samedi 17 juillet 2010

Quando o álbum duplo vira o dois x um (Moska).

"Blonde on blonde" de Bob Dylan (1966), primeiro disco duplo da historia do vinil.

(texte français plus bas, português traduzido do francês)

Nos tempos do vinil, tínhamos aquela grande chapa redonda composta por duas faces de aproximadamente 20 minutes cada (com 5 ou 6 canções para cada lado, em seu formato tradicional), o que permitia ao grupo ou ao artista que assim o desejasse, imprimir ali uma seleção de títulos que se distinguissem pelo ritmos ou pela atmosfera.
Em 1966, « Blonde on blonde », de Bob Dylan, tem então o privilégio de ser o primeiro álbum duplo da história da discografia mundial. Eram muitas músicas, mas naquele caso podíamos escolher esse ou aquele lado, A, B ; C ou D, de acordo com nosso humor do momento. E quando chega então a época do rock progressivo, no início dos anos 70, era possível até mesmo deitar no sofá e fumar algumas coisas bizzaras, escutando uma só faixa de 20 minutos que cobria uma face inteira da « bolacha »... Enfin, isso foi o que já me contaram...
E mais adiante, em 1982, o disco mais compacto se sobrepôs ao velho vinil, com essa idéia absurda de que se iria deixar o ouvinte satisfeito com 16 ou 18 faixas– para compensar o preço…
Na realidade, ao repertório inicial do habitual 33 rotações, adicionaram-se os títulos considerados a rigor dispensáveis, normalmente por razões de qualidade. Passou-se inclusive a chamar esses títulos complementares ao disco de « bônus », como se eles fossem « gentilmente » ofertados.
E no entanto, quem pode afirmar que escuta um álbum cd inteirinho em nossos dias, mesmo sendo de 12 canções (eu disse « escuta », e não « usa » como música de fundo »… !).
No Brasil, observamos já faz algum tempo a prática do « dois álbuns distintos », que retoma de alguma forma a idéia original das duas faces.

"Infinito particular" (na verdade, a capa era inteiramente preta)

Em 2006, Marisa Monte lançou os excelentes « Infinito particular », baseado num repertório pop/ MPB, e « Universo ao meu redor », que se inclinava resolutamente ao samba. Os dois discos conheceram um sucesso importante e equivalente, resultanto em cerca de 500 mil exemplares vendidos de cada um.

Mais recentemente, em 2008, Zeca Baleiro nos apresentou « O Coração do Homen bomba, vol. 1 », um álbum alegre, antes de lançar algumas semanas mais tarde o volume 2, esse já mais intimista, sério, com uma tendência mais pop/ rock.
Ainda a título de exemplo, a muito zelosa Maria Bethânia continua sendo a campeã nesse campo. Em 2006, ela veio a lançar através de seu selo Quitanda, « Mar de Sofia » e « Pirata », antes de repetir o mesmo procedimento em 2009, com « Encanteria », sob as cores dos ritmos baianos, e « Tua », esse mais intimista.
Mas face a esses artistas muito experientes, os mais jovens vão pegando o jeito. Assim, a talentosa cantora/ compositora da nova onda carioca, Nina Becker- que milita no seio do grupo Orchestra Imperial- tem a ousadia de nos apresentar nas lojas, por esses dias, « Azul » e « Vermelho », dois produtos que vêm a propor dois climas diferentes para sua estréia discográfica solo.

...escutando hoje: Moska

E finalmente, temos o caso de Paulinho Moska, que acaba de por fim a um jejum de 7 anos (« Tudo novo de novo » data de 2003), com « Muito » e « Pouco » (cada um com 9 canções)- inspirados pelo título Muito pouco, que o carioca ofereceu a Maria Rita para seu disco « Segundo », de 2005.
Aqui nesse caso, temos não apenas uma grande diferença de estilo entre as duas obras, mas também uma dicotomia qualitativa.
« Muito » se apresenta como algo mais classicamente pop, e na verdade bem pouco inspirado melodicamente, com exceção da faixa título –un excelente pop/ tango-, e dos bons Soneto do teu corpo (Moska/ Leoni) e Quantas vidas você tem (Moska).
« Pouco », por sua vez, é uma surpresa muito boa, e nos mostra um outro artista. Conta com as composições mais acústicas, aéreas, delicadas ; e por vezes harmonicamente audaciosas, como Semicoisas, que abre o álbum. Encontramos aqui também três boas composições em parceria com Zélia Duncan : O Tom do amor, Não, e Sinto encanto ; sendo que essa última, já foi apresentada ao público através do mais recente álbum de Zélia, « Pelo sabor do gesto »(2009).
Outros bons momentos ficam por conta da balada « bluesy » Provavelmente você (Moska) e Saudade, uma parceria de Moska e seu amigo Chico César, que fecha um excelente álbum, sem uma escorregadela sequer...
Os dois discos podem ser comprados juntos ou separadamente ; em optando pela segunda forma, por uma vez na vida, prefira o « pouco » ao « muito ».

1 commentaire:

Túlio a dit…

na verdade, esta história de dois discos ao mesmo tempo começou em 1975 com caetano e seus albuns joia e qualquer coisa, de climas totalmente opostos e capas inspiradas nos albuns two virgins de john lennon e let it be dos beatles respectivamente.

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