vendredi 27 juin 2008

Tom Jobim desrespeitado…

"Brasileiro", caixinha barata mas ordinaria.

A Primeira caixa - homenagem de cd’s que adquiri foi aquela dedicada à primeira década da carreira do
Gilberto Gil, « Ensaio geral », de 1998. Continha os 6 primeiros discos do baiano, com faixas extras, além de 4 álbuns inéditos e um cd bônus exclusivo. Enfim, a totalidade de todo o material gravado entre 1967 e 1977. Um contéudo precioso numa caixa na forma e no tamanho de um vinil, com um belissimo livro ilustrado de 36 páginas. Um objeto luxuoso e caro, que suponho não proporcionar uma grande margem de lucro às gravadoras. Seguiram-se então outras caixas daquele tipo, dedicadas às obras de Caetano Veloso, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Elis Regina, Nara Leão, Clara Nunes, Elza Soares, Wilson Simonal, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Baden Powell e Zé Ramalho, só para citar as mais caprichadas. Este ano ainda, esperamos com impaciência « Cameleão », com todos os albuns do Ney Matogrosso, a partir da sua saída dos ‘Secos e Molhados’, em 1974.
Em relação a esse tipo de produto, o mercado fonográfico já havia perdido, em 2007, a oportunidade de celebrar os 80 anos que teria completado o Mestre soberano, Antônio Carlos Jobim (1927-1994). Pois bem, este ano, com a comemoração dos 50 anos da Bossa Nova, a oportunidade apresentou-se novamente... em vão. E não me falem dessa caixinha, baratinha mas ordinaria, feita de papel grosso, com design inexistente, bom apenas para embrulhar biscoitos aperitivos (nem dos mais finos), como também um livreto sem as informações realmente importantes. Uma forma muito mal disfarçada de demonstrar a falta de coragem em investir num material dedicado simplesmente a um dos maiores compositores do século XX. « Brasileiro », lançado pela Universal, que ja fez melhor falando de caixas, reúne 4 obras inesquecíveis, lançadas no Brasil, ou seja : « Caymmi visita Tom »(1964), « Matita Perê » (1973), « Elis & Tom » (1974) e « Edu & Tom » (1981), mais a trillha sonora –rara, porém dispensável - do filme « Garota de Ipanema » (1967), e também três coletâneas de canções do mestre cantadas por outros artistas... como já existem centenas.
Um desrespeito, para não dizer uma vergonha. Ainda bem que a mesma Universal lançou 7 outras reedições avulsas do Tom, e que paralelamente a Warner music editou duas outras obras essenciais, « Urubu » (1975) e « Terra brasilis » (1980), em formato digipack. Mas o Mestre, sem sombra de dúvida, teria merecido um tratamento à altura do seu gênio.
Uma pena, isso precisava ser dito. Mas quem sabe, nunca é tarde demais…


P.S : algumas informaçoes sobre as caixas-homenagem citadas acima, a meu ver, as mas valiosas artisticamente :

Caetano Veloso: «Todo Caetano 1967-2002» - Universal Music (2002) - 40 cd’s
Gilberto Gil: «Ensaio geral 1967-1977» - Polygram (1998) -10 cd’s + 1cd
«Palco 1975-2002 » - Warner Music (2002) - 28 cd’s
Chico Buarque: «Consruçao 1966-1986»
- Universal Music (2001) - 22 cd’s

«Francisco 1987-2003» - BMG, RCA (2003) - 12 cd’s + 2 dvd’s
Elis Régina: «Transversal do tempo 1965-1979» - Polygram, Mercury (1998) - 21cd’s
Wilson Simonal: «Wilson Simonal na Odeon 1961-1971» - EMI (2004) - 9 cd’s
Vinicius de Moraes: «Como dizia o poeta 1956-1980» - Universal Music (2001) - 27 cd’s
Clara Nunes: «Clara Nunes 1966-1982 » - EMI sem data - 9cd’s, sem livreto
Elza Soares: «Negra 1960-1988 » - EMI (2003) -12cd’s, sem livreto
Baden Powell: «Baden Powell 1961-1982» - Universal Music (2003) -13 cd’s sem livreto
Nara Leao : «Nara 1964-1975» - Universal Music, Mercury (2001) - 14 cd’s
«Leao 1977-1989» - Universal Music, Mercury (2001) - 14 cd’s

lundi 23 juin 2008

Artistas brasileiros na Bélgica : um ano de jejum !

Festival Rock Wechter (Belgica), um dos mais importantes do mundo desde 1977.

