vendredi 31 décembre 2010

Albums 2010 : mes 10 préférés (+10 !)


Pour la troisième année consécutive sur ce blog, voici donc 20 albums qui m’auront séduit , durant l’année 2010, parmi les créations que j’ai pu écouter avec attention.
Une année qui a vu, certes, un grand nombre de bonnes productions, tous styles confondus, mais qui n’aura pas vraiment rendu de « grands » albums, comme ce fut le cas en 2009 (Céu, Rodrigo Campos, Lula Queiroga, Mariana Aydar, Romulo Frões, Lucas Santtana…) . C’est du moins, ma modeste opinion…






















Mes 10…


MAQUINADO : « Mundialmente anônimo »
LUÍSA MAITA : « Lero Lero »
ANTONIO VILLEROY : « José »
DO AMOR : « Do amor »
ORTINHO : « Herói trancado »
TATIANA PARRA : « Inteira »
JORGE AILTON : « O Ano 1 »
ANA CLARA HORTA : « Órbita »
MATEUS SARTORI : « Franciscos na voz de Mateus Sartori »
KARINA BUHR : « Eu menti pra você »




















Et +10…


DORI CAYMMI : « Mundo de dentro »
TULIPA : « Efêmera »
LUIZA DIONIZIO : « Devoção »
MAURO AGUIAR : « Transeunte »
OS CARIOCAS : « Nossa alma canta »
ROBERTA CAMPOS : « Varrendo a lua »
SOCORRO LIRA : « Lua bonita »
CARLINHOS BROWN : « Diminuto »
CAPITAL INICIAL : « Das Kapital »
MOSKA : « Pouco » + quelques extraits de « Muito »

Remarques…

-Auraient pu faire partie de cette liste, les disques de Chico Pinheiro, Roberta Sá & Trio Madeira Brasil, Antonia Adnet, Paulo César Pinheiro, André Abujamra, Wanda Sá & Roberto Menescal, Gilberto Gil, Chico Salles, Fino Coletivo, Mombojó, Dona Ivone Lara & Bruno Castro, Marcelo D2, Marku Ribas, Virginia Rosa & Geraldo Flach…Et de nombreux disques instrumentaux laissés volontairement hors de la liste.


-S’il y a bien un artiste à distinguer, cette année, il s’agit de João Donato (photo ci-dessus), qui a sorti les deux excellents albums qui revisitent son œuvre de manière bien différente :
« Sambolero » - João Donato Trio
« Água » - Paula Morelenbaum & João Donato

-Sortis au Brésil en 2010, l’album « Guia » du portugais António Zambujo, et « Stória, stória », de la cap-verdienne Mayra Andrade (sorti en Europe en 2009), sont également à distinguer…

-Ecoutés seulement cette année avec beaucoup d’enthousiasme, mais sortis, hélas, en 2009 : les albums de Mallu Magalhães et surtout du groupe Móveis Coloniais de Acaju…Ça ne compte vraiment pas… ?

Une heureuse année 2011 aux lecteurs de ce blog adoré !!!

mardi 28 décembre 2010

TROPICALIA MPB 68 (part 1)





Familia Caymmi + Juliana Caymmi fecha este Tropicalia 68 (part 1)

Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 26/12. Como foi indicado nos posts antérior, este episódio foi gravado no Rio de Janeiro no dia 25/12.
Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 26/12, sur Radio Judaica. Comme indiqué dans le post antérieur, cet épisode fut enregistré à Rio de Janeiro, le 25/ 12.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

ZECA BALEIRO : « Telegrama » (Zeca Baleiro)
LOS HERMANOS : « Retrato pra Iaiá » (Camelo/ Amarante)
ZÉLIA DUNCAN : « Enquanto durmo » (C. Oyens/ Z. Duncan)
ED MOTTA : « Daqui pro Méier » (Ed Motta/ Chico Amaral)
ZECA PAGODINHO : « Caviar » (Z. Pagodinho)
SCOTT FEINER : « 7 na ciranda » (Scott Feiner)
DIZZY GILLESPIE & TRIO MOCOTÓ : « Behind the moonbeam » (Al Gafa)
BEBETO : « De bem com a vida » (Vadinho/ Bebeto)
MARKU RIBAS : « Aurora da revolução » (Marku Ribas)
CARLINHOS BROWN : « Centro da saudade » (C. Brown/ Davi Moraes/ Pedro Baby)
MARCELO JENECI : « Felicidade » (M. Jeneci/ Chico César)
SILVIA MACHETE : « Manjar de reis » (Jorge Mautner / Nelson Jacobina)
MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU : « Adeus » (Móveis coloniais de acaju)
NANA CAYMMI : « Pra machucar meu coração » (Ary Barroso)
DANILO CAYMMI : « Flecha de prata » (Danilo Caymmi)
DORI CAYMMI : « Dança do tucano » (Dori Caymmi/ P.C. Pinheiro)
JULIANA CAYMMI : « Vento noroeste » (E. dos Santos/ J. Rago)

lundi 27 décembre 2010

25 de dezembro às 21h47 : Roberto Carlos celebra o Natal em Copacabana…


-texte français plus bas

19h : Como um rei mago em direção à Estrela de Belém (ver foto), eu parto a tempo, em peregrinação, de Ipanema para Copacabana, a fim de assistir à grande missa de Roberto Carlos, nessa noite de 25 de dezembro de 2010…
Mais do que o show em si, foram a ambientação e algumas cenas presenciadas ao longo do caminho que valeram o deslocamento.

19:25h : Un grupo de jovens dançarinas de « baile funk » encara a maré humana na contra corrente, e bastante carregadas, insultam o velho cantor meloso que os obriga a deixar a praia mais cedo do que o previsto...

19 :45h : Mais longe, o Rap do real de Pedro Luis me vem à mente de repente... Um camelô grita : « fitinha do Rei…Dois reais, dois reais, dois reais, dois reais… »…Um outro, mais esperto, anuncia que está liquidando seu estoque de calendários com a efígie de R.C. : « lembrança do último show grátis da carreira do Rei… » « O último show do Rei ? », assusta-se uma mãe de família apavorada...

20 :25h : na altura da Avenida Atlântica onde o palco foi montado, num quarteirão de clubes de garotas batalhadoras, turistas americanos acompanhados de suas jovens tigresas exóticas se perguntavam em que raio de caldeirão eles foram jogados... E quem é esse homônimo do jogador do Corinthians que fez a alegria do real Real Madrid, não faz tanto tempo assim...

