(texte français plus bas, português traduzido do francês)
Nos tempos do vinil, tínhamos aquela grande chapa redonda composta por duas faces de aproximadamente 20 minutes cada (com 5 ou 6 canções para cada lado, em seu formato tradicional), o que permitia ao grupo ou ao artista que assim o desejasse, imprimir ali uma seleção de títulos que se distinguissem pelo ritmos ou pela atmosfera.
Em 1966, « Blonde on blonde », de Bob Dylan, tem então o privilégio de ser o primeiro álbum duplo da história da discografia mundial. Eram muitas músicas, mas naquele caso podíamos escolher esse ou aquele lado, A, B ; C ou D, de acordo com nosso humor do momento. E quando chega então a época do rock progressivo, no início dos anos 70, era possível até mesmo deitar no sofá e fumar algumas coisas bizzaras, escutando uma só faixa de 20 minutos que cobria uma face inteira da « bolacha »... Enfin, isso foi o que já me contaram...
E mais adiante, em 1982, o disco mais compacto se sobrepôs ao velho vinil, com essa idéia absurda de que se iria deixar o ouvinte satisfeito com 16 ou 18 faixas– para compensar o preço…
Na realidade, ao repertório inicial do habitual 33 rotações, adicionaram-se os títulos considerados a rigor dispensáveis, normalmente por razões de qualidade. Passou-se inclusive a chamar esses títulos complementares ao disco de « bônus », como se eles fossem « gentilmente » ofertados.
E no entanto, quem pode afirmar que escuta um álbum cd inteirinho em nossos dias, mesmo sendo de 12 canções (eu disse « escuta », e não « usa » como música de fundo »… !).
No Brasil, observamos já faz algum tempo a prática do « dois álbuns distintos », que retoma de alguma forma a idéia original das duas faces.
Em 1966, « Blonde on blonde », de Bob Dylan, tem então o privilégio de ser o primeiro álbum duplo da história da discografia mundial. Eram muitas músicas, mas naquele caso podíamos escolher esse ou aquele lado, A, B ; C ou D, de acordo com nosso humor do momento. E quando chega então a época do rock progressivo, no início dos anos 70, era possível até mesmo deitar no sofá e fumar algumas coisas bizzaras, escutando uma só faixa de 20 minutos que cobria uma face inteira da « bolacha »... Enfin, isso foi o que já me contaram...
E mais adiante, em 1982, o disco mais compacto se sobrepôs ao velho vinil, com essa idéia absurda de que se iria deixar o ouvinte satisfeito com 16 ou 18 faixas– para compensar o preço…
Na realidade, ao repertório inicial do habitual 33 rotações, adicionaram-se os títulos considerados a rigor dispensáveis, normalmente por razões de qualidade. Passou-se inclusive a chamar esses títulos complementares ao disco de « bônus », como se eles fossem « gentilmente » ofertados.
E no entanto, quem pode afirmar que escuta um álbum cd inteirinho em nossos dias, mesmo sendo de 12 canções (eu disse « escuta », e não « usa » como música de fundo »… !).
No Brasil, observamos já faz algum tempo a prática do « dois álbuns distintos », que retoma de alguma forma a idéia original das duas faces.
Em 2006, Marisa Monte lançou os excelentes « Infinito particular », baseado num repertório pop/ MPB, e « Universo ao meu redor », que se inclinava resolutamente ao samba. Os dois discos conheceram um sucesso importante e equivalente, resultanto em cerca de 500 mil exemplares vendidos de cada um.
Mais recentemente, em 2008, Zeca Baleiro nos apresentou « O Coração do Homen bomba, vol. 1 », um álbum alegre, antes de lançar algumas semanas mais tarde o volume 2, esse já mais intimista, sério, com uma tendência mais pop/ rock.
Ainda a título de exemplo, a muito zelosa Maria Bethânia continua sendo a campeã nesse campo. Em 2006, ela veio a lançar através de seu selo Quitanda, « Mar de Sofia » e « Pirata », antes de repetir o mesmo procedimento em 2009, com « Encanteria », sob as cores dos ritmos baianos, e « Tua », esse mais intimista.
