mercredi 28 juillet 2010

Hermeto Pascoal e Aline Morena, no Teatro Sesc Ginástico Rio.

Hermeto Pascola harmoniza a lista de agradecimentos
lida por Aline Morena (foto Daniel A.)

(texte français plus bas, texto português traduzido do francês)

« Uma Noite em 67 » é o título do filme documentário lançado por esses dias nas capitais do Brasil, e que relata um momento importante na história da Música Popular Brasileira : aquele da edição de 1967 dos famosos festivais da canção pela TV Record (São Paulo), que aconteceram entre 1965 e 1972. Eu vou tentar assistí-lo o mais rápido possível e postar para vocês as minhas impressões aqui.
Atrás de Edu Lobo e Marilia Medalha, os intérpretes de « Ponteio » (Edu Lobo/ Capinam), o título vitorioso daquele ano objeto do filme, estava o Quarteto Novo, do qual um dos integrantes não era outro senão Hermeto Pascoal, que abriu a canção com uma performance magistral à flauta, que tornou-se quase tão célebre quanto seu contagiante refrão : « Quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar ».
Isto para relembrar que por trás do feiticeiro Hermeto –conhecido por extrair sons e notas de qualquer coisa- existe esse instrumentista talentoso que trabalhou no seio de numerosas formações de jazz durante os anos sessenta, antes de doar seus talentos a músicos e compositores de prestígio como Antonio Carlos Jobim, ou ainda Miles Davis.
Inclusive, já faz um bom tempo que a música de Hermeto Pascoal ultrapassa além do círculo dos amantes de músicas do Brasil, e que ele vem sendo assistido com entusiamo por platéias dos quatro cantos do mundo.

Hermeto Pascoal, Aline Morena & "familia",
Sesc Ginastico 20/07 (foto Daniel A.)


Já de alguns anos para cá Hermeto vem se apresentando sob diversas formações ; porém, atualmente, ele privilegia aquela que ele iniciou a partir de 2002 com sua companheira Aline Morena, com quem ele se apresentou em 2004, no duo « Chimarrão com rapadura » : primeiro, o nome do chá mate típico do Sul do Brasil, de onde Aline é originária ; e em seguida, o desse alimento açucarado –mais nutritivo do que o açúcar (eu pesquisei !) do Nordeste, de onde vem nosso músico albino barbudo (de Alagoas, mais precisamente).

Hermeto Pascoal e Aline Morena apresentaram-se no último dia 20 de julho no Sesc Ginástico do Rio de Janeiro, frente a uma platéia quase explodindo de tão lotada, para o lançamento do álbum « Bodas de latão ».
Quem conhece Hermeto Pascoal sabe que vê-lo em cena é uma experiência quase que obrigatória. E se devemos aqui encontrar uma definição para seu espetáculo, poderíamos clasificá-lo como um « Exercício em torno da harmania ». Harmonia essa, por sua vez, em torno de um tema de Mozart, de uma composição de Sivuca ou de Astor Piazzolla ; em torno de suas próprias criações, mas também de uma chaleira, de uma caçarola, de canos, de potes de barro, de uma piscina de plástico... e até de bichos de pelúcia. Rimos no inicio, e nos surpreendemos logo em seguida. Com diversos instrumentos tradicionais e adulterados, Hermeto gravita em torno de Aline, que por sua vez se lança em exercícios vocais próximos aos de Tetê Espíndola ou Badi Assad, isso tudo tocando ela mesma ao violão ou ao piano. Mas nós não estamos tratando de um campo de experimentação gratuita, pois nesse caso existem um sentido e uma beleza que apenas um virtuose pode se permitir ousar.
E ao final do show, até a partir da lista de agradecimentos que Aline enumera, Hermeto busca uma base para criar diveras harmonias ao teclado... Dêem-lhe uma lista telefônica, e ele comporá uma sinfonia para tamancos e buzinas... (Eu inclusive meto-lhe um processo, se eu vejo isso num próximo espetáculo !)

1 commentaire:

Olga Pereira Costa a dit…

Casal perfeito. Nasceram um para o outro. Maravilhoso!!!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.