(texto traduzido do francês)
Seis meses depois de minha última visita, volto agora novamente ao Rio de Janeiro, nessa quinta feira, 6 de maio, de madrugada...
De posse do meu formulário de registro « preencha todos os campos », percebo que alguns espaços ligados à cultura que davam charme a Ipanema fecharam, ou estão de portas semi cerradas. Algumas dessas livrarias & café nas quais eu me sentava para escrever minhas notas de viagem, não estão aguentando o baque da crise, como a Letras e Expressões, que liquida seu estoque com 50% de desconto.
Num outro tom –eu o dedico a vocês!- a Help dará lugar ao novo Museu da Imagem e do Som (M.I.S). Troca-se um mal por um bem, sem dúvida alguma ; mas mesmo esse grande bordel disfraçado de discoteca com pernas dançantes em neón à Las Vegas, acabava já por fazer parte da paisagem de Copacabana.
Por outro lado, o que não faltam são os novos endereços de « comer e beber ». Em poucos meses, brotaram os Irish pubs, os restaurantes « tex mex », os restaurantes orgânicos mais elaborados, alguns outros japoneses, e a « World food » da moda, principalmente no bairro do Leblon. Sem dúvida Sem dúvida já era de se esperar uma seleção natural, como percebo a cada vez que aqui retorno.
Uma outra instituição, o Barril 1800 –em frente ao mar do Arpoador- deu lugar a uma nova placa que passou a ser « the place to be » : O Astor.
Ontem à noite, essa filial do bar que fica na Vila Madalena, em São Paulo, estava lotadáço.
As pessoas descoladas faziam fila para entrar nesse espaço que flerta com a decoração déco das cervejarias parisienses. A foto que colo aqui foi tirada hoje, às seis da manhã, quando não havia ali viv´alma.
Eu não escondo que sinto uma certa nostalgia do Barril, restaurante simples para os banhistas ainda molhados (quando eu o conheci, em 1989), com seus guardanapos de papel, seus garçons com uniformes meio sujinhos, e seus banheiros de higiene duvidosa.
Quanto ao Jazzmania, antiga pequena sala de shows simpaticamente situada na parte superior –rebatizada como Mistura Fina, depois de diversas aventuras,- sabe lá deus o que a sucederá.
E o que pensar do Bofetada, o mais antigo bar de Ipanema, que já andava meio abandonado desde um certo tempo, e hoje fechado. Mais uma marca que some desse Rio de amor que se perdeu…como dizia o poetinha.
Em compensação, ainda dentro do bairro de Ipanema, junto à Praça General Osório, uma nova sala, a Oi Futuro Ipanema, acaba de abrir suas portas.
A um passo dali, os novos acessos à estação do Metrô Ipanema (duma discreção sem igual !), que eu havia conhecido em construção, e que agora estão operacionais. Um grande amigo -carioca até a medula- me disse que o funcionamento ainda precisa melhorar muito.
Contrariamente ao que eu já testemunhei no passado, a proximidade do mundial de futebol na África do Sul não parece estar empolgando os torcedores. Esse mesmo amigo carioca -flamenguista até a medula !!- me explicou que essa atitude reflete a falta de confiança da torcida na seleção brasileira atual. Por outro lado, a televisão foi invadida pelas propagandas políticas dum outro tempo, com a aproximação das eleições presidenciais. Não lucramos muito com essa troca, mesmo que as atuações anacrônicas dos candidatos nos façam sorrir por uns 5 minutos…
Mas voltemos ao assunto do blog...
No que concerne a alguns valores seguros da MPB –de tendência majoritariamente pop- o calendário de shows se anuncia bem fornido. Dentro de uma certa desordem, ao longo de uma dezena de dias, os amantes da música terão que escolher entre Isabella Taviani, Vanessa da Mata (que convida Dona Ivone Lara e Mart’nalia), Adriana « Partimpim » Calcanhotto, Jorge Vercillo, George Israel (com Paralamas do Sucesso, Elza Soares e Tico Santa Cruz), Moinho, Os Cariocas, Nando Reis, Ana Carolina, Zélia Duncan, Teresa Cristina, e ainda o show « O Baile do Simonal », com Simoninha, Max de Castro, Ed Motta e Preta Gil.
