lundi 10 mai 2010

08 de maio : O Baile do Simonal, versão light.

Max de Castro e Wilson Simoninha, Canecao 08/05 (foto Daniel A.)

(Texte français plus bas, texto português traduzido do francês)

O cd/dvd « O Baile do Simonal », lançado em 2009, presta uma homenagem ao artista que foi, sem sombra de dúvida, o grande cantor e showman à americana da história da música popular brasileira : Wilson Simonal (1938-2000).

Para as gerações mais jovens -ou para os não brasileiros-, é importante que assistam ao filme documentário « Ninguém sabe o duro que dei » para se darem conta da popularidade fora do padrão desse intérprete excepcional do final dos anos sessenta. Simonal foi um verdadeiro « entertainer » que cativou multidões, e que fazia o que bem entendia em cena. Um sucesso fenomenal e fulgurante, mas que voltou-se contra ele em 1971, por causa de um episódio sombrio envolvendo a suspeita de sua participação em casos de delação, na fase mais dura – « os anos de chumbo » - da ditadura militar no Brasil. Uma história que levou ao fim definitivo de sua carreira...
Os dois filhos de Simonal, Wilson Simoninha e Max de Castro (que administram individualmente, cada qual, uma carreira musical desde o final dos anos 90) não medem esforços contínuos no sentido de reabilitar a memória de seu pai ; e para relembrar o artista importante que ele foi, mesmo para isso deixando um pouco de lado suas próprias carreiras por uns tempos. E isso não foi em vão.
Em 2004, eles editaram pela EMI a caixa « Wilson Simonal na Odeon », que incluía os álbuns gravados entre 1961 e 1971.

Mais tarde, em 2008, « Ninguém sabe o duro que dei » foi lançado então no cinema (e posteriormente em dvd, em 2009), uma produção de Claudio Manoel (www.simonal.com) apresentada no 13° Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade / It´s All True, que lhe conferiu uma menção honrosa, posicionou-se assim como um dos melhores documentários musicais dentre os inúmeros lançados nesses últimos anos no Brasil.
Para o projeto inicial de « O Baile do Simonal », Simoninha e Max de Castro conseguiram reunir um elenco excepcional para reviver o repertório do intérprete que popularizou País tropical, Sá Marina ou Nem vem que não tem (« Você quer ou não quer », na versão francesa cantada por Zanini e Brigitte Bardot) : Caetano Veloso, Samuel Rosa, Seu Jorge, Fernada Abreu, Mart’nália, Diogo Nogueira, Paralamas do Sucesso, Maria Rita, Frejat, Marcelo D2, e ainda outros mais.
O show aconteceu em 11 de agosto de 2009 na sala Vivo Rio (RJ), e rendeu uns dos melhores dvd´s daquele mesmo ano.

A dançarina Shirley, rebolando ao lado do Simoninha (foto Daniel A.)

Nesse último sábado, 8 de maio, Wilson Simoninha e Max de Castro reeditaram o espetáculo no Canecão, numa versão forçosamente mais modesta, durante a qual os dois irmãos dividiram entre si a interpretação das canções. Acompanhados por uma formação igualmente reduzida, eles convidaram Preta Gil e Ed Motta para lhes tomar emprestado algum apoio.
Impossibilitados de competir com a grandiosidade do show gravado em 2009, os dois irmãos optaram por uma versão descontraída, não hesitando, inclusive, em comentar as anedotas e lendas que cercam a história de cada canção... Correndo até o risco de cortar um pouco o ritmo do show, frente a um público pouco numeroso para um sábado à noite. Público esse que, de qualquer forma, inflama-se quando lá pelo meio do espetáculo surge um casal de dançarinos - Chocolate e Shirley- que nos gratificou com um número admiravelmente esvoaçante !
Depois de uma partida lenta, o show melhorou aos poucos, e no final das contas, a decepção veio da apresentação dos nobres convidados.

Preta Gil numa versão de A tonga da mironga do Kabulete (foto Daniel A.)

Se por um lado Preta Gil saiu-se razoavelmente bem em Que Maravilha (Jorge Ben/ Toquinho) e A tonga da mironga do kabuletê, Ed Motta (e só deus sabe como eu adoro esse artista !) relaxou em seu dever com um Lobo bobo (Carlos Lyra/ Ronaldo Bôscoli) que não dava qualquer espaço para suas capacidades vocais. Encadeando em seguida com Fora da lei, sucesso de seu próprio repertório, completamente fora de contexto ali.
Um fato incompreensível, essa atitude por parte do opulento cantor, de não ter colocado sua própria homenagem a Simonal, o excelente A Turma da Pilantragem, de sua autoria, incluído em seu último álbum, "Pique Nique" (2009). Entenda quem puder !

Simoninha, interprete de primeira classe (foto Daniel A.)

Na verdade, sem desmerecer Max de Castro, todo o espetáculo repousou sobre a apresentação de Simoninha, um intérprete ainda muito subestimado, mas que prova ser um dos melhores da sua geração. Um dom herdado de seu pai, bem como seu carisma e atuação no palco. Em resumo : o show revela-se mais do que honesto ; porém, depois de assistir ao tal dvd do ano passado, ficamos com a impressão de termos assistido a uma « versão de custos reduzidos » do espetáculo...

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