jeudi 28 octobre 2010

TROPICALIA MPB 64 (part 1)




Photo/ foto: Thiago Pethit, Tiê, Tulipa Ruiz

Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 18/10. Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 18/10, sur Radio Judaica.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

IVETE SANGALO : « Tanta saudade » (Chico Buarque/ Djavan)
FINO COLETIVO : « Ai de mim » (A. Lancellotti/ Djalma D’ávila)
ROGÊ : « O Guerreiro segue » (Rogê)
RODRIGO MARANHÃO : « Camaleão » (Rodrigo Maranhão)
GEORGE ISRAEL : « A Inocência do prazer » (Cazuza/ George Israel)
THIAGO PETHIT & TIÊ : « Essa canção francesa » (Thiago Pethit/ Rafael Barion)
TIÊ : « Aula de francês » (Flavio Juliano/ Tiê/ Nathalia Catharina)
TULIPA RUIZ : « Efêmera » (Gustavo Ruiz/ Tulipa Ruiz)
ROMULO FRÓES : « Caia na risada » (Clima/ Nuno Ramos)
LUISA MAITA : « Desencabulada » (L.F. Gama/ Rodrigo Campos)
RODRIGO CAMPOS : « Lúcia » (Rodrigo Campos)
CHICO BUARQUE & CARLOS DO CARMO : « Fado tropical » (Chico Buarque/ Ruy Guerra)
ANTÓNIO ZAMBUJO : « Zorro » (João Monge/ João Gil)
CARLOS DO CARMO : « Um Homen na cidade » (Ary dos Santos/ José Luis Tinico)

mardi 26 octobre 2010

Sobrevoando 2010 : maio.

Rodrigo Maranhao, de passagem...

Texte français plus bas

Texto português traduzido do francês

Assim como para 2009, a série de resenhas « Sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados ao longo do ano inteiro. Falo daqueles que vieram a me interessar por diversos aspectos. Infelizmente, com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de determinados cd’s no mercado. Alguns dos álbuns abaixo citados já foram inclusive resenhados aqui no blog, cada qual a seu tempo...

A princípio associado à cena funk carioca em função de suas colaborações para os trabalhos de Pedro Luis e Fernanda Abreu lá pelo final dos anos 90, Rodrigo Maranhão (igualmente à frente do grupo percussivo Bangalafumenga) revelou-se mais tarde um bom compositor, sensível e delicado, a partir já de seu primeiro excelente álbum « Bordado » (2007). Bastaram Maria Rita (Caminho das Águas) e Roberta Sá (Olho de boi, Samba de um minuto) fazerem eco às suas composições para que ele se tornasse um compositor promissor da nova geração. « Passageiro », seguindo as pegadas de « Bordado », mescla, num clima poético feito de melancolia e de nostalgia, ritmos como o xote, o baião, a toada, a valsa, ou até mesmo o samba. Os arranjos adicionam um toque urbano e contemporâneo (uma pouco como faz seu amigo Edu Krieger), e apenas a voz do artista permanece ainda num estágio que não permite um entusiasmo sem reservas sobre o álbum. Mas « Passageiro » continua, no entanto, bem acima da maioria das procuções desse ano.

« Fé na festa » é o primeiro trabalho realmente convincente de Gilberto Gil, desde que ele deixou seu posto ministerial em 2006.
« Banda larga cordel » (2008) veio a revelar-se um álbum bastante morno, com um Gil em modesta forma vocal. Mas o trem começou a voltar aos trilhos em 2009, e o baiano lançou então o cd/dvd « Bandadois », resultado de uma tournée mundial acústica com seu filho Bem Gil, por vezes acompanhado do violoncelo de Jacques Morelenbaum.
Lançado às vésperas das festas juninas, « Fé na festa » é constituído de inéditos de sua lavra, contrariamente ao álbum « Eu, tu eles » (2000), que dentro de um mesmo estilo musical, revisitava o repertório de grandes compositores do Nordeste. O resultado é entusiasmante, simples, popular ; e, essencialmente dançante, apresenta pequenas pérolas que bem poderiam abastecer, com alguns títulos já clássicos, o repertório do Forró e do Baião.
Isso é o que me leva à seguinte reflexão : com Bethânia, Caetano, e em breve com o grande retorno tão esperado de Gal Costa, em 2011, os « doces bárbaros » da Bahia estão mais do que nunca presentes na cena brasileira, e em grande forma !

Leny Andrade poderia cantar a lista telefônica ou a Declaração Internacional dos Direitos do Homem ; ainda assim, ela continuaria sendo sempre uma das maiores intérpretes brasileiras, mesmo com todos os estilos possíveis embaralhados.
Associada à Bossa, e especialmente à Bossa Jazz, Leny nos retorna com um álbum bem distante de seu gênero predileto com « Alma mia », que reúne 14 boleros cantados em espanhol. O grande mérito do disco vem do fato de nos apresentar um repertório saído de um lugar absolutamente comum, produzido pelo pianista Fernando Merlino. E se a escolha desse gênero musical, carregado de dramaturgia, possa nos parecer estranha, é bom lembrar que a cantora viveu muitos anos –de 1966 a 1971- no México.
El dia em que me quiras (Carlos Gardel/ Alfredo Le Pera) e Vete de mi (Virgilio Expósito/ Homero Expósito) nos mostra a maestria alucinantemente intacta da artista que- mesmo que preferíssemos vê-la retornar através de um caminho mais jazz- possui a força e o talento (como Nana Caymmi nesse mesmo gênero) capazes de nos transmitir uma emoção impossível de não nos arrebatar.

