jeudi 27 août 2009

En écoute aujourd’hui : António Zambujo.


(texte français, texto português traduzido do francês)

Comme toutes les musiques raffinées et subtiles, le fado se mérite. Et c’est grâce à des artistes comme
António Zambujo, que des amateurs novices (comme moi) peuvent trouver petit à petit les clefs de ce monde musical profondément humain et traditionnel. Les puristes vous parleront du fado de Lisbonne ou de Porto, plus enjoué que celui de Coimbra, ou encore de celui moins connu, peut-être, de la région du Alentejo (centro du Portugal), d’où est originaire António Zambujo. Dans le cas de ce jeune artiste de 34 ans, on se rend compte cependant bien vite que l’artiste mêle à ses racines, de nombreux éléments d’influences diverses. Et si « Outro sentido » se retrouve sur ce blog, c’est que son fado métissé a séduit beaucoup de brésiliens, et visiblement pas les moindres. Sur la galerie de photos de son site (ici), on le voit entouré de Ney Matogrosso, Sandra de , Roberta , Pedro Luis, Vanessa da Matta ou encore Caetano Veloso- ce dernier ne tarissant pas d’éloges à son égard.

Le label MP,B a donc décidé de relancer au Brésil (et aussi dans toute l’Europe), « Outro sentido », le troisième album d’António Zambujo, déjà édité au Portugal depuis 2007. Pour rendre le disque plus attractif, la maison de disques a décidé d’y ajouter trois titres qui associent l’artiste portugais à quelques nom porteurs de la scène brésilienne : Ivan Lins très populaire au Portugal depuis bien longtemps ; Zé Renato qui, lui aussi, a très souvent participé à des projet lusitaniens (avec le groupe Trinadus notamment) ; et le couple « in » carioca Pedro Luis et Roberta Sá.
Cependant, en toute franchise, la présence de ces participations luxueuses n’ajoute rien à la haute qualité intrinsèque de l’album. La présence des titres Quando tu passas por mim (Vnicius de Moraes/ Antônio Maria) et Labios que beijei (J.Casseta/ Leonel Azevedo) -inclus initialement dans l’album- honorait déjà magnifiquement le lien entre le Brésil et le Portugal. Dire qu’António Zambujo est un excellent chanteur participe du pléonasme. Un bon chanteur de fado est par essence doté d’une technique exceptionnelle et beaucoup d’interprètes brésiliens -parmi les meilleurs- s’y sont régulièrement cassés les dents. Mais la voix de Zambujo est suave et séductrice, et la comparaison avec Caetano Veloso paraît inévitable. Foi deus (Alberto Janes), chanté en partie a capella, donne la pleine mesure de son talent, tout comme Chamateia (A.M.Souza/ L.A.Bettencourt) où, seulement accompagné des voix bulgares Angelite, il nous emmène dans les entrailles du sacré. Sublime… António n’est cependant pas un fadiste iconoclaste, et une bonne partie du répertoire de l’album reste dans la conception instrumentale du genre, avec ses guitares portugaises cristallines. Mais les arrangements des guitares classiques et surtout une contrebasse appuyée, enrichissent encore la beauté de l’ensemble… Quand ce ne sont pas des trompettes grégoriennes sur la ballade Ao sul (João Monge/ João Gil) qui interviennent de manière surprenante. La voix d’António se montre aussi parfois minimaliste et discrète comme sur Fadista louco (Alberto Janes) et la « presque » bossa Outro sentido et le chanteur prouve à diverses reprises ici, que le fado ne rime pas -comme on le pense souvent- avec un pathos exacerbé. Un très bel album à savourer, et pour beaucoup, sûrement, un artiste à découvrir…(vidéos en dessous du texte portugais)

António Zambujo entouré de Sandra de Sá et Ney Matogrosso (photo site du chanteur)

