Houve um tempo no qual era praticamente impossível obter-se uma entrevista de um carioca num sábado ou num domingo. O que já não era o caso em São Paulo. Uma época aparentemente superada, uma vez que nesse último final de semana, eu pude me dar ao luxo de encontrar cinco dentre eles. E ainda mais : duas entrevistas no domingo à noite, a partir das 21:45! Os tempos mudaram mesmo…

A borbulhante Thaís e o simpático Marvio demonstraram uma energia entusiástica no sentido de divulgar seu disco, sem a resignação que já se espera em geral da maior parte dos artistas que se encontram fora do circuito comercial. « Minha estação » é um excelente álbum no qual a cantora e os musicos formam um só corpo consistente, como em todo bom grupo de jazz profissional. A despeito do adiantado da hora da entrevista, o duo se preparou para responder ao meu super – e muito em breve celebre – questionário ; embora, de minha parte, eu tenha caído em mim de que no final desse domingo à noite houve um certo momento crítico para a prática do meu português...
No dia anterior, 3 de outubro, sábado, o dia foi pontuado por uma visita feita a Marcos Sacramento, que tem o privilégio de morar na subida de uma colina em Santa Tereza, o bairro que fica acima da Lapa. É o caso de se dizer que a vista daqui do alto é insuperável. Marcos, que eu já havia assistido dois dias antes no Centro Cultural Light, me conta seu percurso envenenado pelos vapores do álcool durante os anos 90. Um assunto sobre o qual ele fala sem tabu. O excelente intérprete não é um sambista propriamente dito. Simplesmente ele vem perpetuando em vida a memória de numerosos nomes de compositores da época de ouro do samba de 1930 a 1950. Mas isso constitui apenas uma parte de seu repertório. Ele inclusive não faz parte do círculo de sambistas de renome, mais em voga, como Zeca Pagodinho ou Diogo Nogueira. E assim ele sofre injustamente de uma falta de atenção nas mídias de divulgação. Um problema muitas vezes enfrentado por parte de artistas de qualidade...
Para encerrar a conversa, é num momento de amargura que Marcos me confidencia que, ao aproximar-se agora de seus 50 anos, ele se questiona se ainda se faz necessário empregar tanta energia em seu métier. Eu considerei isso como um desabafo de um momento de melancolia, uma vez que ele vem sendo um tanto "esmagado" por um universo já muito restrito a bons intérpretes masculinos...
Para encerrar a conversa, é num momento de amargura que Marcos me confidencia que, ao aproximar-se agora de seus 50 anos, ele se questiona se ainda se faz necessário empregar tanta energia em seu métier. Eu considerei isso como um desabafo de um momento de melancolia, uma vez que ele vem sendo um tanto "esmagado" por um universo já muito restrito a bons intérpretes masculinos...
No bar animado, onde eu a encontro lá dentro, vem juntar-se a nós Edu Krieger (vide post de 30/09), que também assinou dois títulos no disco da cantora. Juntos, com os produtores de cada um deles, inicia-se uma conversa informal, repleta de considerações artístico-filosófico-cômicas, uma vez que cada um folheou o esboço do meu livro sobre a MPB em francês, que eu começei a levar a cabo recentemente. Pareceu provocar um certo interesse, a menos que ele tenha despertado um tipo de condescendencia por parte de pessoas muito bem educadas !
Para encerrar essa maratona de final de semana (fatos em desordem, como vocês podem ter constatado !), fui parar no Café do Parque Lage, no Jardim Botânico, para cumprir meu compomisso de domingo à tarde com Adriana Maciel, uma intérprete que lançou o delicadíssimo e intimista « Dez canções », em 2008. Adriana é uma das cantoras cuja estréia eu testemunhei, em 1997, principalmente porque ela já tinha em seus repertório de compositores então também debutantes como Zeca Baleiro e Chico César. Outros como Celso Fonseca, e principalmente Vitor Ramil, são também músicos e compositores recorrentes ao longo dos quatro álbuns dessa cantora de Brasilia, que veio para o Rio para tentar uma carreira teatral pelo final dos anos 80.
Adriana tem a sorte (ou não ?) de não depender da música para viver, o que lhe dá a liberdade de lançar seus projetos de maneira parcimoniosa. De qualquer forma, seu álbum « Poeira leve », de 2003, baseado fortemente sobre o samba e a bossa nova, poderia ser a base de um dvd em projeto, uma vez que « Dez canções » continua sendo para mim uma das belas produções do ano passado. To be continued…
Adriana tem a sorte (ou não ?) de não depender da música para viver, o que lhe dá a liberdade de lançar seus projetos de maneira parcimoniosa. De qualquer forma, seu álbum « Poeira leve », de 2003, baseado fortemente sobre o samba e a bossa nova, poderia ser a base de um dvd em projeto, uma vez que « Dez canções » continua sendo para mim uma das belas produções do ano passado. To be continued…
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