vendredi 2 avril 2010

The Voice & The Composer : Sinatra e Jobim.

Recorte de jornal, relatando o grande encontro musical...

(texto traduzido do post em francês)

Uma vez que evocamos os duetos (post de 26 de março, sexta passada), vejamos aqui aquele que se classifica como um dos mais ilustres da música popular mundial do século 20 : o que coloca frente a frente Frank Sinatra e Antonio Carlos Jobim, em 1967.
A história (verídica, ao que parece) conta que Jobim recebeu um telefonema de Sinatra em pessoa, quando o brasileiro encontrava-se reunido com amigos no antigo bar Veloso, atual Garota de Ipanema, em pleno coração de... Ipanema.

A idéia de gravar as canções de Antonio Carlos Jobim já havia germinado em algum canto da mente do crooner desde a época em que Jobim tinha adquidrido uma forte notoriedade nos Estados Unidos, em 1963, com seu álbum « The Composer of Desafinado plays ».
Sinatra não estava de fato em descenso de carreira em 1966, apesar da Beatlemania que contaminava o mundo. Franky vinha, aliás, do grande sucesso de um golpe certeiro com Strangers in the night (Singleton/ Snyder/ Kaempfert), o sucesso mundial que todos conhecem. Mas o grande cancioneiro de tradição americana estava em declínio, e « The Voice » -além de muitos outros intérpretes americanos- precisava mudar de estilo no meio dessa onda pop vinda da Inglaterra, e que ganhou rapidamente os Estados Unidos. O « flower power » estava em marcha.
A Bossa Nova possuía todos os trunfos para Sinatra construir um novo repertório : melodias atrativas, harmomia e sensualidade sobre o qual assentar sua voz de veludo, sem no entanto contrariar seus mais fiéis e ardorosos fãs.
Mesmo que suas melhores produções já estivessem atrás de si mesmo na linha do tempo, Sinatra possuía uma aura extraordinária no Brasil a partir do final dos anos 40. E Jobim recebeu como imensa honra a proposta vinda do homem que foi o deus vivo de sua geração. O brasileiro entrava pelos seus quarenta anos de idade, e o americano, pelos seus cinquenta.
Sinatra confidenciou a Jobim que ele não tinha tempo de aprender novas canções, e que detestava os ensaios. Ele decidiu então retomar os clássicos que ele havia conhecido através do álbum « The Composer… », arranjado e orquestrado pelo alemão Claus Ogerman. Foi inclusive a esse último que Sinatra solicitou apoio ao projeto, com o consentimento entusiasmado de Tom.
Ele propôs também ao compositor que participasse do disco como violonista, mais até do que como pianista. Tom aceitou essa condição, mesmo que essa imagem estereotipada do « latin lover » inseparável de seu instrumento não lhe agradasse muito. Mas depois de tudo, não se discutiram mais as vontades de Frank. Para Tom, a oportunidade era ótima para solidificar definitivamente sua carreira internacional, além de garantilher-lhe estabilidade financeira até o fim de seus dias (era um tipo de obssessão que ele tinha !).
De sua parte, Tom pediu permissão para fazer uso dos serviços do baterista Dom Um Romão, uma referência do jazz no Brasil.

Claus Ogerman e Jobim,
trabalhando sobre Matita Perê, 1973.


Uma vez o projeto formatado, os dois protagonistas não entraram diretamente para gravar em estúdios. Antonio Carlos Jobim foi para Los Angeles a fim de trabalhar detalhadamente os arranjos com Claus Ogerman, e assim o fizeram em sintonia fina para Dindi, Corcovado, Meditação, Inútil Paisagem, Insensatez, O Amor em paz, e, naturalmente, para a famosa Garota de Ipanema. Todos traduzidos em inglês por Ray Gilbert e Norman Gimble, para grande desespero de Tom, que sempre detestou as traduções de suas composições feitas por terceiros (ele viria a gostar, mais tarde, de fazer isso ele mesmo, como veio a fazê-lo para Waters of march/ Águas de março).
O álbum iria incluir igualmente três títulos exclusivamente americanos : Change partners (Irving Berlin), I Concentrate on you (Cole Porter), e Baubles, bangles and beads (Wright/ Forrest).
Enquanto Jobim e Ogerman trabalhavam, Sinatra partia oficialmente para descansar sua voz em Barbados. Na realidade, ele partiu para respirar um pouco por conta da relação declinante que ele vivia com sua jovem esposa, trinta anos mais jovem : a atriz Mia Farrow.

Frank e sua (muito) jovem esposa, Mia Farrow.

Finalmente, depois de algumas semanas de expectativa (durante as quais Jobim compôs alguns temas instrumentais de seu álbum que viria a seguir, « Wave »), os dois homens entraram nos estúdios de Los Angeles, juntos, em 30 de janeiro de 1967.
O disco foi lançado algumas semanas mais tarde sob o título « Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim », e conheceu um sucesso mundial que o levou a ser indicado para um prêmio Grammy no ano seguinte.
Na realidade, com esse disco histórico, não é tanto à obra de Antonio Carlos Jobim que Frank Sinatra prestou homenagem, mas sim a toda a Bossa Nova e seus artistas, que haviam ousado partir para conquistar os Estados Unidos no início dos anos 60...

(ver video no texto francês acima)

* principal fonte do texto: "Chega de saudade", Ruy Castro, Companhia das letras.

2 commentaires:

Thierry C. a dit…

Bonjour. Juste une remarque : il n'existe pas de APB, en tout cas pas dans la culture brésilienne, mais de MPB (Música Popular Brasileira). Les deux abréviations quand mises l'une à côté de l'autre dans un même contexte peuvent se prêter à de confusions.

Merci pour le partage, salutations.

Daniel Achedjian a dit…

Tu as raison Thierry, mais quand à l'époque j'ai lancé le blog, mon intention était aussi de parler d'Art Populaire, d'où le APB, qui porte a confusion je l'avoue. D'ailleurs, la musique a pris le pas....Bien à toi!!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.