jeudi 3 septembre 2009

En écoute aujourd’hui: Maria Gadú.


(texte français, texto português traduzido do francês)

Je suppose que c’est un réflexe humain que d’approcher avec suspicion une jeune artiste dont on loue les talents sans retenues depuis plusieurs mois. La peur d’être déçu sans doute, ou encore d’être victime d’une intelligentsia mondaine -carioca ou paulista- qui se cherche quelques sensations artistiques. Que ce soit certains artistes confirmés (comme Caetano Veloso) ou l’ensemble des journalistes spécialisés –quels que soient leurs styles de prédilection- tous sans exception se sont unis pour dire que nous avions en la personne de Maria Gadú une artiste profondément originale. Et qui était venue pour rester. J’ai voulu volontairement m’éloigner des sources sonores tel Myspace, Youtube ou autre média virtuel, pour attendre patiemment d’apprécier (ou non) le premier album de cette jeune paulista au style décontracté et au look « à la garçonne ». Et pour parler de l’album, ou plutôt de son « habillage », on a rarement vu un aussi bel objet, soigné et luxueux. Preuve que le label Slap /Som livre semble miser beaucoup sur la nouvelle révélation 2009. Ces considérations externes mises à part, le but n’étant pas de me distinguer à tout prix (ou de « faire mon intéressant » comme on dit à Bruxelles), c’est avec joie que je me joins à ces jugements enthousiastes. Et avec d’autant plus de plaisirs qu’il devient difficile de vibrer pour une scène brésilienne globalement fort apathique ces derniers temps.

Maria Gadú est une vraie belle surprise, et son album, un des plus agréables qu’il m’ait été donné d’écouter cette année. Cette jeune artiste de 22 ans nous dévoile son monde musical sans aucun complexe en nous livrant pas moins de 8 compositions sur les 13 titres que contient son premier album. Fait très rare chez les jeunes chanteuses qui osent se lancer dans l’écriture musicale, la qualité est au rendez-vous. Parmi ses créations, Bela Flor, tout comme Shimbalaiê ou Lounge, nous plonge dans une légèreté et une fraîcheur qu’une Vanessa da Mata a perdus depuis longtemps. Le ton est presque bucolique, parfois, comme sur Tudo diferente (André Carvalho) Bien sûr s’il faut évoquer une autre chanteuse, l’ombre de Marisa Monte plane au-dessus du chorinho Altar particular (Gadú) ou Linda Flor (Gugu Peixoto/ Luis Kiari), chansons dont les inclinaisons mélodiques rappellent certains titres de la brune carioca. Pour le reste, Maria Gadú possède une voix réellement originale, délicieusement voilée.
Au Brésil, cela fait plusieurs semaines que les radios ont marqué leurs préférences pour Tudo diferente et le délicieux Shimbalaiê - mais Laranjas (Gadú), d’une méchante efficacité, ne sera certainement pas long à suivre. Concernant les reprises, Maria étonne aussi en démontrant un certain culot. Elle enchaîne en fin d’album Baba du répertoire « teenage » de Kelly Key -joué en clin d’œil de manière acoustique- à A Historia de Lily Braun de Chico Buarque et Edu Lobo. Son timbre bluesy s’adapte parfaitement à ce titre, que l’on connaissait à travers la voix cristalline de Gal Costa. Enfin Maria Gadú reprend Ne me quittes pas de Jacques Brel (qui veut expliquer aux Brésiliens que Brel a composé des centaines de chansons, et pas des moindres ?), et ceci avec beaucoup d’audace et d’intelligence. Non pas parce qu’elle en fait un tango, mais surtout parce que la jeune artiste propose un arrangement vocal à deux et trois voix pour cette chanson généralement interprétée comme un triste monologue. On est loin de la version de Maysa, mais c’est une réussite ! Et enfin on comprend ce qu’elle dit ! L’impression qui nous reste au sortir de l’album, c’est que Maria Gadú nous a offert un répertoire de qualité d’une manière naturelle et spontanée, et qu’une telle aisance ne peut qu’annoncer les prémisses d’une belle carrière.


Escutando hoje : Maria Gadú.