A despeito de já contabilizar seis discos em seus ativos, Antonio Villeroy é um nome que permanece ligado, antes de tudo, a uma série de títulos –geralmente sucessos- que ele escreveu com/para Ana Carolina, desde 1997.
Como prova disso, vide a presença de sete títulos de sua autoria no álbum Perfil, uma compilação da potente cantora de Juiz de Fora (MG).
Porém, o compositor gaúcho colocou igualmente seu talento à disposição dos repertórios de Maria Bethânia, Ivan Lins, Gal Costa, Mart' Nália, Moska, Paula Lima, Sandy e Junior, Eliana Printes, Bárbara Mendes, Luciana Melo, Preta Gil, e ainda Luiza Possi.
Em « José » (lançado em maio, e largamente comentado aqui no blog e também no programa de rádio Tropicália) o artista parece ter decidido afirmar-se definitivamente sem ter que passar através de outras vozes. E ele prova, por sinal, que seus talentos de intérprete são inegáveis. Ele assina aqui duas das mais belas baladas do ano : Recomeço e A flor que eu te dei ; em duo, respectivamente, com Maria Gadú e Teresa Cristina. E todo o resto do álbum flerta talentosamente com bossas, milongas, e baladas caretas e diabolicamente eficientes. E é talvez por causa desse aspecto excessivamente « limpo », « perfeito », carente de alguma aspereza ao longo de sua audição, que poderemos encontrar o único defeito desse muito bom álbum...

Em 2007, Fino Coletivo –esse grupo de 8 integrantes que se tornaram 6- lançou um primeiro álbum festivo e despretensioso, que apresentava uma habilidosa mistura de samba, de funk, e de pop, o qual rendeu algumas pequenas pérolas dançantes como Tarja preta, Dragão, e Boa noite.
O grupo carioca –que conta agora em suas fileiras com Donatinho nos teclados (filho de João Donato)- afirma-se em 2010 através de seu segundo álbum, que inclina-se bem mais para o reggae e sobretudo para o groove disco (Ai de mim, Doce em Madrid, Abalando geral). O conjunto continua muito sedutor, sem no entanto ser essencial- mas esse não é mesmo o objetivo do Fino Colectivo.
Note-se que, como todo bom grupo ou artista « swing » que surge de um tempo para cá, o Fino sofre a influência marcada e assumida de Jorge Ben(jor), que permanece indelével...

Existem os artistas que irritam a crítica por seus talentos inatos para criar uma música pop devidamente enquadrada que –quer a gente queira ou não- se revelam de uma assustadora eficiência. Por mais que se tente resistir, é um pouco como esses filmes « blockbusters » americanos : cheios de boas intenções, uma vez que não conhecemos a trama, mas que em algum momento, vão insistir em nos arrancar uma lágrima, assim que chegarem os violinos.
Como é o caso de Jorge Vercillo que, álbum após álbum (8 em estúdio, desde 1994), tornou-se uma máquina de cuspir sucessos impressionante. Assim, é natural que « D.N.A » não traga muitas surpresas, e use das mesmas fórmulas sem parar ; mas assim como em seu álbum precedente, « Todos nós somos um » (2007), Vercillo procura inserir, a cada dois títulos « adequados », alguns trabalhos menos evidentes : o cool e jazzy Memória do prazer ; o solene Há de ser, em duo com Milton Nascimento ; o samba Verdade oculta ; e o belo O que eu não conheço, oferecido a Maria Bethânia em 2009 para seu álbum « Tua ».
Naturalmente, Caso perdido prova que ele ainda não está pronto para se despojar da influência chorosa (e confessa) de Djavan. Mas no final das contas, o imprtante é a gente saber se Jorge Vercillo, sob seu aspecto de genro perfeito, é um artista sincero... E quanto a isso, eu não tenho qualquer dúvida.

Yamandu e Valter, 14 cordas e 100 anos juntos...

A vantagem dos instrumentistas virtuoses, é que eles não são avaros em suas produções, geralmente excelentes. É o caso de Yamandú Costa, que sempre nos presenteia com no mínimo um álbum por ano...
« YV » reúne Yamandu (30 anos) a Valter Silva (70 anos), outro Às da guitarra de 7 cordas, para uma visita ao repertório do samba e da seresta ; mas sobretudo do choro. No programa, os temas conhecidos de Dorival Caymmi (Rosa Morena), Dilermando Reis (Tempo da criança), Nelson Alves (Mistura e manda), e outras composições menos populares pescadas dos repertórios de Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Canhoto da Paraíba. Soberbo de ponta a ponta...

O ano de 2010 é também marcado por ser aquele do centenário do nascimento de Noel Rosa (1910-1937), o que finalmente dá oportunidade a Martinho Da Vila de dedicar um álbum inteiro ao poeta e cancioneiro de Vila Isabel (Zona Norte do Rio), importante cronista do Rio de Janeiro do início do século XX. Uma figura importantíssima da cultura brasileira, com uma obra tão vasta quanto foi curta sua vida.
Em « Poeta da cidade », Martinho optou então por se concentrar nas composições assinadas unicamente por Noel, letra e música com exceção de Filosofia, composta em parceria com André Filho. Daí em diante, encontramos então títulos menos conhecidos (Século do progresso, Quando o samba acabou) dentre outros inevitáveis dentro de um projeto como esse aqui (O X do problema, Último desejo, Coisas nossas).
Soberbamente produzido por Rildo Hora, « Poeta da cidade » nos dá a oportunidade de ouvir duos com Martinho e as jovens promessas femininas do samba que são Aline Calixto e Ana Costa, com mais suas três filhas : Analimar Ventapane, Maira Freitas, e Mart’nália. Belo álbum, o qual merece ter sulinhado também o grafismo bem cuidado da capa e do livreto...enquanto o cd ainda existir em sua forma física... !

Com respeito ainda à era de ouro da Música Popular Brasileira dos anos 1930 a 1950, e seus tesouros esquecidos e finalmente redescobertos, Geraldo Leite inclinou-se sobre os arquivos do Instituto Moreira Sales, a fim de garimpar pequenas pérolas obscuras escritas por nomes também de prestígio como os de Ary Barroso, Pedro Caetano, Assis Valente, Luiz Gonzaga, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, e ainda Noel Rosa.
Em « Sopa de concha » (título composto por Alcyr P. Vermelho e Pedro Caetano em 1941), Geraldo reúne seus antigos colegas do Rumo, célebre grupo da vanguarda paulista dos anos 80, para aplicar um choque de esplendor a essas canções deliciosas, esquecidas sem que se saiba exatamente o por quê.
Ao lado de Geraldo Leite, relembramos então os nomes de Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Gal Oppido, Pedro Mourão, e também de outros que formavam o Rumo entre 1974 e 1991 ; tudo isso produzido cuidadosamente pelo guitarrista e arranjador Swami Jr.

