vendredi 14 janvier 2011

Ana Clara Horta no Solar de Botafogo.

Ana Clara Horta, Solar de Botafogo, 12/01 (foto Daniel A.)
-texte français plus bas
-texto português traduzido do francês

Um público bem chique, bem certinho, veio assistir nesse última quarta feria, dia 12 de janeiro, ao show de Ana Clara Horta, na pequena sala do Solar de Botafogo. Um público que classificaríamos como típico da bucólica região de Uccles, ao sul de Bruxelas, ou do igualmente residencial 16º distrito de Paris. Jovens bem comportados misturados a senhoras dignas, alguns casais com crianças (por força das férias) e alguns artistas vislumbrados de relance, devidamente portadores da « etiqueta zona sul », como Silvia Machete, Anna Ratto, e o pandeirista americano Scott Feiner.
Em resumo : uma assistência muito « Biscoito fino », para citar o selo que abriga o primeiro e excelente álbum « Órbita », de Ana Clara.
Na verdade, muitas pessoas presentes eram, de mais perto ou de mais longe, das relações da artista, inclusive parentes.

Terminado esse preâmbulo, entremos então no lado mais animado do assunto...
Com « Órbita », Ana Clara Horta contribuiu sem sombra de dúvida com um dos melhores álbuns MPB do ano de 2010… E é bastante surpreendente constatar que –mesmo ele tendo sido bem recebido pela crítica- ninguém a citou no balanço do ano que passou.
Dentre as inúmeras cantoras que apareceram nos últimos tempos, raras são aquelas que passam no teste quando se arriscam também a compor.
Mas Ana Clara Horta impressiona pela qualidade e pela maturidade de suas músicas. As 11 faixas do álbum são de sua autoria (com varios letristas).
Sobre uma base rítmica sólida, colorida por influências brasileiras diversas, (« Órbita » foi produzido por Mario Moura, baixista e percussionista de Pedro Luis e a Parede), Ana construiu linhas melódicas sutis e eficazes, em cima de harmonias elaboradas.
É possível aqui lembrar-se então do primeiro (e ainda o melhor) álbum de Vanessa da Mata. Também por sorte, Ana Clara não sucumbiu à « síndrome Marisa Monte », da qual são vítimas a maioria das cantoras que surgiram no mercado desde então.

Ana Clara Horta e Bidu no trombone (foto Daniel A.)

De fato, Ana Clara não possui uma voz com um timbre particularmente marcante (ela carece ainda de um pouco na afinação em cena) ; porém, em contrapartida, essa sua neutralidade a deixa à vontade, tanto nos ritmos sincopados quanto nas canções mais lentas. Uma neutralidade que faz com que a gente não se canse de ouví-la (síndrome Vanessa da Mata !), quer seja no palco, ou ao longo de todo o « Órbita », que desconhece quaisquer pontos fracos (é muito raro isso : um álbum no qual todos os títulos mantêm um alto nível).

Em cena, o repertório adquiriu um nível percussivo ainda mais marcado, graças à agregação do genial percussionista Siri, junto com o baterista Pitito, enquanto que a cantora, que acompanha a si mesma ao violão, é apoiada por Igor Araújo (baixo) e Claudio Costa (guitarra).
Muito francamente, eu não prevejo de forma clara que, num futuro próximo, existe o risco de que uma compositora do calibre de Ana Clara seja deixada no banco de reserva. A boa MPB não pode se dar a esse luxo, e Ana Clara Horta veio para ficar... E isso é o mínimo que dela esperamos...

Aucun commentaire:

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.