mardi 27 juillet 2010

« O Rio de Janeiro continua o mesmo » (do jeito que eu gosto !)



(texte français plus bas, texto português traduzido do francês)

Antes de retomar os posts com informações puramente musicais, eis aqui uma pequena história para descontrair, que –mesmo sem provas que eu possa apresentar- garanto que é 100% verídica.
Ela foi vivida sem trucagem, sem atores profissionais, e nem mesmo amadores...

É a história de um gringo que tinha um blog de música popular brasileira em dois idiomas (além de animar um super programa de rádio sobre MPB na Bélgica !), e que, para sua próxima ida a São Paulo, desejava comprar dois ingressos para assistir, com um amigo, o show de Maria Rita, na pequena sala do Tom Jazz (SP), no dia 9 de agosto de 2010.
Estando no Rio, ele telefona então à dita sala, que o aconselha a dirigir-se por telefone ao sistema « ingresso rápido » (guardem bem esse nome !)… Sem problema...
Depois de um atendimento automático em português e inglês (bacana para os gringos !), a gentil telefonista sugere a ele dois super lugares para apreciar o espetáculo, pede a ele seus dados bancários, lhe anuncia o elevado preço (bom, assim quis o gringo...), e o faz babar ao informá-lo de que ele será super bem acomodado na sala. Como ele já conhece a casa, não tem qualquer dúvida a respeito... Tudo certo, exceto pelo fato de que, no momento de finalizar a compra dos ingressos, a gentil telefonista solicita o número do seu CPF, coisa que ele não possui, até porque –como foi dito no início da história- trata-se de um gringo viajando... Mas aparentemente seu sotaque afrancesado não foi percebido pela gentil telefonista... Mas ok, e uma vez mais, nenhum problema ; o gringo então pergunta como ele pode fazer sem o CPF, e se acaso o número de seu passaporte pode resolver o problema. Que nada ! Ela no entanto indica a ele diversos pontos de venda no Rio onde ele pode retirar os tickets com esse seu status burocrático tão complicado –sendo ele um gringo.
E ele vai desabalado, à essa altura um pouco nervoso, para a « Modern Sound », em Copacabana, para proceder à sua preciosa aquisição...
Aí começa uma situação bastante surrealista essa, que, como belga, ele é centrado o suficiente para classicá-la como tal...(a Bélgica, pra quem não sabe, é o país do surrealismo)
Ele pega um táxi (sim, eu sei, ele poderia poupar grana indo a pé, encarando uma caminhada de 40 minutos sob 30°), e, na « Modern Sound », uma gentil mocinha mostra a ele uma tela com os lugares do show ainda disponíveis. Formidável, essa tecnologia !… Salvo que a gentil mocinha lhe diz que ela só pode vender a ele apenas um ingresso. O gringo pergunta então a ela por que ela não pode vender-lhe mais do que um ingresso de uma só vez...
Ela responde a ele que pode, sim, mas o problema é que ela não dispõe de papel suficiente na máquina para imprimir dois tickets…
O gringo explica que, de fato, ele precisa mesmo de dois ; aí então, a gentil mocinha responde muito irritada : « Eu estou dizendo que não é possível, já que eu não tenho papel suficiente para imprimir mais do que um !» (Eu sempre tive certeza que ainda não se abateram árvores o suficiente na Amazônia !). O gringo então começa a se sentir culpado diante de tanto desgaste ! Como a vida o agraciou com a paciência que ele adquiriu justamente viajando há mais de 20 anos para o Rio de Janeiro (a melhor escola, sem discussão !), ele pergunta a ela com sua doce voz de apresentador noturno de programa de rádio se, apesar de tudo, ela não teria lugares disponíveis para assistir Lulu Santos, que se apresenta nos dias 20 e 21 no Vivo Rio (na verdade, eu me pergunto seriamente por que ele resolveu pedir a ela uma coisa paralela àquela altura !). Ela pergunta a ele para que dia ele desejaria. (aí se lê um ar perplexo na cara do gringo !). Ele responde que para o dia 20 ; mas, ali mesmo, ainda incrédulo, ele pergunta a ela se nesse meio tempo ela já teria conseguido o papel para imprimir... Naturalmente que não, responde ela : « Só a partir de amanhã. ». Preferindo não mais tentar racionalizar o processo, o gringo se vira e vê uma fila, imaginando como será o caos após a sua partida.
A gentil mocinha (porque sim, ela tem realmente um ar gentil) diz a ele que, entretanto, se ele se dirigir a um ponto de venda « Vivo Rio » em Ipanema (bom, de onde ele veio), lá ele encontrará sua felicidade... Aí o gringo pega um táxi de volta (sim, eu sei ; ele poderia poupar grana retornando a pé, numa caminhada em torno de 40 minutos, agora já sob uma temperatura de 35°)…

Como a bilheteria do ponto de venda da Vivo Rio em Ipanema só funciona a partir das 14 horas, o gringo, achando que já tinha decorado a música, lá chega às 14h15, de modo a que tudo mundo se instale em seus postos. Lá mesmo, outras pessoas gentis o informam de que o balconista da bilheteria ainda está no almoço, que ele está atrasado, sim, mas que retornará sem falta às 14h15… Devidamente informadas de que são 14h15, as pessoas gentis começam então a se dispersar, e aconselham ao gringo que retorne às 14h30. Sem falta.
Depois de ter anestesiado seu cérebro, ele contorna o quarteirão três vezes, e retorna às 14h35, para constatar que o balconista ainda está ausente. Contando com seu humor como única arma de sobrevivência, o gringo comenta que o dito rapaz deve sofrer, sem dúvida, de algum problema digestivo que o leva a mastigar muito lentamente os alimentos que consome. Assim, diante da reação das pessoas gentis, ele se dá conta de que jamais faria uma carreira de humorista no Brasil...
Eis que o gentil balconista se instala calmamente por volta das 14h50 (claro que os bons lugares do início dessa história já tinham ido embora há muito tempo), quando surge novamente a questão do bendito CPF... Mas como o gentil balconista é realmente gentil, ele diz que no lugar desse número mágico, ele anotará apenas a sua data de nascimento, o que, enfim, é bastante lógico... (digam-me que é lógico !!). Naturalmente, o gringo não pôde pagar com cartão (mas isso – ha ha !! – ele havia previsto !). E é então que, finalmente, com o coração acelerado, que às 15h10 ele passeia pelas ruas de Ipanema com seu troféu nas mãos, assoviando a canção do clip aqui acima... E sonhando que Maria Rita, navegando pela rede ao acaso, aporte aqui nesse relato, e que, maravilhada diante de tanta abnegação, considere a possibilidade de dedicar a aquele gringo teimoso, « Cara valente », uma canção bem a propósito.
Eu acho que ele bem que merecia...

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Brasil é assim mesmo, cara ! Você já sabia, né ? Mas qual país não tem uma burocracia chata ?
Allez, bons shows quand même, petit veinard !
Abraço.
Juliette.

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