jeudi 30 septembre 2010

Sobrevoando 2010 : fevereiro.

« Stória, stória » de Mayra Andrade,
já lançado na Europa em 2009, chegou no Brasil este ano.

-texte français plus bas.
-texto português traduzido do francês (com vídeos diferentes)

Assim como para 2009, a resenha « Sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns significativos lançados mês a mês ao longo desse ano inteiro. Infelizmente, com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de certos cd´s no mercado.
Certos álbuns já foram resenhados nesse blog, cada um a seu tempo...

Como todo ano –por força do Carnaval- o mês de fevereiro anunciou-se muito calmo, mas nem por isso desprovido de algumas belas surpresas. Dentre elas « Tantas Marés », o novo álbum de inéditos de Edu Lobo que era aguardado desde «Meia noite », de 1995... Salvo que, de inéditas de fato, o grande compositor não nos apresenta mais do que quatro, na verdade –belas, com certeza- compostas com o onipresente Paulo César Pinheiro. O resto do disco é construído em torno de grandes clássicos criados junto com seu parceiro e amigo Chico Buarque (Ode aos ratos, A Historia de Lily Braun…) ; ou de antigas peças instrumentais que ganharam letras, ainda por Pinheiro (Dança do Corrupião, Perambulando). Será que Edu não teria em suas gavetas 12 inéditas para nos oferecer depois de 15 anos de ausência ? Ainda assim, ao escutar « Tantas marés », é possível constatar que trata-se de um disco soberbo, sustentado pelo piano magistral de Cristóvão Bastos, com um Edu Lobo em muito boa forma vocal.

Com « O Ano 1 » (capa no texto francês), Jorge Ailton constrói um dos melhores álbuns puramente pop do ano. Baixista de Paula Toller, Mart’nália, Lulu Santos e Sandra de Sá, Ailton se revela também muito bom cantor, além de compositor muito eficaz. A faixa título flerta com o som selvagem de um Leny Kravitz ; e outras, como Substantivo Feminino e, sobretudo, O Óbvio, são candidatas a tornarem-se excelentes hits radiofônicos.

Depois de João Donato, Emilio Santiago e Edu Lobo, este ano, é a vez de uma outra grande instituição da música popular brasileira lançar um álbum à altura de nossas expectativas. Os Cariocas (o grupo vocal mais antigo depois d´Os Demônios da Garoa) nos oferecem o excelente « Nossa alma canta », que se distingue das produções anteriores do grupo por contar com um repertório variado, mais original, e com uma produção particularmente bem cuidada. O quarteto revisita, dentre outros : Newton Mendonça, João Donato, Milton Nascimento, Tom Jobim, Eumir Deodato, Marcos Valle, Johnny Alf , e ainda Guinga.

Nas fileiras do samba carioca, Luiza Dionisio nos chega da Vila da Penha (Rio) como o grande e saudoso sambista Luiz Carlos da Vila (1949-2008), de quem ela retoma dois títulos em seu primeiro álbum : « Devoção » (capa no texto francês). A cantora nos conduz através de um repertório feito de sambas tradicionais e também de afrosambas, com títulos que não têm nada de óbvio. Essa escolha sofisticada de canções e a excelente produção, já valem, sem sombra de dúvida, o retorno a ela, mais até do que pela voz sem lá muito carisma dessa artista sincera.

Sinceridade é também o termo que melhor convém para o álbum do compositor e tocador de viola caipira Yassir Chediak.
Vindo de Minas Gerais, Yassir viaja entre os ritmos do Sertão e de outros lugares mais típicos do litoral baiano. O repertório, basicamente autoral, é sedutor ; porém, aqui também, a voz do artista não chega a nos entusiasmar.

Quando chegar a hora de apresentar a lista dos álbuns favoritos desse ano, o dilema que se colocará será o de saber se se deverá nela incluir « Stória, stória » (ver capa no texto francês), da jovem Mayra Andrade. Essa cantora soberba –em todos sentidos do termo !- nascida em Cuba, educada em Cabo Verde, e que vive atualmente em Paris, mantém laços estreitos com o meio musical brasileiro (lembrando aqui do mais recente disco de Mariana Aydar ou o último dvd da Mart’nália).
De fato, o álbum –produzido por Alê Siqueira- é uma das belas coisas ouvidas esse ano, por conta da suavidade de seu canto e dos ritmos mestiços que unem a África ao Brasil. « Stória, stória » é simplesmente cativante !

Viajando por entre a música popular e a música erudita ; por entre os repertórios de Bach, Debussy, Gabriel Fauré... e de Jobim, Ivan Lins e Ary Barroso, o duo Gilson Peranzzetta (piano) e Mauro Senise (saxofone, flauta) –que trabalha junto há 20 anos- convida a harpista Silvia Braga para « Melodia Sentimental », um álbum instrumental que é classificado na categoria de « third stream » (terceira via). Uma expressão criada pelo compositor americano Gunther Schuller para qualificar uma abordagem jazz da música clássica. Mas seja qual for o rótulo desse produto, se ele é a princípio um trabalho mais do que tudo afiado, ele vem a ser na verdade um álbum de perfeito riscado.

A seguir.

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