Eu me esforcei muito para tentar descobrir um nome, mesmo que meio marginal, da cena musical brasileira ; mas o resultado foi consternador : nenhum artista brasileiro consta da lista dos músicos que vão tocar na Bélgica no (nosso) verão. Nem num show... nem num festival qualquer, escondido em alguma cidadezinha. Nunca vivi uma situação tão desoladora como essa por aqui. Nem uma Ivetinha Sangalo pulando… !
Eu seria ingrato, porém, se me esquecesse do solitário DJ Marlboro, que vem monstrar seu mix dançante, no « Polé Polé », um festival de ‘World Music’ que acontece agora na cidade de Gent (cidade que deu origem ao nome ‘Gantois’, outorgado à Mãe Menininha… sabiam dessa?).
Assim vocês podem entender que não se trata de um comportamento esnobe da minha parte, o fato de eu programar algumas viagens a Portugal, para poder assistir a um artista ‘verde & amarelo’. Escolhi então o último dia da Turnée do show da Rita Lee - « Pic Nic » - em Lisboa, em primeiro de julho ; e também para aproveitar melhor os encantos da cidade, num clima mais calmo do que o previsto, depois da derrota da ‘terrinha’ contra a Alemanha, no Euro 2008. O futebol ‘lusófono’ não parece em boa forma por enquanto, não é…? Melhor mudar de assunto…
Em compensação, quem gosta de grandes nomes internacionais do pop / rock e outros estilos, vai servir-se de um cardápio mais do que caprichado.
E agora é a sua vez de babar ; estão prontos ? Eis aqui para todos os gostos : Bon Jovi, Radiohead, Def Leppard, Iron Maiden, Orishas, dEUS, Jimmy Cliff, Zuchero, Beck, Baby Shambles, Leny Kravitz, James Blunt, Lou Reed, Santana, REM, Mika, Alaniss Morisette, Avril Lavigne, Duran Duran, Siouxsie, Nelly Furtado, Bruce Springsteen, Léonard Cohen, e até os velhos Sex Pistols, devidamente ‘viagrados’. ‘Not so bad, don’t you think so?’ A Bélgica sempre foi um ponto de confluência importante das tendências do pop e do rock, tanto ingleses quanto americanos. Mas agora que mudei um tanto de praia, para vislumbrar horizontes mais exóticos, nao estou muito animado de ver essas ‘feras’, cuja a maioria curtia ha 25 anos atras.
Mas para me consolar, o Papai Noel que me visita a cada dois meses, acaba de me trazer alguns ‘produtos’ do seu belo País, que eu já lhe havia encomendado. E como eu sou um bom menino, da sua sacola saíram os cd´s do Simoninha (« Melhor »), do Cidade Negra (« Perfil »), do Chico César (« Perfil » e « Forro y frevo »), da Monica Salmaso (« Nem 1 ai ») e da Alexia Bomtempo (« Astrolábio ») ; e também uns discos de 2007 que eu já tinha escutado, como : Orchestra Imperial (« Carnaval só ano que vem »), Fino Coletivo, Miltinho (« Samba e balanço »), Moinho (« Hoje de noite), ou ainda Glaucia Nasser (« A Vida num segundo »). Na companhia dos dvd’s, farei meu próprio festival de verão em casa, com o « Zélia Duncan e Simone ao vivo » ; « Toc », do Vitor Araujo ; os programas « Mulher 80’ » e « Fabio Jr. e Elas » ; « Conecta », do Marcos Valle ; e « Inclassificáveis », do Ney Matogrosso. E na minha sala de estar, vou fazer desfilar a escola Verde e Rosa, curtindo mais uma vez o esplêndido DVD « Velha Guarda da Mangueira », que não me canso de ver, dessa vez para lembrar o inesquecivel Jamelão.
‘En résumé’ : no próximo ano, para quem gosta de rock internacional, eu troco meu apartamento no centro da cidade / capital européia, Bruxelas, por uma cobertura na Vieira Souto, em Ipanema… Alguém se habilita ?

Anna Luisa, tournée "Do zéro", 2007 (foto, site da cantora)

P.S. : dentro da previsão da minha próxima ida ao Brasil, provavelmente em agosto, eis aqui umas músicas de cantoras que faço questão de entrevistar : Anna Luisa, Glaucia Nasser, Ana Costa e Thais Gulin
‘Misses Brasil 2000’.