Alguns desses shows são reprises de tournées já realizadas.
A cereja do bolo fica por conta de Edu Lobo no Canecão, nos dias 15 e 16 próximos. Outros artistas menos populares –mas não menos interessantes –apresantam-se aqui e ali por toda a cidade.
Ainda anteontem, quinta, uma visita aos pontos de venda habituais de discos me fez constatar uma baixa substancial de produções. Como eu já suspeitava. E sobretudo uma enorme falha no sistema de distribuição ! Os numerosos cd’s lançados nesses três últimos meses estão simplesmente impossíveis de serem encontrados. Mesmo na famosa Modern Sound, de Copacabana, onde a cena alternativa praticamente não está representada.
Isso já virou quase uma piada, mas eu continuo procurando o famoso álbum do grupo Cidadão Instigado, do guitarrista Feranando Catatau (depois de 6 meses de buscas !), e do recente Maquinado, grupo esse do guitarrista Lucio Maia (Nação Zumbi).
Fazendo hora, ainda na Modern Sound, no aconchegante Allegro Bistrô anexo, apresentavam-se, em pleno meio da tarde, o trio Bossa jazz do excelente flautista e saxofonista Mauro Senise. Um momento de suavidade muito bem vindo !
Mauro Senise acaba de lançar o soberbo « Melodia sentimental », com o pianista Gilson Peranzzetta, que eu havia recebido pelo correio, ainda em Bruxelas.
E enquanto escuto, como fundo sonoro, ao escrever essas linhas, o novo álbum de Antonio Villeroy (não de todo mau, numa primeira impressão), colaborador privilegiado de Ana Carolina, eu colo para vocês algumas peças adquiridas ontem...
(O título Recomeço, duo de Antonio e Maria Gadu, é candidato certo para tornar-se um hit, se não já é o caso)
Geraldo e Os Amigos do Rumo : « Sopa de concha » (Biscoito fino )
Fito Paez : « Confiá » (Sony)
Carlos Núñez : « Alborada do Brasil » (Sony)
Arthur Nestrovski : « Chico violão » (Biscoito Fino)
Itiberê Orchestra Família : « Contrastes » (Saladesom rec)
Renato Russo : « Duetos » (EMI)
Yassir Chediak : « A Viola e o mar » (Saladesom rec)
Teresa Cristina : « Melhor assim » cd/dvd (EMI)
Wanda Sá & Roberto Menescal : « Declaração » (Albatroz)
Martinho da Vila : « Martinho canta Noel, Poeta da Cidade » (Biscoito fino)
Antonio Villeroy : « José » (Biscoito fino )
Jorge Vercillo : « D.N.A. » (Sony)
Paula Morelenbaum : « Bossa renova » (Biscoito fino)
Clube do balanço : « Pela contramão » (Yb music)
Yamandú Silva & Valter Silva : « Yamandú Valter » (MP,B/ Universal)
Dolores Duran : « Os Anos dourados » (caixa 7 cd’s) (EMI)
Cássia Eller , dvd : « Violões » (Universal)
Arranco de Varsóvia : « Canta Martinho da Vila, Pãozinho de açúcar » (Mills)
...e ainda discos mais antigos de Rafael Rabello, Osmar Milito Trio, Hamilton de Hollanda & Joel Nascimento, Lula Galvão, Gonzaga Leal, Playmobile…
De posse do meu formulário de registro « preencha todos os campos », percebo que alguns espaços ligados à cultura que davam charme a Ipanema fecharam, ou estão de portas semi cerradas. Algumas dessas livrarias & café nas quais eu me sentava para escrever minhas notas de viagem, não estão aguentando o baque da crise, como a Letras e Expressões, que liquida seu estoque com 50% de desconto.