21 :47h:« Quando eu estou aqui, vivendo este momento lindo »Roberto Carlos começa de maneira clássica seu show de Natal, que passa com ligeiro atraso para todos o país através das antenas da TV Globo, mantendo a tradição de seu tradicional espetáculo de final de ano, só que pela primeira vez na Praia de Copacabana….

...foto de um telao...o coraçaozino fofinho do Rei durante Eu te amo...

A despeito de meio milhão de pessoas (menos do que o previsto) que chegavam em ondas impressionantes, próximo à hora fatídica, reinou uma espécie de paz de espírito na orla de Copacabana, imersa num halo de luminosidade azulada.
Naturalmente, o fechamento das vias de acessso principal ao local a partir das 15 :00h, acabou causando uma forte irritação entre os motoristas ; mas esse tipo de megaevento não se produz sem que surjam alguns efeitos colaterais.
Os fãs mais radicais, vindos por vezez dos estados mais remotos do país, já haviam garantido seus lugares desde as primeiras horas da madrugada.
Mas o melhor espaço, no que me diz respeito, ficou a uns cem metros do cantor, perto de um dos muitos telões instalados, em linha de mira com o palco e seu magnífico jogo de cores... Sentado na areia, e ainda desfrutando de uma boa brisa que vinha ao largo...


Bom, naturalmente os espíritos dos rabugentos dirão que o repertório não teve surpresas, ou quase (o que é verdade), e que os convidados egressos do mundo sertanejo -Bruno e Marronne, a bela Paula Fernandes, e o grupo de pagode Exaltasamba- não estavam absolutamente à altura do evento (o que também é verdade). Mas o povo, inclusive eu, receberam aquilo que foram buscar : um show histórico do Rei na Praia de Copacabana, além de gratuito (ou seja, ao preço que seu verdadeiro público pode se permitir pagar), e que teve mesmo seus momentos de emoções.
Passando o show inteiro sentado por causa de um problema nos ligamentos do joelho, Roberto Carlos, em grande forma vocal e gozando de um humor particularmente alegre, mostrou-se muito prolixo entre as canções, elogiando diversas vezes a praia mais bonita do mundo (uma das raras surpresas : sua releitura de Copacabana, de Joao de Barro – o Braguinha) que o recebeu em seu cénario.
E foi sem acanhamento (bom, ou quase...), que eu deixei a praia antes do final (eu ainda tenho dificuldade em escutar seu Jesus Cristo em final de show), com a fitinha comprada a dois reais sobre a qual estava escrito: « fui... »

dimanche 26 décembre 2010

25 décembre à 21h47 : Roberto Carlos célèbre noël sur Copacabana…


19h : tel un roi mage en route vers l’étoile Sacrée (voir photo), je pars à temps, en pèlerinage, d’Ipanema, pour assister à la grande messe de Roberto Carlos, en cette soirée du 25 décembre 2010…
Plus que le show en lui-même, ce furent l’ambiance et quelques scènes cocasses rencontrées en chemin qui valurent le déplacement.

19h25 : Un groupe de jeunes danseuses de « baile funk » remonte la marée humaine à contre courant et, assez imbibées, insulte ce vieux chanteur mielleux qui les oblige à quitter la plage plus tôt que prévu…

19h45 : Plus loin, le Rap do real de Pedro Luis me revient soudainement en tête…Un camelot crie « fitinha do Rei…Dois reais, dois reais, dois reais, dois reais… » (« ruban souvenir du Roi, deux reais »)…Un autre, plus malin, lance pour liquider son stock de calendrier à l’effigie de R.C… « souvenir pour le dernier show gratuit de la carrière du Rei… » « Le dernier concert du Rei ? », s’écrie une mère de famille apeurée…

20h25 : à la hauteur de la scène sur l’avenida Atlantica, quartier des clubs à filles, des touristes américains accompagnés par des jeunes tigresses exotiques se demandent dans quel chaudron ils sont tombés… Et qui est cet homonyme du joueur du Corinthians qui fit les beaux jours du Real Madrid, il n’y a pas si longtemps…

Roberto Carlos durant Detalhes, Copacabana, 25/12
(photo Gustavo Azeredo/ O Globo)

21h47 : ….« Quando eu estou aqui vivendo este momento lindo »Roberto Carlos commence de manière classique son show de noël, qui passe avec un léger retard dans tout le pays sur les antennes de TV Globo, pour son traditionnel concert de fin d’année, pour la première fois sur la plage de Copacabana….

Malgré un demi-million de personnes (moins que prévu) qui arrivait par vagues impressionnantes, proche de l’heure fatidique, il régnait une sorte de paix d’esprit sur la digue de Copacabana, baignée dans un halot de lumière bleuté.
Bien sûr, la fermeture des voies d’accès principales, dès 15 heures, avaient causé pas mal d’énervements parmi les automobilistes, mais ce genre de méga événement ne s’organise pas sans dommages collatéraux.
Les fans purs et durs, venus parfois des états les plus éloignés du pays, avaient déjà garanti leurs places depuis les petites heures du matin.
Mais le meilleur endroit, en ce qui me concerne, restait à une centaine de mètres du chanteur, proche d’un des nombreux écrans géants installés, avec en ligne de mire la scène et son magnifique jeu de lumière, assis sur le sable et profitant d’une belle brise venant du large…


Alors bien sûr, oui, les esprits chagrins diront que le répertoire était sans surprise ou presque (c’est vrai) et que les invités issus du monde sertanejo (Bruno e Marronne, la belle Paula Fernandes, le groupe de pagode Exaltasamba), n’étaient sans doute pas à la hauteur de l’évènement (et c’est vrai aussi). Mais le bon peuple, moi y compris, a reçu ce qu’il était venu chercher : un show historique du Roi sur la plage de Copacabana, gratuit de surcroît (c’est-à-dire au seul prix que son vrai public peut se permettre), et qui possédait bien ses moments d’émotions.
Passant tout le show assis suite à un problème de ligaments du genou, Roberto Carlos, en grande forme vocale et d’une humeur particulièrement joyeuse, se montra très prolixe entre les titres, louant plusieurs fois la plus belle plage du monde (une des rares surprises, sa reprise de Copacabana de Joao de Barro) qui le recevait ce soir-là…
Et c’est sans honte (enfin presque…) que quittant la plage avant la fin (j’ai toujours eu du mal à écouter son Jesus Cristo en fin de show), je repartis avec en main la fitinha à deux real sur laquelle il était écrit : « fui »…Car, oui, moi aussi, j’y étais… !

samedi 25 décembre 2010

O desaparecimento da « Modern Sound » no Rio de Janeiro.