E enfim… « Zé Ramalho canta Jackson do Pandeiro ». Depois das homenagens prestadas a Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Bob Dylan, Zé Ramalho aborda o repertório dessa grande figura do Nordeste que é Jackson do Pandeiro (1919-1982). As gravações de Ramalho datam de diversas épocas, mas o álbum nos traz de qualquer maneira 6 músicas inéditas, sendo que 4 gravadas em março de 2010. O conjunto do trabalho é muito coerente e digno de interesse.

« 13 parcerias com Cazuza »
, de George Israel. O guitarrista, saxofonista e compositor do Kid Abelha lança seu terceiro álbum solo sobre aquele que ele revisita através de 13 de 19 canções escritas em parceria com o roqueiro e poeta mítico, Cazuza (1958-1990). Para levar a cabo tal projeto, ele convida Frejat, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita, Elza Soares, Marcelo D2 e Tico Santa Cruz, para um resultado, no final, não muito convincente... Os textos de Cazuza suplantavam com frequência a fraqueza de certas melodias, e mesmo os hinos que são Brasil, Solidão que nada e Blues do ano 2000, não nos deixam esquecer as versões originais, bem mais viscerais.
« Fala geral », de Rogê, apresenta também esse ano, dentro do projeto « 4 cabeça », um álbum que, como o Fino Coletivo, fica na linha de Jorge Ben(jor), com muito êxito. Mas além da veia samba funk, Rogê aborda com alegria outros horizontes musicais como a bossa, o reggae, ou o samba mais tradicional, fazendo de « Fala geral » algo essencialmente carioca. Projeto bastante bem sucedido...

Survolant 2010 : mai.


Comme pour 2009, la chronique « survolant 2010 » se propose de revoir, en tout subjectivité, quelques albums sortis, mois par mois, tout le long de l’année. Ceux qui m’auront intéressé par divers aspects. Avec, hélas, quelques rendez-vous musicaux manqués dû à l’indisponibilité de certains produits sur le marché.
Certains albums ont déjà été chroniqués sur ce blog en leur temps…

« Fé na festa » est le premier travail réellement convaincant de Gilberto Gil, depuis qu’il a lâché sa charge ministérielle en 2006.
« Banda larga cordel » (2008) s’était révélé un album plutôt tiède, avec un Gil en petite forme vocale. Mais la machine s’est mise en route en 2009, et le bahianais nous avait sorti le cd/dvd « Bandadois », résultat d’une tournée mondiale acoustique avec son fils Bem Gil, parfois accompagné du violoncelle de Jacques Morelenbaum.
Sorti à la veille des « festas juninhas » (les fêtes religieuses du mois de juin), « Fé na festa » est constitué d’inédits de son crû, contrairement à l’album « Eu, tu eles » (2000) qui dans un même style musical, revisitait le répertoire de grands compositeurs du Nordeste. Le résultat est enthousiasmant, simple, populaire, et essentiellement dansant, et propose des petites perles qui pourraient bien fournir quelques classiques au répertoire du Forró et du Baião.
Ce qui m’amène à la réflexion suivante : avec Bethânia, Caetano, et bientôt le retour attendu de Gal Costa en 2011, les « doux barbares » de Bahia, sont plus que jamais présents sur la scène brésilienne…Et en grande forme !

D’abord associé à la scène funk carioca suite à ses collaborations avec Pedro Luis et Fernanda Abreu à la fin des années 90, Rodrigo Maranhão (également à la tête du groupe percussif Bangalafumenga) s’est révélé ensuite comme un bon compositeur sensible et délicat, avec son premier excellent album « Bordado » (2007). Il a suffit ensuite que Maria Rita (Caminho das Aguas) et Roberta Sá (Olho de boi, Samba de um minuto) fassent échos à ses compositions, pour qu’il devienne un compositeur en vue de la jeune génération.
« Passageiro », suit les traces de « Bordado », mêlant dans un climat poétique fait de mélancolie et de nostalgie, des rythmes comme le xote, le baião, la toada, la valse ou même la samba. Les arrangements y ajoute une touche urbaine et contemporaine (un peu comme son ami Edu Krieger), et seule la voix de l’artiste reste encore le point qui ne permet met de s’enthousiasmer sans réserve sur l’album. Mais « Passageiro » reste cependant bien au-dessus de la moyenne des productions de cette année.

Leny Andrade pourrait chanter l’annuaire téléphonique ou la Charte internationale des Droits de l’Homme, elle resterait toujours une des plus grandes interprètes brésiliennes, tous styles confondus.
Associé à la Bossa, ou plutôt à la Bossa Jazz, Leny nous revient avec un album plutôt éloigné de son genre de prédilection avec « Alma mia », qui réunit 14 boléros chantés en espagnole. Le grand mérite du disque étant de nous présenté un répertoire sorti des sentier battu, produit par le pianiste Fernando Merlino. Et si le choix de ce genre musical chargé de dramaturgie peut paraître étrange, il est bon de rappeler de la chanteuse vécut plusieurs années –de 1966 à 1971- au Mexique.
El dia em que me quieres (Carlos Gardel/ Alfredo Le Pera) ou Vete de mi (Virgilio Expósito/ Homero Expósito) nous montre la maîtrise hallucinante intacte de l’artiste qui- même si l’on aurais préféré la retrouvé dans un créneau plus jazz- possède la force et le talent (comme Nana Caymmi dans ce même genre) de nous transmettre une émotion qui ne peut que nous convaincre.