Num outro tom –eu o dedico a vocês!- a Help dará lugar ao novo Museu da Imagem e do Som (M.I.S). Troca-se um mal por um bem, sem dúvida alguma ; mas mesmo esse grande bordel disfraçado de discoteca com pernas dançantes em neón à Las Vegas, acabava já por fazer parte da paisagem de Copacabana.
Por outro lado, o que não faltam são os novos endereços de « comer e beber ». Em poucos meses, brotaram os Irish pubs, os restaurantes « tex mex », os restaurantes orgânicos mais elaborados, alguns outros japoneses, e a « World food » da moda, principalmente no bairro do Leblon. Sem dúvida Sem dúvida já era de se esperar uma seleção natural, como percebo a cada vez que aqui retorno.
Uma outra instituição, o Barril 1800 –em frente ao mar do Arpoador- deu lugar a uma nova placa que passou a ser « the place to be » : O Astor.
Ontem à noite, essa filial do bar que fica na Vila Madalena, em São Paulo, estava lotadáço.
As pessoas descoladas faziam fila para entrar nesse espaço que flerta com a decoração déco das cervejarias parisienses. A foto que colo aqui foi tirada hoje, às seis da manhã, quando não havia ali viv´alma.
Eu não escondo que sinto uma certa nostalgia do Barril, restaurante simples para os banhistas ainda molhados (quando eu o conheci, em 1989), com seus guardanapos de papel, seus garçons com uniformes meio sujinhos, e seus banheiros de higiene duvidosa.
Quanto ao Jazzmania, antiga pequena sala de shows simpaticamente situada na parte superior –rebatizada como Mistura Fina, depois de diversas aventuras,- sabe lá deus o que a sucederá.
E o que pensar do Bofetada, o mais antigo bar de Ipanema, que já andava meio abandonado desde um certo tempo, e hoje fechado. Mais uma marca que some desse Rio de amor que se perdeu…como dizia o poetinha.
Em compensação, ainda dentro do bairro de Ipanema, junto à Praça General Osório, uma nova sala, a Oi Futuro Ipanema, acaba de abrir suas portas.
A um passo dali, os novos acessos à estação do Metrô Ipanema (duma discreção sem igual !), que eu havia conhecido em construção, e que agora estão operacionais. Um grande amigo -carioca até a medula- me disse que o funcionamento ainda precisa melhorar muito.
Contrariamente ao que eu já testemunhei no passado, a proximidade do mundial de futebol na África do Sul não parece estar empolgando os torcedores. Esse mesmo amigo carioca -flamenguista até a medula !!- me explicou que essa atitude reflete a falta de confiança da torcida na seleção brasileira atual. Por outro lado, a televisão foi invadida pelas propagandas políticas dum outro tempo, com a aproximação das eleições presidenciais. Não lucramos muito com essa troca, mesmo que as atuações anacrônicas dos candidatos nos façam sorrir por uns 5 minutos…
Mas voltemos ao assunto do blog...
No que concerne a alguns valores seguros da MPB –de tendência majoritariamente pop- o calendário de shows se anuncia bem fornido. Dentro de uma certa desordem, ao longo de uma dezena de dias, os amantes da música terão que escolher entre Isabella Taviani, Vanessa da Mata (que convida Dona Ivone Lara e Mart’nalia), Adriana « Partimpim » Calcanhotto, Jorge Vercillo, George Israel (com Paralamas do Sucesso, Elza Soares e Tico Santa Cruz), Moinho, Os Cariocas, Nando Reis, Ana Carolina, Zélia Duncan, Teresa Cristina, e ainda o show « O Baile do Simonal », com Simoninha, Max de Castro, Ed Motta e Preta Gil.
Alguns desses shows são reprises de tournées já realizadas.
A cereja do bolo fica por conta de Edu Lobo no Canecão, nos dias 15 e 16 próximos. Outros artistas menos populares –mas não menos interessantes –apresantam-se aqui e ali por toda a cidade.