-texte français plus bas

Já fazem umas duas semanas que nós já havíamos tomado conhecimento de que a Modern Sound – a melhor loja de discos do Rio de Janeiro- iria fechar suas portas definitivamente, no dia 31 de dezembro próximo, depois de 44 anos de existência.
Cansado de repetir as mesmas coisas, eu nem queria comentar essa novidade, tendo ficado já suficientemente desiludido, em julho passado, com o fechamento de diversos pontos importantes da cultura carioca (o Canecão, o Mistura Fina, a livraria Letras & Expressões, etc., etc., etc. ...). Eu lamento também de fazer ainda o papel do velho rabugento... Mas os fatos estão aí mesmo...
Passando ainda pela loja, situada na Rua Barata Ribeiro, Copacabana, nessas andanças pré-natalinas, e constatando a expressão cabisbaixa dos vendedores, o patrão Pedro Passos (foto no texto francês) debruçado sobre uma lista de estoque, e as prateleiras já meio vazias (mas, passando por là, tem ainda bons negócios pra se fazer antes da liquidação definitiva da loja), eu concluí que deveria prestar uma homenagem a esse espaço, com o qual sonhava quando eu ficava bloqueado em Bruxelas.
Foram inúmeras as vezes em que, sem ter ainda mesmo desfeito as malas ao chegar da Europa, eu peguei o primeiro táxi só para tomar um primeiro banho musical nesse espaço que abrigava também, regularmente, pequenos shows, em sua parte reservada ao bistrot. Pequenos shows, porém muitas vezes protagonizados por grandes nomes...
Desconhecendo as razões mais profundas do fechamento –mas que certamente estão ligadas ao desaparecimento, a médio prazo, do suporte físico da música- eis a questão que se coloca : onde é que eu vou me abastecer doravante ? Vou ter que me enfiar no monstruoso Barrashopping, na Barra da Tijuca, para vasculhar as prateleiras da grande Fnac ? Ou pegar a ponte aérea para São Paulo, a fim de me entregar (com prazer) à Livraria Cultura, na Avenida Paulista ? De qualquer maneira, a Modern Sound sempre fez parte das primeiras boas razões pelas quais eu tomei gosto por voltar sempre à Cidade Maravilhosa... Mais uma que foi para o brejo... Palavra de velho rabugento assumido !

vendredi 24 décembre 2010

La disparition du « Modern Sound » à Rio de Janeiro.

Pedro Passos, dans l'antre du Modern Sound
(photo emprunté au journal O Globo)

-português em breve

Cela fait deux semaines déjà que nous avons appris que le Modern Sound – le meilleur et dernier grand magasin de disques de Rio de Janeiro- allait fermer ses portes définitivement, le 31 décembre prochain, après 44 ans d’existence. Par dépit, je n’avais d’abord pas voulu commenter la nouvelle, ayant déjà suffisamment déploré, en juillet dernier, la fermeture de divers endroits importants de la culture carioca (le Canecão, le Mistura Fina, la librairie Letras e Expressões, etcetera). J' en ai un peu marre de jouer au vieil aigri…Mais les faits sont là…
Passant encore par le magasin, situé dans la rue Barrata Ribeiro, Copacabana, par cette journée pré-nataline, et constatant la mine déconfite des vendeurs, le patron Pedro Passos penché sur une liste d’inventaire, et les rayons à moitié vide (il reste des affaires à faire pour ceux qui sont dans le coin avant liquidation), je me devais de rendre hommage à cet antre, souvent sujet de mes phantasmes quand je suis coincé à Bruxelles.
Nombreuses furent les fois où, sans même défaire mes valises en arrivant d’Europe, je prenais le premier taxi pour un bain musical dans cet endroit qui abritait aussi régulièrement de petits shows dans sa partie bistrot. Petits shows, mais souvent de grands noms…
Sans connaître les raisons profondes de la fermeture –mais qui sont lié bien sûr à la probable disparition, à moyen terme, du support physique de la musique- la question qui se pose est : où vais-je donc m’approvisionner dorénavant? Devrais-je me taper le monstrueux Barrashopping de Barra da Tijuca pour faire les rayons de la grande Fnac ? Où prendre le pont aérien jusqu’à São Paulo, pour me rendre (avec plaisir) à la Livraria Cultura de l’Avenida Paulista ? Quoi qu’il en soit, le Modern Sound faisait partie des premières bonnes raisons pour lesquelles je prenais plaisir à me rendre dans la Cité Merveilleuse…Encore une qui fout le camp…Parole de vieil aigri assumé !

La photo ci-dessus fut empruntée à l’article parut dans le journal O Globo du 15 décembre 2010 , écrit par le journaliste Antonio Carlos Miguel.

mardi 21 décembre 2010

Caetano Veloso e Maria Gadú no Citybank Hall (Rio)

Caetano Veloso e Maria Gadú, Citybank Hall, 19/12 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas

-texto português traduzido do francês, com fotos diferentes


À minha esquerda (ou à esquerda, na foto) : Caetano Veloso, nascido em Santo Amaro da Purificação (Bahia) em 1942. Um dos pilares fundamentais da música popular brasileira ; mais de 40 anos de carreira e tantos quantos álbuns ; uma das mais belas vozes do Brasil ; e uma personalidade tão (gentilmente) polêmica quanto cativante.
Não há necessidade de apresentá-lo, mas é importante assinalar que, de sua geração, é ele quem permanece o mais « vivo » dos artistas (junto com sua irmã Maria Bethania) no sentido mais criativo do termo.
Características : Caetano pode se permitir tudo, mas ele continua a colocar a si mesmo em dúvida, ou no mínimo a buscar continuamente novos caminhos, como ficou provado em seus dois últimos àlbuns, « Cê » (2006) e « Zii e zie » (2009), nos quais ele toca com jovens músicos da cena indie carioca.

...Nos bastidores da gravaçao do dvd (foto Daniel A.)