GLAUCIA NASSER: "Vida em cena"



THAIS GULIN: "A Vida da outra (dela) ou Eu"

mercredi 18 juin 2008

Et Dieu créa la femme qui créa le rock : Rita Lee

En 1980, comme beaucoup d’adolescents pubères, je me faisais des films noirs et gris, noyé dans la New Wave anglaise de Joy Division, Bauhaus ou les prémisses de The Cure. Bien évidemment, je regardais d’un d’œil méprisant à la télé, cette rousse qui chantait un truc vaguement exotique dans une langue que je croyais être de l’italien. Il faut dire qu’à l’époque, l’heure de la chanson romantique d’un Humberto Tozzi, était à son apogée.
Sans doute me serais-je jeté par la fenêtre de mon rez-de-chaussée si on m’avait dit que dix ans plus tard, j’allais devenir un fan absolu de cette chanteuse exubérante, Rita Lee -en fait une brésilienne qui chantait en portugais- qui cette année-là, avait conquis le monde avec ‘Lança perfume’ (‘Lance parfum’), un tube irrésistible.
Comme ‘The Girl from Ipanema’ d’Antônio Carlos Jobim, ce titre intelligemment commercial, était l’arbre qui cachait la grande carrière d’une artiste que l’on omet parfois de placer aux côtés d’autres icônes, sous prétexte qu’on la range sous l’étiquette du pop et du rock. Ce serait ignorer son importance et son influence dans la MPB moderne, et surtout oublier que notre artiste a toujours mélangé les genres comme en attestait le titre de son bel album « Bossa’n’roll » (1991) ou ce fameux ‘Lança Perfume » (1980), un ‘rockarnaval’, comme le définissait la chanteuse elle-même.
Nombreux furent ceux qui interprétèrent ses compositions, de Caetano Veloso à Elis Regina, en passant par Maria Bethania, Gilberto Gil, Marisa Monte, Zélia Duncan, Cassia Eller ou même Joao Gilberto. À l’étranger aussi, on a pu compter sur des versions de Gloria Estefan ou d’Henri Salvador (vous savez, le gars qui a inventé la Bossa.. ! Pas de panique, c’est pour rire.. !).
La vie de Rita est digne des grandes stars du rock, faîte de sexe, parfois de drogue, et souvent de rock’n’roll.
Rita Lee Jones, née en 1947, de descendance américaine et italienne, fut révélée au sein d’un groupe désormais culte dans le monte entier : Os Mutantes (les Mutants). Formé par les frères Arnaldo et Sergio Dias Baptista, ce groupe de Sao Paulo, fut probablement le plus significatif des intégrants du Tropicalisme, ce fameux mouvement qui, en 1967, lança les carrières de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé ou Gal Costa.

Os Mutantes: Arnaldo Baptista, Rita Lee et Sergio Dias


Sans doute Os Mutantes représentait le mieux la synthèse musicale du mouvement : une symbiose du psychédélisme ambiant, de rock aux paroles surréalistes, d’influences des musiques du Nordeste brésilien, de la Bossa ou de la Samba. Sergio, Arnaldo et Rita trituraient les bandes d’enregistrements et inventaient des sons à la manière des Beatles sur « Sgt. Pepper’s… ». Cette salade mixte musicale qui, présentée ainsi, pourrait paraître indigeste, allait pourtant se révéler unique sur la scène rock mondiale. Les trois albums que ce trio enregistra sont encore et toujours des références pour les groupes alternatifs de New York ou de Londres. Rien que pour ce fait, Rita Lee mériterait déjà une place au Panthéon de la MPB. Mais ce n’était pourtant que le début.

En 1970, la chanteuse entame en parallèle une carrière solo avec un premier disque excellent, « Build up », qui la radicalise un peu plus vers un rock pur à la Stones, tandis que les frères Arnaldo et Sergio tendent vers un rock progressif en symbiose avec ce qui ce fait en Angleterre. La suite se devine sans peine : en 1972, la grande rousse se fait virer du groupe, et allait devenir ni plus ni moins que celle qui lancera le rock au Brésil. Et avec une autre légende, Raul Seixas, elle sera pour ainsi dire la seule à œuvrer dans ce domaine pendant dix ans, ouvrant la voie à de nombreux groupes rocks qui allaient éclore dans les années 80.

