dimanche 4 juillet 2010

Caetano Veloso em Bruxelas, Gilberto Gil em Gent…

Caetano durante a tourné "Zii e Zie" (foto Daniel A.)

(Texte français plus bas, texto português traduzido do francês)

Tudo é uma questão de ambiente. Muito francamente, eu não me sinto plenamente cheio de alegria com a vinda de Caetano Veloso, no dia 7 de julho, à L’Ancienne Belgique de Bruxelles ; ou com a de Gilberto Gil, ao Gent Jazz Festival, no dia 15 do mesmo mês.
Pode-se cogitar que eu esteja « blasé », ou que se trate de um certo esnobismo da minha parte a partir do fato de que, no Brasil, eu já teria os tickets na carteira desde longa data. Mas não se trata de nada disso...
Na época do famoso evento anual belga Viva Brasil, no início dos anos 90, era comum ver os cartazes mostrando em certos dias a apresentação de artistas consagrados misturados aos de outros mais elitistas, ou egressos da nova geração de então. Íamos de Chico Barque a Toninho Horta, Francis Hime, passando por Alceu Valença, Joyce, Paralamas do Sucesso, e também Marisa Monte, que era ainda uma jovem cantora cheia de promessas...
Existia uma verdadeira dinâmica e um espírito de festival, com os shows atuais, que são raros e espalhados. E no entanto, Adriana Calcanhoto e Ana Carolina cantarão por esses dias agora a 350 quilômetros de Bruxelas, em Paris, sem pagar o pedágio para atravessar a fronteira. Poderíamos organizar um belo cardapio.
Outra razão para a minha falta de entusiasmo : o repertório frequentemente condescendente que os artistas brasileiros de renome apresentam para além de suas fronteiras, e que se compõem geralmente de seus clássicos, deixando de lado suas criações mais recentes. Sem dúvida porque para a maior parte dos brasileiros residentes na Europa –e que compõe a maioria do público-, a atualidade musical permaneceu aquela do momento no qual eles deixaram sua terra natal...
Mas não façamos disso um tribunal de julgamento... Caetano sempre me surpreendeu por sua capacidade de apresentar shows inusitados. Podemos esperar que ele não hesitará em nos mostrar o melhor de seus dois álbuns « Cê » (2007) e « Zii et Zie » (2009) –com fortes matizes de rock alternativo-, misturado aos inevitáveis Menino do Rio, Leãozinho, Sampa, e Qualquer coisa.

(Caetano Veloso, no L’Ancienne Belgique de Bruxelles, no dia 7 de julho, às 20h)

Gil se apresentará no show chamado "For all" (foto Daniel A;)

Quanto a Gilberto Gil, ele constará da grade do Gent Jazz Festival, que começa no dia 15 de julho, numa noite inteiramente lusófona. Veremos a paulista Cibelle às 18h30, seguida às 20h pela grande e divina cantora portuguesa Mariza, com seu fado mestiço de múltiplas influências.
Gil fechará a noite às 22h30, com o espetáculo intitulado « For all », da expressão inglesa « para todos »- falsamente suposta por ter originado o nome do estilo Forró.
O baiano estará cercado pelos músicos que o acompanhram em seu recente « Fé na festa », estrategicamente lançado no último mês de junho no Brasil, época das « Festas juninas », que celebram santos populares tais como Santo Antonio, São Pedro, e sobretudo São João.

Na verdade, esse novo álbum é uma verdadeira boa surpresa que não se esperava mais.
Se por um lado, depois de seu cargo ministerial, Gil retornou forte com diversos bons projetos cênicos, por outro ele nos deixou em dúvida quanto a seu último álbum estúdio. « Banda larga cordel » (2008) foi no mínimo um disco mediano, e podemos temer que seu flerte com a política tenha apagado sua inspiração. Mas « Fé na festa » nos mostra um Gil em plena força criativa, debruçado sobre a riqueza dos ritmos do Nordeste.
Em seu álbum « Eu tu, eles » (2000), Gil já tinha abordado com prazer o repertório dos grandes compositores que popularizaram esses estilos em todo o Brasil. Mas em « Fé na festa », ele é o principal artesão de seu repertório, com dez títulos entre treze, que ele assina sozinho ou em parceria. E Assim sim, Vinte e seis, e O livre atirador e a pegadora já soam como clássicos do gênero.
Cercado por Toninho Ferragutti (acordeon), Sergio Chiavazzoli (guitarra), Arthur Maia (baixo), Jorge Gomes (Zabumba), e ainda o franco-carioca Nicolas Krassik (rabeca), Gil nos apresenta um som dos mais autênticos.
E sem dúvida, em 15 de julho, em Gent, Gil prolongará as festas de junho aos ritmos do forró e do baião...

(Gilberto Gil se apresentará no Gent Jazz Festival de Gent, no dia 15 de julho, às 22h30.)

1 commentaire:

Anonyme a dit…

Caetano e Gil , assim como Edu Lobo entre outros, tem sempre algo de surpresa a cada apresentação faz parte do ser artista. mesmo que seja não tocar violão em nenhum momento com fez Edu , no seu u´timo show no Canecão.

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