À minha direita (ou à direita, na mesma foto) : Maria Gadú, nascida em São Paulo, 24 anos, que entre a multidão de novas cantoras, distinguiu-se em 2009 através de um primeiro àlbum brilhante, que nos revelou uma boa compositora com uma veia MPB pop, bem como uma intérprete de voz segura e dona de um timbre original.
Características : ela se apresenta em cena sentada, tal qual um escoteiro arás de seu violão (que ela domina particularmente bem no seu próprio acompanhamento) ; ela exibe um look à la garçonne que agrada a seu público GLS ; ela é alvo duma superexposição que poderia ter sido prejudicial para sua carreira, como assim atestam as numerosas participações especiais nos mais diversos projetos. Da mesma forma, depois de apenas um primeiro álbum, ela já lançou seu próprio dvd, e até mesmo, em breve, um segundo, que ela dividirá com seu « padrinho » Caetano Veloso, cuja gravação aconteceu nesse último 19 de dezembro, no Citibank Hall do Rio de Janeiro.

Maria Gadú, no seu momento solo (foto Daniel A.)

A história de amor musical entre essas duas estrelas de diferentes gerações remonta à época em que Caetano havia assistido ao show da jovem paulista, em 2008, na finada pequena sala do espaço Cinémathèque, no Rio. Segui-se então um show de elogios por parte do baiano, cujas opiniões são todas sempre veiculadas pela imprensa. Então, há alguns meses, Caetano e Gadú se reencontraram em duo para um número no meio da entrega de um prêmio brasileiro de música. A sintonia entre os dois artistas foi tal que eles decidiram iniciar uma curta tournée pelas capitais brasileiras, a partir de novembro de 2010.

...Caetano, introduzindo Alegria alegria (1967)...
"tinha a idade da Gadú quando a cantei" (foto Daniel A.)


Eu havia perdido a apresentação de 5 de dezembro último, no Rio ; porém, por sorte, foi decidida uma data específica para gravar o show para a posteridade, e isso foi no Citybank Hall (mesmo que certas partes do espetáculo já tenham sido insertadas no futuro dvd).
Embora eu não seja forçosamente fã desse gênero de encontro, que normalmente não acrescenta grande coisa ao repertório apresentado, e que cai numa espécie de amável condescendência de parte a parte (o tipo de show 1+1= ainda apenas 1), cabe reconhecer que não foi absolutamente esse o caso ontem à noite.
Os dois artistas se mostraram bastante discretos em suas falas entre os títulos, evitando assim as bajulações mútuas. E ocorreram de fato muitos bons momentos que nasceram desse encontro...
O duo começou suavemente com Beleza pura, de Caetano, antes que ele deixasse Gadú iniciar uma sucessão de 7 títulos, esgotando quase que todo o conteúdo de seu primeiro disco.
As coisas deslancharam sériamente quando a cantora introduziu Podres poderes (de Veloso), antes que o autor da canção viesse a reunir-se novamente a ela para O Quereres e a sempre sublime Sampa. Em seguida, foi a vez do baiano de encadear a sequência com 7 de seus títulos, visitando seu imenso repertório, que, com exceção de Desde que o samba é samba, Alegria Alegria e Sozinho (de Peninha), mostrou algumas pérolas não exatamente esperadas, como Genipapo absoluto, Milagres do povo, e De noite na cama.

Caetano e Maria Gadú, 11 duetos durante o show (foto Daniel A.)

O anfitirão desenrolou em seguida o tapete vermelho para o retorno em cena de Gadú, com Shimbalaiê em solo, antes do duo lançar-se a 8 títulos a duas vozes numa harmomia geralmente muito convincente. Dentre esses : Vaca profana, Rapte-me Camaleoa, O Leãozinho, Trem das onze (Adoniran Barbosa), seguido pelo momento de graça que foi Nosso estranho amor, o que provou que o tempo jamais veio a influenciar o falsete de Caetano.
Em resumo, foi um espetáculo gracioso e sóbrio ; um encontro longe de ter sido inútil, e rico em excelentes momentos... Na esperança de que o dvd mostre esses instantes o mais próximo de como o público os presenciou nesse 19 de dezembro de 2010…

lundi 20 décembre 2010

Caetano Veloso et Maria Gadu au Citybank Hall (RJ)

Caetano Veloso et Maria Gadú, Citybank Hall, 19/12 (photo Daniel A.)

-texto português em breve

À ma gauche
(ou à gauche sur la photo), Caetano Veloso, né à Santo Amaro da Purificação (Bahia) en 1942. Un des piliers fondamentaux de la musique populaire brésilienne ; plus de 40 ans de carrière et autant d’albums ; une des plus belles voix du Brésil ; et une personnalité aussi (gentiment) polémique qu’attachante.
Il n’est plus besoin de le présenter, mais il est important de signaler que, de sa génération, il reste le plus « vivant » des artistes (avec sa sœur Maria Bethânia), dans le sens créatif du terme.
Caractéristiques : Caetano peut tout se permettre, mais il continue à se remettre en question, ou du moins à chercher continuellement de nouveaux chemins, comme l’ont prouvé ses deux derniers albums, « Cê » (2006) et « Zii e zie » (2009), sur lesquelles il joue avec de jeunes musiciens de la scène indie carioca.

À ma droite (ou à droite sur la même photo), Maria Gadú, née à São Paulo, 24 ans, qui parmi la multitude de nouvelles chanteuses, s’est distinguée en 2009 par un premier album plutôt brillant qui nous dévoilait une bonne compositrice dans une veine MPB pop, ainsi qu’une interprète à la voix sûre et au timbre original.
Caractéristiques : elle se produit sur scène assise, tel un scout derrière une guitare (qu’elle domine particulièrement bien en accompagnement) ; elle exhibe un look à la garçonne qui plaît à son public GLS ; elle subit une surexploitation qui pourrait être préjudiciable pour sa carrière comme en attestent les nombreuses participations spéciales sur divers projets. De même, après seulement un premier album, elle possède déjà son propre dvd, et même bientôt un deuxième, qu’elle divisera avec son « parrain » Caetano Veloso, et dont l’enregistrement eut lieu ce 19 décembre, au Citibank Hall de Rio de Janeiro.

...ou les coulisses de l'enregistrement d'un dvd (photo Daniel A.)