Rita Lee, période Tutti Fruti en 1973

De 1974 à 1978, elle forme le groupe Tutti Frutti qui allait imposer sa douce folie et son éternelle irrévérence sur la scène brésilienne. Sa voix sensuelle et pleine de malice s’adaptera tant aux mélodies aux parfums décadents (Menino Bonito’ –‘Joli petit enfant’) qu’aux rocks les plus redoutables (‘Agora so falta vocé- ‘Maintenant il ne manque plus que toi’). Avec Tutti Fruti, Rita sortira quatre albums saignants dont le splendide « Fruto prohibido » (‘Fruit du péché’) en 1975, considéré encore comme l’album clef du rock brésilien.
Parfois elle travaille avec Paulo Coelho qui, on ne le sait pas toujours, joua un rôle important en tant que parolier durant ces années de dictature. Avec lui, Rita Lee signera entre autres le tube « Esse tal de roque enrau ».
En 1976, elle rencontre celui qui sera son actuel compagnon, le compositeur guitariste Roberto de Carvalho, avec qui elle négocie un nouveau tournant dans sa carrière, plus pop, qui la propulsera au rang de super star. À deux, ils lanceront en trois ans quatre albums qui feront date : « Mania de vocé » (1979), « Lança Perfume » (1980), « Saude » (1981), et « Flagra » (1982), qui se doivent de figurer dans toute bonne discothèque de base consacrée à la MPB. Le plus significatif, « Lança Perfume », placera huit de ses neuf titres au sommet des charts du pays. C’est l’époque de petit bijoux irrésistibles comme ‘Doce Vampiro’, ‘Caso serio’, ‘Mania de vocé’ , ‘Baila comigo’, ‘Nem luxo, nem lixo ‘, parmi bien d’autres.
Mais à partir de 1983, l’inspiration du duo commence à s’essouffler et le couple gère difficilement l’énorme succès. Rita connaît les affres de la drogue, et les cinq albums qui suivront jusqu’en 1990, ne se montreront guère inspirés.

La fusion rock de la MPB: Rita et Roberto de Carvalho

Assez paradoxalement, c’est dans les années 80 que la scène rock se développe au Brésil.
Rita Lee et Roberto de Carvalho se séparent en 1990, et la native de Sao Paulo dont elle représente ‘la plus complète incarnation’ (ainsi la qualifiera Caetano Veloso en 1978 dans sa chanson ‘Sampa’) prend sa guitare pour reconquérir son public. C’est le show « Bossa’n’roll » (1991), un concept acoustique qui revisite ses meilleurs titres et adapte des classiques des Beatles de Police ou des Rolling Stones. La tournée s’avère triomphale et l’album live qui en découle remet sa carrière en selle.
Musicalement, les années nonante seront à nouveau plus rock, marquées par de bons albums même si le public boude un peu, s’attendant des titres plus radiophoniques. 1996 annonce le retour au bercail de Roberto de Carvalho, et même le mariage du couple. Cette même année, Rita Lee reçoit le prestigieux ‘Premio Shell’, prix honorifique annuel attribué à une personnalité ayant marqué de son empreinte l’histoire de la MPB. Elle est la première femme à obtenir cette récompense, souvent attribuée d’ailleurs à titre posthume (pour information, c’est Maria Bethania qui vient de le recevoir pour 2008). Surfant toujours sur ses nombreux anciens tubes, son premier dvd, « MTV acustico », sort en 1998 et s’avère à nouveau un gros succès de vente. Devant un parterre de fans, Rita invite à ses côtés des stars de la MPB comme Milton Nascimento, mais aussi d’autres acteurs de la scène pop et rock qui lui doivent beaucoup : Zélia Duncan, Cassia Eller, le groupe Titas et Paula Toller. C’est aussi la première fois que le public découvre Beto Lee, son fils, qui par un jeu de guitare affûté apportera une touche encore plus rock à l’avenir.

