samedi 16 août 2014

Esses valores que, um dia, foram nossos: A Arte dos pintores populares


Chico Da Silva "Dragoes" (1967)- Coleçao Bruxelas


Mirian: "Anjo Gabriel" (1984)- Coleçao Bruxelas


 em português...

"Voltar à simplicidade, ao essencial e ao lado humano. Lembrar-se como é feita a vida cotidiana do homem: o trabalho, a família, as festas e comemorações, as crenças religiosas, mas também as lendas pagãs ancestrais. Voltar a ser humilde e respeitoso em frente à natureza e às forças da natureza. Eis o que os pintores populares propõem aqueles que são designados como «naifs ». A arte naif não é um estilo, mas define a pintura criada por artistas autodidatas que exercitaram a sua arte fora dos horários de trabalho ou quando chegou a aposentadoria. Neste mundo anárquico onde o progresso ocultou alguns valores essências, estes artistas nos propõem de nos reconectar aos ritmos das estações e aos nossos sentimentos mais puros. Simplesmente, pois, trata-se do seu cotidiano que foi ou poderia ter sido nosso um dia. 

Edivaldo: "Lavandaria na lagoa"- Coleçao Sao Paulo

Depois de ter colecionado os artistas modernos e contemporâneos e até artistas de arte conceitual, senti a necessidade de respirar. Encontrei o sopro de ar que procurava na pintura popular do Brasil, país para o qual já tinha ressentido um fascínio por suas músicas e que guia meu trabalho de jornalista cultural há mais de 20 anos. O Brasil é um dos países aonde a arte naif mostra uma criatividade incomparável. Os grandes mestres que estão aguardando ainda uma valorização no seu próprio país apresentam uma diversidade e uma liberdade invejada por numerosos pintores eruditos, acadêmicos ou outros enquadrados em um movimento artístico. Claro, alguns propõem uma visão idílica das suas regiões aonde permanece a serenidade e onde os sentimentos negativos parecem nunca ter existido. Mas, seria extremamente redutor de classificar os pintores naifs apenas nessas paisagens paradisíacas. Assim, fui seduzido pela diversidade dos temas e dos estilos dos grandes mestres. 

Heitor dos Prazeres: "Chorinho" (1957)- Coleçao Bruxelas


José Antonio Da Silva "Na roça" (1975)-Coleçao Bruxelas


Pois, o que há de parecido entre o mundo fantástico povoado de animais improváveis de Chico da Silva com o mundo rural descrito de maneira visceralmente expressionista de José Antonio da Silva ? Ou ainda entre as representações geométricas, quase abstratas, das favelas de Silvia de Leon Chalreo e as paisagens poéticas, carregadas de simbolismo, de Julio Martins da Silva ? A linguagem plástica de Mirian, próxima dos ex-votos medievais é essencialmente diferente do universo de Iaponí Araújo com suas referências à literatura do cordel e lendas nordestinas. Da mesma maneira, o mundo do samba carioca de Heitor dos Prazeres, talvez o mais famoso dos pintores populares, é bastante distante das representações quase topográficas de Agostinho Batista de Freitas que tinha uma predileção em pintar São Paulo assim como Rodolpho Tamanini Neto que, de maneira totalmente diferente, com mais poesia e banhados de tons pasteis, interpreta tanto os lugares emblemáticos da megalópole quanto o cotidiano das ruas mais anódinas. Duas visões muito diferentes, mas que traduzem as atmosferas que a gente sente quando se conhece a cidade. 



Agostinho Baptista de Freiras: "Vale de anhangabau" (1978)- Coleçao Bruxelas


Tamanini, como Edivaldo e Airton das Neves, são artistas de uma geração mais contemporânea que tive o prazer de descobrir e apreciar recentemente. Podemos talvez até distinguir a pintura dos artistas naifs da chamada arte popular em três dimensões. Enquanto os escultores atuais reproduzem, em sua maioria, os mesmos modelos que os grandes mestres, os pintores da nova geração procuram e propõem caminhos novos. Os pintores populares brasileiros convidam a descobrir o verdadeiro Brasil, sem filtragem de uma escola ou de um movimento artístico e resta a cada visitante a incumbência de se formar um ideia, sem saber direito como defini-la, sobre o que é chamada a pintura naive. Na verdade, uma viagem apaixonante... 

Silvia: "Cidade" (1989)-Coleçao Bruxelas


 Daniel Achedjian, belga, diplomado em História da Arte pelo Instituto Reinol de Belas Artes de Bruxelas, é jornalista musical e locutor de radio especializado em Música Popular Brasileira.

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