L’histoire d’amour musical entre les deux stars de génération différente remonte à l’époque où Caetano avait assisté au show de la jeune pauliste, en 2008, dans la défunte petite salle du Cinémathèque de Rio . S’en suivit un concert de louange de la part du bahianais, dont le moindre avis est toujours relayé par la presse. Puis, il y a quelques mois, Caetano et Gadú se sont retrouvés en duo pour un numéro lors d’une cérémonie de remise de prix musical. La syntonie entre les deux artistes fut telle qu’ils décidèrent d’entamer une courte tournée dans les capitales brésiliennes, à partir du début novembre 2010.

Maria Gadú durant sa partie solo (photo Daniel A.)

J’avais raté la représentation du 5 décembre dernier, à Rio, mais par chance, une date fut décidée pour graver le show pour la postérité au Citybank Hall (même si certaines parties du future dvd avaient déjà été mis en boite).
Si je ne suis pas forcément fan de ce genre de rencontre qui souvent n’ajoute pas grand-chose au répertoire présenté, et qui reste dans l’aimable condescendance (le type de show 1+1= toujours 1), mais il faut bien avouer que ce fut loin d’être le cas, hier soir.
Les deux artistes se montrèrent assez discrets dans leurs interventions entre les titres, évitant les flatteries convenues de parts et d’autres. Et il y eut bel et bien de très beaux moments qui naquirent de cette rencontre…

...de même pour Caetano (photo Daniel A.)

Le duo commença gentiment sur Beleza pura de Caetano avant que celui-ci ne laisse Gadú initier une succession de 7 titres, épuisant presque le contenu de son premier album.
Les choses sérieuses démarrèrent vraiment quand la chanteuse entama Podres poderes (de Veloso) avant que l’auteur de la chanson ne la rejoigne pour O Quereres et le toujours sublime Sampa. Ce fut ensuite au tour du bahianais d’enchaîner 7 de ses titres, visitant son immense répertoire, qui, si l’on excepte Desde que o samba é samba, Alegria Alegria et Sozinho (de Peninha), proposa quelques perles pas forcement attendues, comme Genipapo absoluto, Milagres do povo ou De noite na cama.

Maria Gadú et Caetano Veloso,
11 duos sur l'ensemble du show (photo Daniel A.)


L’Amphitryon déroula ensuite le tapis rouge pour le retour en scène de Gadú avec Shimbalaiê en solo, avant que le duo ne se lance pour 8 titres à deux voix dans une harmonie généralement très convaincante. Parmi ceux-ci : Voca profana, Rapte-me Camaleoa, O Leãozinho, Trem das onze (Adoniran Barbosa) et le moment de grâce que constitua Nosso estranho amor, qui prouva que le temps n’aura jamais d’emprise sur le falsetto de Caetano.

En résumé, ce fut bien un concert gracieux et sobre, une rencontre loin d’être inutile, riche en très beaux moments…En espérant que le dvd rendent ces instants comme le public les a vécus ce 19 décembre 2010….

dimanche 19 décembre 2010

Nilze Carvalho no Centro Cultural Carioca.

Nilze Carvalho, CCC, 13/12 (foto Daniel A.)

-texte français plus bas

Trata-se simplesmente de uma questão de datas... Começa a preparação para as festividades do Natal e Réveillon ; o trânsito do Rio começa a tornar-se um verdadeiro caos (as compras de última hora, os motores dos carros que não suportam o calor e entram em pane) e os shows vão diminuindo até 4 ou 5 de janeiro... Mas quem procura, ainda encontra...
Segunda passada, 13 de dezembro, a cantora, compositora, e sobretudo instrumentista, Nilze Carvalho, tocou no Centro Cultural Carioca (centro da cidade, Rio de Janeiro) para apresentar seu segundo álbum : « O Que é meu ».

Na realidade, se por um lado Nilze contabiliza 2 Cd’s como intérprete, por outro ela já gravou muito mais como instrumentista. Jovem artista associada ao samba e ao chorinho da Lapa, junto com seu grupo Sururu na Roda, ela já possui atrás de si uma trajetória impressionante.
Considerada uma criança prodígio, Nilze Carvalho revelou seus talentos precoces em público com a idade de 6 anos, atrás de seu cavaquinho, antes de gravar seus 4 primeiros discos instrumentais, com a tenra idade de 11 anos, sob o título « Choro de menina ». Isso foi entre 1981 e 1984.
Um pouco mais tarde, ela inicia uma carreira internacional, tocando no mundo inteiro, inclusive se fixando no Japão por 7 anos, antes de retornar ao Brasil em 1998, para gravar um novo título instrumental : « Chorinho de Ouro ».
A partir dessa época, ela passou então a ser associada à revitalização do bairro da Lapa, se apresentando nas casas tradicionais (Carioca da Gema, CCC…), no centro do grupo Sururu na Roda, com o qual ela gravou 2 álbuns, em 2002 e 2004. Dentre múltiplos projetos, ela dedica-se enfim a uma carreira que a expõe como boa cantora e compositora, através do muito bom « Estava faltando você », lançado em 2005 .

« O Que é meu », editado faz pouco tempo, segue a mesma linha elegante, alternando algumas pérolas de outros artistas, como Doces Recordações (Dona Ivone Lara/ Délcio Carvalho), a belíssima releitura de Lua Cheia (Chico Buarque/ Toquinho), ou ainda Festa (Gonzaguinha) e Santa Cécilia (Tuninho Galante/ Marceu Vieira), o que mostra a inclinação da jovem também para os ritmos do Nordeste.
Mas Nilze surpreende ainda com composições pessoais que não têm nada de aborrecidas, como a muito boa Ela sabe quem é (c/ Camilla Costa) ou Nordestino (c/ Zeca Leal).
Na segunda feira passada, Nilze apresentou então o repertório de seus dois últimos álbuns : mais do que quaisquer outros, com clássicos do chorinho e do samba, entrecortados pelas partes instrumentais tendo ela mesma como solista (ao bandolim e ao cavaquinho), com uma maestria que lhe confere toda uma personalidade própria, entre as boas artistas femininas surgidas da cena da « nova » Lapa... Visto que mais do que uma boa cantora (mesmo que ela não seja dona de um timbre particularmente original), Nilze Carvalho é sobretudo uma excelente musicista, e uma compositora que deverá cada vez mais dar espaço para suas criações, num futuro próximo...

samedi 18 décembre 2010

Nilze Carvalho au Centro Cultural Carioca.