Beto Lee avec maman, tournée 'Balacobaco', 2004

En 2003, les fans seront enfin payés pour leur patience. L’album « Balacobaco », met tout le monde d’accord et revient vert un monde plus poppy et coloré. On revient vers les ambiances festives et carnavalesques. Le titre « Amor e sexo » sera un hit national et une des chansons les plus jouées en radio cette année-là. La tournée qui suivra sera encensée et donnera lieu à un nouveau dvd « Rita Lee, MTV ao vivo », bien électrique celui-là. Entre deux titres sucrés, la prêtresse rousse (devenue orange !) n’hésite pas à balancer un bon vieux Ramones ébouriffant. Roberto, le père, Beto, le fils, et Rita, tout les trois, guitare à la main au-devant de la scène, restera une belle image forte associée à cette tournée mémorable.
Depuis lors, même si la réédition de ses albums se fait attendre, d’autre dvd’s lui rendent hommage comme en 2006, le beau coffret de trois dvd’s, « Biografitti », un survol approfondi de ses 40 années de carrière. Seul Tom jobim, Elis Regina, ou Chico Buarque (12 dvd’s !) eurent droit à ce même honneur.
Après trois années dédiées à sa famille, et principalement à ses petits-enfants (elle-même a deux garçons et une fille), Rita nous est revenue fin 2007 pour une nouvelle tournée intitulée « Pic nic », qui traversa tout le Brésil. Pour les quelques dates qu’elle concède à l’Europe -seulement au Portugal, hélas- ce show, rebaptisé « Para dançar até o fim da festa » (‘pour danser jusqu’au bout de la fête’) devrait nous montrer en plus des hits attendus, les nouveaux titres qui devraient constituer son prochain album à venir. J’aurai la chance de me rendre à Lisbonne le 1er juillet pour l’unique concert dans la capitale portugaise, pour bien sûr vous rendre compte de l’événement de celle qui a 61 ans, n’a rien perdu de son mordant. Assister à un concert de Rita Lee, c’est aussi avoir droit à divers commentaires sur la politique mondiale ou du Brésil, comme quand en 1990, lors d’un concert à L’Ancienne Belgique de Bruxelles, quand la chanteuse fustigeait le président Collor qui allait être destitué peu après…

Ps : comme souvent avec les artistes au Brésil, les textes de Rita Lee ont également contribué à asseoir sa notoriété. Sa personnalité aussi d’ailleurs… Dans le post que je dédierai au concert de Lisbonne, qui sera en portugais, j’essaierai de consacrer quelques lignes en français sur les caractéristiques de sa prose, faite d’humour, d’ironie… et de néologismes. Il existe bien une langue ‘Rita Lee’, vous le constaterez…



Mania de Vôce (You Tube)


Obrigado Não(You Tube)

vendredi 13 juin 2008

Parabéns para mim ! 19 anos de vida abrasileirada.


Realmente gente, essa data do 13 de junho é um dia para se comemorar. Pois bem, em 1963, os meus pais casaram e nasci um ano depois. Grande notícia internacional, evidentemente !! Outro aniversário importante hoje : foi o 13 de junho 1989, que pisei no solo do planeta Brasil que realinhou a orbita da minha vida. Foi o segundo sol que chegou à galáxia sem avisar. E aconteceu de forma pouco convencional mesmo, a ponto de amigos brasileiros, que não acreditam no acaso, me incentivaram a contar esse evento pessoal, que compartilharei com todos que me lêem, logo, logo. Pois vão fazer 19 anos que me apaixonei pela Musica Popular Brasileira, e pelo Brasil em géral. Estou escrevendo essa historinha especial pela ocasião, nos dois idiomas deste blog querido, e a editarei nesses próximos dias. Peço um pouco de paciença…Mas ontem comemorou-se essa data romântico-comercial, o ‘Dia dos Namorados’, que acontece o dia 14 de fevereiro na Bélgica, sob o nome de São Valentim. Não me perguntem porque…
Então, enquanto Romeu oferece flores para à sua Julieta, aproveito à ocasião para oferecer « rosas » para aqueles e aquelas que estão buscando a sua (rosa), e desejar para ela(e)s um grande amor a ser comemorado no ano que vem.
E para agradar a todos os gostos musicais, escolhi três variedades dessa flor, bem conhecidas : a ‘rosa morena’ bossa do Dorival Caymmi numa versão da ótima cantora e compositora paulista Giana Viscardi ; a rosa muda e perfumada do Cartola numa versão visceral do George Israel (do seu segundo bom disco « Distorções do meu jardim ») ; e a rosa exuberante da Ana Carolina (do disco « Dois quartos »). Parabéns para os namorados, parabéns para os quem amam e esperam em segredo, e parabens para mim mesmo… !

Aviso aos navegantes : para quem quiser ficar sabendo de um novo post, é so increver-se no link « Subscribe… »… é cortesia da casa… !


1-"Rosa Morena" (Dorival Caymmi)- Giana Viscardi.


2."As Rosas nao falam" (Cartola)- George Israel.