Malgré déjà six disques à son actif, Antonio Villeroy est un nom qui reste lié avant tout à une série de titres –généralement des tubes- qu’il a écrits avec/pour Ana Carolina, dès 1997.
Pour preuve, la présence de sept titres de sa plume sur l’album "Perfil"- compilation de la puissante chanteuse de Juiz de Fora (MG).
Mais le compositeur gaúcho a également mis à disposition son talent aux répertoires de Maria Bethânia, Ivan Lins, Gal Costa, Mart' Nália, Moska, Paula Lima, Sandy e Junior, Eliana Printes, Bárbara Mendes, Luciana Melo, Preta Gil ou encore Luiza Possi.
Dans « José » (sorti en mai, et largement commenté sur ce blog et dans le programme radio Tropicalia), l’artiste semble avoir décidé de s’affirmer définitivement sans passer par d’autres voix. Et il prouve d’ailleurs que ses talents d’interprète sont indéniables. Il signe ici deux des plus belles balades de l’année avec Recomeço et A flor que eu te dei, en duo respectivement avec Maria Gadú et Teresa Cristina, et tout le reste de l’album flirte avec talent entre bossas, milongas, et ballades racoleuses et diablement efficaces. Et c’est peut-être par dans cet aspect trop « propre » et parfait, manquant d’aspérité sur la longueur, que l’on pourra trouver l’unique défaut à ce très bon album…

En 2007, Fino Coletivo -ce groupe de 8 intégrants devenu six- lançait un premier album festif et sans prétention, qui présentait un habile mélange de samba, de funk, et de pop, qui rendait quelques petites perles dansantes comme Tarja preta, Dragão ou Boa noite.
Le groupe carioca –qui compte maintenant dans ses rangs Donatinho au clavier (fils de João Donato)- confirme en 2010 avec ce second album, qui tend encore davantage vers le reggae et surtout le groove disco (Ai de mim, Doce em Madrid, ou Abalando geral). L’ensemble reste très séducteur -sans être essentiel- mais tel n’est pas l’objectif du Fino Colectivo.
À noter que comme tout bon groupe ou artiste « swing » qui surgit de nos jours, l’influence marquée et assumée de Jorge Ben(jor) reste indélébile…

Il y a des artistes qui énervent la critique par leurs talents innés à créer une musique pop racoleuse qui -qu’on le veuille ou non- se révèle d’une redoutable efficacité. Pour peu que l’on tente de résister, c’est un peu comme ces « blogbusters » américains, plein de bons sentiments dont on connaît les ficèles, mais qui parviennent toujours à nous tirer une larme quand arrivent les violons.
Tel est le cas de Jorge Vercillo qui, album après album (8 en studio depuis 1994), est devenu une machine à tubes impressionnante.
Bien sûr, « D.N.A » n’apporte pas beaucoup de surprises et use des mêmes formules imparables, mais comme pour son album précédent, « Todos nós somos um » (2007), Vercillo recherche entre deux titres convenus, quelques voies moins évidentes : le cool et jazzy Memoria do prazer, le solennel Há de ser en duo avec Milton Nascimento, la samba Verdade oculta, ou l’irrésistible O que eu não conheço, offert à Maria Bethânia en 2009 pour son album « Tua ».
Bien sûr, Caso perdido prouve qu’il n’est pas prêt de se départir de l’influence criante (et avouée) de Djavan mais, en fin de compte, l’important est de savoir si Jorge Vercillo, sous ses dehors de gendre parfait, est un artiste sincère…Et de cela, je n’ai aucun doute.

Yamandu Costa et Valter Silva, 100 ans et 14 cordes à eux deux...

L’avantage avec les instrumentistes virtuoses, c’est qu’ils ne sont pas avares de productions, généralement toujours excellentes. C’est le cas de Yamandu Costa qui nous gratifie toujours d’au moins un album par an…
« YV » réunit Yamandu (30 ans) à Valter Silva (70 ans), autre as de la guitare à 7 cordes, pour une visite du répertoire de la samba, de la seresta, mais surtout du chorinho. Au programme, des thèmes connus de Dorival Caymmi (Rosa Morena), Dilermando Reis (Tempo da criança), Nelson Alves (Mistura e manda), et d’autres compositions moins populaires pêchées dans les répertoires de Pixinguinha, Jacob do Bandolim ou Canhoto da Paraiba. Superbe de bout en bout…

L’année 2010 étant celle du centenaire de la naissance de Noel Rosa (1910-1937), elle donne enfin l’occasion à Martinho Da Vila de dédier un album entier au poète et chansonnier de Vila Isabel (quartier nord de Rio), chroniqueur du Rio de Janeiro ancien. Une figure importantissime de la culture brésilienne, à l’œuvre aussi vaste que sa vie fut courte.
Dans « Poeta da cidade », Martinho a donc choisi l’option de se concentrer sur des compositions uniquement signées de Noel, parole et musique, si l’on excepte Filosofia écrit avec André Filho. On rencontre dès lors des titres moins connus (Seja breve, Século do progresso, Quando o samba acabou) entre d’autres incontournables dans un projet tel que celui-ci (O X do problema, Ultimo desejo, Coisas nossas).
Superbement produit par Rildo Hora, « Poeta da cidade » nous donne l’occasion aussi d’entendre des duos entre Martinho et les jeunes promesses féminines de la samba que sont Aline Calixto et Ana Costa, en plus de ses trois filles, Analimar Ventapane, Maira Freitas et Mart’nália. Bel album dont on soulignera aussi le graphisme soigné de la pochette et du livret….Tant que le cd physique existe encore…

Toujours concernant l’âge d’or de la Musique Populaire brésilienne des années 1930 à 1950, et ses trésors oubliés enfin redécouverts, Geraldo Leite a plongé dans les archives de L’institut Moreira Sales pour en retirer de petites perles obscures écrites par des noms aussi prestigieux que Ary Barroso, Pedro Caetano, Assis Valente, Luiz Gonzaga, Lamartine Babo, Ataulfo Alves ou encore Noel Rosa.
Dans « Sopa de concha » (du titre composé par Alcyr P. Vermelho et Pedro Caetano en 1941), Geraldo réunit ses anciens collègue de Rumo, célèbre groupe de l’avant guarde pauliste des années 80, pour redonner un coup d’éclat à ces chansons savoureuses oubliées sans qu’on ne sache trop pourquoi.
Aux côtés de Geraldo Leite, on retrouve donc les noms de Luiz Tatit, Na Ozzetti, Gal Oppido, Pedro Mourao, et d’autres, qui formèrent Rumo entre 1974 et 1991, le tout soigneusement produit par le guitariste et arrangeur Swami Jr.