Mas face a esses artistas muito experientes, os mais jovens vão pegando o jeito. Assim, a talentosa cantora/ compositora da nova onda carioca, Nina Becker- que milita no seio do grupo Orchestra Imperial- tem a ousadia de nos apresentar nas lojas, por esses dias, « Azul » e « Vermelho », dois produtos que vêm a propor dois climas diferentes para sua estréia discográfica solo.
Ainda a título de exemplo, a muito zelosa Maria Bethânia continua sendo a campeã nesse campo. Em 2006, ela veio a lançar através de seu selo Quitanda, « Mar de Sofia » e « Pirata », antes de repetir o mesmo procedimento em 2009, com « Encanteria », sob as cores dos ritmos baianos, e « Tua », esse mais intimista.
Mas face a esses artistas muito experientes, os mais jovens vão pegando o jeito. Assim, a talentosa cantora/ compositora da nova onda carioca, Nina Becker- que milita no seio do grupo Orchestra Imperial- tem a ousadia de nos apresentar nas lojas, por esses dias, « Azul » e « Vermelho », dois produtos que vêm a propor dois climas diferentes para sua estréia discográfica solo.
...escutando hoje: Moska
E finalmente, temos o caso de Paulinho Moska, que acaba de por fim a um jejum de 7 anos (« Tudo novo de novo » data de 2003), com « Muito » e « Pouco » (cada um com 9 canções)- inspirados pelo título Muito pouco, que o carioca ofereceu a Maria Rita para seu disco « Segundo », de 2005.
Aqui nesse caso, temos não apenas uma grande diferença de estilo entre as duas obras, mas também uma dicotomia qualitativa.
« Muito » se apresenta como algo mais classicamente pop, e na verdade bem pouco inspirado melodicamente, com exceção da faixa título –un excelente pop/ tango-, e dos bons Soneto do teu corpo (Moska/ Leoni) e Quantas vidas você tem (Moska).
« Pouco », por sua vez, é uma surpresa muito boa, e nos mostra um outro artista. Conta com as composições mais acústicas, aéreas, delicadas ; e por vezes harmonicamente audaciosas, como Semicoisas, que abre o álbum. Encontramos aqui também três boas composições em parceria com Zélia Duncan : O Tom do amor, Não, e Sinto encanto ; sendo que essa última, já foi apresentada ao público através do mais recente álbum de Zélia, « Pelo sabor do gesto »(2009).
Outros bons momentos ficam por conta da balada « bluesy » Provavelmente você (Moska) e Saudade, uma parceria de Moska e seu amigo Chico César, que fecha um excelente álbum, sem uma escorregadela sequer...
Os dois discos podem ser comprados juntos ou separadamente ; em optando pela segunda forma, por uma vez na vida, prefira o « pouco » ao « muito ».
Aqui nesse caso, temos não apenas uma grande diferença de estilo entre as duas obras, mas também uma dicotomia qualitativa.
« Muito » se apresenta como algo mais classicamente pop, e na verdade bem pouco inspirado melodicamente, com exceção da faixa título –un excelente pop/ tango-, e dos bons Soneto do teu corpo (Moska/ Leoni) e Quantas vidas você tem (Moska).
« Pouco », por sua vez, é uma surpresa muito boa, e nos mostra um outro artista. Conta com as composições mais acústicas, aéreas, delicadas ; e por vezes harmonicamente audaciosas, como Semicoisas, que abre o álbum. Encontramos aqui também três boas composições em parceria com Zélia Duncan : O Tom do amor, Não, e Sinto encanto ; sendo que essa última, já foi apresentada ao público através do mais recente álbum de Zélia, « Pelo sabor do gesto »(2009).
Outros bons momentos ficam por conta da balada « bluesy » Provavelmente você (Moska) e Saudade, uma parceria de Moska e seu amigo Chico César, que fecha um excelente álbum, sem uma escorregadela sequer...
Os dois discos podem ser comprados juntos ou separadamente ; em optando pela segunda forma, por uma vez na vida, prefira o « pouco » ao « muito ».
1 commentaire:
na verdade, esta história de dois discos ao mesmo tempo começou em 1975 com caetano e seus albuns joia e qualquer coisa, de climas totalmente opostos e capas inspiradas nos albuns two virgins de john lennon e let it be dos beatles respectivamente.
Enregistrer un commentaire