa venue avec émotion : « J’ai joué dans le monde entier et en Europe, particulièrement en Italie, et je n’ai jamais ressenti ce que je ressens maintenant…J’ai visité la ville, et j’ai vécu quelque chose d’indéfinissable qui me fait mieux comprendre mon propre pays…S’il vous plaît, invitez-moi encore ! », dit-il en s’adressant à Monsieur Mário Vilalva, le nouvel Ambassadeur du Brésil en place à Lisbonne, qui venait de prendre ses fonctions quelques jours auparavant. Un Ambassadeur très à l’aise, qui n’a pas hésité à monter sur scène pour présenter le musicien, tel un organisateur d’événement. Il faut dire que l’Ambassade, elle-même, était partie prenante dans l’organisation du concert. De là, un public plutôt guindé (les costumes-cravates dominaient) venu assisté à la représentation de l’artiste qui fêtait ses 60 ans, dont 30 années de carrière.

Lula Galvao, CCB Lisbao, 10/11 (photo Daniel A.)

Alternant les lignes mélodiques avec Lula Galvão et Gabriele Mirabassi, Guinga revisita ses dix albums studio (qui s’étalent de 1991 à 2009) en une quinzaine de titres parmi lesquels ne pouvaient manquer Cheio de dedos, Catavento e girassol, Cine baronesa ou Senhorinha, un des rares titres chantés par le guitariste.
En résumé, ce fut une soirée chic (et pas cher !), et un concert que l’on qualifierait au Brésil de « biscoito fino » (biscuit fin)…

Petit rappel : né à Rio de Janeiro en 1950, Guinga (de son vrai nom, Carlos Althier Lemos Escobar) a accompagné des artistes tel que Clara Nunes, Beth Carvalho, Alaíde Costa, Cartola, João Nogueira.
Il a également composé pour Elis Regina, Michel Legrand, Sérgio Mendes, Leila Pinheiro, Chico Buarque, Ivan Lins….Et a collaboré avec des auteurs du calibre de Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Chico Buarque, Nei Lopes, Francisco Bosco, Mauro Aguiar…et beaucoup d’autres…Un tel curriculum se dispense de tout commentaire…

mardi 9 novembre 2010

TROPICALIA MPB 65 (part 1)




Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 08/11. Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 08/11, sur Radio Judaica.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

ED MOTTA : « Pique nique » (Ed motta/ Edna Lopes)
PAULA MORELENBAUM : « Escrúpulo » (Lenine/ Lula Queiroga)
JORGE VERCILLO : « Verdade oculta » (Jorge Vercillo)
SIMONE : « Certas noite » (Dé Palmeira/ Adriana Calcanhotto)
ANTONIO VILLEROY & TERESA CRISTINA : « A Flor que eu te dei » (Antonio Villeroy)
VERÔNICA FERRIANI : « Perder e ganhar » (Paulinho da Viola)
VINICIUS DE MORAES, TOQUINHO, MARIA BETHÂNIA : « Apelo » (Baden Powell/ Vinicius de Moraes)
ANTÓNIO ZAMBUJO : « Apelo » (Baden Powell/ Vinicius de Moraes/ C. da Maia/ A. de Souza)
TATIANA PARRA : « Abrindo a porta » (Pedro Altério/ Pedro Viáfora)
DÉLIA FISHER (c/ Hermeto Pascoal) : « Das plantas » (Délia Fisher/ Thiago Pecchi)
HERMATO PASCOAL : « Intocável » (H. Pascoal)
DAVI MORAIS : « Na massa » (Davi Morais/ Arnaldo Antunes)
OS PICASSOS FALSOS : « Rua do desequilíbrio » (Humberto Effe)
PÍFANOS DE CARUARU : « Vida de viajante » (Luiz Gonzaga/ Hervé Cordovil)

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.