vendredi 7 mars 2008

Saudade do “Viva Brasil”...

Chico César, festival "Polé polé", Antwerpen 2005 (foto Daniel A.)

Bom ,meus caros amigos, acabo de escrever em francês os posts sobre Gilberto Gil e Badi Assad, a quem a Bélgica terá a honra de receber em abril próximo. Apresentar o Gil aos europeus em algumas linhas não foi tarefa das mais fáceis. Acontece que ele, seu também atual Ministro da Cultura, tornou-se provavelmente o artista brasileiro mais conhecido por aqui; inclusive já nos visitou inúmeras vezes.

Numa época gloriosa, não tão distante assim – início dos anos 90 – um certo Jean-Michel de Bie organizava todo ano um festival chamado “Viva Brasil”. Ao longo de três ou quatro dias, podíamos nos deliciar com um cardápio musical variado, com direito a shows de Caetano, Chico, Ivan Lins, João Bosco, Jorge Benjor – esse com seu tradicional repertório de sempre - ou mesmo a novata Marisa Monte, por ocasião de seu primeiro disco.

Ao mesmo tempo, na maior discoteca de Bruxelas, o “Mirano Continental”, uma centena de pessoas curtia os menos conhecidos ( aqui, claro!) Alceu Valença, Paralamas do Sucesso, e até mesmo o fenômeno meteórico que foi o Edson Cordeiro. O mais curioso, no entanto, era constatar que a comunidade brasileira em Bruxelas preferia confraternizar num espaço anexo, bebendo nossas famosas cervejas – por favor: peçam ao Ed Motta para dar uma aula sobre nossa bebida nacional. Ele é mestre na matéria!

Enquanto isso, gente da Europa inteira era cativada pelos “feras” que costumavam lotar os estádios ou as grandes casas de shows.

Outras boas lembranças desse festival me vêem à cabeça, assim, de repente:

Um show muito marcante do Toninho Horta, sozinho com seu violão; Francis Hime numa apresentação quase didática em perfeito francês; e, por fim, Naná Vasconcellos à frente de uma performance interativa avassaladora, aquecendo a platéia para Milton Nascimento. Sem falar, é claro, no encontro histórico de três horas que reuniu em 1989 Astrud e João Gilberto. E eu já perdi a conta de tantos outros grandes momentos...

Mais tarde, por volta do ano 2000, o “Viva Brasil” desapareceu, por questões financeiras. A partir daí, a vinda de artistas brasileiros resumiu-se a três ou quatro eventos por ano. Uma pena. Esses artistas, todos eles ícones da MPB, não contavam com a devida divulgação aqui na Europa.

Já por ocasião dos festivais de verão ( junho / julho na Europa ) havia sempre uma Daniela ou uma Ivete para sacudir a galera belga. De vez em quando, tínhamos a grata surpresa de ver o Lenine, o Chico Cesar ou o Skank, no festival “Polé Polé” ( Anvers ). E até (milagre!) Totonho e os Cabra, no “Cactus Festival” ( Bruges ).

Mas esse relato é mais uma comprovação, através da Bélgica, do que acontece no resto da Europa com a sua MPB.

Como bom “brasilianista musical”, minha romaria em 2007 incluiu Lisboa, onde pude assistir aos shows de Ney Matogrosso, Fernanda Abreu, Gal Costa e Maria Bethânia. Foi também em Lisboa que observei um Ivan Lins que tem retomado com fôlego a carreira esses últimos três anos. Para completar, assisti ao genial Zé Miguel Wisnik, acompanhado por Jussara Silveira e Ná Ozzeti.

No mais, tive que ir refazendo meu itinerário quase que diariamente, na intenção de encontrar, um tanto perdidos em meio aos inúmeros festivais europeus, Carlinhos Brown, Nação Zumbi,... e alguns outros...

Agora então, vocês podem entender melhor por que a chegada do Gil e da Badi, aqui na minha terra, em abril, me soa como um presente dos céus!

3 commentaires:

Olga Pereira Costa a dit…

Aqui tb. já tivemos bons festivais, Daniel... Agora me parece que só temos shows - relâmpago!

Anonyme a dit…

Aqui tb. já tivemos bons festivais, Daniel... Agora me parece que só temos shows - relâmpago!

Anonyme a dit…

Repeti, desculpem. Deve ser a saudade grande dos Grandes Festivais aqui no Rio, na década de 80.

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.