samedi 20 juin 2009

Paulinho da Viola : O preferido.

Paulinho da Viola em sua casa, mostrando um quadro de Heitor dos Prazeres
(foto Daniel A.)


(texte portugais, traduit du post précédant/ texto português traduzido do post precedente destinado à um público aprendiz)

Em 31 de dezembro de 1995, para festejar a chegada do ano novo, a prefeitura do Rio de Janeiro decidiu organizar um grande show na praia de Copacabana em homenagem ao mestre Antônio Carlos Jobim, falecido lamentavelmente havia pouco mais de um ano, em 8 de dezembro de 1994. Para realizar esse projeto, a cidade não foi mesquinha em relação aos meios para tal, uma vez que conseguiu reunir na mesma cena Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Milton Nascimento e Paulinho da Viola. Qualitativamente, esse show ficou longe de ser tornar inesquecível quando refere-se às interpretações. Contudo, a história pôde registrar esse evento grandioso por sua divulgação execpcional. Mas na verdade, foi por outro motivo que essa festa musical ficará gravada na memória de todos.
Ao longo de alguns dias – e mesmo algumas semanas – uma revelação tornou-se polêmica. Enquanto que Chico, Caetano, Gal, Gil e Milton receberam um cachê de 100.000 reais por seus serviços, Paulinho da Viola teve que se contentar com 35.000, sem que os outros protagonistas soubessem do que havia ocorrido. Um gênio do samba seria cotado três vezes mais barato do que uma estrela da MPB tradicional ?
Bom, o objetivo aqui não é relatar as manipulações e as consequências
dessa história de dinheiro, nem de se saber a quem coube essa falta de elegância.
Evidentemente, do ponto de vista estrangeiro, o nome de Paulinho da Viola ressoa de fato de maneira bem menos forte do que os de seus ilustres colegas, aliás da mesma geração. Mas no Brasil, a situação parece bem diferente.
Na realidade, esse texto me foi inspirado pelo anúncio dos seis shows que o grande sambista apresentará na gloriosa sala de espetáculos do Canecão do Rio, em seu início da temporada do mês de julho. E sem dúvida ele será capaz de encher essa sala – com capacidade para aproximadamente 2.000 pessoas – mesmo que para um número considerável de dias.
Fazia tempo que não tinha visto isso acontecer com um artista : ter vitrine por tanto tempo dentro desse antro mítico. Vai longe o tempo em em que viam-se os nomes de Elis Regina ou Maria Bethânia em cartaz por inúmeras semanas. É bom e saudável que uma instituição de primeira linha da musica popular –duma certa maneira também erudita (claro que uma Ivete Sangalo também poderia encher a sala durante um tempão)- possa ainda realizar essa proeza, dentro de uma sociedadede musical em crise, sem que haja a menor dúvida quanto a seu sucesso.


Paulinho Da Viola faz parte da memória coletiva brasileira ; ele é adorado por todos, e pouca gente parece preocupada em saber a quando remonta seu último álbum de inéditos.
De fato, « Bebadosamba » data de 1996 (isso faz 13 anos !), e o artista parece no entanto eternamente presente na atualidade musical brasileira. Naturalmente, esse último álbum foi a reboque de projetos gravados em público, como « Bebadochama » (1997), um duplo cd junto com Toquinho, « Sinal aberto » (1999), ou o último « MTV ao vivo » (2007) - que obteve um bom sucesso popular com a inédita Talismã. Sem esquecer de sua participação em múltiplos projetos e filmes documentários como o excelente « Meu tempo é hoje » (2003) e « O Mistério do samba » (2008), esse último consagrado à Velha Guarda da Portela, sua escola de coração.
Mas, enfim, cá estamos... Eu me entreguei um pouco à ficção, ao me perguntar o que teria acontecido à carreira de um Caetano Veloso, um Gilberto Gil, ou um Milton Nascimento se suas últimas obras datassem de 1996, e como seriam, mesmo considerando que eles participaram de diversas manifestações ou projetos em público. Qual dentre eles poderia lotar o Canecão em seu limite por seis dias ? Nenhum deles, provavelmente.
O caso de Chico Buarque é que é um pouco diferente. O artista dos olhos verdes já faz um bom tempo que diversificou seus talentos ao debruçar-se sobre a literatura, e sua produção discográfica e suas aparições em cena são no mínimo destiladas em doses homeopáticas. Razão a mais para pensarmos que, como Paulinho da Viola, Chico Buarque não teria qualquer problema em lotar uma grande casa de espetáculos por numerosas noites. Eu recearia que se houvesse uma ausência discográfica de 13 ans, tanto Caetano quanto Gil ou Milton tornariam-se – como Jorge Benjor – ícones respeitados por terem seus deveres cumpridos por longa data, mas mumificados e enclausurados dentro de suas próprias criações. Dessa forma bastante surpreendente, fica a impressão de que a arte de Paulinho ainda é cheia de vida e ainda tem coisas a nos dizer. Isso também porque o seu samba sofisticado enraizado no choro é – como o jazz e a bossa – um estilo clássico nos arranjos e a instrumentação. Chico Buarque, ele também em de alguma forma, tornou-se depois de muito tempo um clássico, que não deve tornar-se especialmente audacioso. A eles, a gente só pede grandes canções.
Caetano, quanto a ele – mais ainda do que Gil ou Milton – tem a vantagem de empreender riscos musicais, com as consequêcias que a procura de estilos comporta. Praticando uma MPB miscigenada, o desafio da renovação nem sempre é fácil enfrentar.

Enfim…eis então o que esses shows a vir de Paulinho da Viola me levaram à pensar…E, abençoados aqueles que estarão presentes nos dias 10, 11, 12 e 17, 18, 19 de julho, no Canecão do Rio de Janeiro.

1 commentaire:

Unknown a dit…

Gostei muito do teu blog . Très complet, merci de diffuser avec autant d'amour la musique brésilienne! Um Grande abraço
Sidney Martins

http://www.musiquebresilienne.com/

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.