Eu suponho que faz parte da natureza humana aproximar-se com cautela de uma jovem artista a quem a gente cultua ao longo de vários meses seguidos. Pelo medo da gente se decepcionar, sem dúvida, ou ainda de se tornar vítima de alguma « intelligentsia » mundana - carioca ou paulista – que busca sempre eleger alguma nova revelação « cult » no mundo artístico. Quer seja por parte de certos artistas consagrados (como Caetano Veloso), quer pela quase totalidade dos jornalistas especializados – de acordo com suas próprias preferências musicais - todos sem exceção se unem para dizer que temos na pessoa de Maria Gadú uma artista profundamente original. E que veio para ficar. Eu voluntariamente me abstive de recorrer a fontes sonoras tais como o Myspace, o Youtube, ou qualquer outra mídia virtual, para esperar pacientemente e apreciar (ou não) o primeiro álbum dessa jovem paulista, de estilo descontraído e com um visual « à la garçonne ». E para falar do álbum, e sobretudo de sua « roupagem », raramente viu-se um objeto tão bonito para um primeiro disco, bem cuidado e luxuoso. Prova de que o selo Slap/Som livre aposta alto nessa revelação de 2009.
Deixando essas considerações externas à parte, a questão não é tanto a de me distinguir a qualquer preço, e é com alegria que me alinho a esses julgamentos entusiásticos. E é também na mesma medida que a mim parece difícil vibrar com um cenário musical brasileiro em termos gerais bastante apático como o que se apresenta nos últimos tempos.

Maria Gadú é mesmo uma bela surpresa, e seu álbum um dos mais agradáveis que vim a escutar esse ano. Essa jovem artista de 22 anos nos revela seu universo musical com a maior naturalidade, sem qualquer cerimônia, ao nos apresentar não menos de 8 composições dentre as 13 faixas. Coisa rara, essa, de se encontrar dentre as jovens cantoras que se arriscam a compor, esse grau de qualidade já tão evidente. Dentre suas criações, Bela Flor, tanto quanto Shimbalaiê e Lounge, nos leva a mergulhar numa ligeireza e frescor que uma Vanessa Da Mata veio a perder ao longo do tempo. O tom é quase bucólico, por vezes, como em Tudo diferente (André Carvalho). E no caso de se evocar uma outra cantora, um reflexo de Marisa Monte desponta no chorinho Altar particular (Gadú) e em Linda Flor (Gugu Peixoto/ Luis Kiari), canções nas quais as inclinações melódicas evocam certos títulos da morena carioca. No mais, Maria Gadú é dona de uma voz realmente original, deliciosamente enevoada. No Brasil, já faz algumas semanas que as rádios demonstram suas preferências por Tudo diferente e o delicioso Shimbalaiê – e ainda por vir Laranjas (Gadú), de uma maliciosa eficácia, que certamente será também eleita muito em breve. Com relação às composições alheias, Maria também nos deixa espantados ao demonstrar uma certa ousadia. Ela interpreta no final do álbum Baba, do repertório « teenage » de Kelly Key – performada no melhor estilo voz & violão – como em A Historia de Lily Braun, de Chico Buarque e Edu Lobo. Seu timbre meio « blues » se adapta perfeitamente a esse título, que nos é dado a conhecer através da voz cristalina de Gal Costa. E por fim, Maria Gadú resgata Ne me quittes pas, de Jacques Brel (quem se habilita a explicar aos brasileiros que Brel compôs centenas de canções geniais, e não só essa ?), e aqui o faz com bastante audácia e inteligência. Não porque ela a cante como a um tango, mas sobretudo porque a jovem artista propõe um arranjo vocal a duas e a três vozes para uma música geralmente apresentada como um triste monólogo. Está longe da versão de Maysa, mas cumpre a sua missão com sucesso ! E permite que até nós, francófonos, finalmente entendamos o que diz a sua letra ! A impressão que nos fica ao terminar o álbum é a de que Maria Gadú nos brindou com um repertório de qualidade, interpretado de forma natural e espontânea, e que tal desenvoltura vem simplesmente explicitar as premissas básicas para se fazer uma bela carreira.


2 commentaires:

Anonyme a dit…

Maria Gadú é tipo de cantora que vem para ficar , assim como Cassia e outras. salut Tuka

Daniel Achedjian a dit…

Espero que sim...e ja é uma celebridade no eixo Rio-Sao Paulo. Nem consigo entrar em contato com ela para uma entrevista!!
Abraços!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.