samedi 15 mars 2008

Na procura da batida brasileira...segunda parte

Evento musical na "Médiathèque" de Bruxelas (Foto : N.Godts)

Não muito longe da Fnac Bruxelas, fica a “Médiathèque” – uma espécie de “biblioteca de Cds e DVDs”. Uma “mediateca”, eu diria em português. Aqui é uma instituição nacional; trata-se de uma iniciativa da Comunidade Francesa na Bélgica, com mais de 100 filiais menores em Bruxelas e na Valônia (região sul do País, onde se fala francês). E a gente por aqui leva essa história muito a sério! O acervo vai da música medieval aos grupos contemporâneos de sons alternativos de todo o planeta... São 700.000 CDs, sem falar em milhares de DVDs de filmes, documentários, enfim... O espaço é amplo e disponível a qualquer pessoa. Reconheço que a “Médiathèque” sempre foi uma ferramenta fundamental no meu trabalho jornalístico, tanto no campo da crítica musical anglo-americana quanto na crônica da MPB. Aliás, o acesso a esse espaço me proporcionou a melhor orientação, naquela época – 1990 – para que eu desse meus primeiros passos em direção à sua música. E até mesmo mais tarde, em 2004, quando algum ouvinte me ligava, lá para o meu programa de rádio dedicado à MPB, eu ainda contava com essa referência para responder ao meu público. Lembro inclusive que, nesse programa, a Adriana Calcanhoto era a cantora que mais instigava os ouvintes. Ela fascinava a todos; tinha algo de intrigante, penso eu. Mas como já fazia um tempo que eu não passava pela “Médiathèque”, eu temia sofrer mais alguma decepção ao longo dessa minha “investigação” de hoje. No entanto tive uma grata surpresa, quando cheguei ao espaço brasileiro: “Tem de tudo, quase tudo tem” – como cantava a Ana Carolina. Nada a ver com qualquer outra loja por aqui!
Nomes imprescindíveis como Zeca Baleiro, Lenine, Chico César, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto, Arlindo Cruz; e até as cantoras lançadas mais recentemente, como Mart´nalia, Ana Costa, Bruna Caram, Roberta Sá, e muitas outras...
Por outro lado, dei por falta de algo fundamental: não havia nada de qualquer banda do rock brasileiro, como Barão, Paralamas, ou Titãs. Também não vi qualquer coisa do Lobão ou do Charlie Brown Jr.; ora, parecia até um “boicote” ao seu rock nacional!
Em compensação, ao menos, encontrei os dois CDs solo do Frejat e quase todo o catálogo do Lulu Santos. Por hoje, então, me dou por satisfeito.
Confesso que lamento de não ter feito um trabalho bem “jornalística”. Se tivesse tido mais tempo, teria perguntado qual o critério de seleção dos discos oferecidos, e através de que canais os procuram. Mas tive que correr muito ao longo dessa semana. Insisto em pesquisar mais a respeito, assim que eu voltar aí do Brasil. Até porque a imprensa musical belga ou francesa nunca se arriscou profundamente nesse campo. E é esse tipo de imprensa musical que eu desejo desenvolver, pois faço parte dela! E me canso de observar seu lado conservador. Esse blog de MPB/APB pode parecer uma utopia, mas se pretende, humildemente, a preencher, um pouco, em essa lacuna na nossa cultura aqui na Europa. Assim, prometo equilibrar melhor os próximos posts em francês / português, assim que eu regressar dessa viagem ao Brasil.

12 commentaires:

Eduardo a dit…

E não é que coloquei um comentário sobre a midiateca no post debaixo? Deve ser a idade... hehehe.