Nilze Carvalho, CCC, 13/12 (photo Daniel A.)
-português em breve

Ce n’est qu’une question de jour…Les festivités du réveillon se préparent, Rio devient un vrai chaos question trafic (les achats de dernières minutes, les moteurs de voitures qui ne supportent pas le chaleur et qui tombent en rade) et les shows vont se raréfier jusqu'au 4 ou 5 janvier…Mais qui cherche, trouve encore…
Lundi dernier, 13 décembre, la chanteuse, compositrice, et surtout instrumentiste, Nilze Carvalho, jouait au Centre Culturel Carioca (centre ville, Rio de janeiro) pour présenter son deuxième album « O Que é meu ».

En réalité, si Nilze compte 2 Cd’s en tant qu’interprète, elle en a enregistré bien plus en tant qu’instrumentiste. Jeune artiste associé a la samba et au chorinho de Lapa , avec son groupe Sururu na Roda, elle possède déjà derrière elle une trajectoire impressionnante.
Considérée comme une enfant prodige, Nilze Carvalho révélait ses talents précoces en public à l’âge de 6 ans, derrière son cavaquinho, avant de graver ses 4 premiers disques instrumentaux, âgée d’à peine de 11 ans, sous le titre « Choro de menina ». Ceci entre 1981 et 1984.
Un an plus tard, elle initia une carrière internationale, jouant dans le monde entier, se fixant 7 ans au Japon, avant de revenir au Brésil en 1998, pour enregistrer un nouveau titre instrumental, « Chorinho de Ouro ».
Depuis cette époque, elle fut donc associée à la renaissance du quartier de Lapa, se présentant dans les clubs traditionnels (Carioca da Gema, CCC…) au sein du groupe Sururu na Roda, avec lequel elle enregistra 2 albums en 2002 et 2004. Entre de multiples projets, elle se dédiera enfin à une carrière qui la présentera en bonne chanteuse et compositrice dans l'excellent « Estava faltando você », sorti en 2005 .

« O Que é meu », édité il y a peu, suit la même ligne élégante, alternant quelques perles d’autres artistes comme Doce recordações (Dona Ivone Lara/ Délcio Carvalho), la très belle reprise de Lua Cheia (Chico Buarque/ Toquinho), ou Festa (Gonzaguinha) et Santa Cécilia (Tuninho Galante/ Marceu Vieira), qui montre l’inclinaison de la jeune femme pour les rythmes du Nordeste.
Mais Nilze surprend encore avec des compositions personnelles qui n’ont rien d’anodin comme le très beau Ela sabe quem é ( c/ Camilla Costa) ou Nordestino ( c/ Zeca Leal).
Lundi dernier, Nilze Carvalho présenta donc le répertoire de ses deux derniers albums (plus quelques autres classiques du chorinho et de la samba) entrecoupés par des parties instrumentales qu’ elle mena en soliste (au bandolim ou cavaquinho) avec une maestia qui lui confère toute sa personnalité entre les bonnes artistes féminines issues de la scène de Lapa…Car plus qu’une bonne chanteuse (même si elle ne possède pas un timbre particulièrement marquant), Nilze Carvalho est surtrout une excellente musicienne, et une compositrice qui devrait davantage laisser place à ses créations dans un proche avenir…

mercredi 15 décembre 2010

Dose dupla no Auditório do Ibirapuera (2) : Karina Buhr.

Karina Buhr, Auditório Ibirapuera, 10/12 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

O público que havia aplaudido com entusiamo o set de Tulipa Ruiz, não sabia exatamente como reagir após os primeiros títulos devastadores de Karina Buhr, que conseguiu elevar ainda mais o nível de extravagância vivenciado até então.
A cantora apareceu sentada num skateboard, vestida com um collant de paetês, tal qual uma « disco queen » decadente. Karina exibiu uma performance incandescente, que transformou o repertório de seu primeiro álbum solo « Eu menti pra você » numa apresentação pop/ eletro/ punk, ou algo parecido. Assim, desse forma, as versões disponíveis no cd pareceram bem pálidas, se comparadas àquelas apresentadas no palco por uma cantora alucinada, correndo de um lado para o outro, dançando de maneira desarticulada, e utilizando todos os elementos cênicos –o pé do microfone, os projetores, diversos elementos de percussão- que viessem a lhe cair nas mãos.

Karina Buhr, Auditório Ibirapuera, 10/12 (foto Daniel A.)

Cercada por um grupo liderado pelos guitarristas anfitriões Edgar Scandura e Fernando Catatau, aquela que foi por muitos anos membro do grupo Comadre Fulozinha, provou que uma nativa da Bahia –criada em Recife- não era obrigada a fazer um show de música axé para dispender um bom lote de calorias ou gastar incontáveis kilowatts de energia, tal como se apresentam outras meninas baianas pulando feito molas (sim ! no Madison Square Garden, por exemplo...).
O álbum « Eu menti pra você » é um dos bons discos do ano, mas seu show homônimo foi simplesmente memorável...

Ps : a cantora Karina Buhr acaba de ser nomeada « revelação do ano », pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte).

mardi 14 décembre 2010

Double dose à l’Auditorium Ibirapueira (2) : Karina Buhr.

Karina Buhr en disco queen décadente (photo Daniel A.)
-português em breve

Le public qui avait applaudi avec enthousiasme le set de Tulipa Ruiz, ne savait plus trop comment réagir après les premiers titres dévastateurs de Karina Buhr, qui avait élevé d’un niveau le degré d’extravagance.
La chanteuse apparut assise sur un skateboard, vêtue d’un collant à paillette tel une « disco queen » décadente. Mais en fait de disco, Karina livra une prestation incandescente qui transforma le répertoire de son premier album solo « Eu menti pra você » en une prestation pop/ électro/ punk, ou quelque chose d’approchant. Ici aussi, les versions sur disque parurent bien pâles à côté de celles délivrées sur scène par une chanteuse déchaînée, courant dans tout les sens, dansant de manière désarticulée, et utilisant tous les éléments scéniques –pied de micro, les projecteurs, divers éléments de percussion- qui lui tombaient sous la main.

Karina Buhr se jettant sous les feux des projecteurs (photo Daniel A.)