Et enfin… « Zé Ramalho canta Jackson do Pandeiro ». Après les hommages rendus à Raul Seixas, Luiz Gonzaga et Bob Dylan, Zé Ramalho aborde le répertoire de cette grande figure du Nordeste qu’est Jackson do Pandeiro (1919-1982). Les enregistrements de Ramalho datent de diverses époques, mais l’album apporte quand même 6 inédits dont 4 enregistré en mars 2010. L’ensemble reste malgré tout très cohérent et digne d’intérêt.
« 13 parcerias com Cazuza » de George Israel... Le guitariste, saxophoniste et compositeur de Kid Abelha lance son troisième album solo sur lequel il revisite 13 des 19 chansons écrites avec le rockeur et poète mythique, Cazuza (1958-1990). Pour se faire, il invite Frejat, Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Paulo Ricardo, Evandro Mesquita, Elza Soares, Marcelo D2 et Tico Santa Cruz, pour un résultat pas trop convainquant…Les textes de Cazuza supplantent souvent la faiblesse de certaines mélodies, et même les hymnes que sont Brasil, Solidão que nada et Blues do ano 2000 ne font pas oublier les versions originales, bien plus viscérales.
« Fala geral » de Rogê -présent aussi cette année dans le projet « 4 cabeças »-, est un album qui, comme le Fino Coletivo, nage dans le sillage de Jorge Ben(jor), avec assez bien de réussite. En plus de la veine samba funk, Rogê aborde d’autres horizons musicaux comme la bossa, le reggae, ou la samba plus traditionnelle, rendant « Fala geral » essentiellement carioca. Plutôt réussi…

samedi 23 octobre 2010

TROPICALIA MPB 63 (part 2)


Roberto Mendes, 3 compositions dans ce Tropicalia MPB 63 (part 2)



Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 18/10. Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 18/10, sur Radio Judaica.
Pour réécouter cette émission et d’autres plus anciennes, cliquez ICI

MARGARETH MENEZES : « Gente » (Arnaldo Antunes/ Marisa Monte/ Pepeu Gomes)
CARLOS NUÑES & CARLINHOS BROWN : « Padaria elétrica da Barra » (Carlos Núñes/ Carlinhos Brown/ Alê Siqueira)
MARGERETH MENEZES & ROBERTO MENDES : « A Beira e o mar » (Roberto Mendes/ Jorge Portugal)
MARIA BETHÂNIA, GIL & CAETANO : « Saudade dela » (Roberto Mendes/ Nizaldo Costa)
ROBERTO MENDES & LENINE : « Tira essa mulher da roda » (Roberto Mendes/ Capinan)
JACINTO SILVA & SILVÉRIO PESSOA : « Teste para cantador » (Jacinto Silva)
DORI CAYMMI & RENATO BRAZ : « Quebra mar » (Dori Caymmi/ P.C. Pinheiro)
LENINE : « O Atirador » (Lula Queiroga)
ELIANA PRINTES : « Os Presentes » (Kleber Albuquerque)
PAULINHO MOSKA : « O Tom do amor » (Moska/ Zélia Duncan)
ROBERTA CAMPOS : « Acabou » (Roberta Campos)
DJAVAN : « Miragem » (Djavan)
LANLAN E OS ELAINES : « 100 Xurumela » (Lanlan)
PITTY : « Admiravel chip novo » (Pitty)
RITA LEE : « Esse tal de rauque enrow » (Rita Lee/ Paulo Coelho)

vendredi 22 octobre 2010

Festa na Lapa...

Arcos brancos sobre um céu escuro...
quase uma tela abstata...(foto Laurent A.)


Laurent Achedjian (Já vi esse nome em algum lugar...), jornalista diplomado de Bruxelas, me envia essas fotos... Ele viu as luzes brilharem no bairro da Lapa (Rio de Janeiro) e deu por si bem no meio do evento “Boa do Samba”, no dia 16 de outubro agora, que aconteceu aos pés dos Arcos da Lapa, cartão postal do Rio Antigo.
Durante três dias (15, 16 e 17 de outubro) foi possível lá assistir a diversas manifestações culturais, tais como exposições de fotos, oficinas de instrumentos musicais, bate papo com os sambistas, ou até sessões de cinema.

Arlindo e Mart'nalia, 16/10 (foto Laurent A.)

Naquela noite, Laurent pôde ver em cena Mart´nália, Arlindo Cruz, Marcelo D2, e – a cereja do bolo – D. Ivone Lara (vide no texto francês), que não constava do programa oficial. O ambiente estava descontraído, amistoso, jovial, “cool”... Tudo rolou “numa boa”, como se diz no Rio... Valeu, irmão!

Marcelo D2, 16/10 (foto Laurent A.)

Vídeo do Youtube (no texto francês em baixo)... Mais pelo ambiente do que pelo som...

jeudi 21 octobre 2010

Fête à Lapa...

"Boa do Samba", évènement aux pieds
des "arcos da Lapa" (photo Laurent A.)


Laurent Achedjian (j’ai déjà vu ce nom quelque part…), journaliste diplômé de Bruxelles en vacance au Brésil, m’envoie ces clichés…Il a vu de la lumière dans le quartier de Lapa (Rio de Janeiro) et s’est retrouvé au milieu de l’évènement « Boa do samba », le 16 octobre dernier, qui se tenait aux pieds des « arcos da Lapa », le fameux aqueduc, carte postale du Rio ancien.
Durant trois jours (les 15, 16 et 17 octobre), on pouvait assister à diverses manifestations, comme des expos de photos, des « oficinas » d’instruments de musiques, des conversations avec des sambistas, ou des séances de cinéma sur le genre musical.

