mercredi 3 novembre 2010

Sobrevoando 2010 : junho (Parte 1)

Capital Inicial em casa (Brasilia): estética rock...

-texte français plus bas -texto português traduzido do francês

Assim como para 2009, a série de resenhas «Sobrevoando 2010 » se propõe a rever, de forma subjetiva, alguns álbuns lançados ao longo do ano inteiro. Mais especificamente aqueles que me interessaram por diversos aspectos. Infelizmente com alguns encontros musicais faltando, devido à indisponibilidade de determinados produtos, como cd´s e dvd´s, em falta no mercado. Alguns álbuns objeto dessa retrospectiva já foram comentados aqui no blog, cada qual a seu tempo...
Para começar esse mês de junho, observamos abaixo quatro estilos diametralmente opostos, mas nem por isso necessariamente conflitantes para quem escuta ! Outros surgirão em breve...

De todos os grupos de rock egressos dos anos 80 (e que ainda existem até hoje), o Capital Inicial é sem dúvida aquele que continua sendo o mais fiel à estética musical de seus primórdios. Naturalmente, Dinho Ouro Preto (o cantor) e seus pares estão mais próximos do rock FM do que do que do punk que eles praticavam quando o grupo original se chamava ainda Aborto elétrico (do qual Renato Russo fez parte). Mas muita água e 30 anos rolaram debaixo da ponte.
« Das Kapital » soa básico, entre guitarras cortantes, baixo estertorante, e a voz bem adestrada de Dino, que passeia pelas baladas pop melosas (Não sei porque, Eu quero ser com você) e os títulos mais energéticos (Depois da meia noite, Melhor). Por sinal, faixas lentas e títulos rápidos compartilham em partes quase iguais o espaço dedicado às onze peças apresentadas em « Das Kapital ».
O conjunto agrada, mesmo que sem surpresas, talvez porque eles não sejam muito numerosos hoje em dia –esse tipo de grupo que pratica o rock quadrado, sem concessões... porém sincero.

Uma bela surpresa esse « Transeunte » de Mauro Aguiar, um artista conhecido sobretudo como excelente letrista, que já trabalhou inclusive com os finos melodistas que são José Miguel Wisnik, Zé Paulo Becker, Guinga, Edu Kneip, Kalu Coelho e Mario Sève. Seus textos já foram igualmente exibidos ao público através das vozes de Ney Matogrosso, Ivan Lins, Fátima Guedes e Zélia Duncan.
Nesse álbum, Mauro Aguiar resolve assumir o papel de (bom) intérprete, ao nos apresentar um tipo de mosaico de músicas tradicionais brasileiras. Ele nos faz viajar, com muita elegância, do samba ao frevo, do baião à bossa nova ; às vezes, com direito a uma incursão, para além das fronteiras do Brasil, adentrando o mundo da salsa ou do fox-trot.
Em seus melhores momentos, a voz do autor se aproxima da voz de Zé Renato (apesar de não ser tão perfeita, claro!) ao longo desse itinerário musical para o qual ele convida Paula Santoro, Marianna Leporace, Barbara Mendes, Guinga, e ainda Edu Krieger. O conjunto, que poderia parecer disparatado, guarda uma bela uniformidade, graças à produção musical do saxofonista e flautista Mario Sève. Belo disco, mesmo…

Chico Salles, cantor e compositr da Paraíba – que reside há aproximadamente 40 anos no Rio de Janeiro- sempre navegou por entre as músicas de seu Nordeste natal e rodas de samba que ele frequenta desde os anos 80. Mas seu quinto álbum, « O Bicho pega », é realmente um disco enraizado no xote, no coco, no forró e no baião, em sua mais pura expressão. Esse belo álbum, ornamentado com uma dessas xilogravuras típicas da literatura de cordel, se distingue por sua excelente produção e seu repertório, onde os ritmos irresistíveis não escondem as melodias particularmente eficientes. Dessa forma, impõe-se muito rapidamente a faixa título : O Bicho pega (Bule Bule), ou ainda Como alcançar uma estrela (Miltinho Edilberto), e também Masculina ; essa última, composta com –ainda ele !-, Edu Krieger.
Como convidados para esse álbum, encontramos também Fagner, Alfredo Del-Penho, e o guitarrista João Lyra, esse último o responsável também pela produção musical. São reencontros que conferem ao conjunto um aspecto profissional –sem sacrificar sua alma- um tanto ausentes em seus trabalhos anteriores. E assim, o « cabra » Chico Salles, se afirma também como um sólido intérprete ; um cantor de voz firme pronto para animar qualquer arrasta pé.

Em seu primeiro álbum « Efêmera », o som da jovem cantora e compositora Tulipa Ruiz se aproxima bastante do pop ligeiro e ingênuo que caracteriza aquele das cariocas Silvia Machete, Nina Becker, e de tudo aquilo que tangencia o universo musical da formação +2 (Domenico Lancellotti, Kassin, Moreno Veloso) e Do amor.
Mas na faixa título, nos backing vocals, encontramos no entanto entre sua formação as melhores cantoras que estão hoje à frente da cena musical mais antenada de São Paulo, como Mariana Aydar, Tiê, Céu, Anelis Assumpção ou Juliana Kehl.
E provando que todos desse (ainda) pequeno universo criativo não hesitam em ajudar-se mutuamente, é possível também lermos os nomes de Karina Buhr, Ná Ozzetti, e Romulo Fróes, que ilustaram com alguns desenhos –as tulipas !- o livreto do cd.
Com sua voz aguda, melodiosa e controlada, Tulipa apresenta um repertório quase inteiramente autoral, constituído por pequenas pérolas pop como Pontual, Sushi e Às vezes, que demonstram não somente uma originalidade efervescente, como também um senso melódico sofisticado. Apenas a irregularidade do repertório não faz de « Efêmera » um disco perfeito... Mas ele não está assim tão longe disso !

Para ter uma idéia..videos amadores de Mauro Aguiar e Chico Salles. Outras do Capital Inicial e da Tulipa no texto francês em baixo...

1 commentaire:

Anonyme a dit…

gostei!

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.