Entourée par un groupe emmené par les guitaristes amphitryons, Edgard Scandurra et Fernando Catatau, celle qui fut de nombreuse année membre du groupe Comadre Fulozinha, prouva qu’une native de Bahia –élevée à Recife- n’était pas obligé de faire un show de musique axé pour dépenser un paquet de calories et dégager des kilowatts d’énergie tel qu’ en produisent d’autres bahianaises montées sur ressort (oui ! au Madison Square Garden, par exemple...)
L’album « Eu menti pra você » est un des bons albums de l’année, mais son show homonyme fut tout bonnement mémorable…

Ps : la chanteuse Karina Buhr vient d’être nommée « révélation de l’année » par l’APCA (l’Association Pauliste des Critiques d’Art)

Dose dupla no Auditório do Ibirapuera : Tulipa e Karina Buhr (1)

Tulipa, Auditório do Ibirapuera, 10/12 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

Nesses dias 10 e 11 de dezembro passados, Tulipa Ruiz e Karina Buhr se apresentaram no Auditório do Ibirapuera (São Paulo), dividindo o palco, em sequência, para um show duplo que me deu a oportunidade de ver dois dos nomes mais comentados da nova cena paulistana feminina nesse ano de 2010.
Tulipa abriu as festividades na sexta, tendo o cuidado de deixar sua colega originária de Recife fazer o mesmo no sábado, a partir das 21 horas em ponto (atenção : estamos em São Paulo !), o que me tirou do eixo dos espetáculos no mesmo estilo, que começam em torno de 1 hora da manhã no Teatro Rival do Rio, como parte da grade da apresentações do « Rival + tarde »
Pode-se facilmente imaginar que o grande palco do Auditório convém melhor a uma música mais tradicional - até mesmo erudita - mas o formato da platéia, em nível ascendente a partir desse palco, criou a oportunidade do público poder apreciar plenamente a excelente presença das duas jovens Aliás, não é a primeira vez que elas se apresentam nesta sala esse ano.

Primeira constatação : o repertório do primeiro álbum da cada uma delas adquire uma outra dimensão, e se mostra bem mais consistente e eficaz em cena.
Segunda... Em comparação à jovem cena musical masculina, rica em bons compositores –mas que se ressente de carisma e de vocalistas de primeira linha- as meninas trazem um frescor, uma originalidade, e uma verdadeira personalidade (mesmo deixando ainda por atingir realmente seus respectivos ápices como compositoras).

Tulipa, Auditório do Ibirapuera, 10/12 (foto Daniel A.)

Começando por Tulipa, paulista de Santos, a cantora poderia ser comparada a Silvia Machete, por suas facilidades vocais e assertividade em cena. Sua música se afirma, contudo, mais rock e alternativa do que a carioca.
Sorridente e borbulhante, Tulipa apresentou a totalidade de seu álbum « Efêmera », no qual a irregularidade do repertório atenua-se no palco. Um álbum no qual figuram algumas pérolas como As vezes, Pontual, e a faixa título, tocadas com frequência no programa « Tropicalia MPB ».
Apresentando-se à frente de projeções sobre um tela gigante, Tulipa estava cercada, dentre outros, por Duani (bateria), seu irmão Gustavo Ruiz (guitarra), e ainda Donatinho (filho de João Donato) no teclado, para uma apresentação acidulada e colorida, mas que porém,viria a se se mostrar muito bem comportada face à eletrizante Karina Buhr
…a seguir...

dimanche 12 décembre 2010

Double dose à l’Auditorium Ibirapueira : Tulipa et Karina Buhr (1)

Tulipa, Auditorium Ibirapueira, 10/12 (photo Daniel A.)
-português em breve

Ces 10 et 11 décembre derniers, Tulipa Ruiz et Karina Buhr se produisaient à l’Auditorium Ibirapueira (São Paulo) pour un double show qui allait me donner l’occasion de voir deux des noms les plus commentés de la nouvelle scène pauliste féminine de cette année 2010.
Tulipa entama les festivités le vendredi, laissant le soin à sa collègue originaire de Recife de faire de même le samedi, à partir de 21 heures pile (on est bien à São Paulo !), ce qui me changeait des concerts du même style qui commence vers 1 heure du matin au Théâtre Rival de Rio, dans le cadre des représentations du « Rival + tarde »
On aurait tendance à croire que la grande scène de l’Auditorium convient mieux à une musique plus traditionnel -voire érudite- mais son étendue face à un public surélevé donna l’occasion d’apprécier l’excellente présence des deux jeunes filles. Ce n’était d’ailleurs pas la première fois qu’elles s’y produisaient cette année.

Première constatation : le répertoire du premier album de chacune d’elles prend une autre dimension et se montre bien plus consistant et efficace sur scène.
Deuxième…En comparaison à la jeune scène masculine riche en bons compositeurs -mais qui manque de charisme et de vocaliste de premier plan- les filles apportent une fraîcheur, une originalité, et une véritable personnalité (quitte à ne pas vraiment encore atteindre des sommets comme compositrices).

Tulipa, une autre approche du chant...(photo Daniel A.)

Pour commencer avec Tulipa, paulista de Santos, la ronde chanteuse pourrait être assimilée à Silvia Machete par ses facilités vocales et sa truculence, mais sa musique s’affirme cependant plus rock et alternative que la carioca.
Souriante et pétillante, Tulipa livra l’entièreté de son album « Efêmera » dont l’inégalité du répertoire s’atténue donc sur scène. Un album sur lequel figure quelques perles comme Ás vezes, Pontual et la plage titulaire, souvent joués dans le programme « Tropicalia MPB ».
Se produisant devant des projections sur écran géant, Tulipa était entourée, entre autres, par Duani (batterie), son frère Gustavo Ruiz (guitare), ou encore Donatinho (fils de João Donato) au clavier, pour une prestation acidulée et colorée, mais qui allait s’avérer bien sage face à l’électrisante Karina Buhr
…à suivre.

samedi 11 décembre 2010

09/12 : Dori Caymmi, Sesc Belenzinho de São Paulo.

Dori Caymmi, Sesc Belenzinho, 09/12 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas

Se o Alphonse de Lamartine (poeta francês, 1790-1869) já nos havia evocado o sentimento de desterro que assola nossa vida quando um único ser vem a nos faltar, à sua época ele nem poderia imaginar a devastação que poderia sobrevir a um homen desprovido de celular e –no meu caso- vários dias sem laptop...
Por questões técnicas, eu fui privado de uma parte da minha vida, o que me deixou a impressão de ter estado me movendo sem meu cérebro ; ou melhor : sem memória, para utilizar o termo tecnológico em informática mais adequado. Daí a falta de posts editados aqui no blog...