3."As Rosas" (Antônio Villeroy) -Ana Carolina.

dimanche 8 juin 2008

Place aux journalistes musicaux : Mauro Ferreira et Antônio Carlos Miguel

Roberto Carlos, entre Antônio et sa compagne Kati

Ayant eu le privilège durant ces dernières années, de rencontrer bon nombre d’artistes et de producteurs, j’avais décidé, pour mon voyage au Brésil en mars dernier, de me tourner vers ceux qui alimentent quotidiennement mon univers musical : je veux parler des journalistes et des critiques de ce domaine. Parmi les quelques-uns que je me plais à lire, deux personnalités aiguisaient ma curiosité par leur travail et leur style diamétralement opposés.
Le premier, Mauro Ferreira, la quarantaine, écrit sur plusieurs fronts. Dans le journal quotidien ‘O Dia’–tirage d’environ 200.000 exemplaires dans l’état de Rio-, il se limite à commenter l’actualité des artistes de poids, ou de ceux qui ont une portée plutôt populaire. Attenant au journal en ligne, il possède son blog, ‘Géleia geral’, où il développe ces thèmes, à la manière d’un journal musical, dans un ton bien différent de l’autre blog qui constitue sa vraie force, et qui m’apparaît presque comme sa raison de vivre : Notas Musicais (lien ici), totalement indépendant du journal. L’homme s’y définit comme un grand collectionneur de cd’s et dvd’s, un fait vérifié, et comme un amateur et spécialiste des interprètes féminines. Sept jours sur sept, il alimente son blog d’environ 4 posts quotidiens dont en moyenne 3 seront consacrés à la musique brésilienne, allant de l’artiste le plus populaire au groupe le plus marginal.
De tout le pays, Mauro est sans doute le journaliste qui divulgue les informations plus rapidement que n’importe lequel de ses collègues. C’est le champion du scoop brûlant… le sniper de l’info inattendue.
Quitte à parfois se mettre à dos les producteurs ou les artistes, il vous dévoilera une pochette gardée dans les coffres d’une maison de disques, ou la liste des titres qui seront inclus dans un prochain album d’importance, et qui se devait d’être restée secrète. L’homme a ses filières et ses sources qu’il gardera bien de me dévoiler ! Il ne s’étonne plus, dès lors, d’être parfois banni de la liste des invités de concerts, ou de ceux qui reçoivent gracieusement les albums. Mais ce n’est pas général, car Mauro peut se targuer d’avoir un certain poids dans le métier. Le plus important à considérer, car nous parlons bien de ‘journalisme’ , c’est la véracité de ses informations qui n’ont pratiquement jamais été mises en défaut depuis l’existence de son blog, c’est-à-dire depuis novembre 2006.

Mauro Ferreira dans son élément (foto Daniel A.)

‘Notas Musicais’ demeure sans conteste l’outil numéro un pour ceux qui, de façon pointue, voudraient coller au plus prêt au monde musical brésilien. L’aspect ultra informatif du blog lui confère évidemment un style peu chaleureux, auquel s’ajoute l’absence d’interactivité avec ses lecteurs. Ces derniers sont très nombreux et répondent promptement quand Mauro prend position dans la critique d’un album ou d’un concert. Son public est assez souvent constitué de connaisseurs qui défendent bec et ongle leurs goûts artistiques et leurs idoles que le journaliste voudrait trop rapidement égratigner. Dommage sans doute qu’il ne réponde pas quand une vraie bonne question lui est posée. Mais le temps de Mauro Ferreira est entièrement dévoué à sa recherche d’informations de première main, et je suppose que ce fut un privilège d’avoir pu lui voler quelques heures pour qu’il me parle de son travail, et pour qu’il m’aiguille sur la voie de quelques albums qui auraient pu m’échapper.
Le travail et la personnalité d’Antônio Carlos Miguel sont bien différents. Ce journaliste, un peu plus âgé que son collègue, fait partie de l’équipe des chroniqueurs musicaux du grand quotidien brésilien ‘O Globo’ –tirage de 300.000 à 500.000 exemplaire sur tout le pays (mais principalement lus dans l’état de Rio de Janeiro) .
Chacun des huit ou neuf journalistes qui couvrent l’actualité musicale possède sa propre spécialité (pop, rock, électro, funk…), et Antônio se voue à une MPB généraliste, avec cependant une inclinaison avouée vers le jazz brésilien et international qu’il connaît particulièrement bien. Les connaissances du chroniqueur, contrairement à Mauro Ferreira, c’est dans le quotidien que nous les trouverons. Son blog (Antonio Carlos Miguel) lié au journal en ligne, n’a rien de commun avec son collègue d’‘O Dia’, avec qui il a travaillé au ‘Globo’ par le passé. On peut l’apparenter à un journal personnel, fait de petites touches impressionnistes : Il s’exprimera bien sûr sur la musique, mais évoquera des situations quotidiennes, parfois écrites en temps réel. Il parle de ce qu’il écoute, d’une promenade qui l’a enchanté, d’une pensée qui lui vient à l’esprit, et évoque souvent dans ses errances artistiques, de sa compagne K. (Kati) à la manière de l’inspecteur Colombo…Il peut également conseiller une expo qu’il a pu apprécier, ou raconter une rencontre particulièrement intéressante qu’il a pu faire avec un collègue venu de Belgique…(hum !). Mais parfois aussi il n’éditera qu’une photo ou laissera deux phrases courtes sur la victoire de son club de foot, le Flumineeense ! Enfin, plus rarement, il s’engagera sur un sujet comme une marche sur la légalisation des drogues douces.
Le blog est à son image : c’est un homme fou de musique –avec une collection d’environ 9000 titres- mais qui n’est pas prisonnier de son domaine de connaissance. Sa passion ne l’empêche pas de demeurer très humain et ouvert à d’autres sujets.