Escutando hoje : António Zambujo.
Como toda música refinada e sutil, o fado merece-se. E é graças a artistas como António Zambujo, que os apreciadores iniciantes (como eu) podem descobrir pouco a pouco as chaves desse universo musical profundamente humano e tradicional. Os puristas vos falarão sobre o fado de Lisboa ou do Porto, mais alegre e animado do que o de Coimbra, ou ainda daquele menos cohecido, talvez, da região do Alentejo (centro de Portugal)... de onde é originário António Zambujo. No caso desse jovem artista de 34 anos, damo-nos conta rapidamente de que o artista mescla às suas raízes numerosos elementos oriundos de influências diversas. E se « Outro sentido » aporta cá a esse blog, é porque seu fado « mestiço » já seduziu muitos brasileiros, e visivelmente dos mais expressivos. Na galeria de fotos de seu site, o vemos cercado de Ney Matogrosso, Sandra de Sá, Roberta Sá, Pedro Luis, Vanessa da Matta, ou ainda Caetano Veloso - que não se escusa a elogiar o trabalho de António.

O selo MP,B decidiu então relançar no Brasil (e também dentro da Europa), « Outro sentido », o terceiro álbum de António Zambujo, já lançado em Portugal a partir de 2007. Para fazer do disco algo mais atrativo aos olhos do público brasileiro, a gravadora decidiu adicionar três títulos que vêm a associar o artista português a alguns nomes de « palca » da cena musical braileira : Ivan Lins, que é muito popular em Portugal já faz muito tempo ; Zé Renato, que, esse também, participou com assiduidade de projetos lusitanos (com o grupo Trinadus, mais notadamente) ; e o casal musical carioca mais« in » - Pedro Luis e Roberta Sá. No entanto, com toda a franqueza, a presença dessas participações « luxuosas » não agregam nada de especial à alta qualidade intrínseca do próprio álbum. A presença dos títulos Quando tu passas por mim (Vnicius de Moraes/ Antônio Maria) e Lábios que beijei (J.Casseta/ Leonel Azevedo) – incluídos inicialmente no disco – já honravam magnificamente os fortes laços que unem o Brasil a Portugal.
Dizer que António Zambujo é um excelente cantor é mero pleonasmo. Um bom cantor de fado é por essência dotado de uma técnica excepcional, e muitos dos intérpretes brasileiros – mesmo dentre os melhores – quando entram nesse campo costumam enrolar a língua. Mas o timbre da voz de Zambujo é suave e sedutora, e a comparação com Caetano Veloso parece inevitável. Foi Deus (Alberto Janes), cantado à capela, na exata medida de seu talento, tanto quanto Chamateia (A.M.Souza/ L.A.Bettencourt), acompanhado somente pelas vozes búlgaras do grupo Angelite, nos conduz às vísceras do sagrado. Sublime… António não é no entanto um fadista iconoclasta, e uma boa parte do repertório do seu álbum segue os trilhos da concepção instrumental do gênero, com suas guitarras portuguesas cristalinas. Mas os arranjos das guitarras clássicas, e contando sobretudo com o apoio de um contrabaixo, enriquecem ainda mais a beleza do conjunto... Isso quando não são os trompetes gregorianos inseridos na balada Ao sul (João Monge/ João Gil), que intervêm de maneira surpreendente. A voz de António mostra-se também por vezes minimalista e discreta, como em Fadista louco (Alberto Janes) e na « quase » bossa Outro sentido. Isso nos prova aqui, por diversas vias, que o fado não rima sempre – ao contrário do que se pensa - apenas com uma eloquência exacerbada. « Outro sentido » é um belíssimo álbum a ser degustado ; e, com toda a certeza, pela voz de um grande artista a ser descoberto...



1 commentaire:

Olga Pereira Costa a dit…

Daniel, esse "Foi Deus" é de fazer uma pedra chorar. NUNCA ouvi uma coisa assim. O gajo, não satisfeito, ainda é bonito... *)
Obrigada por me revelar essa preciosidade. Não precisa do aval dos "brazukas", não ... mas a atitude é simpática. Vou à cata desse CD!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.