jeudi 29 avril 2010

Escutando hoje : André Abujamra.


(texte français plus bas, texto português traduzido do francês)

Eu não sei se é uma falsa impressão, mas me parece que estamos penando um pouco para chegar a um ritmo de cruzeiro a partir do início desse ano no que diz respeito ao lançamento de álbuns interessantes. Até mesmo no que concerne ao lançamento de álbuns em geral. A essa altura do calendário, nesses últimos anos, a quantidade da produção me parecia mais significativa. É o mínimo que eu posso constatar ao visitar os blogs e sites das gravadoras e dos jornalistas especializados. Ainda uma consequência da crise do disco (que já não é propriamente uma crise, uma vez que a expressão por si só pressupõe um limite na linha do tempo, o que não tem se observado).
Ou então, como parece não mais existir o conceito de « temporada », as boas colheitas acontecem agora em qualquer período do ano. Um efeito da globalização, sem dúvida (antigamente a gente diria : « mais um golpe dos russos !», não importava que calamidade poderia ocorrer…).

O tempo me faltou para que eu pudesse escrever algumas crônicas sobre álbuns recebidos recentemente ; minha viagem muito próxima me requer determinadas preparações. Mas vejamos o que se pode fazer em menos de uma semana...

E para começar, « Mafaro », de André Abujamra, artista deliciosamente fora do padrão de São Paulo, que nos confirma sua doce e genial alegria sob a forma de um disco que ressoa como uma globalização (ainda essa palavra !) definitiva da música. Ritmos africanos, indianos, do Oriente Médio ; mas também de diversas regiões do Nordeste...
O resultado é um álbum que vai para tudo quanto e lado, denso e barroco, extremamente bem produzido, e que forma uma sequência lógica a esse outro ovni que foi seu primeiro álbum solo : « O Infinito de pé » (2004). Mais étnico, esse último, talvez...
Segundo o gosto de cada um, pode-se achar « Mafaro » brilhante ou um pouco indigesto (o que não é o meu caso), mas não se pode negar que o disco é sobretudo revigorante, festivo e inventivo.
Lembremo-nos de que Abujamra fez parte do duo Os Mulheres Negras nos anos 80, e de que ele foi líder do Karnak, um outro grupo paulista vindo de outro planeta...
André Abujamra é também produtor, cineasta e ator, além de também ter composto uma trezena de trilhas sonoras para seus documentários e filmes, bem como para o famoso longa « Carandirú » (2004), de Hector Babenco, que se tornou um sucesso meio « cult » na Europa.
Um artista como André Abujamra teria seu lugar garantido na ala da grande tradição do surrealismo corrosivo, à belga, isso sem sombra de dúvida.
Ou não teria ele escrito, em 2004, a canção Essa música não existe, título saído diretamente do universo de Magritte.
Esses vídeos aqui colados (também na parte escrita em francês) valem mais do que qualquer longa explicação...

2 commentaires:

Anonyme a dit…

Boa sacada, essa da tribo...
Excelente, Daniel. Trabalho curioso o desse artista multimídia.
Parabéns pelo blog, sempre up to date.

Abraço,
Safira.

Daniel Achedjian a dit…

Obrigado Safira, trabalho curioso e facinante ao mesmo tempo...
obrigado pela visita..!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.