E assim, passaram-se então vários dias na capital paulista até que eu pudesse assistir a um show. Foram quase dez dias no tumulto da megalópole, até que, finalmente, no meio do tráfego ininterrupto e dos ruídos urbanos, me surgisse o oásis de sons cristalinos do « mundo de dentro » de Dori Caymmi, que se apresentou no novo e magnífico complexo do Sesc Belenzinho, inaugurado no início desse mês de dezembro. O « mundo de dentro » (título de seu último álbum) de um homem aparentemente introvertido, mas que porém, entre cada composição, dava provas de um delicioso humor meio frio, ou mais propriamente cínico, em relação a diveros assuntos musicais ou sobre atualidades diversas.

Renato Braz e Dori Caymmi, Sesc Belenzinho, 09/12 (photo Daniel A.)

Para compor uma bela complementariedade à sua voz cavernosa e profunda, Dory convidou o paulista Renato Braz, amigo seu de longa data e excelente intérprete, bem à vontade no seu registro agudo.
Revisitando seu magnífico « Mundo de dentro » –um dos melhores discos do ano, no que me concerne- Dory nos presenteia com uma lição de maestria harmônica, que nos faz relembrar o fato de que estamos na presença de um dos melodistas mais brilhantes da música popular brasileira, em todo e qualquer estilo.
Dividindo quase todo o show com Renato Braz, Caymmi abriu o mesmo, no entanto, sozinho, com um título inédito, em homenagem ao Rio de Janeiro, sua cidade do coração... bastante conturbada, nessas últimas semanas.
Se uma boa parte das composições conta com a assinatura de Paulo César Pinheiro (« eu vou em breve festejar 41 anos de parceria com ele ; e ele, 41 anos com todo mundo », ironizava Dori, evocando a enorme produção do poeta), o mesmo também se aplica à prática de resgatar os títulos-chave de sua carreira. Dentre esses, O Cantador, música que o fez visível aos ohos do mundo, composta para Elis Regina em função do famoso Festival da Canção de 1967, escrita em parceria com Nelson Motta, sobre quem ele também ironiza... « depois o Nelson Motta me trocou pelo Lulu Santos ».

Renato Braz, Sesc Belenzinho, 09/12 (foto Daniel A.)

No final, o repertório tornou-se bem diferente daquele que Dori havia apresentado em abril último no Teatro Tom Jobim do Rio de Janeiro, dando espaço para Renato Braz em alguns títulos, solando com seu violão, o que causou especial frisson com uma soberba interpretação de Onde está você (Oscar Castro Neves/ Luvercy Fiorini), em homenagem à cantora Alaíde Costa, que completou no dia 8 desse mês seus 75 anos...
Vocês com certeza perceberam que a noite desse 9 de dezembro de 2010, no novo Sesc Belenzinho de São Paulo, foi de um altíssimo gabarito musical !

vendredi 10 décembre 2010

09/12 : Dori Caymmi, Sesc Belenzinho de Sao Paulo.

Dori Caymmi (avec Jorge Helder à la basse),
Sesc Belenzinho, 09/12 (photo Daniel A.)

-português em breve

Si le cher Alphonse de Lamartine (poète français,1790-1869) nous évoquait déjà le sentiment de dépeuplement que notre vie ressentait quand un seul être venait à nous manquer, il ne pouvait imaginer la dévastation que provoquerait une journée sans cellulaire ou -dans mon cas- de plusieurs jours sans laptop …
Pour des raisons techniques, je fus privé d’un morceau de ma vie, ce qui me donna l’impression de me mouvoir sans cerveau, ou plutôt sans mémoire, pour utiliser le terme informatique approprié. De là, le manque de textes édités sur ce blog…

Il aura donc fallu plusieurs jours dans la capitale pauliste, avant de pouvoir assister à un show. Presque dix jours dans le tumulte de la mégapole pour qu’enfin, au milieu du trafic ininterrompu et des bruits urbains, m’apparaisse l’oasis des sons cristallins du « monde intérieur » de Dori Caymmi, qui se produisait dans le nouveau et magnifique complexe du Sesc Belenzinho, inauguré au début de ce mois de décembre. Le « monde intérieur » (du titre de son dernier album) d’un homme apparemment introverti, mais qui entre chaque compositions, fit preuve d’un délicieux humour à froid, autrement dit cynique, en rapport à divers sujets musicaux ou d’actualités.

Dory Caymmi et Renato Braz, Sesc Belenzinho, 09/12 (photo Daniel A.)

Pour donner une belle complémentarité à sa voix caverneuse et profonde, Dory avait invité le pauliste Renato Braz, ami de longue date, et excellent interprète très à l’aise dans le registre aigu.
Revisitant son magnifique « Mundo de dentro » –un des meilleurs disques de l’année en ce qui me concerne- Dory nous gratifia d’une leçon de maestria harmonique, qui nous rappela que nous étions en présence d’un des mélodistes les plus brillants de la musique populaire brésilienne, tous styles confondus.
Divisant presque tout le show avec Renato Braz, Caymmi ouvrit cependant seul le show sur un inédit en hommage à Rio de Janeiro, sa ville de cœur, plutôt chahutée, ces dernières semaines.
Si une bonne partie des compositions portaient la signature de Paulo César Pinheiro (« je vais bientôt fêter 41 ans de collaboration avec lui, et lui, 41 ans avec tout le monde », ironisa-t-il, évoquant l’énorme production du poète), il s’appliqua aussi à reprendre les titres clefs de sa carrière. Parmi ceux ci, O Cantador qui le fit connaître aux yeux du monde, composé pour Elis Regina lors du fameux festival de la chanson de 1967, et écrit avec Nelson Motta sur lequel il ironisa encore …« depuis Nelson Motta m’a échangé contre Lulu Santos ».

Renato Braz, Sesc Belenzinho 09/12 (photo Daniel A.)

Au final, le répertoire s’avéra assez différent de celui que Dori avait donné en avril dernier au Théâtre Tom Jobim de Rio de Janeiro, laissant place pour quelques titres à Renato Braz, en solo avec sa guitare, qui donna le frisson avec une superbe interprétation de Onde esta você (Oscar Castro Neves/ Luvercy Fiorini), en hommage à la chanteuse Alaíde Costa qui fêtait hier ses 75 ans…
Vous l’aurez compris, la soirée du 9 décembre 2010, dans le nouveau Sesc Belenzinho de Sao Paulo, était d’une très haute tenue musicale !

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.