Ainda anteontem, quinta, uma visita aos pontos de venda habituais de discos me fez constatar uma baixa substancial de produções. Como eu já suspeitava. E sobretudo uma enorme falha no sistema de distribuição ! Os numerosos cd’s lançados nesses três últimos meses estão simplesmente impossíveis de serem encontrados. Mesmo na famosa Modern Sound, de Copacabana, onde a cena alternativa praticamente não está representada.
Isso já virou quase uma piada, mas eu continuo procurando o famoso álbum do grupo Cidadão Instigado, do guitarrista Feranando Catatau (depois de 6 meses de buscas !), e do recente Maquinado, grupo esse do guitarrista Lucio Maia (Nação Zumbi).
Fazendo hora, ainda na Modern Sound, no aconchegante Allegro Bistrô anexo, apresentavam-se, em pleno meio da tarde, o trio Bossa jazz do excelente flautista e saxofonista Mauro Senise. Um momento de suavidade muito bem vindo !
Mauro Senise acaba de lançar o soberbo « Melodia sentimental », com o pianista Gilson Peranzzetta, que eu havia recebido pelo correio, ainda em Bruxelas.
E enquanto escuto, como fundo sonoro, ao escrever essas linhas, o novo álbum de Antonio Villeroy (não de todo mau, numa primeira impressão), colaborador privilegiado de Ana Carolina, eu colo para vocês algumas peças adquiridas ontem...
(O título Recomeço, duo de Antonio e Maria Gadu, é candidato certo para tornar-se um hit, se não já é o caso)
Geraldo e Os Amigos do Rumo : « Sopa de concha » (Biscoito fino )
Fito Paez : « Confiá » (Sony)
Carlos Núñez : « Alborada do Brasil » (Sony)
Arthur Nestrovski : « Chico violão » (Biscoito Fino)
Itiberê Orchestra Família : « Contrastes » (Saladesom rec)
Renato Russo : « Duetos » (EMI)
Yassir Chediak : « A Viola e o mar » (Saladesom rec)
Teresa Cristina : « Melhor assim » cd/dvd (EMI)
Wanda Sá & Roberto Menescal : « Declaração » (Albatroz)
Martinho da Vila : « Martinho canta Noel, Poeta da Cidade » (Biscoito fino)
Antonio Villeroy : « José » (Biscoito fino )
Jorge Vercillo : « D.N.A. » (Sony)
Paula Morelenbaum : « Bossa renova » (Biscoito fino)
Clube do balanço : « Pela contramão » (Yb music)
Yamandú Silva & Valter Silva : « Yamandú Valter » (MP,B/ Universal)
Dolores Duran : « Os Anos dourados » (caixa 7 cd’s) (EMI)
Cássia Eller , dvd : « Violões » (Universal)
Arranco de Varsóvia : « Canta Martinho da Vila, Pãozinho de açúcar » (Mills)
...e ainda discos mais antigos de Rafael Rabello, Osmar Milito Trio, Hamilton de Hollanda & Joel Nascimento, Lula Galvão, Gonzaga Leal, Playmobile…
3 commentaires:
Participe da campanha "Música em troca de Fraldas", que visa ajudar às crianças desabrigadas pelas chuvas no RJ:
Bleffe no #RioUnido
O Carioca até a medula diz: Gostei da matéria. Ótimo post, parece uma fotografia, escrita e com ilustrações.
Legal o post. Nada como alguém seis meses longe para perceber certas coisas como o exagero do Metrô de Ipanema(inspirado na Ópera de Sidney!?!).
Ah, quero conhecer esse Astor... Tb. tenho saudade do Barril; eu morava ao lado, na Joaquim Nabuco, bem pertinho, mas eu era apenas uma adolescente, saindo molhada da praia do Arpoador. Cool...
Kisses, Daniel; welcome one more time.
Lady Jane
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