Mart'nalia et Arlindo Cruz (Photo Laurent A.)

Ce soir -là, Laurent a pu voir sur scène de Mart’nália, Arlindo Cruz, Marcelo D2, et -cerise sur le gâteau- Dona Ivone Lara, qui n’était pas annoncée au programme. L’ambiance était décontractée, bon enfant, cool, bref… tout s’est déroulé « numa boa », comme on dit là-bas…Valeu irmão !

Mart'nalia et la Reine Dona Ivone Lara (photo Laurent A.)

Vidéo Youtube... plus pour l'ambiance que pour le son...

mardi 19 octobre 2010

TROPICALIA MPB 63 (part 1)





Eis aqui a lista das canções tocadas ao vivo no programa Tropicália, na Rádio Judaica, o dia 18/10. Pra escutar este programa, e outros mais antigos, cliquem AQUI.

Voici la liste des titres joués en direct dans le programme Tropicalia du 18/10, sur Radio Judaica.
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IVAN LINS : « Sou eu » (Ivan Lins/ Chico Buarque)
JOÃO NOGUEIRA : « Batendo a porta » (João Nogueira/ P.C. Pinheiro)
MARCOS SACRAMENTO & SORAYA REVENLE : « Tem que rebolar » (José Batista/ Magno de Oliveira)
NÁ OZZETTI & GERALDO LEITE : « Meu amor não me deixou » (Ary Barroso)
PEDRO PAULO MALTA, NILZE CARVALHO & PEDRO MIRANDA : « Alvorada/ Quem me vê sorrindo / Não quero mais amar a ninguém » (Cartola/ Carlos Cachaça/ Zé da Zilda)
CARMEN MIRANDA : « Recenceamento » (Assis Valente)
MARCOS SACRAMENTO : « Águia de Haia » (Luís Filipe de Lima/ Nei Lopes)
HEITOR DOS PRAZERES E SUA GENTE : « Êta seu mano » (Heitor dos Prazeres)
CHICO PINHEIRO : « Encontro » (Chico Pinheiro)
EDU KRIEGER : « A Lua é testemunha » (Edu Krieger)
FRANK SINATRA & ANTONIA CARLOS JOBIM : « Off key (Desafinado) » (A.C.Jobim/ Lees/ Newton Mendonça)
TERESA CRISTINA & LENINE : « Trégua suspensa » (Teresa Cristina/ Lula Queiroga)
MÔNICA SALMASO : « Menina amanhã de manhã » (Tom Zé/ Perna)
ILANA VOLCOV : « Paixão e fé » (Tavinho Moura/ Fernando Brant)

dimanche 17 octobre 2010

Sobrevoando 2010 : abril.

Roberta Campos convida Nando Reis em "Varrendo a lua"


-texte français plus bas
-texto português traduzido do francês

Assim como para 2009, a série de resenhas « Sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados ao longo do ano inteiro. Falo daqueles que vieram a me interessar por diversos aspectos. Infelizmente, com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de determinados cd’s no mercado. Alguns dos álbuns abaixo citados já foram inclusive resenhados aqui no blog, cada qual a seu tempo...

Cada ano nos traz algumas cantoras delicadas que nos propõem repertórios refinados, baseados frequentemente em temas e ritmos regionais, ou ainda aqueles que evoquem um Brasil dos velhos tempos.
Em « Bangüe », Ilana Volcov reúne essas duas tendências, ao descobrir no repertório de ilustres compositores alguns títulos não forçosamente conhecidos, passando bem longe do mainstream das rádios FM.
Encontramos então dessa forma, em « Bangûe », nomes como os de Edu Lobo, Paulinho da Viola, Guinga, Caetano Veloso, Chico Saraiva, Noel Rosa e ainda Tavinho Moura (e a sublime Paixão e fé, canção composta em parceria com Fernando Brant !). O resultado é bom, mesmo que a voz afinada da cantora padeça de um pouco de modulação e possa se tornar cansativa ao longo do disco.

A capa de « Mundo de dentro » mostra um Dori Caymmi concentrado sobre seu violão, de olhos fechados, interiorizado, apenas iluminado sobre um fundo escuro. Não poderíamos encontrar melhor título e capa mais apropriada para ilustrar esse magnífico álbum tão denso, que reúne novas composições e temas já oferecidos a Maria Bethânia (É o amor outra vez) e a sua irmã, Nana Caymmi (Sem poupar coração, Saudade de amar). Ele engloba também antigos temas instrumentais contando com letras compostas por Paulo César Pinheiro, autor de 12 títulos dentre os 13 do álbum. Um trabalho concebido, no final das contas, como « Tantas marés », de Edu Lobo. (vide fevereiro). Dentre as numerosas pérolas, está Quebra-mar, que não deixa de evocar o universo marítimo de Dorival Caymmi, através do minimalismo de sua belíssima melodia. E « Mundo de dentro », o mais recente álbum autoral de Dori Caymmi desde « If ever… », de 1994, é um dos belos álbuns desse ano.

Leve e juvenil, « Varrendo a lua », segundo álbum da jovem cantora e compositora de Minas Gerais Roberta Campos, nos oferece uma música pop e folk revigorante que já faz alguns meses vem seduzindo as rádios FM de inúmeras capitais brasileiras. A tímida Roberta, metida em seu boné tal qual Milton Nascimento, lembra por vezes Mallu Magalhães (em versão menos rock) com a canção Mundo inteiro, enquanto que em Acabou, é inevitável deixar de evocar Paula Toller.
No entanto, a gente pensa mais nas baladas de Nando Reis, sobretudo quando ele compartilha o vocal em De janeiro a janeiro com Roberta, numa composição dela que poderia ter saído da pena do ruivo. « Varrendo a lua » é um álbum despretensioso e atraente.