Antônio et son ami Marcos Valle au "Mistura Fina" d'Ipanema (photo Daniel A.)

La rencontre avec Antônio et Kati fut très chaleureuse, et ils n’ont jamais hésité à m’encourager et à répondre à mes demandes d’informations quand j’en avais besoin.
Bon, soyons honnête, son blog n’est pas franchement soigné, la mise en page est confuse et déborde de vidéos Youtube à l’excès qu’il aime à filmer lui-même. L’informatique n’est pas son fort, et il ne s’en cache pas.
Dans le milieu du show bizz, sa simplicité et sa gentillesse semblent être appréciées de tous, et son carnet d’adresses contient tous les grands noms de la MPB, comme sur cette photo avec Roberto Carlos, la méga star populaire qui est aussi difficile à approcher que les joyaux de la couronne anglaise. Ou encore sur l’autre cliché où on le voit avec un des grands piliers de la Bossa nova, son ami Marcos Valle, avec qui il projette la conception d’une tourné et un nouvel album cette année. Antônio s’investit parfois dans l’élaboration de certains idées comme ce fut le cas, entre autres exemples, de l’excellent album ‘Cançoes do amor de iguais’ de la chanteuse brésilienne de jazz, Leila Maria. Nul doute que, pour le besoin de ce blog adoré, il me donnera en douce quelques numéros de téléphones que je convoite déjà, l’eau à la bouche…

mercredi 4 juin 2008

Mission spéciale à Porto : Adriana Calcanhotto et sa tournée « Maré », em portugues e em francés.

Adriana calcanhotto, Porto, 30 mai 2008 (photo Claudia Bolton)

Chers lecteurs francophones…Suite à un minitrip à Porto –Portugal- où je pus assister au concert de la chanteuse-compositeur Adriana Calcanhotto, j’ai dû hélas délaisser quelque peu ce blog adoré. Je fus en outres invité par le journaliste Antônio Carlos Miguel (dont je tracerai le portrait dans le prochain post) à rédiger une chronique du show pour le blog de son journal sur Globo on line que je me permets de reproduire ici. Cela dit, pour voir d’autres photos de ce concert, je vous convie à cliquer sur le lien « Blog A.C. Miguel » à la date du 2 juin.
Cette artiste de Porto Alegre -dans le sud du Brésil- est d’une réelle importance sur la scène actuelle brésilienne, et une simple traduction du texte n’aurait pas aidé à aborder son travail qui s’étend sur près de 18 années de carrière et 8 albums. Je me fais fort cependant de vous en parler dans les prochaines semaines. En attendant voici une petite vidéo pour entendre la voix cristalline de la chanteuse. Merci à vous…

Amigos brasileiros e portugueses, eis aqui o texto que o jornalista Antônio Carlos Miguel me convidou à escrever para seu blog no Globo on line sobre o show de Adriana Calcanhotto. Um espetaculo ao qual pude assistir no Porto, Portugal, para a turné do seu disco « Maré ».
Para ver ainda outras fotos da cantora, é so cliquar no link « Blog A.C. Miguel » na data do dois de junho, obrigado à todos, e boa leitura…


Pochette du dernier album d'Adriana, "Maré"
Capa do disco da Adriana, "Maré"