Anonyme a dit…

Olá, Daniel!
Gostaria de saber como funciona o mercado de vinis por aí na Belgica...sei que em Londres ainda existe um espaço interessante para esse produto...
Pete Townshend, do The Who,por exemplo, sempre quando produz um trabalho novo sua gravadora lança, também, além de em formato CD, em "super vinil"...
Abraço

Anonyme a dit…

Daniel, seria bastante interessante você fazer esse tipo de pesquisa futuramente, saber qual o criério de seleção das músicas , a fonte e o caminho percorrido por eles...ainda não vi você citar Cássia Eller....
TEnha uma ótima viagem e pode deixar, o Rio continua com seu feitiço...oculto em cada esquina, em cada bairro...em cada rosto , o do pobre, o do rico..o do cidadão comum...enfim em todos aqueles que carregam dentro de si sua raiz , sua cultura...e com certeza, sua presença trará mais brilho pra nossa cidade...bjs grandes Te.

Maria Dias a dit…
Ce commentaire a été supprimé par l'auteur.
Daniel Achedjian a dit…

Ola Tê, vou vazer essa pesquisa sim! quando voltar no meu pais. Tambem quero saber mesmo...
Cassia é uma das minhas "îcones". Ja a mostrei para amigos e amigas que, apesar de nao a conhecer, ficaram de queixo caido (se diz assim?). Nao deixa ninguem indiferente. Tenho a sorte de ter o seu catalogo inteiro, cd's e dvd's, fora o ultimo "Raridade", duetos ja conhecidos...um beijo, e espero que a gente se encontre ai...

Daniel Achedjian a dit…

Ola Cal, bons tempos dos vinis...Nao vou falar dos vinis que os DJ's usam, apesar de ter ajudado a nao ser esquecidos. Aqui como no Brasil, tem essa saudade, que vira moda novamente, dos LP's, e alguns artistas como o Pete Towsend, ou o Ed Motta, saiem sempre um numero limitado de vinis, que sao mais coisas de colecionadores. O Nando Reis faz isso tambem. A sumida lenta dos cd's no futuro tambem pode ser um parâmetro. Nao sou muito de I Pod ou MP3, gosto do "objeto" concreto, com livrinho, com letras e informaçoes necessarias para o meu trabalho(musicos, produtores alem da estetica). I pod, so para viagar. Um dia o Ed Motta me disse "tem aquele disco do Miles Davies?, respondi, "tenho o cd, sim!", e ele; "o cd? entao nao tem!". Ele tem 40.000 vinis num apartamento pequeno na Gavéa (se bem me lembro...). Grande abraço, e até jà! Levo meu computador comigo...

Daniel Achedjian a dit…

Bom dia Crika, tambem deixei um recado no seu blog, beijo..

Anonyme a dit…

Também gosto de objetos, Daniel...
Assim que saiu o CD, lá no inicio dos anos 90, eu fiquei aborrecido...não gostava daquele formato pequeno...das capas em tamanho muito pequeno...
Hj, tenho mais de 1300 cds, e um pouco mais de 500 vinis...que sempre estou os ouvindo...principalmente os do Cartola, Noel Rosa, Chet Baker, Miles Davis...
Não curto também Mp3...tenho baixado muita coisa no Emule...raridades....mas não deixo no PC...gravo logo em cd e improviso uma capa...
Agora mesmo, enquanto escrevo esse comentário, estou ouvindo Jan Akkerman, fantástico guitarrista holandês, da extinta banda Focus, em um dos seus ótimos álbuns solos: The noise of art...só consegui pela internet!
Abraço!

Anonyme a dit…

Bem, você tem meus telefones, se não ligar quando chegar aqui eu vou ficar ofendida viu?

Anonyme a dit…

Senhora Teresa, I'm a gentleman! Pode contar comigo. Estou agora em Lisboa, esperando o vôo pelo Rio amanha de manha!!!

Maria Dias a dit…
Ce commentaire a été supprimé par l'auteur.
ana a dit…

Hola Daniel

je suis de passage ici, et je vois que tu as continué, recommencé, ... bravo
Ana

CE BLOG EST DÉDIÉ AUX CURIEUX QUI AIMERAIENT CONNAÎTRE L'ART ET LA MUSIQUE POPULAIRE BRÉSILIENNE. UNE OCCASION POUR LES FRANCOPHONES DE DÉCOUVRIR UN MONDE INCONNU OU IL EST DE MISE DE LAISSER SES PRÉJUGES AU VESTIAIRE.