Os cabarés de má fama e seus fins de noite ; os marinheiros ancorados no porto e as mulheres de vida fácil ; a fumaça dos cigarros, o whisky e os bad boys... Tudo isso já povoava o universo do primeiro álbum de 7 títulos que Renato Godá nos havia proposto em 2009. Em « Canções pra embalar marujos », Godá instala esse mesmo clima em seus 14 títulos gravados de uma só tacada em estúdio. Sem dúvida o resultado é bastante caricatural e previsível ; porém, mesmo assim, depois de algumas audições, ele nos parece irrresistível. Provavelmente porque esse personagem simpatico –sem deixar de comparar com Tom Waits e Paulo Conté- é um artista singular na cena brasileira, e que sinceramente adora o mundo que ele descreve em seu trabalho. E eu, sigo adiante...

Banjo e piano são os instrumentos igualmente recorrentes do cabaré –bem mais chique e intimista- de Thiago Pethit, outro artista cultuado da cena jovem de São Paulo. Uma espécie de alter ego masculino da cantora Tiê (outra artista egressa da cena antenada de Sampa), com quem ele se apresenta regularmente. Thiago passeia sua bela melancolia por 11 títulos no "Berlim Texas".. os quais eu pude escutar através da página Myspace do artista, uma vez não tendo sido possível encontrar seu álbum pelas vias habituais... Mas o ano ainda não terminou, e eu gostei bastante do que eu já escutei até aqui.

Autêntico « mezze » musical, « Mafaro » (já largamente eesenhado a seu tempo aqui nesse blog, capa no texto francês), de André Abujamra, nos impressiona pela riqueza da instrumentação de suas composições, que revisitam as influências do mundo inteiro (principalmente as mais orientais), com esse toque de loucura surrealista que caracteriza o antigo líder do grupo Karnak. Exercício brilhante ; e como todo bom mezze, agrada muito, mas o conjunto da obra é um pouco difícil de digerir...
No campo puramente instrumental, faz-se notar o belo « Chico violão », de Arthur Nestrovsky : violonista, escritor, teórico musical, e atualmente diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. O musicista revisita, munido unicamente de seu violão, 15 temas de Chico Buarque que vão de 1972 a 2005, com a mesma maestria de « Jobim violão », que foi lançado em 2007.

Dentre as numerosas caixas lançadas esse ano, aquela dedicada a Dolores Duran (1930-1959) certamente aponta como umas das mais preciosas. Ela comporta os 4 álbuns lançados pela artista, 2 compilações póstumas, bem como dois álbuns reunindo outros artistas interpretando suas composições.
Se frequentemente consideramos Maysa (1936-1977) como a cantora mais moderna do final dos anos 50, por suas atitudes e seu modo de vida, Dolores Duran sem dúvida a supera no plano artístico. A excelente intérprete falecida precocemente –muito à vontade nos repertórios em francês, inglês, alemão ou espanhol- é a autora de clássicos inesquecíveis agregados ao Panthéon da canção brasileira. Dentre esses classicos figuram A Noite do meu bem, Fim de caso, Solidão e Castigo ; isso sem esquecer dos textos escritos por Antonio Carlos Jobim (Por causa de você e Estrada de sol) e também por Carlos Lyra (O Négocio é amar, Se quiseres chorar), além de outros colaboradores.
No total, vêm a ser quase 40 títulos de sua lavra que fazem de Dolores uma das primeiras compositoras importantes da música popular brasileira. E sua modernidade na interpretação já a distinguia da dramaturgia vigente dos boleros e do samba-canção da época. …Uma cantora que, se a vida lhe houvesse concedito um pouco mais de crédito, seria sem sombra de dúvida computada como um dos ícones da Bossa nova…Mas também, sem sombra de dúvida, ela já os precedia...

No departamento dos dvd’s : « Melhor assim, ao vivo » (capa no texto francês) de Teresa Cristina (sem o grupo Semente) demonstra que a artista definitivamente ultrapassou as fronteiras do bairro da Lapa, e até mesmo do Rio de Janeiro. O dvd, que vendeu muito bem em todo o Brasil, apresenta o show gravado no Espaço Tom Jobim em outubro de 2009. Teresa, jubilosa e mais extravertida, convida ao palco Seu Jorge e Marisa Monte ; essa última, para a bela canção Beijo sem, de Adriana Calcanhotto. O dvd compreende igualmente reencontros em estúdio com Lenine, Caetano Veloso e Arlindo Cruz
Zizi Possi lança (enfim !) seus dois dvd’s « Cantos & contos », show que comemora os 30 anos de carreira de uma das maiores intérpretes da moderna música popular brasileira, revelada por Chico Buarque (com o título Pedaço de mim) pelo final dos anos setenta. O conjunto da sua obra foi gravado no Tom Jazz de São Paulo, ao longo de vários concertos que se desenrolaram entre março e maio de 2008.
Dentre os inúmeros convidados que se sucedem ao longo de 39 canções, notamos Eduardo Dussek, Alcione, Ana Carolina, Edu Lobo, Luiza Possi, João Bosco, Alceu Valença e Ivan Lins.

Survolant 2010 : avril.

Dori Caymmi sort "Mundo de dentro", beau et dense...

Comme pour 2009, la chronique « survolant 2010 » se propose de revoir, en tout subjectivité, quelques albums sortis, mois par mois, tout le long de l’année. Ceux qui m’auront intéressé par divers aspects. Avec, hélas, quelques rendez-vous musicaux manqués dû à l’indisponibilité de certains produits sur le marché.
Certains albums ont déjà été chroniqués sur ce blog en leur temps…

Chaque année nous apporte quelques chanteuses délicates qui nous proposent des répertoires raffinés basés souvent sur des thèmes et rythmes régionaux, ou qui évoquent encore un Brésil des temps anciens.
Dans « Bangüe », Ilana Volcov réunit ces deux tendances, en recherchant dans le répertoire d’illustres compositeurs, des titres pas forcément connus, bien loin du mainstream des radios FM.
On retrouve ainsi dans « Bangûe », des noms comme Edu Lobo, Paulinho da Viola, Guinga, Caetano Veloso, Chico Saraiva, Noel Rosa ou encore Tavinho Moura (et le sublime Paixão et fé composé avec Fernando Brant !). Le résultat est beau, même si la voix affinée de la chanteuse manque un peu de modulation et peut lasser sur la longueur.