« OPorto, 1 de julho
Caro Antônio, como « tu deves saber », já faz tempo que, em Portugal, a Adriana Calcanhotto alcançou uma fama popular à altura de uma Ana Carolina ou de uma Ivete Sangalo. Um fenômeno bem diferente do que acontece com ela no Brasil. O Cd « Maré » é hoje um dos grandes destaques em qualquer mega loja de discos do País luso, e o rosto expressionista da cantora, todo pintado, pode ser visto nos cartazes em qualquer canto das cidades por onde ela se apresentou.
Nos dias 29 e 30 de maio, era a vez da ‘invicta cidade’ d’OPorto acolher a gaúcha, já quase no fim da sua turnê. portuguesa - isso antes de estrear sua série de shows no Brasil a partir próximo do dia 13 de junho, em São Paulo.
No belo Teatro Coliseu, Adriana pôde descortinar seu novo universo marinho e azul, aparecendo tal qual uma Iemanjá : concha na mão, emergindo dos primeiros sons submarinos. Iemanjá essa subversivamente vestida de vermelho, por entre os painéis ornamentados com cavalos marinhos e algas. O início do show foi tecido através dessa atmosfera misteriosa. Mergulhamos então num mundo de silêncio, de onde só o canto da sereia - ao qual nao resisti e sucumbi…- se fazia ouvir nas primeiras bolhas de oxigênio extraídas de « Maré ». Depois da faixa título, encadearam-se ‘Seu Pensamento’, ‘Três’, e ‘Para lá’, todas soando cristalinas através da excelente acústica do Teatro. Com sua voz afinadíssima e delicada como sempre, Adriana debulhou quase todas as canções do seu último e ótimo ‘Opus’ , a meu ver, o disco mais regular da sua carreira. So faltou mesmo o ‘Sargaço mar’ do Dorival.
Para evocar ainda o roteiro, a cantora deu uma roupagem bastante adequada aos seus sucessos ‘Mais feliz’, que animou a platéia dentre das primeiras canções , como ‘Vambora’, ‘Esquadro’, a simplérrima mas irresistível ‘Fico assim sem você’ (seu maior sucesso em Portugal) e por fim ‘Maresia’, que fechou o set. Mais uma vez, Adriana demostrou sua dicotomia, coisa que sempre me fascinou, dividida entre a inteletualidade e a alegria leviana. A mesma dicotomia da Calconhotto / Partimpim, ou da hermética ‘Teu nome mais secreto’ (com Waly Salomão) e ‘Porte Alegre’ (Péricles Cavalcanti), essas duas últimas incluídas no « Maré ».

O laboratorio de sons, Domenico Lancellotti e Rafael Rocha (foto Daniel A.)

Ao seu lado, um verdadeiro laboratório de sons acústico-eletrônicos, composto por Domenico Lancellotti (do trio-projeto Moreno, Kassin +…ele ), Bruno Medina (Los Hermanos), Rafael Rocha (banda Brasov) e Alberto Continentino, acompanhando a cantora, que só trocou o violão pelo violoncelo para interpretar a inédita ‘A Poética do Eremita’, que não entrou no último disco … « nao sei por que... », comentou ela.
Deixando de lado outros sucessos esperados como ‘Inverno’, ‘Devolva - me’ ou ‘Metade’, foram belas versões surpreendentes que Adriana apresentou nos dois bis : ‘Meu mundo e nada mais’, do Guilherme Arantes ; ‘Quem vem para a beira do mar’, do Caymmi (ja incuído no « Maritimo », de 1998) ; e « Rio Longe », de Moreno Veloso e « Deixa o verao » outro Hermano , o Rodrigo Amarante.
Terminando essa modesta resanha, e tomando emprestadas as palavras do famoso cantor português Sérgio Godinho, que assistiu ao mesmo show em Lisboa, foi « uma concentração de bom gosto ».


Samuel Rosa - Skank- Rock in Rio, Lisboa, 30/05

P.S : …enquanto isso, no Rock in Rio/ Lisboa, no mesmo dia 30 de maio, a imprensa focava a atuação patética da Amy Winehouse ; e o show da Ivete foi classificado como um « mau espetáculo » ( jornal « O Publico », de priemiro de julho). Porém, em compensação, o Skank apresentou um ótimo show, animadíssimo, ao qual pude assistir ao vivo… pela televisão. Em frente a mais de 100.000 pessoas, o Samuel Rosa alertou : « Não é só a Ivete Sangalo que ama Portugal ! »… Pois então, está dado o recado...
Um grande abraço do velho Continente, Daniel. »



"Meu Pensamento", Lisbonne, mai 2008


"Esquadro"

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