La pochette de « Mundo de dentro » montre un Dori Caymmi concentré sur sa guitare, les yeux clos, intériorisé, à peine éclairé sur un fond sombre. On ne pouvait trouvé meilleur titre (monde intérieur) et pochette plus appropriée pour illustrer ce magnifique album dense qui réunit de nouvelles compositions et autres thèmes déjà donnés à Maria Bethânia (É o amor outra vez) ou à sa sœur, Nana Naymmi (Sem poupar coração, Saudade de amar). Il comprend aussi d’anciens thèmes instrumentaux mis en parole par Paulo César Pinheiro, auteur de 12 titres sur les 13 de l’album. Un disque conçu, en fin de compte, comme « Tantas marés » d’Edu Lobo (voir février).
Parmi les nombreuses perles, Quebra-mar, n’est pas sans rappeler le monde maritime de Dorival Caymmi par le minimalisme de la magnifique mélodie.
Et « Mundo de dentro », le dernier album « autoral » de Dori Caymmi depuis « If ever… » de 1994, s’impose comme un des beaux albums de cette année.

Léger et juvénile « Varrendo a lua », deuxième album de la jeune chanteuse et compositrice du Mina Gerais, Roberta Campos, propose une musique pop et folk fraîche qui depuis quelque mois séduit les radios FM de plusieurs capitales brésiliennes. La timide Roberta, coiffée de sa casquette tel Milton Nascimento, rappelle parfois Mallu Magalhães (en moins rock) dans la chanson Mundo inteiro, tandis qu’Acabou n’est pas sans évoquer Paula Toller.
Mais c’est surtout aux ballades de Nando Reis auxquelles on se réfère, surtout quand celui-ci partage le vocal sur De janeiro em janeiro, une composition de Roberta qui aurait pu être de la plume du rouquin. « Varrendo a lua » est un album sans prétention et attachant.

Les cabarets mal famés et les fins de nuits ; les marins en escales et les filles faciles ; les cigarettes, le whisky et les mauvais garçons, peuplaient déjà le monde du premier album de 7 titres que Renato Godá nous avait proposé en 2009.
Sur « Canções pra embalar marujos », Godá installe ce même univers sur 14 titres enregistrés en une prise en studio.
Sans doute l’ensemble est trop caricatural et prévisible, mais même ainsi, après quelques écoutes, il nous apparaît irrésistible.
Sans doute parce que ce personnage attachant -sans cesse comparé a Tom Waits ou Paulo Conté- est un artiste singulier sur la scène brésilienne, et qu’il adore sincèrement le monde qu’il décrit. Et moi, je marche…

Banjo et piano sont également les instruments récurrents du cabaret -beaucoup plus chic et intimiste- de Thiago Pethit, autre artiste de la jeune scène de São Paulo. Une sorte d’alter ego masculin de la chanteuse Tiê, autre artiste ovationnée de la scène branchée de Sampa, avec qui il se produit régulièrement. Thiago promène sa belle mélancolie sur 11 titres…dont je n’ai pu écouter qu’une partie sur la page myspace de l’artiste, n’ayant pu trouvé son album par les voies habituelles…Mais l’année n’est pas finie, et j’ai plutôt aimé ce que j’ai entendu.


Véritable « mezze » musical, « Mafaro » (déjà chroniqué largement en son temps sur ce blog) d’André Abujamra nous impressionne par la richesse de l’instrumentation de ses compositions qui revisitent les influences du monde entier (principalement moyen orientales) avec ce grain de folie surréaliste qui caractérise l’ancien leader du groupe Karnak. Exercice brillant, mais comme tout bon mezze, on aime bien, mais l’ensemble est un peu lourd à digérer…

Au rayon purement instrumental, on notera le beau « Chico violão » de Arthur Nestrovsky, guitariste, écrivain, théoricien musical, et récent directeur artistique de l’Orchestre Symphonique de l’état de São Paulo. Le musicien revisite avec sa seule guitare, 15 thèmes de Chico Buarque qui vont de 1972 à 2005, avec la même maestria que « Jobim violão » qui était sorti en 2007.

(Ce même mois d’avril, est sorti le coffret "Os Anos dourados de Dolores Duran", chroniqué un peu plus bas sur ce blog)

Au rayon des dvd’s : « Melhor assim, ao vivo » de Teresa Cristina (sans le groupe Semente) démontre que l’artiste a définitivement franchi les frontières du quartier de Lapa, et même de Rio de Janeiro. Le dvd, qui s’est bien vendu dans tout le Brésil, présente le show enregistré à l’Espace Tom Jobim (à Rio) en octobre 2009. Teresa, épanouie, invite sur scène Seu Jorge et Marisa Monte, cette dernière pour la chanson Beijo sem d’Adriana Calcanhotto. Le dvd comprend également des rencontres en studio avec Lenine, Caetano Veloso et Arlindo Cruz…

Zizi Possi lance (enfin !) ses deux dvd’s « Cantos & contos », show qui commémore les 30 années de carrière de l’une des plus grandes interprètes de la musique populaire brésilienne moderne, révélée par Chico Buarque (avec le titre Pedaço de mim) en 1978. L’ensemble fut enregistré au Tom Jazz de Sao Paulo, en plusieurs concerts qui se sont déroulés entre mars et mai 2008.
Parmi les nombreux invités qui se succèdent tout au long des 39 chansons, notons Eduardo Dussek, Alcione, Ana Carolina, Edu Lobo, Luiza Possi, Joao Bosco, Alceu Valença et Ivan Lins.

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.